CINZAS - Saga Inevitável: Seg...

By MillenaAgliardi

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» Esse é o quinto livro da Saga Inevitável, retratando a segunda geração, os filhos dos casais principais. Vo... More

PREFÁCIO:
PRÓLOGO.
1. Todo Mundo Menos Você.
2. Por Supuesto.
3. Sound Of Silence.
4. O Conto Dos Dois Mundos.
5. João De Barro.
6. Melhor Sozinha.
7. Losing Your Memory.
8. Say Something.
9. Ciumeira.
10. River.
11. Arcade.
12. Lendas e Mistérios.
13. Question.
14. Summertime Sadness.
15. You Broke Me First.
16. Broken Wings.
17. Leave All The Rest.
18. Love And Honor.
19. Beggin'
20. DYNASTY.
21. abcdefu.
22. A Meta É Ficar Bem.
23. Insônia.
24. Penhasco.
25. Blood // Water.
26. Monster.
27. Radioactive.
28. Skyfall.
29. Believer.
30. Chasing Cars.
31. I See Red.
33. Traitor.
34. Enquanto Houver Razões.
35. Dusk Till Dawn.
36. Play With Fire.
37. Evidências.
38. No Pares.
39. Santo.
40. Ingenua.
41. Angels Like You.
42. Who You Are.
43. Queda.
44. Mad World.
45. Mercy.
46. Bird Set Fire.
47. Couting Stars.
48. In The End.
49. Decode.
50. The Power Of Love.
51. Way Down We Go.
52. River.
53. Blood/Water.
54. Losing Your Memory.
55. Monster.
56. Unconditionally.
57. As Long You Love Me.
LIVRO NOVO!

32. Cedo Ou Tarde.

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By MillenaAgliardi

LORENZO.

“Me sinto só, mas sei que não estou, pois levo você em pensamento.”


Meu pai estava sentado na mesa de jantar com vários papéis espalhados e com o rosto enterrado no notebook. Seus cabelos haviam começado a crescer de novo, estavam no queixo, e a tonalidade amarela brilhava na luz do sol que entrava pelas janelas do chão ao teto. 

— Jhenifer está bem? — Ele perguntou sem desviar os olhos da tela. 

— Sim, ela já voltou a falar comigo. Entendeu que foi necessário, só ficou assustada. — Não deixava de ser verdade, ainda que fosse uma grande mentira. Como eu tinha começado a contar meias verdades ao meu pai? Quase ri ao pensar nisso. Não era uma meia verdade, era uma mentira e ponto final. Não existia isso de quase verdade ou quase mentira. Eu estava mentindo para ele. 

Papai assentiu se levantando para ir até o bule de café e lancei um olhar para a tela do notebook. Havia uma enorme lista de contas a pagar, funcionários a serem remunerados, armas a serem compradas. Respirei fundo ao me dar conta de algo. Se eu fizesse a transferência do dinheiro pelo computador do meu pai, ninguém saberia que foi eu. A conta que Luca passou era irrastreável, mas o computador de onde sairia a transferência não. Se eu usasse o notebook dele e uma das contas que mal acessavamos, eu teria meses até que alguém descobrisse. Meses para pensar numa solução. 

— Você está bem? Está meio pálido. — Papai disse ao voltar a se sentar. — Eu sei que ele era seu amigo. 

Meu estômago se revirou. Enquanto eu pensava em rouba-lo, ele se preocupava comigo. Pesar tomou conta de mim ao perceber que eu havia me tornado um filho que papai não reconheceria. 

— As vezes fazer o que é certo não é nada… Bom. — Murmurei trocando o peso de um pé para o outro. Eu precisava daquele notebook o mais cedo possível, meu tempo estava se esgotando. 

Pra que você precisa de dez milhões de dólares? — Perguntei a Luca extremamente desconfiado. O homem sorriu.

— Não pense assim. Pense que se você não providenciar o dinheiro, Thomaz e Nico irão saber sobre você e Jhenifer. — Luca deu de ombros fazendo com que a vontade que eu tinha de mata-lo aumentasse ainda mais. — Você tem até o dia três de fevereiro, Lorenzo.

— Eu sei. — Papai disse resignado. — Sinto muito pela situação, Lorenzo.

— Você falou com o pai dele? — Perguntei sem tirar os olhos do notebook. Qual seria a senha de acesso? Talvez o aniversário de minha mãe? 

— Sim. — Papai suspirou. — Ele não acreditou, disse que seu filho não usava drogas e que nunca desrespeitaria seus superiores. Foi uma conversa difícil. A mãe dele… Céus. Eu nunca vi uma mulher chorar tanto. 

Meu coração doeu e meu estômago se tornou pedra quando ouvi aquilo. Coloquei a mão em punho sobre a barriga, apertando com força para tentar conter aquela sensação doentia. Não adiantou. Me curvei para frente, algo profundo e doloroso se quebrando dentro de mim. 

— Lorenzo? — Papai chamou se levantando abruptamente. Eu solucei quando as lágrimas queimaram meus olhos. 

Eu nunca tinha me sentido um monstro até aquele dia, mesmo que já tivesse matado e até mesmo torturado, eu nunca me senti tão profundamente culpado. Se papai soubesse o que eu tinha feito, os motivos egoístas que me levaram a assassinar meu amigo, ele não estaria me abraçando apertado, não estaria sussurrando palavras de conforto enquanto acariciava meu cabelo. Chorei ainda mais alto, a culpa me invadindo como se fosse um fodido tsunami. Nunca nada na vida me doeu tanto. 

— Tudo bem, querido. Você fez o necessário. — Ele repetiu as mesmas palavras que eu tinha dito no dia anterior. Sim, eu havia feito o necessário para proteger uma relação que não deveria existir, quebrado uma família, colocado uma mãe em luto. Papai me abraçou com mais força quando praticamente deixei meu corpo cair contra ele, abraçando-o tão apertado que meus braços doeram. — Eu sei que é difícil, eu sei que dói quando precisamos fazer algo dessa magnitude, mas não é sua culpa. Muitas vezes o necessário é doloroso, mas não deixa de ser indispensável. Eu te amo, conheço seu caráter, você fez o que era preciso. 

Eu queria confessar, dizer que eu havia sido um monstro, que tinha matado a sangue frio por causa de uma mulher. Queria dizer que havia traído sua confiança, traído a Camorra e meus princípios, mas não poderia dizer. A morte de Andrea teria sido em vão se eu simplesmente confessasse o motivo que me levou a mata-lo. Ele era tão inocente quanto qualquer homem na máfia poderia ser, mas era um cara gentil, sempre disposto a ajudar e principalmente: fiel. 

Minha lealdade não está a venda.

Por um momento, enquanto me agarrava ao meu pai tentando fazer a dor lasciva passar, me ressenti de Jhenifer. Me ressenti por ter ela em minha vida, por ter cedido a tentação. Se ela não houvesse me beijado dois anos atrás, se não tivesse dito que me amava, eu teria escondido meus sentimentos mesmo que eles me matassem por dentro. Eu nunca teria ido em frente com aquilo se ela não tivesse provocado as chamas e agora eu estava queimando até virar cinzas. Era ridículo. Eu estava culpando a mulher que eu amava por ser fraco. Ela havia desistido de mim quando a implorei para fazê-lo, mas eu fui atrás dela quando meu pai me desapontou. A culpa daquela merda era inteiramente minha. Minhas ações me levaram até às chantagens de Luca, até a morte de Andrea, até aquele momento onde eu chorava desesperadamente nos braços do homem para quem eu mentia todos os dias.  

— Talvez eu deva pegar seu medicamento. — Papai Murmurou depois de me deixar chorar por um longo tempo em seus braços. Rapidamente me afastei dele, balançando a cabeça efusivamente. De forma alguma. Absolutamente não. 

— Não. Eu nunca mais vou tomar aquilo! 

— Lorenzo, querido, talvez só hoje? Você pode ficar deitado o resto do dia. — Papai apertou as mãos uma contra a outra conforme me analisava. — Você não está bem, querido. 

— Eu não vou tomar aquilo! Você lembra o que aconteceu? — Perguntei desesperado ao apontar para seu ombro. A cicatriz estava escondida sob sua camiseta, mas ela estava ali. 

— Você não quis fazer isso…

— Eu atirei em você! — Gritei por fim. — Eu te machuquei! 

— Lorenzo, você está bem? — Tio Nino perguntou quando a arma em minhas mãos estremeceu. Eu me sentia estranho, sonolento, como se meu corpo não quisesse cooperar. — É o remédio?

— Eu… — Respirei fundo. — Estou bem.

— Dê mais um tiro e você pode entrar. — Papai disse apontando para o alvo no centro dos jardins. Mesmo com quatorze anos, eu era um atirador exímio, não seria difícil acertar o alvo, seria?

Ergui a arma, destravei-a e pressionei o dedo sobre o gatilho. Tudo aconteceu muito rápido. No mesmo instante que apertei o gatilho minha mão estremeceu violentamente, vacilando para o lado. Papai estava há alguns passos em minha frente; ouvi seu grito surpreso antes mesmo de entender o que tinha acontecido.

— NICO! — Tio Nino gritou e eu deixei cair a arma, o ar me faltando conforme meu tio corria em direção a papai, que estava deitado no chão. Fiquei paralisado no meu lugar, congelado enquanto observava papai caído no chão por causa do impacto da bala e tio Nino ajoelhado ao lado dele com os olhos arregalados de preocupação.

— Foi de raspão. Tudo bem. — Papai sibilou com uma mão sobre o ferimento sangrando. Seus olhos caíram sobre mim e mesmo com dor ele abriu um sorriso. — Tudo bem, querido, foi só um susto. Não se preocupe. Estou bem.

— Pai… Eu… Me perdoa, não sei o que aconteceu… Não foi por querer, eu juro…

— Shhhh. Tudo bem. Eu sei que não foi, meu amor. Tudo bem. — Papai se contorceu quando tio Nino tocou sua ferida.

— Foi um tiro limpo, entrada e saída, não atingiu nada importante. — Tio Nino deu o veredito. — Lorenzo, vá pegar o kit de primeiros socorros.

A imagem se dissolveu quando papai se colocou em minha frente. 

— Tudo bem, querido. Você não queria ter feito aquilo. — Papai disse segurando meus ombros. Ele só me chamava de querido quando achava que eu estava mal. 

— Eu não vou tomar remédio. — Falei um tanto quanto mais calmo. Papai assentiu. 

— Certo. Você não precisa fazer o que não quer. — Ele suspirou. — Aquilo não foi nada. Não entra nem no top-50 das piores coisas que me aconteceram. Não se sinta culpado. Eu te pressionei a continuar mesmo quando Nino percebeu que você não estava bem. 

— Não vou mais tomar aquilo. Nunca mais. — Assegurei outra vez só para ter certeza de que ele havia entendido. Alguns centímetros para o lado e eu teria atingido sua cabeça; um erro fatal. Pessoas como eu, que tinham a vida de outras para cuidar, não podiam se dar o luxo de errar. 

— Certo. — Papai tentou sorrir. — A decisão sempre será sua, como tudo desde que você começou a ter responsabilidades. 

— Porque Thomaz não é como você? Com Devon? — Perguntei antes de pensar direito no assunto. Papai franziu as sobrancelhas para a mudança brusca de assunto. 

— Thomaz e eu divergimos na criação dos nossos filhos, mas temos o mesmo objetivo. Preparar vocês para o mundo. Thomaz acredita que ser duro com Devon vai mostrar a ele como as pessoas da vida real serão e eu acredito que ser amoroso com você irá mostrar que você tem alguém quando as pessoas da vida real te ferirem. No fim das contas somos dois idiotas tentando criar nossos filhos. Mesmo hoje, com você tento dezessete anos, eu ainda não tenho certeza se sei direito o que estou fazendo. — Papai suspirou deixando as mãos caírem dos meus ombros. — Thomaz é um cara difícil, não sabe demonstrar sentimentos, muitas vezes é impulsivo e fala coisas que se arrepende depois, mas ele ama o Devon. 

— Ama? — Eu não sabia se acreditava. 

— Ama. — Papai afirmou com tanta convicção que por um momento eu acreditei no que ele estava dizendo. — Thomaz morreria por Devon sem pensar duas vezes. 

— Então ele deveria dizer isso a Devon. — Murmurei. Papai riu. 

— Só se o inferno congelar. — Meu pai deu de ombros. — Em algum momento você já sentiu que eu não amava você? 

— Nunca. — Sequer precisei pensar na resposta. Nem mesmo quando o vi com tia Carina, nem quando descobri que era uma armação, eu pude duvidar do amor dele por mim. 

— Bom. — Papai assentiu dando um tapinha no meu ombro. 

Mas talvez, quando ele descobrisse tudo que eu estava fazendo por suas costas, o amor dele de fato deixaria de existir. 

N/A: Acho que até segunda feira que vem esse livro estará finalizado!

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