CINZAS - Saga Inevitável: Seg...

Oleh MillenaAgliardi

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» Esse é o quinto livro da Saga Inevitável, retratando a segunda geração, os filhos dos casais principais. Vo... Lebih Banyak

PREFÁCIO:
PRÓLOGO.
1. Todo Mundo Menos Você.
2. Por Supuesto.
3. Sound Of Silence.
4. O Conto Dos Dois Mundos.
5. João De Barro.
6. Melhor Sozinha.
7. Losing Your Memory.
8. Say Something.
9. Ciumeira.
10. River.
12. Lendas e Mistérios.
13. Question.
14. Summertime Sadness.
15. You Broke Me First.
16. Broken Wings.
17. Leave All The Rest.
18. Love And Honor.
19. Beggin'
20. DYNASTY.
21. abcdefu.
22. A Meta É Ficar Bem.
23. Insônia.
24. Penhasco.
25. Blood // Water.
26. Monster.
27. Radioactive.
28. Skyfall.
29. Believer.
30. Chasing Cars.
31. I See Red.
32. Cedo Ou Tarde.
33. Traitor.
34. Enquanto Houver Razões.
35. Dusk Till Dawn.
36. Play With Fire.
37. Evidências.
38. No Pares.
39. Santo.
40. Ingenua.
41. Angels Like You.
42. Who You Are.
43. Queda.
44. Mad World.
45. Mercy.
46. Bird Set Fire.
47. Couting Stars.
48. In The End.
49. Decode.
50. The Power Of Love.
51. Way Down We Go.
52. River.
53. Blood/Water.
54. Losing Your Memory.
55. Monster.
56. Unconditionally.
57. As Long You Love Me.
LIVRO NOVO!

11. Arcade.

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Oleh MillenaAgliardi


LORENZO

Como eu poderia ser bom se tudo que eu
havia aprendido era machucar?


Jhenifer simplesmente surtou. Eu vi quando ela fincou as unhas com tanta força nas palmas que verteu sangue, também vi o jogo olhar de desespero doloroso em seu rosto. Nem mesmo a bronca de meu pai frente aos meus amigos conseguiu tirar seu olhar de minha mente, e eu me sentia profundamente culpado, mesmo que não soubesse o que tinha acontecido de fato. Quando me encaminhei para o estacionamento após o fim das aulas, Carly me seguiu. 

— Precisamos conversar. — A garota de cabelos azuis murmurou se encostando contra a porta do meu carro. Avaliei seu rosto em busca de qualquer sinal sobre o assunto, mas tudo que vi foi a cruz tatuada em seu rosto e estremeci de nervoso. Credo.

— O que rolou? — Perguntei meio aéreo. Tudo que eu queria era ir para casa e falar com Jhenifer, entender o que tinha acontecido e talvez, só talvez, entender porque estava me sentindo tão culpado mesmo sem ter feito nada. 

— Você e Jhenifer tem alguma coisa. — Não era uma pergunta e sim uma constatação cheia de certeza. Arqueei as sobrancelhas e Carly continuou: — Notei desde o primeiro dia a forma que vocês se olham. Depois, como ela simplesmente saiu da nossa mesa e você seguia ela com os olhos para todo canto. E então, ela saiu com o pessoal noite passada e você foi buscar ela praticamente pelos cabelos. Hoje? Ela teve uma puta crise de ciúmes, eu vi na cara dela. 

— Ahn, você quer que eu diga o que? — Perguntei com uma risada debochada. — Que eu estou tendo um caso com minha prima? 

— Eu sou filha de primos. — Carly disse franzindo as sobrancelhas. — Então, não seria impossível. 

— Você conhece meu pai, Carly. Ele te salvou, pelo que posso imaginar. Sua família é totalmente diferente da minha. O que terminou em casamento para os seus pais, terminaria com a minha morte. — Outra risada, dessa vez completamente sem humor. — Não seja estúpida, eu não sou burro a esse ponto. 

— Você não me engana, Lorenzo. — Carly disse cruzando os braços. — Vocês podem até não agir sobre isso, mas estão apaixonados. 

— Assim como você está apaixonada por meu primo de quinze anos, Carly? Assim como você está transando com a porra de uma criança? — Provoquei. Eu sabia que Luca já era um homem pelos padrões da máfia; sexo e mulheres para os nossos homens eram coisas que vinham desde o começo da adolescência, mas Carly não sabia disso e ver o rosto dela se contorcer em raiva e vergonha foi ótimo, mesmo quando uma pontada de culpa me atingiu.  — Apenas não se meta na minha vida, não fale de mim ou de Jhenifer. Seus achismos, sua estupidez, poderiam acabar com a minha vida. Mas, o que eu sei sobre você e meu primo, poderia foder com vocês na mesma proporção, você quer isso, Carly? 

Não era verdade. Provavelmente tio Nino se preocuparia mais em saber se Luca estava usando camisinha do que com quem ele estava transando. 

— Você é nojento, Lorenzo. — Carly sibilou, os olhos esverdeados se enchendo de lágrimas. 

Senti mais uma onda de culpa varrer meu corpo. Eu ameaçaria e provocaria qualquer um que colocasse Jhenifer em risco, mas fazer isso com Carly, uma das minhas amigas mais antigas, foi de partir o coração. Ver suas lágrimas e sua expressão ferida, como se eu a estivesse traindo, foi um soco no estômago. Carly se afastou, saindo de perto do meu carro e de perto de mim. Seus cabelos azuis balançavam conforme ela caminhava para longe. Eu quis correr e pedir desculpas, dizer que não queria ter sido grosso, mas não podia. Se ela suspeitava de que algo estava acontecendo entre mim e Jhenifer, eu não podia deixá-la continuar a pensar sobre isso. Se eu precisasse lembrar a ela o que ela tinha a perder, eu faria. Afinal, eu faria qualquer coisa por Jhenifer. 

Entrei no carro sem mais delongas e acelerei pelas ruas de Las Vegas, o corpo trêmulo conforme tentava processar as últimas horas. Se Jhenifer estava mesmo com ciúmes, se isso tinha feito com que ela entrasse em crise e se machucasse seriamente, nós precisávamos conversar. Eu sempre disse que todos os meus relacionamentos — familiares, amigáveis, românticos — não durariam para sempre, mas sim enquanto fosse saudável. E surtar, se machucar, por ciúmes… Não era nada saudável. Principalmente porque teríamos dezoito anos em menos de um ano, e nessa idade, ambos deveríamos estar comprometidos. Com outras pessoas. 

Estacionei o carro com cuidado, já que tio Nino odiava carros mal estacionados, e caminhei em passos rápidos pelo jardim entre as duas mansões. Eram quase sete da noite e torci para que Jhenifer não estivesse no jantar em família que acontecia na mansão de tio Nino toda sexta. Entrei em casa rapidamente, conferindo os arredores e apurando os ouvidos para detectar qualquer barulho; felizmente, tudo estava silencioso. Subi as escadas em passos lentos, prestando atenção em qualquer sinal de que havia mais gente em casa, mas pelo visto, todos haviam ido para a mansão ao lado. Bati na porta do quarto de Jhenifer, ansioso e levemente enjoado. Desde a infância eu sentia enjôo quando passava por situações estressantes, mas pensei que havia passado. Pelo visto, não. 

Jhenifer abriu a porta quando eu já estava quase desistindo e indo procurá-la na casa de tio Nino. Seu rosto estava amassado, assim como os cabelos. Seus olhos profundamente azuis se arregalaram quando ela me viu. 

— Você está bem? — Perguntei dando um passo para frente, praticamente obrigando-a a se afastar da porta e me deixar entrar. Jhenifer arqueou as sobrancelhas quando nos fechei dentro do quarto. 

— Eu… 

Segurei os ombros de Jhenifer e a encarei fixamente; seus olhos cor de céu pareciam uma imensidão azul cuja qual eu queria me perder. 

— Você está bem, Jen? O que aconteceu? — Eu soava patético, mas quem se importava? Se ela estava sofrendo, consequentemente eu também estava. Me surpreendendo, Jhenifer deu um passo para frente, os olhos que eu tanto amava se enchendo de lágrimas. Subi meu toque até envolver seu rosto entre minhas mãos e usei os polegares para enxugar as gotas salgadas que caíram de seus cílios. 

— Você e Carly, vocês…? — Ela perguntou baixinho. Havia tanta dor em seu timbre que tive vontade de chorar também. 

— Não. — Eu acabei por dizer. Seria mais fácil para nós se ela acreditasse que sim, mas se isso comprometesse sua saúde, eu não poderia fazer. — Por minha honra, não. 

Os olhos de Jhenifer se arregalaram minimamente. Nenhum homem mentia ao jurar por sua honra, não dentro da máfia. Vivíamos pela honra, ela era sagrada. Aquele que jurava por sua honra e mentia, merecia (e recebia) a morte. Jhenifer assentiu lentamente, mas a dor não sumiu de seu semblante carregado. 

— Eu não aguento mais. — Jhenifer disse me enchendo de confusão. — Não posso mais. 

— O que? O que você não pode mais? — Perguntei realmente preocupado. 

— Fingir que eu não amo você. — Jhenifer disse simplesmente, o lábio inferior tremendo, o rosto assumindo uma coloração vermelha. 

Amo você.
Amo você.
Amo você.
Amo você.
Amo você.

Repeti a frase milhares de vezes em minha mente, as mãos que seguravam o rosto dela tremendo tanto que era impossível de disfarçar. Quando isso tinha acontecido? Na infância? Com certeza antes do nosso primeiro beijo, mas quando? Quando ela tinha decidido que era aceitável me amar? Quando eu tinha feito o mesmo? 

— Mas eu preciso que finja. — Sussurrei, a voz rouca conforme minha garganta se apertava. — Isso vai destruir nós dois. 

— Você me ama? — Jen perguntou baixinho, inclinando o rosto contra meu toque. Eu deveria deixar minhas mãos caírem, eu deveria me lembrar de quem ela era filha, do que ama-la significava, mas me peguei assentindo, jogando pro alto tudo que eu acreditava, tudo que eu era. 

— Amo. — O nó na minha garganta afrouxou quando admiti aquilo em voz alta. — Mas amar você é um jogo perdido. 

— Ninguém precisa saber. — Jhenifer sussurrou. — Seria o nosso segredo. 

— As mentiras sempre nos alcançam. E mesmo se não alcançar… O que irá acontecer quando esse sentimento se solidificar e nós sermos obrigados a casar com outras pessoas? Só iremos sofrer mais, Jen. 

— Eu prefiro sofrer o resto da vida tendo estado com você enquanto pude, do que sofrer o resto da vida pensando em como teria sido. — A ruiva afirmou com tanta certeza que meu coração pulou no peito. — De qualquer forma, eu já estou sofrendo. 

— Eu não posso. — Disse-lhe com pesar, mesmo que todas as células do meu corpo quisessem que eu dissesse ao contrário. 

— Mas eu amo você. — Jhenifer soluçou, as lágrimas voltando a correr sobre meus polegares. 

— Eu também te amo. — Acabei por dizer, mas eu sabia que a esperança que surgiu em seus olhos seria esmagada. — Mas eu amo mais a Camorra. Eu amo mais meu pai e a família que irei destruir se continuar com isso. 

Minha família não era perfeita, longe disso. Mas era tudo que eu tinha. Eles eram a base, o alicerce, da minha vida, de quem eu era. Eu a amava, mas a Camorra, a minha família, sempre viria em primeiro lugar. Jhenifer se afastou com um passo para trás e deixei minhas mãos caírem. Havia tanta dor em seu rosto que quis retirar minhas palavras, mas seria uma mentira. 

— Não faz assim… — Jhenifer choramingou, quase como se estivesse implorando. — Não faz assim comigo… 

Meus próprios olhos queimaram ao vê-la daquela forma; tão vulnerável, machucada. Implorando para que eu não me afastasse, que eu ficasse com ela. E eu queria. Céus. Como eu queria ser capaz de jogar tudo para o alto e ficar com ela, me afogar em seus cabelos cor de fogo, me inebriar em seu perfume doce e olhos celestes. 

— Me perdoa, Jen. — Pedi baixinho, o bolo na garganta voltando a me sufocar. — Por favor, me perdoa. 

— Tá doendo. Tá doendo tanto. — Jen disse abertamente, um soluço escapando. — Porra, mas dói tanto… 

Sem pensar, eu me aproximei dela e a envolvi num abraço forte, apertando seu corpo esguio contra o meu. Ela estremeceu conforme me abraçava de volta, enterrando o rosto contra meu peito. Seu cheiro me atingiu como um soco, a mistura doce e amadeirada, algo frágil e forte, como ela sempre foi. 

— Eu te amo, Enzo. — Ela sussurrou contra minha camiseta, a voz rouca e chorosa, tão, tão doloroso de se ouvir, tão, tão bom de saber. O apelido antigo, que ela usava quando éramos crianças, queimou meu peito. Ela não me chamava assim há anos. 

— Vou cuidar de você enquanto eu viver. Vou amar você enquanto eu viver. — Sussurrei. — Mas eu não posso fazer mais que isso. Eu sempre vou estar aqui, sempre vou ser teu. Não importa o que aconteça.

— Mas isso não é o suficiente. — A voz de Jhenifer estava abafada contra meu peito. 

— Nunca vi amor fácil. — Murmurei amargamente. 

— Durma comigo hoje. — Jhenifer pediu baixinho e eu praticamente engasguei. Lentamente ela se afastou, olhos arregalados e envergonhados. —  Apenas dormir. 

— E como isso faria as coisas mais fáceis? — Perguntei mesmo querendo mais do que tudo dizer que sim. 

— Não faria. — Jen encolheu os ombros. — Mas quando o amor foi fácil? 

— Jhenifer… — Comecei a protestar, mas porque me privar daquele pequeno momento de felicidade? Amanhã tudo seria uma merda novamente, sentimentos mais inflados e dolorosos porque já havíamos dito que amavamos um ao outro. Dormir junto não mudaria o fato de que eu pensaria pelo resto da vida em sua declaração desesperada de amor. 

— Fica… — Jen pediu novamente, suavemente, a voz hipnótica me atraindo como o canto da sereia. 

— Fico. — Cedi. — Mas depois que todos já estiverem dormindo. 

Jhenifer assentiu prontamente e outra vez me peguei preso em seus olhos azuis celestes. 

Quando a casa caiu em silêncio e as luzes de cada quarto foram desligadas aos poucos, eu saí do meu próprio quarto em passos lentos. Três horas haviam se passado desde o momento em que prometi a Jhenifer que dormiria em sua cama e a coragem estava se esvaindo. Apenas saber que eu a decepcionaria me deu forças para abrir a porta de seu quarto com todo cuidado do mundo para não fazer barulho. Exceto pela luz fraca do abajur, o quarto estava imerso na escuridão. Pude ver os contornos de seu rosto e o cabelo vermelho que brilhariam mesmo em um apagão. 

— Você veio. — Ela disse baixinho, aparentemente surpresa. 

— Eu disse que viria. — Tentei parecer casual, mas era cada dia mais difícil manter a máscara indiferente e fria com Jhenifer. A cada dia minha fachada se desmanchava mais e eu não sabia como lidar com isso. 

Um silêncio desconfortável se instaurou entre nós. Era estranho estar ali, para dormir. Meu corpo estava tenso, como se eu estivesse em perigo. E eu tinha razão em me sentir assim. Deitar naquela cama era a mesma coisa de ter uma arma apontada para minha cabeça, mas dessa vez eu estava escolhendo estar em risco. Escolhendo por minha vida na mira. 

Tudo porque? Para quê? Uma mulher que eu jamais teria? 

— Foi um pedido idiota, guiado pelas emoções do momento. — Jhenifer sussurrou unindo os lábios conforme respirava profundamente. — Você pode ir. 

Com alguns cliques na tela do Apple Watch em meu pulso, configurei o despertador para as cinco da manhã, fiz o mesmo no meu celular antes de me encaminhar até a cama e me deitar com lentidão, o colchão afundando sob meu peso. 

— Foi um dia conturbado. — Acabei por dizer, como se a merda enorme que rondou nosso dia fosse desculpa para cometer aquele deslize imperdoável. — Apenas durma. Estarei aqui. 

Como se dormir fosse possível. Nós dois ficamos deitados de barriga para cima, braços cruzados sobre o estômago. 

— Me conte algo? — Jhenifer pediu depois de vários minutos imersos num silêncio desconfortável. 

— O que quer saber? 

— Não sei… — Jen suspirou, virando-se de lado para poder me olhar. — Qual sua música preferida? 

Também me virei até estar de frente para ela enquanto pensava no que responder. 

— Sound Of Silence. A versão do Disturbed. — Murmurei. — A sua? 

— Arcade. — Jen disse encolhendo os ombros. 

Eu quase ri, mas não era por achar graça. Aquela música vinha estando na minha playlist há algumas semanas. 

— Qual seu lugar preferido? — Jen perguntou. 

Onde quer que você esteja, quis responder, mas acabei optando por algo clichê. 

— Meu quarto, acho. — Eu não era muito de ter lugares favoritos, principalmente porque eu nem gostava de sair de casa. — Qual tua cor favorita? 

— Cinza. — Ela disse sem hesitar e então pude ver, mesmo na luz tênue do quarto, suas bochechas se tornarem vermelhas. — A sua? 

— Vermelho. — Meus olhos caíram sobre seus cabelos ruivos, meu tom preferido de vermelho e mesmo que eu me esforçasse, não consegui reprimir o sorriso que tomou meus lábios. Jhenifer respirou profundamente, quase se engasgando com o ar. 

Havia um espaço de mais de trinta centímetros entre nós e Jhenifer o contornou com a mão, até praticamente me tocar. Deslizei minha mão sobre a dela, cobrindo seus dedos com os meus. 

— Qual foi o momento em que você mais sentiu medo na vida? — Jhenifer perguntou traçando minha mão com o polegar. Encarei nossas mãos unidas ao pensar sobre aquilo, mas a resposta já estava na ponta da língua. 

— Quando eu entrei no banheiro do seu quarto porque achei que você havia esquecido a banheira aberta e encontrei você se afogando na água e no próprio sangue. Quando vi seu rosto lívido, seus cabelos ensopados, os pulsos abertos em cortes horríveis… — Apertei a mão dela com força. — Porra. 

— Eu sinto muito. — Jhenifer disse com um sussurro choroso. 

— Nunca mais faça isso. — Pedi. — Nunca mais. 

— Não vou. — A ruiva prometeu. — Te juro. 

Eu assenti com o coração doendo e soltei sua mão para estender meu braço entre nós, um convite silencioso que Jhenifer aceitou prontamente, se ajeitando na cama até deitar a cabeça em meu peito, colocando a mão delicada em meu estômago. Passei os braços ao redor dela, abraçando-a gentilmente. Seu cheiro, como sempre, me inebriou. 

— Você gosta da Carly? — Jen perguntou baixinho, escondendo o rosto contra minha camisa. 

— Eu gosto de você. — Acabei dizendo. — Não tem como gostar de duas pessoas ao mesmo tempo. 

— Então porque vocês estavam na cama juntos? 

— Sei lá. Sempre fizemos isso. Nunca houve nenhuma malícia. Nem mesmo um beijo, nada, nunca. — Suspirei. — Ela e Luca tem um caso. 

— Luca… Nosso primo? — Jhenifer perguntou surpresa, erguendo a cabeça para me olhar. 

— Sim. — Seus olhos azuis se estreitaram e ela abriu a boca em choque. 

— Ele tem quinze anos… 

— E ela dezessete. — Encolhi os ombros. — Nossos pais são muito mais velhos que nossas mães e isso nunca foi um problema. 

— Você tem razão, mas… Caralho, eu penso nele como uma criança. 

— Que bom que sou o único primo que você queira pegar. — Zombei fazendo Jhenifer me dá um tapa no braço, mas seu sorriso belo aqueceu meu coração. — Tente dormir. 

Jen assentiu e se virou para o outro lado da cama, voltando rapidamente com o celular em mãos. Observei conforme ela desbloqueava a tela, a luz clara demais irritando meus olhos. 

“Vou dormir, amo você. Se cuida, meu amor!”

Jen enviou a mensagem para o contado salvo como “Metade” e eu arqueei as sobrancelhas prontamente até que um áudio chegou. 

—  Também te amo, vida. Dorme bem, até amanhã.

A voz de Devon aliviou o ciúme irracional. Eu era mesmo um idiota de pensar que Jhenifer estaria mandando uma mensagem romântica deitada em meus braços. 

— Só durmo depois de dizer que amo ele. — Jhenifer disse baixinho, se aninhando em meu peito. Tirei meu próprio celular do bolso da calça de moletom e desbloqueei a tela, abrindo a conversa com Anna. 

EU: Boa noite, amo você.

Ela visualizou prontamente e tive uma crise de risos que abafei contra os cabelos de Jhenifer quando minha irmã respondeu. 

ANNA: Você vai se suicidar????

— Caralho… — Jhenifer engasgou entre risadas. — Suas declarações de amor são mesmo raras. 

ANNA: Lorenzo???

EU: Só senti vontade de dizer que te amo, linda. Não vou me matar, porra. KKKKKKKKKKKKK boa noite.

ANNA: Ok…

ANNA: Que susto. Ok.

ANNA: Também te amo, "lindo".

Revirei os olhos, mas sorri mesmo assim. Eu precisava ser mais presente na vida de Anna e a interação entre os gêmeos me motivou a isso. Se minha irmã pensava que eu ia me matar por dizer que a amava, então, eu tinha um longo caminho a percorrer. Jhenifer se espreguiçou em meus braços, encaixando o rosto na curva do meu pescoço. 

— Boa noite. — Ela disse baixinho. 

— Boa noite, Jen. 

Seu suspiro doce foi como uma injeção de calma direto em meu coração.


Feliz Natal!

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