Minha Vida De Cabeça Para Bai...

بواسطة Armydios

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Jeon Jungkook possui poucas coisas boas em Susitan, e dentre cada uma delas, sempre há uma completamente ruim... المزيد

AVISOS+PLAYLIST
00. Prólogo
01. A desgraça do meu ex
02. A desgraça do poderoso diabo
03. A desgraça da bolada
04. A desgraça da meia-noite
05. A desgraça do ladrãozinho
06. A desgraça da proposta
07. A desgraça do Toby
09. A desgraça da festa dos vagalumes
10. A desgraça do bissexual emocionado
11. A desgraça do clube dos selvagens incivilizados e o chefe delicinha
12. A desgraça da minha resposta final e os termos contratuais
13. A desgraça das presilhas coloridas
14. A desgraça da intimação da família Park
15. A desgraça da nossa primeira "DR"
16. A desgraça do jantar familiar

08. A desgraça do assunto proibido

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بواسطة Armydios

haha, peguei vocês? NÃO ME MATEM ERA BRINCADEIRA, SÓ CURTAM O CAPÍTULO AAAAA, sabem que eu amo muito né? * Hoseok Voice *


#PoderosinhoXGatinho
Votem e comentem, por favor

          Quando eu era mais novo e claramente ainda morava na casa dos meus progenitores, a qual fica localizada na Coréia do Sul, cidade de Busan, havia um lugar que eu não trocaria por nada neste mundo: O telhado. Sim, os pensamentos que acabaram de invadir sua mente estão cem por cento corretos, é irrestritamente genérico um adolescente gostar tanto de subir em locais não permitidos, e entre aspas, se aventurar sem temer um possível deslize, este podendo resultar numa morte fatal por conta da famosa negligência juvenil. Todavia, a brisa que sempre batia em meu rosto enquanto estava lá no alto, apreciando a vista tão linda que era composta pelo esplêndido pôr do sol naqueles maravilhosos fins de tarde, ouvindo somente o som da fraca ventania presente que soprava com leveza, valia a pena o risco.

Okay, para quem estou querendo mentir? É óbvio que o meu incentivo em me ralar todo durante o percurso até as telhas, estas próximas a janela do meu quarto, tinha um rosto, nome e sobrenome… Masculino.

Jirakit Jongcheveevat, um garoto tailandês que havia se mudado para o meu país natal um dia antes de completar os seus 8 anos. Divertido, simpático e assustadoramente inteligente para a nossa idade.

Como sei de tudo isso se ficava vigiando-o apenas de cima do telhado da minha residência? Bem, antes dessa minha vida de bisbilhoteiro do bairro iniciar-se, nós dois íamos juntos para a escola por conta de incentivos dos nossos pais, estes que queriam que fôssemos bons vizinhos, visto que aquela rua sempre fora sobremodo vazia. Qualquer alma encontrada no fim dela era um lucro milagroso, fosse ou não uma assombração.

Desta forma, sem sombra de dúvidas natural — lê-se com uma abundante ironia —, eu e Jirakit nos tornamos melhores amigos de infância, o que me rendeu diversas informações fresquinhas sobre si. Entretanto, anos depois, quando estávamos quase entrando no ensino médio, ele tornou-se minha primeira paixão do mesmo sexo, o motivo para que eu gradativamente fosse descobrindo a minha verdadeira e nada assustadora sexualidade. Leonardo DiCaprio já havia me dado algumas pistas, após arrancar todos os suspiros da minha garganta ao interpretar o atraente Romeu em Romeu + Julieta.

Por fim, com medo de não ser correspondido devido a sua criação rígida e os seus responsáveis mega tradicionais, acabei por cortar os laços que tinha com o garoto sem aviso prévio, visando o nosso melhor de acordo com os meus conhecimentos retirados da fonte: confia. Não lhe dei opções embora a coisa toda o envolvesse também, justo que, na minha cabeça nada desenvolvida, manter distância era a melhor delas. Agir sozinho em uma situação que os sentimentos de outra pessoa estão em jogo — independente do tipo deles —, é certamente um dos piores erros cometidos pelo ser humano. Porém, eu o cometi sem hesitações.

Foi aí que o telhado tornou-se o meu lugar favorito, porque lá dava para admirá-lo de longe com os olhos carregando copiosos sentimentos românticos, estes que eu tanto gostaria de poder externar em público, sem temer a rejeição. Mas é claro, isso jamais aconteceria. Exceto nos meus sonhos. Afinal, o tão brilhante Jirakit Jongcheveevat nunca corresponderia aos meus sentimentos, não é mesmo?

Vocês já devem estar cientes de que eu estava enganado ao pensar desta maneira, não é? Porque essa era a maior verdade, a qual não demorou a ser solidificada. Especificamente em uma das vezes em que fiquei no telhado na parte da noite, à espreita, e vislumbrei o meu ex-melhor amigo com o tronco desnudo, utilizando somente uma cueca boxer na cor branca, dando para ver de forma nítida a ereção que ele carregava naquela região, em razão das nossas casas serem próximas o bastante para facilitar a magnífica paisagem.

Que paisagem.

E então, a minha queda fatal resultante de um deslize causado pela negligência juvenil, esta típica de um adolescente com os hormônios a flor da pele e uma imensa rebeldia gritando em seu interior, quase fora presenciada no instante em que Jirakit simplesmente me olhou através da sua janela, pendeu a cabeça para o lado e exibiu um sorriso sacana numa lentidão sensual por demais. Evidenciando, em sua fisionomia sossegada, não estar nada surpreso com o fato de ser vigiado por mim.

Talvez, durante todo aquele tempo, eu não tenha sido um bom stalker.

Ou sequer me esforcei para ser.

A parte boa começou através deste anoitecer no qual fui pego no pulo, porque foi por conta dele que voltamos a ter contato, o qual não demorou muito a evoluir. De repente, não só falávamos pelas redes sociais ou por telefone, como também buscamos experimentar coisas que julgariam indecentes demais para dois adolescentes do gênero masculino, sobretudo por estarmos no auge de nossos 15/16 anos. E querem saber o melhor de tudo? Nossas experiências foram tanto virtuais, quanto presenciais.

Não éramos inocentes, óbvio que não, no entanto, tivemos os primeiros contatos íntimos juntos, mapeando nossos corpos e fornecendo um prazer desconhecido um ao outro. Ocorria do seguinte modo: víamos na internet e corríamos para reproduzir.

Agora, vocês gostariam de entender as razões pelas quais estou revivendo esse meu passado, acertei? É simples, o gênio Jirakit, filho de pais excessivamente religiosos, em hipótese alguma poderia ser visto trocando amassos comigo, um ser que contém a mesma coisa que ele. Ou seja, um pau no meio das pernas. À vista disso, nós dois ficávamos em completo sigilo e consenso de ambos os dois lados. Até porque eu também não estava preparado para assumir minha sexualidade à minha família, sendo que, naquela época de descobertas, eu sequer sabia como me rotular. Não tinha tido tantas experiências assim como pensavam.

Já pulei o muro de quase cinco metros da casa dele, pelado ainda por cima, somente para não ser pego pelo seu pai que havia chegado mais cedo. Inclusive, como sou burro e estava literalmente na correria, acabei errando o lado e o cachorro do vizinho me botou para correr.

Meu pau por pouco não foi arrancado fora. Para completar, o coitado balançou tanto naquele tempo, que me surpreendeu não ter caído por conta própria.

Enfim, as aventuras do Toby.

Voltando a contagem das minhas artimanhas… Também já me escondi dentro do armário de seu quarto — sim, fui obrigado a entrar no armário antes mesmo de sair — e finalmente descobri que ele possuía um defeito dos grandes: Guardava as roupas sujas e limpas no mesmo lugar.

Vi a minha vida inteirinha passar diante dos meus olhos, enquanto era obrigado a inalar aquela catinga.

Preferi ser picado por uma aranha — felizmente nada venenosa — do que deixar-me ser descoberto, pior, com o saco irritantemente roxo de tanto tesão por termos sido interrompido justo quando estávamos prestes a gozar.

Senti que merecia ganhar todos os prêmios de todas as premiações existentes no planeta, no dia em que estava sendo chupado em meu quarto, e desta vez foi o meu pai quem resolveu chegar mais cedo do trabalho — algo que nunca, ênfase no nunca, havia acontecido — e entrou num ímpeto, sem sequer bater na porta. Pior, eu estava com um vibrador enfiado na porra da minha bunda, massageando-a no volume máximo e o filho da puta do Jirakit me chupando com ainda mais força ao perceber que estávamos acompanhados, só para testar os meus limites.

Gozei com um tremendo peso na consciência, suando frio e fingindo estar com soluços quando alguns espasmos tomaram conta do meu corpo após derramar o meu prazer na boca alheia, a qual felizmente limpou cada resquício do líquido pegajoso. Por sorte, tinha uma mesa bem à nossa frente, impedindo que a visão profana fosse vista por terceiros.

Painho, se o senhor chegar a ler essa promiscuidade… Desc… A culpa é sua, aprenda a bater antes de entrar. Cadê a educação, coroa?

Enfim, o que estou querendo dizer é que sou uma pessoa capaz de conseguir esquivar-se até dos pingos de chuvas em climas carregados de tempestades, das coisas desmedidamente impossíveis e até improváveis. Ademais, se eu tivesse sido o responsável por ter criado o plano de assalto ao banco na série La Casa De Papel, estaria agora mesmo torrando a minha parte da grana, sem sequer ter policiais desconfiando da minha pessoa. Diante disso, é fácil deduzir o que houve nos dias seguintes após a proposta do meu superior, Park Jimin: Fugas, fugas e mais fugas.

Já disse fugas?

Confesso, não se tratou de uma tarefa super, hiper, mega, ultra — e todos os outros sinônimos — fácil contando que trabalhamos no mesmo prédio, dividimos o mesmo andar e praticamente espaço por longas oito exaustivas horas, com o adendo das extras quando necessário. No caso, quase sempre e não nego que amo essa parte, pois significa que receberei mais no fim do mês, porém, ultimamente estou odiando-a. Acima de tudo, odeio o fato de que dessas oito horas, metade é eu tendo que ir até o seu escritório entregar ou receber informações, visto que ironicamente sou o seu secretário. Mas, é claro, há soluções para tudo, até para isso.

— Ainda não acredito que você conseguiu driblar aquele Park demônio Jimin durante o resto da semana. Cara, se você me disser que é capaz de alcançar o céu e bater um papo com os anjos, enquanto eles tomam banho nas nuvens, eu não irei duvidar das suas palavras, por mais idiotas que sejam.

É o que Hoseok diz durante o tempo em que senta-se ao lado da sua hidromassagem de última linha, a qual estou desfrutando desde que cheguei em seu apartamento. Virou uma espécie de ritual vir visitá-lo com uma roupa fácil de tirar, mal entrar no seu lar e já manter um olho na sua geladeira cheia de copiosas guloseimas e o outro na porta de seu quarto, onde há uma água quentinha me aguardando, esta que ele mesmo faz questão de preparar com antecedência à minha chegada.

Em minha defesa — antes que digam algo —, isso não é ser aproveitador e sim uma pessoa inteligente que sabe usar o cérebro que Deus lhe deu. Afinal de contas, qual seria a graça de ter amigos burgueses, e não tirar proveito de coisas que sequer duas vezes do seu salário pode bancar?

Jung não consegue admitir em voz alta, porém é o meu sugar daddy, já que é novo demais para ser chamado de velho rico da lancha. A única diferença é que ele não come o meu cu em troca — por escolha dele —, apenas exige fofocas. Tipo agora.

E como vocês já devem ter percebido: Não, eu não consegui segurar a língua assim como prometi de pés juntos ao poderosinho. Pedir-me para manter um segredo tão instigante assim foi burro da parte dele, pois é notório que não consigo fazê-lo. Segurar a minha boca de boqueteiro quando estou com meu melhor amigo é algo que não possuo o controle. Qual é, Hoseok tem ciência até da melhor forma que eu prefiro fazer a chuca.

Eu jamais, em hipótese alguma, esconderia uma coisa assim dele.

Não há segredos em nossa amizade.

Eniaótiu, não!

— Sabe o que me deixa ainda mais sem reação? Park Jimin ter te pedido em namoro dessa forma desesperada, totalmente inesperada, e ainda por cima ter admitido estar mesmo flertando com você durante todo esse tempo em que te pagou os jantares, por estar louco pela sua atenção. Jeon, eu estava brincando quando disse que ele estava querendo comer a sua bunda. — O meu amigo complementa boquiaberto, ainda processando todas as informações recebidas nos últimos minutos. — Queria ter visto a cara dele quando você disse que teria que pensar já que não sabe se tudo isso é recíproco. Aquele ego dele de quem tem todas as pessoas na palma da mão deve ter ido no chão.

Tudo bem, talvez eu tenha contado-lhe algumas mentirinhas bem pequenininhas.

Porém, me compreendam, seria muitíssimo vergonhoso proferir em alto e bom som que o meu chefe estava somente me usando esse tempo todo em benefício próprio. Mais embaraçoso ter que contar toda a sua história de vida melancólica, a qual ele aparenta estar guardando a cem chaves. Embora esteja sentindo uma certa raiva por ter sido entre aspas usado sem o meu consentimento, eu não seria tão babaca a ponto de espalhar uma coisa sigilosa nesse nível colossal, principalmente para o maior fofoqueiro da empresa. Portanto, dar continuidade a sua mentira numa tentativa de compartilhar essa ideia louca com alguém, foi a minha melhor opção.

Se Park Jimin está a fim de brincar de atuação, pois que ele se mantenha muitíssimo preparado, porque pelo menos uma vez nesta terrível vida que levo, carregarei o crachá de estrela principal. Ninguém mandou dar asas para uma cobra!

— É tão difícil ser eu, Seok.

Lamento falsamente, pousando uma mão na testa ao passo que vou deslizando um pouco mais na banheira, interpretando Mia Colucci.

— Não se ache tanto, Park é um deus grego esteticamente falando, milionário, bem respeitado em diversos lugares e sem dúvidas recebe desconto país afora sem nem precisar, mas sabemos ser complicado dizer se é bom ou não ele ter sentimentos românticos por você. — Suspira perceptívelmente preocupado, tentando disfarçar ao fingir checar a temperatura da água, isso pela quarta vez consecutiva. — Imagina se ele trata-se do famoso hétero que está apenas iludindo um outro homem para saber como é a experiência de foder um, e logo depois vai meter o pé na sua bunda como se você fosse um qualquer implorando para ser comido? Até onde os meus ouvidos sabem, ele não fala sobre a sexualidade, muito menos desmente quando afirmam que ele nunca faria parte da comunidade LGBTQIA +, somente permanece calado. Então é possível que queira tudo por baixo dos panos para preservar a própria imagem na mídia. Se liga em, já conheci vários com esse pensamento nojento. Não se pode confiar em heterossexuais deste tipo. Se atente aos sinais!

— Você tem mesmo certeza de que não quer comer a minha bunda? Eu aceito ser sua experiência, pela nossa amizade, só na brotheragem. — Brinco, contudo, minha fisionomia mantém-se inteiramente séria. — Porra, Hoseok, a tua proteção exagerada me dá tanto tesão. — Umedeço os lábios com a língua, fazendo um biquinho neles, para logo em seguida fingir inclinar-me em menção de beijar o meu melhor amigo em proveito a nossa boa aproximação, mas é claro que ele não tarda em esquivar das minhas gracinhas frequentes.

— Eu estou falando sério, Jungkook!

Reforça com uma tonalidade firme.

— Eu também, olha o meu pau subindo.

Aponto, com o queixo, na direção do Toby, podendo ouvir o som de nojo que o moreno ligeiramente faz, apesar de não conseguir enxergar a visão em razão das espumas estarem escondendo-a. Péssimo para ele, porque, como já dito, o meu pau é bonitinho. Duro então, é mais ainda.

— Até hoje me pergunto porque ainda sou o seu amigo.

— Porque sou a melhor pessoa que você já conheceu, Hoseok. — Gabo-me, esperando por uma resposta sua para que continuemos com o nosso diálogo descontraído. Porém, Jung permanece calado, igualmente faz quando chega a conclusão de que estou tentando mudar de assunto, a fim de evitar os que me deixam sem boas respostas. E é por saber que ele não me deixará escapar deste, que desisto de tentar fugir. — Olha, não fique se preocupando com esse assunto, até porque ainda nem dei uma resposta a ele. E caso eu aceite namorar com Park Jimin, vou levar isso a sério, você sabe que apesar de brincalhão ao extremo, gosto de me atentar a uma relação que envolva os meus sentimentos. Caso quebre a cara e ele seja um desses héteros que só querem ter a oportunidade de foder um homem, juro que chuto a bunda dele. Não estou falando somente no sentido figurado, que fique claro.

— E aí você perde o seu emprego, que por acaso é o seu único apoio financeiro nesse cubículo de cidade, que fique claro.

Jung revida sem delongas, sendo visível o quão contra essa ideia de um possível relacionamento entre mim e o nosso chefe, ele é. Desde que passei a contar-lhe sobre a meia-mentira do pedido de namoro que me foi feito, o moreno verbaliza todas as coisas ruins que podem resultar caso eu aceite-o, frisando cada uma delas a cada milissegundo.

— E aí você vai bancar o seu melhor amigo, até que a situação financeira dele fique estabilizada novamente. — Minha resposta também é veloz, arrancando uma breve gargalhada de nós dois por sabermos que isso não é impossível de acontecer. — Vamos lá, por favor, não vai ser tão ruim. Caso seja, daremos um jeito de consertar o meu coração ou mais um ódio diferente por aquela miniatura.

— Coração? Então, hum… — Limpa a garganta, piscando sucessivamente ao continuar, a sua tonalidade e expressão beirando a incredulidade: — Você acha que é capaz de gostar dele desse jeito? Podia jurar que era só atração carnal, sei lá, teu fogo na bunda é algo a ser estudado.

Não nego, passo generosos segundos em total silêncio, absorvido pelos pensamentos embaraçosos que sua fala fora capaz de causar em mim, uma vez que jamais questionei-me seriamente sobre essa questão e agora estou passando a fazer tal coisa: o que exatamente sinto pelo homem de fios loiros e longos? Por que me rendi tão fácil ao que achava serem flertes da parte dele? É apenas tesão impregnado pelo poder que ele tem sobre mim e como sabe usá-lo perfeitamente? Ou será o efeito da aura autoritária que ele possui, visto que homens estilo meio-rude-meio-sexy sempre tomaram conta do meu ponto fraco?

— Nunca passou de desejo carnal.

E lá se vai mais uma mentira, porque não tenho tanta certeza desse meu retorno, ainda estou buscando-o em minhas gavetas mentais. Contudo, sinto que esse pode ser o mais próximo da verdade que vasculho.

Eu e o poderosinho nunca tivemos tanto contato, a ponto de permitirmos que emoções românticas pudessem ter um espaço para serem desenvolvidas. Apesar das nossas saídas frequentes durante esses últimos anos em que estamos trabalhando em conjunto, não é como se fossemos íntimos. Park perpetuamente fecha portas que começam a ser abertas para a evolução da nossa aproximação. Creio que com a finalidade de manter o contato profissional intacto. Portanto, não há como sentir coisas afetuosas por si e vice-versa. Somos apenas dois profissionais tentando manter a paz, em razão de não querermos desavenças, justo que elas só irão prejudicar os negócios. Ponto.

— Mas tudo pode evoluir, talvez aceitar o pedido dele possa ser o próximo estágio para o nosso ódio do dia a dia virar… Amor.

Acrescento após tantos raciocínios, gargalhando pela careta que essa minha frase fora capaz de desenvolver em Hoseok. Vamos admitir, é uma piada e tanto.

— Enemies to lovers só terminam num incrível mar de rosas em livros e filmes de adolescentes vivendo a afamada fase do colegial, Jungkook, aprenda isso. — Continua a torcer o nariz, desta vez adicionando um duradouro revirar de olhos. — Você e o poderosinho vão viver em pé de guerra para toda a eternidade. É um fato nada desconhecido, aceitem.

— Por mim tudo bem, já fazemos isso de graça todos os dias das nossas vidas, seria até chato perder toda essa implicância. — Dou de ombros, preparando a língua fervorosa que já contém as próximas palavras em sua ponta, todas elas tendo o propósito de irritar Jung. — Se começarmos a namorar, as possibilidades das nossas trocas de farpas evoluírem para algo bem avançado, são muitas. Caso vire uma guerra de espadas, melhor ainda. Só vejo vantagens!

— Guerra de espadas?

Verga o cenho, desconexo.

Oh, esqueci que estava falando com um hétero 100% hétero.

— Sim, Hoseok, guerra de espadas… Sabe… O meu pau roçando no dele até a gente gozar bem gostosinho.

Lambo o inferior enquanto imito gemidos finos, sentindo tremeliques em todo meu corpo só de imaginar a cena na minha cabeça pela… Até perdi as contas de quantas vezes projetei isso mentalmente.

Já o meu melhor amigo se limita a esbofetear a própria testa com a palma da mão, logo esbravejando ao começar a sair do cômodo: — Eu definitivamente desisto de você!

— Está fugindo por quê? Por acaso é uma tentativa de esconder uma ereção, meu garotinho? Não sabia que você era um Voyeur. Safado.

Brado em retorno, vendo-o mostrar o dedo do meio antes de bater a porta do banheiro de forma raivosa.

Agora, sozinho, respiro fundo ao passo que as ponderações retornam à minha mente agoniada, todas atormentando-a intensamente até formar um grande ponto de interrogação em cada cantinho dela. Esse alvoroço inteiro por conta de uma simples e ingênua pergunta...

Sim ou não?

Parece uma questão super fácil de ser resolvida, beirando a um típico 2+2. No entanto, o momento exige cautela, afinal, será que vale mesmo a pena arriscar-se numa resposta positiva, a qual poderá possuir o poder de destruir o meu único bom emprego aqui em Susitan, dependendo das consequências dela? Ou seria melhor ir pelo caminho mais fácil e proferir um simples “não”, seguindo então normalmente com a minha rotina já decorada?

Em um curto resumo: sair ou não sair da zona de conforto?

— Ah, senhor Park, é uma das primeiras vezes que você me faz pensar tanto com a cabeça de cima.

[...]

           A melhor parte da minha última semana certamente está sendo essa de agora, na qual estou perambulando com Jung no shopping mais chique de toda a cidade, um onde só as pessoas com bolsos vazando grana, são capazes de frequentar sem esbugalhar os olhos após visualizarem os copiosos zeros no fim da compra. Os pobres somente se contentam em pagar um cascão… Chorando ainda por cima, experiência própria. E neste instante da minha fabulosa vida, eu não estou vomitando dinheiro. Todavia, sou rico de memória o suficiente para ter lembrado da promessa que o meu melhor amigo fez anteriormente, sobre trazer-me até aqui e comprar tudo o que eu ver, gostar e apontar.

— Se você não estivesse me fornecendo tantas fofocas nesses últimos dias, eu juro que já teria metido o pé daqui ou enfiado ele no meio da tua bunda.

É o que ele resmunga pela trigésima vez, as mãos carregando diversas sacolas das compras de minutos atrás, enquanto uso os seus antebraços como cabides para as roupas da loja em que estamos.

— Nunca experimentei uma estocada assim tão violenta, mas podemos tentar se você tiver esse fetiche.

Pondero por um longo espaço de tempo, deixando os meus traços entregarem o quão sério estou levando este assunto, tendo sérias chances de estar planejando cada passo em silêncio,  ainda que seja evidente a pitada de humor que minhas maçãs do rosto insistem em exibir ao erguerem-se um tantinho.

Até o moreno deixa os seus pensamentos discorrerem, fitando-me através do grande espelho à nossa frente, feito quem está à espera de aparecer um cameraman de algum reality show a qualquer segundo, e dizer alegremente: sorria, você está sendo filmado. E eu sem dúvidas gostaria de ter filmado a cara de náusea que Hoseok fez, principalmente a maneira que ele apertou os olhos ao notar que isso não iria acontecer. Tenho a absoluta certeza de que ele só não saiu andando como constantemente vem fazendo, por conta de estar sendo paralisado pela quantidade absurda de panos que arremesso em seu corpo.

— Estou brincando, pare de ser um hétero tão… Hétero. Ultimamente você anda implicante demais, sempre brincamos com coisas do tipo e não tinha problema algum. — Viro em sua direção, cruzando os braços ao passo que encolho as pálpebras. — Não é como se o que eu digo fosse de fato acontecer. Por que, de repente, passou a te incomodar?

— Não é que incomoda, Jungkook, apenas é nojento pensar… Você sabe.

— Em dois homens se pegando?

Bato as pestanas com rapidez, não compreendendo onde o moreno quer chegar. Por qual motivo ele anda desta forma mofina com algo que, antigamente, era normal entre nós?

— Se eu falar que possivelmente sim, vou acabar soando como um desses homofóbicos de merda?

Semicerra os olhos, deixando-os miúdos enquanto a expressão vai tornando-se cada vez mais desagradável.

— Depende… Ficaria enojado vendo dois homens se beijando no mesmo ambiente que você, embora não fosse proposital, apenas uma demonstração de amor entre um casal apaixonado?

Questiono de antemão, mordendo a pelinha do meu lábio inferior, temendo o que receberei em retorno.

Jung não faz esforço para responder, meramente desvia o olhar e sua expressão entrega uma careta de quem acabou de chupar um limão, a qual ele tenta inútilmente conter.

Para a minha detestável infelicidade, depois desse esforço alheio que não obteve efeito, já tenho uma péssima resposta inaudível.

— Vamos esquecer essa conversa.

E aqui, ele também já possui a dele.

Eu sincera e honestamente não sei qual é a de Hoseok, este que julga héteros preconceituosos desde que nos conhecemos, sem pausa, e está claramente se tornando um deles. Mas tenho a ciência de que não vale a pena levar adiante uma conversa que não me fará bem.

Embora não me agrade falar acerca deste tópico sensível, eu cresci ouvindo diversas pessoas zombando e invalidando a minha sexualidade, com algumas delas rejeitando a minha presença no mesmo ambiente, apenas por saberem que eu beijo tanto meninas quanto meninos. E isso, na cabeça minúscula delas, me tornou um garoto nojento e corrompido, um que sequer cogita ter algum tipo de vínculo.

A minha pré–adolescência não foi fácil, uma boa parte dela se salvou por eu mesmo ter optado fingir não ver ou ouvir provocações, e fazer piadas com tudo ao meu redor, para que elas pudessem amenizar o terror que eu sentia cada dia que os meus próprios coleguinhas me rebaixaram por ser quem sou. Os meus pais, naquela época horripilante, eram donos da minha única fonte de esperança e felicidade. Certo, eles ficaram pasmos após terem conhecimento da minha orientação sexual, porém, ligeiramente me acolheram. Por isso, a dor de não tê-los aqui comigo é enorme e continuo camuflando tudo através de comicidades, enfiando-as em todo canto, até naqueles que não cabem.

Em suma, já vivenciei diversos tipos de situações causadas por mentes fechadas, o que me deu forças para sair do meu país natal e procurar emprego num bem distante, visando um recomeço, este por sorte bem sucedido. Portanto, notar que há possibilidade do meu melhor amigo virar uma dessas pessoas do meu passado, é algo que prefiro negligenciar o quanto puder.

Hoseok estava tirando uma com a sua cara, assim como você vive fazendo com ele! — É o que repito a mim mesmo durante todo o nosso percurso até a praça de alimentação, fazendo múltiplas gracinhas com ele, na finalidade de arrancar o clima pesado que instalou-se, e o alertar de que esse pequeno momento importuno não afetou em nada entre nós. Apesar de sabermos que sim, afetou.

— Precisamos voltar aqui em dezembro, vai estrear o novo filme do Homem-Aranha, sem volta para casa e precisamos assistir sem falta!

Comunico utilizando uma tonalidade animada, jogando o que tenho em mãos no banco mais próximo, logo acomodando-me no mesmo.

— Sem volta para casa será o título do capítulo em que nós viermos fazer isso, porque vamos gastar nosso dinheiro inteirinho só nos ingressos que vai custar o olho da cara, não vai sobrar nem sequer um mísero centavo para a gasolina.

Retorna com as suas reclamações, o que provoca um sorriso feliz em meu rosto ao depreender que ele está com as mesmas pretensões que as minhas: normalizar o nosso convívio.

E por mais chata que a situação anterior tenha sido, é bom saber que o meu melhor amigo se importa comigo o suficiente para não levar uma briga inútil para frente, quando já conseguimos prever o final dela.

— Qual é, larga de drama, dois ingressos não custam o valor de um rim, a não ser que os atores principais compareçam no dia da estreia. — O que deveria tratar-se somente de uma ideia fora de alcance, acaba por me deixar pensativo por mais tempo do que o considerado normal. — Espera aí, você acha que isso é possível? Jesus, Se eu puder conhecer o Tom Holland e a Zendaya pessoalmente, vendo até os cabelos do meu…

— Não complete isso em voz alta! — Sou interrompido antes de fazer as pessoas ao redor olharem-nos horrorizadas diante de um palavreado sujo proferido em meio à criançada. — E para de sonhar alto, se o Tom Holland e a Zendaya fossem marcar presença na estreia do filme novo do Homem-Aranha, obviamente não seria aqui. Eles sequer devem saber o nome da cidade em que moramos. E para a sua informação, os ingressos não são caros, porém vão ser o olho da cara até para mim se até lá você continuar me extorquindo dessa forma! — Ah, estava demorando. — Porra, Jungkook, você quer me falir?

— Blá blá blá. — Bato os pés no chão feito um pirralho que está cansado dos pais dando broncas, e realmente me sinto assim, bem como sei que é da mesma forma que Jung e os demais me vêem. — A culpa não é minha se a moça usa uma sacola para cada peça, fica parecendo que gastei mais de trezentos reais quando não devo nem ter gasto cento e...

— Você gastou mais de mil e quinhentos.

Revida sem nem me esperar terminar, acostando-se na parede logo atrás do assento. Não vou negar, me empolguei tanto com a primeira vez que vim aqui sem ser só para olhar as peças e acostumado a comprar 4 por 50,00 nas lojas que frequento, que sequer atentei-me ao preço exagerado destas. É exatamente por este motivo que fico momentaneamente mudo ao receber essa informação, esbugalhando os olhos ao máximo.

— Caralho, isso é sério? Eu literalmente só comprei oito peças, sem graça ainda por cima! Agora também pagamos por experimentar roupas? — Rezingo batendo a palma contra a mesa, sentindo-me roubado, ainda que não tenha gasto uma só moeda. — Por que você não me parou? Era só sacudir os meus ombros, puxar minha orelha ou me dar um beliscão sutil que eu iria entender o recado! Quer dizer… — Coço a nuca, incerto do que digo. — Eu não daria ouvidos de primeira, mas bastava repetir o processo ou dar uma paulada na cabeça!

— Quem diabos faz isso?

— Mães? — É mais uma afirmação do que uma pergunta. — Ah, esqueci que filhos de pais ricos jamais passaram por essas situações! Deixe-me adivinhar, você nunca ouviu sua mãe dizer um “na compra a gente volta” quando pediu para que ela comprasse um brinquedo que tinha acabado de ser lançado, mas na verdade vocês nunca voltaram, não é? — Faço aspas no ar, aguardando uma resposta nada inesperada.

— Desculpe atrapalhar o seu lacre, solene adolescente militante formado no twitter, mas o certo não seria “na volta a gente compra”?

Ele imita os meus movimentos com os dedos suspensos no ar, todavia, repete-os de forma zombeteira, tirando sarro do meu erro enquanto solta uma breve gargalhada.

— Porra, precisava xingar assim? — Retruco de imediato, desgostoso. — Late, ouviu ou não ouviu?

— É claro que já ouvi essa famosa frase, você pensa que eu aprendi a fechar a mão de vez em quando com quem? Ter dinheiro é bom, mas eles não caem das árvores e não duram muito se não soubermos moderar nas horas certas. Se você não está lembrado, sou filho de um casal formado na área de contabilidade.

Desata caprichosamente, a feição virando um misto de ceticismo e deboche.

— Aaaaah, tudo bem, já entendi que você não é um desses riquinhos que só sabem torrar dinheiro à toa. Me perdoe, te faço uma transferência depois! — Um bico se forma em meus lábios, denotando a minha verdadeira culpa. — Mas posso parcelar em 15x sem juros? O meu dinheiro do Kwai ainda não caiu!

A seriedade que Jung tentava segurar durante o nosso diálogo se esvai após minha fala — essa que, por incrível que pareça, não contém nem um pingo de brincadeira —. O moreno não tarda em explodir numa gargalhada contagiante e excessivamente alta, a qual atrai a atenção das pessoas ao redor na mesma velocidade.

Olha só, pelo menos uma vez na vida não fui eu o ser que atraiu o mico.

Se não estivesse tão acostumado com a vergonha tanto própria quanto alheia, cavaria um buraco no chão por conta dos olhares curiosos que recebemos pela sua reação espalhafatosa. Mas o que faço é devolvê-los, apontar para o meu amigo e fazer círculos próximos a minha orelha esquerda no processo, tachando-o de louco.

— Não precisa me pagar de volta, o que gastou é trocado na minha conta bancária no final de cada mês. Acha mesmo que eu não teria puxado você pela orelha se começasse a passar dos limites? Sou rico, não burro!

Burro sou eu que não percebi de antemão o que você estava fazendo: o típico homem hétero cheio de grana que se faz de mão de vaca, almejando que alguém sinta dó, e assim que isso acontece, joga na cara que tem muito mais de onde essa merreca veio. A única diferença é que o meu amigo faz na brincadeira, apenas para me atiçar.

E ele jamais falha neste quesito.

Entretanto, como já dito no início das primeiras narrações deste capítulo, sou uma pessoa que vê facilidade em fugir de situações constrangedoras. Algumas em específico, é claro. Ou pelo menos busco me aproveitar de algumas delas, identicamente como agora.

— Se é trocado na tua conta, então já vai preparando o cartão, porque é você que vai bancar a nossa refeição.

Ordeno com a voz mais dura do que aquela adotada pelo senhor Park em local de trabalho, e olhem que aquele homem possui tanto potência vocal localizada no grave, que algumas vezes — sempre — me causa sustos quando somos obrigados a nos comunicarmos por ligação. No halloween, ele não precisa nem preocupar-se com fantasia, tudo nele já é naturalmente… assustador.

— Oh não, olha só quem está ali!

Hoseok ergue as sobrancelhas de uma só vez, dobrando os lumes de tamanho enquanto olha para um ponto logo atrás de mim. Cada traço de seu rosto evidencia que o assustado agora é ele.

Ah não, será que aquela criatura loira está por aqui? Credo, estou começando a crer na frase que minha mãe dizia constantemente: não fique repetindo o nome do diabo ou ele vai acabar te ouvindo e surgindo! E parece que o poderosinho mantém os ouvidos em pé vinte e quatro horas por dia. Ou a sua presença é uma praga a qual estou destinado desde o meu nascimento, ou é simplesmente a tal da lei da “atração” funcionando.

Droga, pare de pensar em coisas que não deseja atrair, Jungkook!

— Eu não vou cair nessa. — Balanço a cabeça de um lado para o outro, recusando-me a girar o corpo e ter 99,99% de chances de encarar alguém que venho fugindo a todo vapor. — Vivo vendo isso em filmes, você só quer que eu me vire para fazer alguma gracinha e fugir de pagar a conta que ainda nem chegou.

— Do que você está falando, doido? O que eu poderia fazer aqui em público? Pegar o seu celular e roubar os seus centavinhos do Kwai?

Ele contesta sem delongas, o que provoca-me uma feição indignada.

— Não sei, me diz você, espertinho!

Insisto em desconfiar do moreno, uma vez que é mais saudável aferrar-me nisso do que virar de uma vez e acabar vendo o demônio em carne e osso. Tsc, sem chances, não me renderei às armadilhas do demônio! Resistirei até o fim!

— Jeon, pare de enrolação. Olha logo para trás disfarçadamente, por favor!

Vocifera sem paciência, silabando as últimas três palavras em um sussurro, feito um segredo e este parece muitíssimo importante quando ele desvia o olhar para o lado, como se não quisesse ser notado por quem está fuxicando. E é óbvio que a minha curiosidade fala mais alto após sua fala instigante — dizer que ela berra em meu interior seria mais adequado —, incitando-me a rodar na cadeira de forma tão abrupta, que na mesma hora em que realizo tal movimento brusco, consigo agilmente atrair a atenção de duas pessoas conhecidas no meu cotidiano.

Uma vez péssimo stalker, para sempre péssimo stalker.

As figuras passam a olhar em minha direção com uma certa surpresa, porém não discrição. Ambas estando quase que paralisadas ao notarem minha ilustre presença.

Que eu sou bonitinho e tenho traços agradáveis espalhados pelo meu rosto e corpo, ah, isso já sabia. Mas as reações alheias — exageradas, vale ressaltar — acabam de elevar a minha autoestima num nível tão grandioso, que chego a sentir uma forte onda de amor próprio começar a desabrochar pelas minhas entranhas, abrigando-se em meu âmago e enviando um só alerta para a minha mente: Os principezinhos de Hollywood que se cuidem, pois o incrível rei está chegando!

Voltando a nem tão triste realidade… Por ventura, quem está olhando atentamente em nossa direção é sim um dos nossos chefes, assim como mentalizei por meros instantes. Contudo, não é apenas um chefe e sim o mais legal deles dois. No caso, Kim Namjoon, este que está trajando uma calça social cinza até o início de sua cintura, enquanto uma regata preta é mantida dentro da mesma, deixando-a bem colada ao seu físico de formato quadrado, exibindo os músculos que ele possui na região do abdômen. Sem contar os que seus braços descobertos carregam. Para um homem de 31 anos recheado de trabalho, este capaz de encher sua cabeça até o ano 2090, não dando-lhe folga para fazer um treino corporal de respeito, o senhor Kim está devida e lindamente em forma. É indiscutível.

Ao lado da silhueta majestosa está Kim Seokjin, o seu secretário e também o nosso amigo um pouco distante, porém ainda assim, próximo o suficiente para estar incluso em nossas saídas frequentes, bem como já dito anteriormente. Diferente do outro, Seokjin está usando um traje mais simples, o qual é formado por uma calça jeans clara em conjunto de uma blusa de mangas e gola alta bege. Seus curtos fios cor de mel estão sendo mantidos para trás com a ajuda de um gel que brilha de longe, dando-lhe um ar soberano, embora sua expressão buliçosa esteja destoando disso. Nunca o vi tão desconcertado por estar no mesmo ambiente que eu ou Jung, isso não aconteceu nem na primeira vez que fomos apresentados e trocamos as primeiras palavras. Ele sempre mostrou-se bastante desenvolto e zero constrangimento, o que fez nós dois nos darmos muito bem. À vista disso, o meu cenho se franziu sem um aviso prévio em sincronia com os meus mirantes, estes não reconhecendo a pessoa a qual está escaneando com demasiado zelo.

Seokjin e Namjoon agora estão vagando os olhos por toda a extensão da praça de alimentação, feito celebridades buscando saber quem mais está presenciando-as num momento sigiloso. Se bem que esta comparação não chega a ser errônea, uma vez que os nossos chefes, fundadores de uma empresa extremamente lucrativa, são espécies de celebridades por aqui.

Estranho, em quase três anos de trabalho Park Jimin nunca me convidou para dar uma voltinha no shopping. Ele meramente me levou para comer consigo e desatou todas as mágoas de seu peito, no meu, usando os meus ouvidos de psicólogo particular. Jamais foi de uma forma inteiramente divertida para os dois lados e sim uma destilação do caos que o rodeia, deixando a atmosfera pesada e desconfortável para si.

Em resumo, quase nunca falamos de coisas boas ou as fazemos durar. Tudo o que realizamos, culmina numa lamentação desastrosa.

Parando para pensar melhor, só mesmo Seokjin possui quantias absurdas de regalias no ramo em que estamos. E até onde sei, ele está apenas a alguns anos à minha frente, não existe tanta diferença entre o nosso início de carreira. Se bem que ele é quase um poderosinho em relação aos negócios: leva tudo na base do profissionalismo puro, fechando quaisquer aberturas capazes de introduzir gracinhas, barrando-as de imediato.

Okay, talvez haja um porquê — bem explicativo — dele ter um relacionamento muito melhor com o seu superior. Para começar, eles não ficam se bicando por aí… ou propondo uma espécie de namoro falso e iniciá-lo sem sequer alertar de antemão, não se preocupando com o quão idiota e prejudicial ao convívio tanto pessoal quanto profissional, isso pode ser.

Pare, Jungkook, apenas pare de pensar neste assunto! Foque em fugir, porque fugir é a solução mais sábia que você poderá tomar. É isso.

— Senhor Kim e Seokjin! — Ligeiramente os cumprimento, levantando-me sem dar a mínima para o que Hoseok balbucia na mesma tonalidade baixa de antes. Certeza que está me xingando de todos os nomes feios existentes em razão de não ter sido nada discreto. — Tudo bem? — O tamanho do sorriso na minha cara contagia os demais presentes, estes que se aproximam com uma pequena quantidade de sacolas de compras.

E antes que vocês perguntem, bando de fofoqueiros de plantão, a minha imensa felicidade momentânea consiste na raridade de Deus ter tido dó da minha pessoa, ao não ter colocado Park Jimin no mesmo espaço que eu, justo quando estou evitando isso ao máximo, desde… A desgraça daquele assunto proibido.

— Ah, olá rapazes!

O senhor Kim é o primeiro a iniciar uma comunicação entre nós, não parecendo incomodar-se em estar vestido informalmente em frente à três funcionários de sua empresa.

— Estamos bem e vocês?

Seokjin o acompanha, mas ao invés de acenar com a mão igualmente o mais velho, ele agacha para cumprimentar-nos com um beijo na bochecha, logo que temos mais intimidade a esse ponto.

— Tudo tranquilo.

Respondo alargando o meu distender de lábios, por presenciar Hoseok tranquilo em relação à aproximação do nosso colega. Se ele estivesse mesmo desenvolvendo comportamentos desagradavelmente homofóbicos, não teria ficado sossegado com o quão afetuoso foi o cumprimento deles dois, e chegar nessa conclusão provoca um imenso alívio em meu peito.

— Juntem-se a nós, ainda não pedimos comida.

O moreno à minha frente finalmente se pronuncia, denotando os assentos vazios e retirando algumas das nossas sacolas desses, para logo depois depositá-los ao lado da mesa.

— Obrigado, mas precisamos ir.

— Claro, estou morrendo de fome.

As respostas alheias vêm ao mesmo tempo, causando uma confusão e troca de olhar entre todos. Seokjin reluta em ficar e Namjoon almeja aceitar o nosso convite. Demora, mesmo em total silêncio, para que eles tomem a suposta decisão. Como já esperado, Seokjin acaba por seguir o seu superior, assentindo ao seu desejo e seguindo os seus movimentos.

— Vocês vieram fazer compras também?

Questiono assim que terminamos de fazer os nossos pedidos com um dos garçons que ficavam ziguezagueando pelo ambiente, este que havia se aproximado após um sinal quase desesperado de Namjoon. Só faltou ele escrever na testa que está passando fome. Agora entendi o porquê desse homem parecer uma geladeira electrolux de quatro portas, come igual o meu boi imaginário.

Então é esse o segredo para ficar extremamente atraente e gostoso? Tsc, e há quem diga que a dieta é a solução!

— O senhor Kim, sim. — Seokjin é quem responde aprumando a postura, semelhante a quem está em uma entrevista de emprego de extrema importância. — Eu apenas vim acompanhá-lo. — Completa, o olhar sendo mantido fixamente entre mim e Hoseok.

Agora a sensação que ele me passa, é de um criminoso explicando cada mínimo detalhe de um discurso já premeditado em sua cabecinha manipuladora, numa tentativa de camuflar os seus reais crimes e convencer as autoridades máximas de sua falsa inocência.

Eu, definitivamente, devo parar de maratonar séries policiais e focar em ver somente Miraculous, As Meninas Superpoderosas, Gravity Falls, Alvin e os Esquilos e todos os outros desenhos infantis possíveis.

É, há uma criança dentro de mim.

Isso soou estranho?

— Sim, eu resolvi abusar um pouquinho da companhia do meu secretário. Ele tem um bom gosto para roupas, afinal. — Namjoon concorda após cansar de fitar Seokjin e não obter um retorno. — E vocês também resolveram aproveitar as promoções do fim de ano? — Revida a pergunta, sorridente e curioso.

— Promoções? Esse shopping desconhece essa caridade.

Balanço a cabeça negativamente. Ricos e suas definições de barato.

— Chega de resmungar, você não pagou um só centavo de tudo isso!

Sinto algo atingir o meu rosto no instante em que ouço meu melhor amigo me mandar parar de resmungar, resmungando.

— Olha só, comprou roupa para mim uma vez na vida depois de anos de amizade, e já quer começar com esses papinhos machistas? Daqui a pouco vai me mandar fazer a janta!

Semicerro os olhos, jogando de volta a bolinha feita com o guardanapo que ele havia me acertado, vendo-o desviar com habilidade. Traste.

— Parem de agir assim, cadê o respeito aos mais velhos?

Seokjin brada quando uma das bolinhas acerta o topo do nariz dele, incitando-o a torcê-lo.

— Deixe eles dois, não estamos em local de trabalho, Seokjin. Merecemos nos divertir.

O mais velho faz sinais para que o nosso amigo relaxe um pouco, dando-lhe aval para tal coisa, justo que quando estamos na presença de um superior, ele sempre busca manter a compostura. E, novamente, demora, no entanto, ele por fim começa a se permitir ser a verdadeira versão que conhecemos; uma que não nos repreende por sermos informais, mas que também participa de toda essa informalidade.

Em minutos, todos nós já nos encontramos comendo e soltando gargalhadas durante a refeição, revivendo momentos que passamos juntos desde que cheguei à cidade.

Nenhum é de se orgulhar.

— Não, não! Por favor, o senhor Kim não precisa saber disso.

É o que Seokjin diz durante o tempo em que tenta calar a minha boca com suas enormes mãos, enrubescendo por eu estar relatando um de seus piores porres na frente do nosso superior, o qual mantém-se ouvindo atentamente, já prevendo o fim da história e antecipando uma risada desacreditada.

Não o julgo, pois não é todo dia que imaginamos o nosso funcionário tirando a roupa e correndo pelado no semáforo fechado, porque fora desafiado no típico jogo “verdade ou consequência” de festas de adolescentes ranhentos, aproveitando o que juram ser o ápice de suas vidas.

— Ele ainda tropeçou, se estabilizou e ficou gritando enquanto procurava algo no chão: “onde está o meu pau, eu perdi o meu pau” — Hoseok diz em meu lugar, a voz entrecortada por conta de sua risada, apoiando as mãos no estômago, vez ou outra levantando-as para fazer aspas no ar. — Eu lembro que o Jungkook estava um pouco chapado também, e então foi ajudar a procurar o pau no meio da rua. Todo mundo buzinando para eles saírem da frente e eles gritando: “não atropelem o pau caralho”.

— E como você lembra dessas coisas?

Namjoon indaga após se recuperar, encarando o moreno com seriedade, interessado na resposta.

— Eu era o único sóbrio, o motorista responsável da noite.

Silêncio.

É isso o que acontece após sua revelação inconsequente.

Nosso chefe tomba a cabeça para o lado e é notável o quão cagado Jung se encontra, provavelmente com medo de levar um esporro, por ter visto seus dois amigos correndo risco de serem presos por estarem chapados, fazendo babaquices no meio das ruas da cidade e não ter feito absolutamente nada para pará-los. Todavia, quando menos esperamos, o homem volta a explodir numa gargalhada, dizendo: — Jung, você é um péssimo amigo sóbrio! Eu queria ter presenciado essa cena!

— Uh, não se preocupe, eu não só olhei como gravei.

Ele ligeiramente exclama, endireitando a postura para alcançar o seu celular em cima da mesa. No entanto, o homem ao meu lado é mais rápido, pegando o aparelho alheio e mantendo-o longe de seus dígitos malcriados.

— Okay, chega, já está bom. Limite, Hoseok, limite. O que meu chefe vai pensar que eu sou? 

É o que Seokjin verbaliza, soltando uma grande lufada de ar impacientemente. Ele é um dos nossos amigos mais reservados. Ainda que participe de algumas idiotices desmioladas que fazemos, odeia ter sua vida tão invadida. Posto isto, já era esperado e bastante compreensível que ele nos barrasse em algum momento, diferindo de mim que estava quase colocando as tripas para fora de tanto me divertir com as lembranças antigas.

— Uma pessoa normal aproveitando a vida com os amigos que gosta? Você acha que não passei por essas fases? Eu não sou da família real ou algo do tipo, relaxe.

O nosso chefe retruca numa tonalidade séria, o assunto principal já não parecendo mais ser o vídeo em si, e sim a forma como Seokjin julga-lhe alguém intocável que nunca fizera nenhuma merda por aí.

Hmm, isso não me soa estranho.

A minha vontade é de concordar de uma vez — mesmo não tendo local de fala nesta conjuntura —, com a finalidade de dar mais sustentação ao mini discurso alheio, e encorajar o meu amigo a soltar-se sem tantos pesares. Porém, sou incapaz de fazê-lo quando noto a forma como Namjoon beberica o seu suco de maracujá com demasiada concentração, tendo esta direcionada a pessoa ao meu lado, a qual vai gradativamente ruborizando.

Estou perdendo algum capítulo desta fanfic, ou é impressão minha?

— Eu sei o lugar perfeito para ele relaxar. Já escureceu e a noite é feita para ser curtida, concordam? E aí, quem é que vem comigo?

Os meus pensamentos são interrompidos pela fala misteriosa de Hoseok, a qual magnetiza até mesmo aqueles que estavam presos numa longa guerra de olhares penetrantes. Sobretudo, a sua “solução” para o acanhamento de Seokjin me faz largar os pensamentos bisbilhoteiros, algo que pode ser nomeado impossível. Pois, só através do sorriso que o meu melhor amigo exibiu ao nos convocar para curtir o resto do dia, foi o suficiente para sentirmos o forte cheiro de…

Festas barulhentas.

Bebidas alcoólicas.

Sexo hiper sujo.

E drogas de todo tipo.

Resumindo… Tudo que, se ingerido em altas e misturadas doses,  pode tornar-se problemático e proibido.

É exatamente por essa razão que nada mais digo, só balanço a cabeça em confirmação, oferecendo-me como uma de suas companhias das próximas longas horas. Porque, vejamos bem, se eu não consigo dar uma resposta a Park Jimin enquanto estou sóbrio, vamos testar quantos goles de álcool puro serão precisos!

[...]

PAUSA PRA: OS MENINOS CRIARAM CONTAS NO INSTAGRAM AAAAAAAAA!!!

¹Vocês acharam mesmo que eu ia entrar em hiatus com essa belezura? Era só uma brincadeirinha, não me xinguem nos comentários, vocês não sabem o meu nome, não sabem onde eu moro(esqueci o meme, mas finjam que não)

²O primeiro amor “Ji” que o Jungkook falou no twitter não era o poderosinho... Poderosinhes, pq vocês estão chorando?

³Hmm, nesse capítulo dei mais atenção pro personagem do Hoseok, Namjoon e Seokjin, alguma teoria/observação sobre eles?

⁴Jungkook, Hoseok e Seokjin juntos é sinônimo de bagunça!

⁵Pra quem ficou com raiva do Jimin ter iniciado o namoro falso sem o Jungkook saber... Jungkook deu o troco contando antes de dar a resposta final. QUEM AMOU?

⁶E essa festa em, o que vocês acham que vai acontecer? Coisa boa ou ruim?

⁷Agora vocês entenderam o pq de eu ter dito que o Jimin ficaria no porão nesse capítulo? Bixinho não apareceu, mas será que ele vai aparecer no próximo? Hmm...

PS: tentarei não demorar para atualizar, mas não posso fazer muito além de atualizar vocês assim que possível sobre a att e colocar o número de palavras dela no meu perfil do twitter pra irem acompanhando, pois estou trabalhando e vou iniciar a 2TEMPORADA de iyh, então ficará um tantinho mais pesado para mim, porém prometo fazer o meu melhor, afinal, amo escrever pra vocês e vou continuar assim ‹3

Até breve, amo vocês poderosinhes e obrigada por não desistirem de nós :3

|b e t a g e m: chi1mmy|

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