A SEMENTE DO DESTINO e outros...

By EscritorRaro7

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O mundo fantástico de Arabutã é uma terra mística, com suas florestas atravessadas por cinco grandes rios que... More

A SEMENTE DO DESTINO
O CORAÇÃO DOS BENEVOLENTES
A LENDA DOS PROFUNDOS
O SANGUE DOS MORTALHAS
A UMBRA
A ORDEM DOS BENEVOLENTES
A GUARDA DE CARVALHO

OS FILHOS DAS ÁRVORES

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By EscritorRaro7


Buscando salvar a própria vida ele corria desesperadamente, como se as suas costas estivesse a temível senhora do mundo inferior, conhecida como a Ceifadora, portando sua foice pronta para colher a alma do pobre Filho das Árvores, mas, infelizmente, não era tal entidade que o perseguia. Em seu encalço estavam seres cruéis, que poderiam lhe dar um destino muito pior que a morte, conhecidos como Aves de Batalha.

Enquanto contornava os obstáculos em seu caminho, ele olhou para trás, fraquejou, esperava ver seus perseguidores distantes, mas, quando virou-se de volta, tropeçou nos detritos da torre vigia, que agora jazia em escombros após o ataque noturno das tropas das Aves. O jovem caiu, rolando pelo chão de terra sujo de cinzas e sangue.

O jovem parrou de rolar a beira de uma tenda queimada, ainda com brasas brilhando sobre o carvão. O vacilo do jovem Doul deu a oportunidade das Aves de Batalha o alcançar. Com seus fuzis de prata, as Aves ovacionaram o jovem Filho das Árvores, que ainda tinha as folhas da cabeça verdes, devido à pouca idade. Os soldados viram naquele espécime, um excelente biótipo para se tornar um servo, jovem o bastante para aprender seus costumes sem muito atrito e com uma longa vida a poder prestar-lhe serviços, uma das maiores riquezas que os povos de penas encontraram naquele continente.

Doul ergueu as mãos em clemencia, estava com a pele de madeira toda suja com as cinzas de seu refúgio, que havia sido alvo do ataque das tropas reais durante a noite. O refúgio, chamado de Frutosal, é um local pronto para a batalha, mas, naquele ataque, eles sucumbiram as balas de prata das Aves, em um ataque incessante até o amanhecer.

Entre os gritos de desespero do jovem, a voz autoritária das Aves antecipava que aquele dialogo terminaria em disparos.

Os membros da raça das Aves Reais, apesar de descendentes diretas das aves selvagens, pássaros que voam sobre as florestas, não possuíam assas, apenas penas nos lugares dos pelos e cabelos, sendo assim, não voavam, mas, quando um dos soldados subiu aos céus tão rápido quanto um cometa em direção ao sol, todos ficaram chocados. Doul por um momento cogitou que o soldado estava voando, mas seus gritos de desespero e o modo como havia sido arremessado, demonstravam que aquele ato, não havia sido intencional.

A mesma força que se livrou de um dos soldados, jogando-o para os céus, também entortou o fuzil de outro e esmagou o crânio do terceiro com um poderoso soco.

Doul assistiu, tão chocado quanto aliviado, ao ver que o autor de tais façanhas era um Filho. Ele jamais havia visto tamanha força em um ser vivo, até cogitou que fosse um deus, mas as roupas e as joias que o seu salvador carregavam eram de um guerreiro bastante conhecido entre as histórias contadas pelos anciões, alguém que vinha fazendo a diferença na batalha contra as Aves, o chamado de o Guerreiro das Raízes.

Rapidamente, os soldados que ameaçavam a vida daquele jovem, foram reduzidos a corpos sem vida, perante a força do grande Vartico, utilizando os poderes místicos que suas joias lhe concediam.

Doul sabe que ele não era um dos refugiados que ali morava, e, até aquele momento, o jovem não havia visto tal herói naquela batalha, que se seguia desde a noite anterior, portanto, considerou sua aparição, como uma intervenção divina, como se os Deuses da Terra houvesse atendido suas preces e enviado um salvador.

O Filho das Arvores, de força incomum, mesmo tendo encerrado a vida de todos os inimigos a sua volta, continuava em frenesi, devido a tamanha energia que suas joias lhe concediam para enfrentar a força inimiga. Com seu coração pulsando de adrenalina, o guerreiro parecia louco e incontrolável, aproximando-se de ameaçar o jovem que acabara de salvar.

Tomado pela vontade de lutar, cego de fúria, Vartico sente a presença de Doul, mas não o vê, imediatamente ele ergue os punhos acima da cabeça, para matar, assim como havia feito com as Aves Reais, quem estava em seu alcance, mas, os Deuses da Terra tinham outros planos para Doul, dando-lhe mais uma oportunidade de viver.

Pouco antes do ataque mortal de Vartico, mais alguém intercedeu pela vida do jovem.

Vartico interrompeu seu golpe, quando algo pontudo, feito do aço dos facões e flechas dos refugiados, atingiu seus olhos, fazendo-o recuar alguns passos. Não o feriu, mas incomodou o suficiente para voltar a si.

O guerreiro das Raízes, furioso, olhou em volta, procurando o adversário que o atacaou, então com uma voz doce e firme, ela revelou-se:

-Parado, seu monstro! – Onkana ordenou, sob olhar assustado do jovem Doul.

- Quem é você? – Questionou o guerreiro, vendo que se tratava de uma Filha das Arvores.

A Filha das Arvores que ali se posicionava encarando Vartico era a líder do Frutosal, chamada Onkana. Uma mulher forte, com seus vastos cabelos de cipó negros, a grande guerreira mestre na arte das presas dançantes do vento, estilo de luta famoso por usar pontas de flecha amarradas a cordas de chicotes que são envoltas do punho do lutador, dando-lhe a habilidade de lutar a distância, mas exigindo um ritmo e uma movimentação corporal extrema, para realizar qualquer ataque, como se ela dançasse ao lutar. Era esta, a guerreira, que ousou interromper a fúria de Vartico, e ali, o desafiava.

- Sai daqui menino! – Onkana ordenou a Doul, que ainda estava parado – Os Refugiados estão na beira do Rio lotando os barcos, junte-se a eles, eu cuido do Guerreiro cego. – Disse ela, se referindo a Vartico.

Doul, não perdeu a chance que lhe fora concedida em dobro pelos deuses da terra, levantou-se e correu para a direção do Rio.

- Tola.... – Vartico desdenhou – Sua Flecha acertou meu olho, mas em nada me feriu. Veja! – Ele apontou para seu rosto, intacto apesar do golpe certeiro e depois apontou para os braceletes em seus punhos – Graças a essas relíquias de nosso povo eu sou indestrutível, tenho a pele mais forte que cem cascas de madeira, possuo a força de cem filhos das arvores e a velocidade de cem filhas das arvores. Está errada ao achar que me cegou com uma arma mortal.

- Sua fala prova que te designei certo- Ela aproximou-se recolhendo a ponta de aço para perto dos dedos.

- Por que me atacou? Eu vim aqui salvar nosso povo. Eu impedi as Aves de Batalha de dar fim a vocês! Eu matei cada um dos soldados que aqui atacavam. Não me reconhece? Eu sou o grande Vartico, o Guerreiro das Raízes!

- Já ouvi falar de você. Vartico, o guerreiro das Raízes. Ouvi sobre suas intercessões nos combates entre nosso povo e as Aves, e conheço ainda mais suas relíquias, foram obras de meu avô. Mas, pelo que observo, você não as conhece muito bem.

- Do que está falando guerreira?

- Das relíquias que você carrega. Os braceletes da força, as tornozeleiras da coragem e a tiara da fúria, que juntos formam o feitiço da alma ancestral. – Vartico percebeu que ela conhecia bem suas joias. Onkana continuou – Essas relíquias são feitas de ossos e ouro, pois somente com esses dois elementos, elas podem conter os espíritos dos ancestrais, que tiveram seus ossos recolhidos do tumulo para forjar essas obras, e alimentam sua magia.

- Eu sei disso! – Ele disse a interrompendo.

- Silêncio! – Ela retrucou – Não sabe de nada guerreiro! Senão, não as estaria usando... Essas relíquias não lhe dão a força de nossos ancestrais, nem mesmo a invulnerabilidade de um deus. Essas relíquias não são abençoadas, elas são amaldiçoadas. – A afirmação de Onkana silenciou Vartico antes que ela a interrompesse novamente. Mais uma vez, ela continuou - Dentro do corpo, daquele que as possuía, será depositado o Ódio de cem filhos das arvores, a Raiva de cem combatentes mortos e a mortalidade de cem lideres caídos.

Varticou passou os dedos sobre os braceletes, por um momento questionando-se sobre a origem das relíquias que lhe forem entregues em um ritual de iniciação como guerreiro, feito pelo líder de sua tribo.

Ele havia sido escolhido entre o seu todos os seus colegas, como: o guerreiros mais forte, mais honrado e mais corajoso de seu povo. Aquelas relíquias eram uma benção, invocadas para proteger todos os Filhos das Arvores do ataque dos exércitos das Aves. Até aquele momento, para ele, eram obras divinas, mas agora, questionava-se se eram joias amaldiçoadas.

- O que diz são mentiras, você as quer para si guerreira! – Vartico a atacou.

- Não guerreiro. Como disse, essas joias são obras forjadas pelo meu avô, me foi passada muito bem o que essa coisa faz, por isso intercedo. Não por você, mas pelo perigo que elas trazem ao nosso povo. Ainda mais em um momento tão delicado, quanto a batalha das Aves.

- Eu salvei vocês com o poder das relíquias.

- Não, por isso minha designação a você é certa. Você está cego. Você quem destruiu o Frutosal, não foram as Aves. Assim como quase matou o menino aos seus pés.

Aquela afirmação paralisou Vartico, em sua mente era uma enorme mentira, mas algo em seus sentimentos parecia sentir uma culpa vinculada as palavras de Onkana.

- O Frutosal foi construído para lutar contra as Aves de Batalha – Onkana continuou – Quando recebemos o anuncio de nossos batedores na floresta, sobre a chegada das tropas de penas. Nós enchemos as muralhas e as torres com arcos, armas e tochas, assim como fizemos fileiras de guerreiros a beira dos portões. O esforço valeu durante um longo período, mas algo nos atrapalhou, um ser, saltando mais alto de os morcegos voavam na noite. Derrubando arvores sobre nossos muros, fazendo rachaduras que permitiram a invasão dos soldados de penas, e arremessando pedregulhos, que derrubaram nossas torres. Você, Vartico, cego pelos sentimentos ruins que essas joias carregam, buscando a vingança que os espiritios dos antepassados se prenderam, muito provavelmente impedindo-os de fazer a passagem, com essa força que você matou as Aves e nos destruiu.

Vartico ficou sem palavras, ele olhou sua pele cinzente, que era adornada pelas relíquias, fonte de seus poderes e ficou em questionamento.

- Por que acha que sua pele é cinza guerreiro? – Onkana disse passando as mãos sobre os próprios braços, onde sua pele era feita de madeira – Você não pode se ferir, pois não tem mais vida, sua pele é como uma pedra morta, não como uma arvore viva. Fruto da ruindade que absorve.

- Está mentindo! Você deseja meus poderes para si! – Vartico bravejou

- Eu não desejo seus poderes, pois eles em nada ajudam em nossa luta. Eu posso te provar, posso te derrotar, mesmo que ainda possua os poderes dessas relíquias.

- Está delirando guerreira, ninguém consegue se opor aos meus poderes. Eu já derrubei gigantes com minha força. Você pode ser esmagada por um empurrão meu.

- Pois então, Venha! – Onkana o desafiou - Me ataque se conseguir. Se me vencer, provará que eu estou errada, mas, caso eu vença, desabilite essas relíquias amaldiçoadas, e, quem sabe, eu deixo que se junte as nossas tropas.

Onkana ficou em posição de luta, esticando os chicotes até as pontas de flecha alcançar suas mãos. Ela tinha um olhar confiante, pois sabia que havia mexido com a cabeça do guerreiro.

Vartico sentiu-se estranhamente intimidado, algo que ele nunca havia sentido em toda a sua vida, mesmo quando lutou com os terríveis profundos dos Rios. Mesmo assim, sentindo a força que as relíquias lhe davam, ele arqueou as costas, apresentando seu peitoral e abriu os braços, pronto para entrar para o desafio proposto pela ousada guerreira, de quem ele tentava acreditar que queria suas joias para si, e, por tal motivo, dizia tantas inverdades.

Por um longo segundo, ambos se encararam, sem nada dizer, apenas com o barulho dos ventos sobre as brasas chamuscadas estalando no local.

Percebendo que demorava, mais que o comum para atacar, Vartico avançou, sabendo que nada podia feri-lo, derruba-lo ou pará-lo. Usando a magia das relíquias para torna-lo próximo de um deus.

Vartico, sem a intenção de matar a guerreira que atrevia a desafia-lo, usou sua super velocidade para ir contra ela, na intenção de apenas bater seu corpo contra o dela, derrubando-a e desarmando Onkana.

Ao ver o pé do guerreiro ergue-se da terra cinzenta, Onkana disparou suas pontas de flecha, sabendo que a guarda de Vartico estaria aberta de forma extensa, tanto quanto o ego do guerreiro.

As pontas foram ao encontro dos olhos do guerreiro, não o cegaram, mas como havia feito no momento anterior, o incomodaram a ponto de quebrar um pouco de sua postura o fazendo fechar os olhos e erguer os braços sobre o rosto e diminuir a velocidade em que corria.

Onkana recolheu suas setas, tão rápida quanto a língua dos camaleões, e disparou novamente, mirando em outros pontos. Vartico, brevemente cego, sentiu as pontas contra seu corpo, mas sabia que em nada estavam o ferindo, mantendo-se no avanço do ataque. Onkana viu que ele estava próximo, e recuou com um pulo.

Assim que Vartico alcançou a distância onde Onkana originalmente estava, abriu os olhos e abriu a postura, procurando sua oponente, que o encarava, com suas setas na mão, olhar e sorriso vitoriosos e em posição de ataque.

Ele não compreendeu, pois ela não havia bem sequer o ferido, ele poderia avançar até o fim dos dias para derruba-la, ela não poderia vence-lo de nenhuma forma, mas ainda sim, mantinha-se com sorriso, como se houvesse logrado êxito em seu desafio. Irritado, Vartico questionou:

- Acha que está vencendo por desviar de mim? Eu pretendia derruba-la, agora sei que vou ter que ir mais longe para quebrar sua arrogância também.

Ele desarmou a postura de batalha, guardou suas setas e constatou:

- Você guerreiro, fica mais bonito com a pele de madeira e os cabelos de folhas verdes.

Intrigado, Vartico olhou suas mãos, onde viu, novamente, a cor de madeira que sua pele tinha, antes das relíquias, estas que não estavam mais em seu corpo, nem os braceletes, tornozeleiras ou tiara.

Ele olhou a sua volta, desesperado, e viu que os itens estavam caídos ao longo do caminho que ele havia feito, com as cordas que o conectavam ao seu corpo cortadas. Entendo o que Onkana conseguiu fazer, ele desarmou a postura de batalha, apertou os beiços vencido e a cumprimentou, sentindo uma paz consumir seu corpo e mente:

- Impressionante. Qual é o seu nome guerreira?

- Me chamo Onkana. E o seu guerreiro?

- Você sabe.

- Não, eu sabia o nome do guerreiro cego. Eu quero saber o nome daquele que está enxergando.

- Eu sou Vartico. – Disse esticando a mão para cumprimenta-la.

- Temos que ri, nossos barcos já vão partir.

- Mesmo de tudo o que fiz – Ele disse olhando as ruinas a sua volta – Vai me permitir integrar seu exército?

- Por que acha que argumentei e o desafie? Não foi para provar que sou melhor, mas para libertar o coração do guerreiro que eu sabia que estava aí dentro. Preso pelas relíquias.

- E como sabia sobre mim?

- Vamos dizer que eu sou uma admiradora do guerreiro Vartico, da tribo dos Raízes. Lamento as perdas deles.

- Eu aceito seus lamentos. Perder nossa vila foi terrível, mas tenho certeza que os esforço de seu exército vai garantir que Raízes ressurja um dia.

- Temos então mais um motivo para trabalharmos juntos guerreiro. – Onkana aperta a mão de Vartico e os dois trocam um longo olhar de admiração, pouco antes de saírem dali.

Vartico via os barcos, quando pensando a respeito de tudo, pediu um momento a Onkana, voltou ao local do desafio, recolheu as relíquias consigo, e assim que subiram nos barcos, afastaram-se das margens com as forças dos lemes, Vartico jogou as relíquias nas profundezas dos Rios. Ganhando assim, mais um olhar de aprovação da guerreira Onkana, que agora, carregava mais que esperança no guerreiro, carregava um certo coração pulsante.

Fim.

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