CINZAS - Saga Inevitável: Seg...

Від MillenaAgliardi

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» Esse é o quinto livro da Saga Inevitável, retratando a segunda geração, os filhos dos casais principais. Vo... Більше

PREFÁCIO:
PRÓLOGO.
1. Todo Mundo Menos Você.
2. Por Supuesto.
3. Sound Of Silence.
4. O Conto Dos Dois Mundos.
6. Melhor Sozinha.
7. Losing Your Memory.
8. Say Something.
9. Ciumeira.
10. River.
11. Arcade.
12. Lendas e Mistérios.
13. Question.
14. Summertime Sadness.
15. You Broke Me First.
16. Broken Wings.
17. Leave All The Rest.
18. Love And Honor.
19. Beggin'
20. DYNASTY.
21. abcdefu.
22. A Meta É Ficar Bem.
23. Insônia.
24. Penhasco.
25. Blood // Water.
26. Monster.
27. Radioactive.
28. Skyfall.
29. Believer.
30. Chasing Cars.
31. I See Red.
32. Cedo Ou Tarde.
33. Traitor.
34. Enquanto Houver Razões.
35. Dusk Till Dawn.
36. Play With Fire.
37. Evidências.
38. No Pares.
39. Santo.
40. Ingenua.
41. Angels Like You.
42. Who You Are.
43. Queda.
44. Mad World.
45. Mercy.
46. Bird Set Fire.
47. Couting Stars.
48. In The End.
49. Decode.
50. The Power Of Love.
51. Way Down We Go.
52. River.
53. Blood/Water.
54. Losing Your Memory.
55. Monster.
56. Unconditionally.
57. As Long You Love Me.
LIVRO NOVO!

5. João De Barro.

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Від MillenaAgliardi


LORENZO

Todo dia eu acordo e meu primeiro pensamento é você. 



|Eu estou triste porque vocês não estão comentando. Vocês não me amam mais, é isso? Tá bom, já entendi. |

— Isso é tudo? — Tio Thomaz perguntou dando por encerrada nossa reunião semanal. 

— Sim. — Manoel Giordano respondeu secamente. Não havia nenhuma semelhança que dissesse que ele era meu tio, irmão de sangue do meu pai, exceto pelos olhos cinzas. Seus cabelos eram pretos, o exato oposto dos Parisi, mas isso não era uma surpresa. A cabeleira loira havia sido herdada de meu avô e Manoel era filho apenas de minha avó. Eu não cheguei a conhecer nenhum dos dois e pelas histórias, eu estava feliz por isso. Antes que alguém mais pudesse responder, Manoel desligou a ligação, assim como sua Consigliere, Liliana. Apesar de serem meus tios, eu os chamava apenas pelo nome. 

— Ele ainda está irritado com a morte do filho. — Samael comentou arqueando as sobrancelhas. Meu tio mais novo era uma incógnita. Em um momento, engraçado e descontraído, segundos depois irritadiço ou sério demais. Eu desconfiava que ele tinha bipolaridade, mas nunca falei isso em voz alta. Não havia espaço para problemas psicológicos para homens na máfia. 

— Não deve ser fácil perder um filho. — Tio Nino murmurou com um olhar perdido. — Fico pensando… Seria melhor se ele soubesse que tipo de criança criou?

— Não. — Thomaz afirmou. — Ele tentaria achar formas de se enganar, dizer que é mentira. É o que os fracos fazem quando não querem ver a verdade.

— Então você acreditaria sem titubear que Devon tentou estuprar uma garota? — Eu perguntei sem sequer pensar sobre isso. Do outro lado da sala, sentado longe para que nossos microfones não dessem eco, meu pai me lançou um olhar mortífero.

— Claro. Eu conheço meu filho. Ele é homem feito e nem sempre o que os pais ensinam entra na cabeça de crianças criadas para o crime.

Eu lancei um olhar indignado em direção a tela. Tio Nino franziu os lábios e Samael revirou os olhos, mas papai continuou inexpressivo. De longe, eu pude ver ele torcer as mãos sob a mesa de seu escritório, um tique nervoso que ele tinha quando se sentia profundamente desconfortável. 

O que o monstro do nosso pai fez com você, passou. Não importa. Já fazem vinte e cinco anos, Nico. Você precisa parar de se sentir mal por isso. Você era uma criança, a culpa não é sua dele ser um fodido pedofilo!

Até hoje, um ano depois, eu me lembrava exatamente das palavras que escutei sem querer ao passar pelo escritório e ver papai curvado contra meu tio numa crise de pânico. As crises haviam aumentado ao longo dos anos e ficavam piores depois que ele visitava o tanque de tubarões para torturar molestadores. Eu desconfiava dos seus motivos para ser tão cruelmente criativo com os abusadores, mas as palavras de Nino confirmaram tudo. 

Estuprado. Quando criança. Pensar nisso me trazia enjôo. Principalmente quando tio Thomaz estava insinuando que Devon seria capaz de tal coisa. 

— Se Devon fizesse algo assim, isso diria que você não o criou direito. — Disparei. — Isso diria que você não lhe mostrou princípios e senso de humanidade. A culpa seria sua! 

— Lorenzo! — Meu pai gritou do outro lado da sala, mas eu já estava de pé, fechando o notebook com tanta raiva que a tela externa trincou sob o peso da minha mão. 

— Foda-se, pai! Você sabe que Devon nunca faria isso. — Eu gritei saindo pela porta do escritório. — Se existe alguém nessa porra que nunca faria isso, é Devon. 

— E é por isso que crianças não deveriam participar dessas reuniões. — Ouvi Thomaz dizer quando saí da sala, mas não esperei a resposta de ninguém. Ele nunca entenderia o quão péssimo pai era para Devon e até mesmo para Gabriel. Nenhuma criança abandonaria o pai e a mãe se não vivesse sob merda constante. Esperava que meu pai falasse com Thomaz sobre Devon passar o final de semana em Las Vegas, mas depois de minha explosão, seria quase impossível. 

— Você não parece bem. — Mamãe comentou quando entrei na cozinha num rompante. Minha cabeça estava girando de raiva, mas eu precisava me controlar. Lentamente forcei meu rosto em uma máscara indiferente, empurrando meus sentimentos para longe do meu semblante, mesmo que meu coração estivesse ardendo. — Odeio quando você se força a parecer indiferente quando claramente posso ver que está mal. 

— Não estou mal, estou irritado e é sempre bom saber controlar a raiva. — Era verdade. Se eu deixasse a raiva que sentia sair de mim, eu faria coisas que me arrependeria para sempre. Eu a sentia, correndo por meu sangue como a lava de um vulcão, mas diferentemente, eu nunca entraria em erupção. 

— Você precisa voltar ao psiquiatra? — Mamãe perguntou se encostando contra o balcão. Seus cabelos escuros como os meus estavam presos num coque desarrumado, mas suas roupas estavam impecáveis como sempre. Um vestido azul escuro justo que ressaltava suas curvas. Eu odiava pensar em minha mãe como uma mulher bonita, porque isso queria dizer que outros homens a olhavam, mas ela era linda. A mulher mais linda do mundo, porque o amor que eu sentia por ela fazia todas as outras parecerem simplórias, até mesmo sua gêmea idêntica. 

— Não. — Disse-lhe com firmeza. Eu sugeria terapia para todo mundo que me vinha com um problema emocional, por menor que fosse, mas eu nunca mais queria pisar num consultório psiquiátrico. Nunca mais queria tomar aqueles remédios que tiravam meu foco e me deixavam sonolento durante todo o dia. Aquilo era para pessoas comuns, não para um soldado da máfia que andava com uma arma letal. Alguém que poderia ferir uma pessoa porque a mão tremeu quando atirou… Empurrei os pensamentos para o fundo do minha mente. — Estou bem. 

— Pedi a Carina para mandar Devon esse final de semana. — Minha mãe disse com um sorriso gentil. — Disse que seria bom para os gêmeos passarem um tempo juntos. 

— E ela? 

— Disse que falaria com Thomaz. — Minha mãe disse revirando os olhos. — Ela não faz nada sem permissão do marido, isso me irrita. 

— E você faz? — Zombei fazendo mamãe revirar os olhos outra vez. 

— Seu pai é o Capo da Camorra, eu sou o Capo da casa. 

— Shhh. Não deixe ninguém ouvir. — Meu pai pediu falsamente entrando na cozinha. Mamãe sorriu quando ele beijou seu rosto e passou os braços ao redor de sua cintura. Eca. 

— É estranho quando vocês se comportam como um casal. Pensar que vocês… Urg. Credo. 

— E você acha que veio ao mundo como? — Papai provocou. — Se você não sabe, eu posso te contar. 

— Sério, nem pense nisso. 

Papai estava distraído e animado, mas eu podia ver a escuridão em seus olhos. Ele não me repreender por falar com Thomaz daquela forma era um sinal de que ele concordava comigo. Nós dois sabíamos que Devon nunca faria isso. 

— Isso me faz pensar… Você já…? — Mamãe arqueou as sobrancelhas, o rosto pálido ficando corado. Meu próprio rosto ficou quente com aquela pergunta. Puta merda. Isso não era algo que eu queria discutir com a minha mãe. 

— Mãe… Não. Não vamos falar sobre sexo. Guarde isso para Anna. — Eu pedi colocando as mãos sobre o rosto. Papai riu alto. 

— O garoto provavelmente transa mais que nós, Alessia. 

Ah, não. Eu não precisava ouvir aquilo. Girei sobre meus calcanhares e deixei meus pais falando sozinhos. Papai sempre estava certo sobre tudo, menos sobre aquilo. Eu simplesmente não conseguia transar com qualquer uma como todos os caras que eu conhecia. O tesão só vinha quando havia afeto. E eu só gostei de duas garotas na vida, então… Respirei fundo. Eu estava pensando demais, não havia nada de errado com isso. Havia? Quando encontrei tio Nino no jardim, pintando uma imagem aleatória em um caderno de desenhos, me sentei ao lado dele. 

— No que você está pensando? — Meu tio perguntou sem desviar os olhos da tela, os cabelos loiros que ele havia deixado crescer nos últimos anos caindo sobre seu rosto. 

— Posso te perguntar algo? — Indaguei sem jeito. Meu tio levantou os olhos de seu desenho e como sempre, eu me surpreendi com a semelhança assustadora que ele tinha com meu pai. Eles eram idênticos. 

— Você sempre pode me perguntar qualquer coisa. 

— É normal que eu só consiga transar com as garotas que gosto? — Perguntei de vez. Arrancar o bandaid de uma vez só sempre doía menos. Meu tio arqueou as sobrancelhas, provavelmente surpreso com o rumo da conversa. Nem eu sabia o porquê de ter perguntado aquilo, afinal. 

— Sim. Para algumas pessoas sexo é algo íntimo demais para ser feito com qualquer pessoa. Não há nada de anormal você não querer compartilhar um momento tão vulnerável com alguma estranha. — Ele disse calmamente. Eu amava como tio Nino sempre respondia tudo diretamente, sem perguntas, indiretas ou meias respostas. Ele sempre me dizia o que eu queria sem enigmas, sem me confundir. Era por isso que eu deixava o papo emocional para conversar com ele. — Esse ideia de que o homem precisa sentir tesão por qualquer bunda que passa é ridícula. Você não precisa transar com todo mundo para provar seu valor.

— Você realmente acha? — Perguntei meio sem jeito. Eu deveria estar transando com todas as garotas da cidade, era o que esperavam de mim. 

— Não, eu tenho certeza. — Tio Nino afirmou e então, seu rosto se tornou surpreso. — Você é virgem? 

— Não. — Eu arqueei as sobrancelhas. — Se eu fosse virgem não saberia que só consigo transar com as garotas que gosto. 

— E de quantas garotas você já gostou? 

— Duas… 

Três, se eu contasse a ruiva que era o primeiro pensamento que eu tinha quando acordava e o último que eu tinha antes de ir dormir. Mas eu nunca transaria com Jhenifer. 

— Lorenzo, você tem dezessete anos. No mundo normal, você nem deveria ter uma vida sexual extremamente ativa como a dos garotos da máfia. — Tio Nino se virou completamente em minha direção. — Pare de se cobrar, isso não muda nada. Mesmo que você fosse virgem, não mudaria nada. 

— Com quantas garotas você transou antes de tia Alessa? 

— Três. — Meu tio respondeu. Eu tinha a pretensão de usar sua resposta para afirmar que um número baixo de garotas me fazia menos que os outros, mas aquilo me surpreendeu. 

— Três? 

— Minha primeira namorada, com quem perdi a virgindade, uma prostituta porque eu estava com tesão, sua tia Cinzia porque eu estava meio louco e… 

— VOCÊ O QUE? — Gritei mesmo que não pretendesse, mesmo que nunca gritasse. — Ela não casou virgem?!

— Ela casou virgem. Eu transei com ela quando ela estava casada com seu tio. — Nino deu de ombros. — Mas isso é passado. Foi um momento ruim para nós três e passou. 

— Caralho… — Balancei a cabeça sem conseguir processar aquele informação. Tia Cinzia era sempre tão doce e gentil, todos diziam que ela era a cópia exata de minha falecida avó. Eu não lembrava de vovó Carisma, mas se ela era como tia Cinzia, eu entendia porque todos sentiam tantas saudades dela. — Oh, Deus. Eu vou vomitar. 

— Não vomite em mim. — Tio Nino pediu calmamente me fazendo lembrar que ele tinha dificuldades em entender sarcasmo. 

——————«•»——————

O final de semana chegou e trouxe junto dele parte da família novaiorquina. Tio Samael e tio Romero surgiram na entrada, tia Cinzia e minha prima Giulia logo atrás com Devon e Samuel. Jhenifer não precisou de nenhum incentivo para sair correndo e se jogar nos braços do irmão, a cabeleira vermelha voando conforme o vento forte do deserto rugia contra ela. Uma tempestade de areia estava se aproximando ao longe e eu tinha certeza de que o vento forte pioraria mesmo que a areia nunca atingisse a cidade. 

— E aí. — Romero cumprimentou de longe. Ele era o mais contido da família, estóico e pouco falante. Eu já havia visto o que suas mãos eram capazes de fazer, mas sua aparência distante era de um garoto tímido, mesmo anos mais velho que eu. 

— Você pare de usar jaquetas de couro, elas são minhas. — Samael zombou com um abraço rápido. Hoje seu humor era animado, mas eu sabia que logo ele estaria de cara fechada. 

— Lorenzo, querido. Você está lindo. — Tia Cinzia disse com doçura, beijando meu rosto. De minhas tias, ela era sempre gentil e açucarada. Seus cabelos loiros caíram sobre seu rosto e ela lançou um olhar exasperado em direção a Samael. — É uma tempestade que está se formando? 

— No deserto, bem longe daqui. — Tio Nino disse surgindo do nada. Saber que eles tinham transado no passado revirou meu estômago. Havia muita maturidade entre meus tios, eu podia ver no abraço que ele e Samael trocaram. Se um cara transasse com a minha mulher, eu o mataria, sem sombra de dúvidas, ao invés de trocar um abraço com ele. Que bom que Samael não era como eu, eu amava tio Nino. 

Samuel se aproximou de mim sorrateiramente e abraçou minha cintura com um sorriso tímido. O moleque de sete anos era meu primo mais novo, o caçula da família amado por todos. Puxei ele para meu colo, abraçando a pequena peste. Cinzia e Samael encararam a interação de olhos arregalados, como sempre ficavam quando Samuel se aproximava de mim. Eu era o único que ele abraçava. O garoto tinha síndrome de Asperger. 

— Como você está, garoto? — Perguntei com um sorriso suave e a voz branda. Ele só respondia quando os estímulos eram baixos e agradáveis; se nossa família risse muito alto ou gritasse, Samuel se encolhia e começava a chorar ruidosamente. Samuel balançou a cabeça em concordância, indicando que estava bem. Nem mesmo eu conseguiria arrancar uma palavra dele hoje, pelo visto. — Você não vai perguntar como eu estou? 

Samuel olhou ao redor, para as pessoas perto de nós e balançou a cabeça em negativa. 

— Eu estou bem também. — Acabei dizendo porque eu sabia que ele não se sentia seguro para usar sua voz em meio a tanta gente. 

— Oi, Sammy. — Meu pai cumprimentou se aproximando lentamente. — Você está bem hoje? 

O garoto assentiu novamente, mas seu pequeno corpo tremeu contra o meu. Os olhos de Samael ficaram nublados por algo escuro. Eu sabia de suas preocupações; se Samuel não melhorasse, ele nunca seria um soldado da máfia. 

E a máfia era a nossa vida.

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