8. Lead me through the dark
All that I know
(Me leve através da escuridão
Tudo o que eu sei)
- Olhe lá! - gritou um aluno, olhando para o céu.
Era o dia em que os alunos de Durmstrang e Beauxbatons chegariam, e todos estavam animados para conhecer pessoas novas.
O grande mistério era: como eles chegariam?
No momento que o garoto gritou, todos os alunos de Hogwarts olharam para o céu, tentando definir o que era aquilo que se aproximava cada vez mais.
- É um dragão! - exclamou uma garotinha do primeiro ano.
- Que dragão o que, é uma casa voadora!
Quando a figura se aproximou mais, eles puderam finalmente compreender o que era. Não era um dragão, nem uma casa voadora - embora esse último tenha chegado mais perto.
Era uma enorme carruagem azul clara, do tamanho de uma casa grande, sendo puxada por doze cavalos alados enormes, seus tamanhos se aproximando a um elefante, de tão grande.
Os alunos recuaram, abrindo espaço para a carruagem pousar.
Assim que pousou, um garoto com vestes azul-claras pulou da carruagem, puxou uma escadinha de ouro, então se afastou.
Harry viu um enorme sapato feminino sair da carruagem, seguido pela maior mulher que ele já viu na vida. Ela era tão grande quanto Hagrid.
Dumbledore começou a aplaudir, os alunos logo o seguindo. A mulher sorriu e estendeu a mão cheia de anéis. O diretor nem precisou se curvar para beijar a mão dela.
- Minha cara Madame Maxime, bem-vinda a Hogwarts.
- Dumbly-dorr, espero encontrá-lo em boa saúde.
- Estou ótimo, obrigado.
- Esses são meus alunos. - disse Madame Maxime, apontando para doze alunos e alunas. Eles pareciam estar no fim da adolescência, por volta de 17 ou 18 anos. Estavam tremendo de frio, suas vestes finas de seda e sem nenhuma capa não eram ideais para o frio do outono.
Dumbledore continuou conversando com a mulher, convidando-os a entrar para se aquecerem, enquanto Hagrid cuidava dos cavalos. Harry parou de prestar atenção na conversa, olhando de volta para o céu, procurando qualquer sinal dos alunos de Durmstrang.
- Será que eles vão vir de carruagem também?
- De que tamanho será que são os cavalos deles? Aposto que são maiores.
Harry, de repente, viu um movimento na água. Ele chamou a atenção de seus amigos, apontando com a cabeça.
- Olhem, no lago.
Bem no meio do lago começou a se formar um redemoinho, e logo um pau surgiu.
- É um mastro!
Aos poucos, o navio foi se erguendo do redemoinho. Parecia um navio fantasma dos filmes, com uma aparência esquelética e luzes fracas que brilhavam nas escotilhas.
Os alunos de Durmstrang pareciam todos fortes e corpulentos, mas um pouco disso se dava às capas de peles que usavam. Eles desceram do navio, sendo conduzidos por um homem, também de capa de pele, mas a dele tinha fios prateados como seus cabelos.
- Dumbledore! Como vai, meu caro?
- Excelente, obrigado, Prof. Karkaroff.
Karkaroff, o diretor de Durmstrang, era um homem alto e magro como Dumbledore, mas seus cabelos brancos eram curtos.
- Como é bom estar aqui novamente... - exclamou o homem, com um sorriso que não atingiu seus olhos. Ele olhou para trás, para os alunos. - Viktor, venha para o calor... espero que não se importe, Dumbledore, Viktor está com um ligeiro resfriado...
- Claro que não. Entrem, entrem!
Um garoto alto e forte, com um nariz curvo e sobrancelhas espessas se aproximou de Karkaroff. Seu rosto não mostrava nenhum sinal de emoção.
Harry reconheceria essa beleza rústica de longe.
O garoto que Harry, e provavelmente muitas outras pessoas, tinha pendurado na parede se seu quarto.
Viktor Krum.
~*~*~*~
Todos os alunos das três escolas, bem como seus diretores, se reuniram no Salão Principal. Os alunos de Beauxbatons se sentaram na mesa da Corvinal, e os alunos de Durmstrang sentaram-se com os sonserinos. Do outro lado do Salão, Harry podia ver Krum ao lado de Draco.
Draco, o garoto que viu o poster de Viktor Krum no quarto de Harry.
Ao ver o sorriso malicioso que o loiro lhe lançou, Harry sabia que ele estava pensando a mesma coisa.
Com os olhos, Harry tentou implorar a Draco que não dissesse nada constrangedor sobre ele, mas Draco se fez de desentendido. Estreitando os olhos para o loiro, Harry de repente teve uma ideia.
Dois podiam jogar o mesmo jogo.
Sorrindo, o moreno levantou uma sobrancelha para Draco, inclinando discretamente a cabeça na direção dos gêmeos - que pareciam estar planejando alguma coisa. Ele se virou para conversar com os ruivos, vendo de canto de olho o olhar desesperado de Draco.
Krum, ao lado de Draco, não pode deixar de notar a troca de olhares.
- Então... você é amigo de Harry Potter?
Draco se virou para ele, assustado, como se tivesse esquecido que ele estava ali.
- Sou. - respondeu, se recompondo. - É uma amizade recente, na verdade. Éramos rivais antes.
- E o que mudou, se não se importa que eu pergunte?
- A guerra. - Draco tinha um olhar distante, mas logo voltou a prestar atenção no búlgaro. - E minha mãe e seu padrinho são parentes. Somos meio que família agora.
- Deve ser bom pra sua popularidade. - comentou um aluno de Durmstrang sentado a frente de Draco. - Ser amigo do Menino-que-sobreviveu.
O rosto de Draco endureceu.
- Não sou amigo dele pela fama. Além disso, Harry odeia ser famoso por ter sobrevivido. É só um lembrete da morte de seus pais. Ele nunca gostou de ser o centro das atenções.
- Acho que posso entender isso. - resmungou Krum, baixinho, olhando para seu colega. Ele deve ter falado isso mais para si mesmo, mas Draco ouviu.
~*~*~*~
Após o jantar, Dumbledore anunciou que o Torneio Tribruxo estaria finalmente aberto. Ludo Bagman também estava lá, para assistir à abertura.
- Finalmente - Disse Dumbledore, sorrindo para todos os alunos. Harry sentiu vontade de vomitar. - O Torneio Tribruxo vai começar. Mas, primeiramente, gostaria de apresentar o Sr. Ludo Bagman, Chefe do Departamento de Jogos e Esportes Mágicos.
Após explicar mais alguns detalhes sobre o evento, Dumbledore se virou para o zelador de Hogwarts.
- Por favor, traga o Cálice, então, Sr. Filch. Os alunos que quiserem se candidatar a campeão podem colocar seus nomes no Cálice de Fogo, lembrando que apenas aqueles com mais de 17 anos podem participar. Cada candidato deve escrever claramente seu nome e o nome da escola num pedaço de pergaminho e depositá-lo no Cálice. No jantar de amanhã, após as festas de Halloween, os campeões serão escolhidos. Boa sorte!
Um por um, os alunos se levantaram, com um pedaço de pergaminho com seus nomes em mãos, e o depositaram no cálice.
Os estudantes de Hogwarts se afastaram quando os alunos de Beauxbatons passaram por eles com o nariz empinado. Aproveitando a deixa, os alunos de Durmstrang se aproximaram também.
E Krum foi, todo imponente, colocar seu nome no Cálice.
Os outros alunos de Durmstrang nem precisariam colocar seus nomes também se não fosse a norma. Todos já sabiam que Viktor Krum seria um Campeão Tribruxo.
Depois que seus colegas colocaram seus nomes, eles voltaram para o barco.
Harry olhou para Fred e George, verificando como eles se sentiam por não participar do torneio, mas os encontrou com um sorriso travesso.
- O que vocês aprontaram?
- Paciência, Harrykins, você já vai descobrir.
Dito e feito. Assim que Harry se virou para ver os alunos novamente, Ronald Weasley abriu caminho entre os alunos e parou antes da linha.
- Observem, caros estudantes de Hogwarts que ainda não completaram 17 anos. Eu encontrei a solução! - disse ele, erguendo a poção que tinha em mãos. - Vocês estão olhando para o futuro campeão de Hogwarts!
A maioria dos alunos riu ou bufou, mas Rony não notou. Ele estava focado demais em beber sua poção.
Assim que terminou de beber, pulou através da linha.
Por um momento, nada aconteceu, e todos ficaram surpresos por Rony ter feito uma poção decente e milagrosa.
Então, no momento seguinte, o garoto estava voando para longe do Cálice.
As pessoas caíram na gargalhada imediatamente, segurando suas barrigas de tanto rir, mas Rony não entendeu o motivo de tanto riso até que foi se levantar e pisou em sua enorme barba branca.
- O-o que...
A voz de Rony saiu rouca, como se ele a usasse por muitos anos, assim como sua coluna, que deu um estalo alto quando ele tentou se levantar.
- Eu estou... velho! - o ruivo olhou ao redor, procurando seus irmãos. - Vocês! Vocês me disseram que a poção funcionaria!
- Na verdade, caro irmão...
- ... nós dissemos que a poção faria você ficar mais velho, afinal,...
- ... é uma poção do envelhecimento. Mas nunca dissemos que iria...
- ... enganar a linha etária.
- Ora, seus...
- Sr. Weasley! - Rony se encolheu mais quando ouviu o grito de sua chefe de casa. - Como você pode ser tão estúpido a ponto de beber uma poção do envelhecimento? Mesmo que funcionasse, Dumbledore nunca deixaria um aluno menor de idade participar desse torneio esquecido por Merlim. E não pense que eu não vi você a ponto de enfeitiçar seus irmãos. Vou aumentar um mês na sua detenção.
- Mas professora...
- Mas nada! Agora venha, Sr. Weasley. Vamos ver se a Madame Pomfrey faz a gentileza de consertar você. Francamente...
Os gêmeos não se aguentavam de tanto rir, e Harry e Draco só observavam, querendo rir também, mas tinham que manter suas máscaras.
Deitado em sua cama, na manhã do dia seguinte, Harry não pode deixar de sentir que algo iria dar extremamente errado. Era Halloween, afinal, e sempre acontecia algo no Halloween. Ele estava tão nervoso que até sonhou que seu nome havia sido sorteado do Cálice de Fogo.
Mas não tinha como isso acontecer, certo? A profa. McGonagall disse que não dava pra enganar o Cálice.
No entanto, isso não serviu para acalmar os nervos de Harry.
~*~*~*~
- Chegou o momento - Dumbledore disse após o jantar de Halloween - de anunciarmos os três Campeões Tribruxo!
Todos aplaudiram e gritaram, ansiosos para ver se seus nomes seriam escolhidos, até que o diretor os silenciou novamente.
Dumbledore se aproximou do Cálice de Fogo, observando enquanto as chamas ficavam vermelhas e um papel foi cuspido.
- O Campeão de Durmstrang é... Viktor Krum!
Viktor se levantou, dirigindo-se à portinha que Dumbledore indicou, enquanto seus colegas aplaudiam educadamente, sem surpresa por ele ser o Campeão.
- O Campeão de Beauxbatons é... Fleur Delacour!
Seus colegas não pareciam nada contentes por ela ter sido escolhida, mas Fleur os ignorou. Ela andou graciosamente até a porta, com o nariz erguido.
- E finalmente, o Campeão de Hogwarts é... Cedrico Diggory!
Os lufanos explodiram em gritos de alegria. Finalmente teriam o reconhecimento que mereciam. Eles não tinham dúvidas que Cedrico seria um excelente campeão, talvez até o vencedor do torneio!
Depois que Cedrico entrou pela portinha, Dumbledore se voltou para os alunos.
- Bem, agora...
Sua voz foi morrendo aos poucos, sua atenção no Cálice de Fogo novamente. A chama estava vermelha.
Como todos suspeitavam, mais um nome foi cuspido.
~*~*~*~
Harry assistia tranquilamente enquanto os campeões eram escolhidos. Por fora, pelo menos. Por dentro, parecia que ele ia explodir de nervosismo.
"Por favor, que não seja eu, que não seja eu, que não seja eu..."
Ele repetia isso para si mesmo como um mantra, e só parou quando o nome de Cedrico foi escolhido.
Com um suspiro de alívio, Harry finalmente se permitiu relaxar.
- Qual é o problema, Harry? -Neville sussurrou baixinho ao seu lado.
- Eu estava com medo - respondeu Harry, sussurrando também. - Sempre acontece algo no Halloween. Mas agora que Cedrico foi escolhido como Campeão de Hogwarts, o Cálice não pode sortear meu nome. Só pode haver um campeão para cada escola.
Neville assentiu, entendendo o medo de seu amigo.
- Fique tranquilo, Harry. Mesmo se acontecesse alguma coisa, nós estaremos aqui para ajudá-lo.
Harry sorriu.
O Salão Principal ficou quieto novamente, e Harry olhou ao redor, tentando entender o que estava acontecendo, até que seus olhos caíram no Cálice de Fogo.
Pegando a mão de Neville, Harry apertou com força.
- Não... - sussurrou baixinho.
Dumbledore pegou o papel, e os medos de Harry se concretizaram.
- Harry Potter!
Ele era um Campeão Tribruxo.
Após um momento de silêncio, ao qual todos o encaravam, Harry se recompôs, não deixando nenhuma emoção aparecer em seu rosto, e se levantou, erguendo a varinha.
- Eu, Harry James Potter, juro pela minha magia que não coloquei meu nome no Cálice, nem pedi para ninguém colocá-lo. Não quero e nunca quis fazer parte desse Torneio.
Ele lançou um 'lumos', só para provar que ainda tinha sua magia, antes de finalmente se dirigir à portinha.
Quando entrou na sala, os três campeões olharam para ele, tentando descobrir o que ele fazia alí.
- Querem que a gente volte ao salão? - Perguntou Fleur.
- Não, eu...
Houve um ruído de passos apressados, e Ludo Bagman entrou na sala. Segurando o braço de Harry, ele levou o garoto até os outros.
- Absolutamente extraordinário! Senhores, senhora, gostaria de lhes apresentar, por incrível que pareça, o quarto campeão do Torneio Tribruxo.
Krum parecia surpreso e confuso, enquanto Cedrico franziu a sobrancelha. Mas o que surpreendeu Harry foi a risada de Fleur Delacour.
- Que grande piada, Sr. Bagman.
- Piada? Não, não, não. O nome de Harry acaba de sair do Cálice de Fogo!
Fleur franziu o cenho.
- Mas evidentemente houve um engano. Ele não pode competir, é jovem demais.
- Essa é a questão, não é? O limite de idade foi imposto esse ano, como precaução, pois todos aqueles que são sorteados pelo Cálice de Fogo são obrigados a competir.
- Obrigado? Mesmo que não tenha sido eu a colocar meu nome? - questionou Harry, indignado.
- Se não foi você, quem foi? - perguntou Cedrico, não acreditando.
- Nosso garoto aqui acaba de fazer um juramento mágico para confirmar que ele não pôs seu nome no Cálice! Muito corajoso, não é? Não me admira que ele seja um grifinório.
A porta às costas deles se abriu e um grande grupo de pessoas entrou: Dumbledore, seguido de perto pelo Prof. Karkaroff, Madame Maxime, a Prof.ª McGonagall, o Prof. Snape e Remus. Harry ouviu o zumbido dos alunos do outro lado da parede, antes da Prof.ª McGonagall fechar a porta.
Harry correu para os braços de seu pai.
- Madame Maxime! - chamou Fleur, indo ao encontro de sua diretora. - Estão dizendo que um aluno menor de idade será obrigado a competir!
- O que significa isso, Dumbly-dorr? - perguntou Madame Maxime, imperiosamente.
- Também gostaria de saber, Dumbledore. Dois campeões de Hogwarts? Não me lembro de ninguém ter me dito que a escola que sediasse o torneio poderia ter dois campeões, ou será que não li o regulamento com devida atenção?
- Hogwarts não pode ter dois campeões, seria muito injusto.
- Ah, mas eu não sou campeão de Hogwarts. - comentou Harry, casualmente.
Dumbledore se virou para Harry com seu melhor olhar de avô.
- Temo que, desde que seu nome foi escolhido pelo Cálice de Fogo, você será obrigado a competir, meu garoto.
- Infelizmente, estou ciente disso. Mas o prof. Karkaroff está certo. O regulamento diz que apenas um campeão pode ser sorteado por escola. O cálice não pode ser enganado para sortear mais de um aluno por escola, e mesmo se pudesse, não haveriam garantias que meu nome seria sorteado.
- O que você quer dizer?
Harry travou seu olhar com Dumbledore, sem expressar nenhuma emoção.
-Quero dizer que quem colocou meu nome no Cálice de Fogo tomou garantias para que mais um campeão fosse escolhido e que apenas meu nome seria sorteado.
- Ainda não entendi onde quer chegar.
- Significa que alguém adulterou o Cálice e inscreveu uma quarta escola, onde apenas o Harry é aluno. - concluiu Remus, abraçando seu filho por trás.
- O que quer dizer que Cedrico é o único campeão de Hogwarts. Se vou ser obrigado a competir, terá que ser por mim mesmo. E se eu ganhar, o que acho bem improvável, não será uma vitória de Hogwarts. É justo, não é? Apenas um campeão por escola e... bem, eu.
O silêncio se estabeleceu no ambiente, até que Bagman bateu as mãos uma vez, esfregando-as, excitado.
- Vamos agilizar então, sim? Temos que dar aos campeões as instruções, certo? A primeira tarefa destina-se a testar o arrojo dos campeões, por isso não vamos lhes dizer qual é. A coragem diante do desconhecido é uma qualidade muito importante em um bruxo.
"A primeira tarefa ocorrerá em vinte e quatro de novembro, diante dos demais estudantes e a banca de juízes. É estritamente proibido aos campeões pedirem aos seus professores, ou aceitarem deles, ajuda de qualquer tipo para realizar as tarefas do torneio. Os campeões enfrentarão o primeiro desafio armados apenas de varinhas. Receberão informações sobre a segunda tarefa quando a primeira estiver concluída. Por conta da natureza árdua e demorada do torneio, os campeões estão dispensados dos exames do fim do ano letivo."
Dito isso, todos os campeões foram liberados para descansarem e começarem a se preparar para a provação que estava por vir.
~*~*~*~
Só havia uma coisa que acalmava Harry: voar.
Estava frio e escuro, mas Harry não se importou. Bastava apenas lançar alguns feitiços e pronto.
Ele voou pelo campo, às vezes dando voltas, passando entre os aros do gol, ou subindo verticalmente só pra se deixar cair depois de um tempo.
Treinou também algumas manobras que poderiam ser úteis no Quadribol, mesmo que esse ano não fosse ter. Talvez ele nem participasse no ano seguinte, por mais que Ginny ainda estaria no time com ele, Harry não se sentia mais confortável com seus colegas de casa. Veja como eles o estão tratando agora.
Mas Harry não deveria se surpreender. Sempre foi assim com os bruxos, ou eles o amavam ou o odiavam.
Eles o amaram no primeiro ano, quando ele ainda era uma novidade, mas o odiaram no segundo, quando pensaram que ele era o Herdeiro da Sonserina só por poder falar com cobras. No terceiro ano sentiram pena dele, por ter um assassino atrás dele, e no quarto ano ele foi tratado como qualquer outra pessoa, talvez com um pouco mais de atenção, mas principalmente ignorado. Foi o melhor ano, mesmo com a volta de Voldemort no final.
E então ele foi odiado novamente no ano passado, quando ninguém acreditou que o Lorde das Trevas havia realmente retornado até que tiveram isso enfiado em seus rostos.
Harry suspirou, deitando-se de costas na vassoura, observando o céu estrelado mais um pouco, antes de finamente pousar.
- Foi um belo voo. - Harry ouviu uma voz dizer assim que pousou, e se virou, assustado.
- Há quanto tempo está aqui?
- Tempo suficiente pra saber que terei um adversário digno, se você decidir entrar para um time profissional de quadribol. - Krum se aproximou de Harry, estendendo a mão. - Sou Viktor Krum.
- Eu sei - respondeu Harry, antes que pudesse se conter, mas apertou a mão do outro garoto mesmo assim. - Harry Potter.
Krum sorriu.
- Eu sei.
Viktor sentou-se na grama, olhando para o céu. A princípio, Harry não sabia o que fazer, mas acabou se juntando ao outro.
- Tudo bem pra você estar aqui fora? - perguntou Harry, observando Krum discretamente.
- O que você quer dizer?
- Seu diretor disse que você estava resfriado.
- Ah. Isso foi só uma tática dele para me apresentar ao seu diretor. Mostrar que ele tem posse de "Viktor Krum, o famoso jogador de Quadribol".
Viktor revirou os olhos. Ele queria jogar Quadribol, mas não gostava de toda a fama que vinha com isso.
- Você não gosta de ser famoso?
- Você gosta? - retrucou ele.
Harry suspirou.
- Não. Eu odeio isso, a atenção constante. Tudo que eu sempre quis foi poder ser eu mesmo. - Ele deu uma pausa, olhando para Viktor. - Nem sei porquê estou dizendo isso a você. Eu nem te conheço.
- Porque eu entendo você. - Vendo como o garoto ficou quieto, Viktor acrescentou: - Você pode confiar em mim, não vou contar pra ninguém.
- Hoje em dia, não se pode confiar em ninguém...
O olhar de Harry estava desfocado, os pensamentos longe. Viktor percebeu que Harry não queria dizer que ele não era confiável, o garoto provavelmente foi traído por alguém que considerava um amigo.
Decidido, Viktor pegou sua varinha. O movimento chamou a atenção de Harry.
- O que está fazendo?
Mas Krum não respondeu. Ao invés disso, ergueu sua varinha para o alto e disse, em claro e bom som:
- Eu, Viktor Krum, juro pela minha magia e pela minha vida que não vou trair Harry Potter, e serei seu amigo e confidente, se ele assim o desejar.
Dito isso, ele lançou um lumos, para provar que ainda tinha sua magia.
- Você... v-você não precisava ter feito isso!
- Sei que não. Mas eu quis. - Viktor travou seu olhar com o de Harry. - Eu entendo como é, não saber em quem confiar, pois as pessoas muitas vezes se aproximam de você por sua fama. Quero ser seu amigo, Harry Potter, e espero que você também queira.
Harry encarou Krum. Sabia que ele estava dizendo a verdade, com ou sem juramento. Ele sentiu isso.
Harry confiava em seus amigos marotos, mas eles nunca iriam entender completamente como ele se sentia. Não como Krum, que era famoso, mas odiava isso também.
Seria bom ter um amigo que o entendesse.
- Eu, Harry Potter, juro pela minha magia e pela minha vida não trair a confiança de Viktor Krum, e serei seu amigo e confidente, se ele assim o desejar. Lumos!
A luz do feitiço nunca foi tão forte, e Harry se perguntou o que isso poderia significar.
- Você não precisava fazer isso. - comentou Viktor, mas sorriu para Harry mesmo assim.
- Bem, não seria justo se apenas você fizesse o juramento, não é? Uau, nunca fiz tantos juramentos em um único dia.
- Chega de juramentos. - concordou Krum.- Que tal um jogo de apanhadores?
Harry sorriu para seu novo amigo, e aceitou a ajuda para levantar.
Pelo menos ele ganhou alguma coisa com isso tudo.
--------N/A:
Não sei escrever sotaques, então finjam que eles tomaram uma poção de idiomas ou algo assim.
E me desculpem pela demora. Esse capítulo me deu bloqueio criativo. Isso já tinha acontecido antes, em outra fic minha, q eu tive q ler uma parte no livro e tentar encaixar na fic com minhas próprias palavras. Isso é um saco, sinceramente. Eu prefiro escrever tudo direto da minha cabeça, mas têm coisas que terei que olhar no livro. Já fiquem avisados que isso pode voltar a ocorrer no futuro. Isso, somado à falta de tempo por conta da faculdade, podem levar a um longo período entre um capítulo e outro, e desde já me desculpo pela espera. Vou tentar atualizar logo, mas não prometo nada.