LUIZA
Hoje completava exatamente doze meses sem ver Miguel, sem o seu toque e beijos. Conversávamos sempre pelo WhatsApp, sobre tudo realmente mas confesso que fugia quando o assunto era nós dois. A festa de um ano de Enzo seria na próxima semana, consegui férias de uma semana aqui no trabalho então iria viajar pra lá amanhã à noite. Cuidava de um departamento todo no Hospital São Luiz, sim, consegui um cargo de enfermeira chefe e estava feliz com a minha carreira. Desanimei total da faculdade de medicina depois de tudo o que aconteceu.
O taxista me deixou no aeroporto, me ajudou com as malas e segui para a parte do embarque. Evitava ficar sem fazer nada para os meus pensamentos não viajar em Miguel, era o que mais acontecia. Confesso que em um ano eu sai duas vezes com dois homens diferentes mas nada fora do normal, nada que fizesse meu coração acelerar e perder o controle de tudo, era algo normal. Normal até demais! Nos cinco primeiros meses um segurança ficava na minha cola, mas como as coisas estavam tranquilas pedi para Miguel dispensa-lo e ele aceitou com uma condição: carro blindado, e eu aceitei.
O voo até São Paulo foi rápido e mal deu tempo de tirar um cochilo, Jota foi me buscar no aeroporto porque pedi que fosse qualquer pessoa menos Miguel, e foi quando descobri que ele havia viajado para Chicago para buscar Sofia, sua filha com Daniela que daqui um mês faria 1 aninho também.
Jota: Mirela não vai querer deixar você voltar para BH tá só pra avisar. — ele falou rindo enquanto dirigia.
Luiza: E depois de ver Enzo acho que vai ser difícil eu querer voltar mesmo. — abri um sorriso.
Jota: Obrigado por ter vindo!
Luiza: Vocês são a minha família, independente de qualquer coisa! — deitei a cabeça no banco e virei de lado para olhar Jota — E as coisas com o tal Derik como estão?
Jota: Ele está desaparecido ainda. — ele suspirou — Isso é bom e ruim ao mesmo tempo. Miguel foi infiltrado por muito tempo, e isso é perigoso pra nós.
Luiza: Que vocês consigam prender esse homem e que ele pague por tudo o que fez.
Jota: Assim esperamos Lu. — ele sorrio e acelerou para o hotel onde iria ficar.
Optei por isso para não incomodar ninguém, mas claro que iria ficar mais tempo na casa de Mirela com o Enzo do que no hotel. Amanhã teria um almoço com a dona Nara que estava morrendo de saudades e Mirela também iria.
Dormi como um bebê, estava exausta já que trabalhei o dia todo. Acordei com o despertador tocando as 10h30 da manhã, deslizei a mão pela cama até encontrar meu celular e ver algumas mensagens de Mirela dizendo que passaria para me buscar 12h e íamos para a casa de dona Nara, respondi ela antes que me ligasse desesperadamente e pedi para trazerem café no quarto. Comi enquanto terminava alguns relatórios que ficou pendente do hospital e quando terminei fui rapidamente tomar banho, passei meu hidratante preferido e coloquei um macaquinho com um mule e fiz uma make leve, peguei minha bolsa e desci para esperar Mirela que logo chegou. Ela abriu um sorriso largo ao me ver e abaixou o vidro de trás onde Enzo estava e senti meus olhos ficando marejados, um aperto no coração e um arrependimento de ter passado um ano longe deles. Fui o caminho inteiro no banco de trás dando cheirinho no nosso baby que estava uma bolinha de tão gordinho, as bochechas rosadas e o cabelo louro era a coisa mais linda do mundo e lembrava muito Mirela.
Mirela: Você está pronta para tudo o que vai viver em uma semana? — me olhou rápido pelo retrovisor e fiz uma careta balançando a cabeça e negando.
Luiza: Nem me lembre disso, vai ser muita informação. — falei por fim encostando a cabeça no banco e ela riu.
Chegamos na mansão de dona Nara e ela estava na porta nos esperando, mais saudável do que nunca. O nosso verdadeiro milagre, desci do carro e fui correndo abraçá-la enquanto Mirela tirava Enzo da cadeirinha.
Nara: Pensei que esse momento não iria chegar nunca. — falou enquanto me apertava e eu ri retribuindo.
Luiza: Que saudades do seu cheirinho.
Nara: E eu dos seus cuidados! — ela se afastou segurando meus braços e me olhou de cima a baixo — Continua tão linda. — ela abriu um sorriso.
Bernardo: Uma gata né vó? — falou saindo de trás dela e arregalei os olhos indo abraçá-lo.
Luiza: Você me enganou Bernardo. — falei dando bronca em um tom divertido e ele caiu na gargalhada.
Bernardo: Acha que iria perder o seu reencontro com o meu irmão? Fala sério gata.
Revirei os olhos fazendo careta e entramos. A casa continuava a mesma, mudaram apenas algumas coisas e uma parte da sala havia um tatame colorido com alguns milhares de brinquedos de Sofia, senti uma pontada no coração e meu estômago embrulhou.