Corte de Labirintos de Rosas...

By FS_Violet_

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"Eu estava em um jardim que mais parecia um labirinto, o mesmo era coberto de espinhos. Vi na minha frente um... More

Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Bônus - 1
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
aviso
Capítulo 30
aviso
Capítulo 31
Capítulo 32

Capítulo 1

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By FS_Violet_

{Primrose}

Um dia. Apenas mais um dia.

Suspirei ao fechar meu livro. Deitada na grama vendo o Sol se pôr lentamente fechei meus olhos por um momento. O cheiro de flores invadia minhas narinas, tombei a cabeça levemente para o lado e abri os olhos. Encarei lindas rosas, passei a mão pela grama e a sensação da mesma contra minha pele quase me fez rir, assim como ela fazia com meus pés descalços.

Finalmente me sentei encarei o céu quase rosado agora. Observei o lindo jardim, que mais parecia um labirinto de rosas à minha volta, com mais atenção, o que pertencia a bela Corte Primaveril, meu lar, o jardim que eu desde pequena, passo boa parte do meu dia sozinha.

Encarei o livro que eu tinha acabado de terminar, havia começado o mesmo no dia anterior. O tempo na Corte Primaveril costumava demorar para passar, tendo em vista o fato de eu nunca ter muito o que fazer.

Não me entenda mal, eu amo minha casa, mas às vezes é muito solitário e um pouco entediante. Não tenho muitos amigos, e meu pai é ocupado. Apesar dele me deixar ficar em seu escritório para lhe fazer companhia, aquilo costumava ser um tanto quanto tedioso.

Meu pai, o Grão-Senhor da Corte Primaveril, o que me tornava a Princesa da Primavera, o exemplo, a herdeira.

Aquilo podia ser exaustivo, eu tinha a todo momento um milhão de vozes me dizendo o que fazer e o que não fazer:

"Primrose não fale tão alto"

"Primrose não ande assim"

"Esse vestido não, o que todos vão pensar?"

Só o pensamento dessas vozes me deixavam cansada, e até irritada. Balancei a cabeça negativamente como se estivesse tentando limpar os pensamentos ruins. Levantei e decidi que era hora de voltar para a mansão.

A alguns anos atrás minha corte não tinha nem mesmo a mansão, nem povo, nem nada... Ela foi completamente destruída. Eu não sei muito bem como aconteceu, mas tem algo haver com Feyre Archeron, a Grã-Senhora da Corte Noturna. Foi ela quem destruiu minha corte, eu não sei qual o motivo específico dela ter feito tal coisa, talvez ela e o Grão-Senhor sejam apenas cruéis. Muito cruéis para acabar com o lar de um povo inocente.

Meu pai perdeu tudo, e levou muito tempo para reconstruir a corte e ganhar a confiança e respeito do povo novamente, até hoje alguns feéricos desgostam dele, mas deve fazer parte de ser um Grão-Senhor, nem todos irão concordar com o que você fazer ou escolher.

Era uma pressão que eu não sabia se estava pronta para lidar. Às vezes era difícil ser apenas a princesa, imagina uma Grã-Senhora.

Bom, o importante é que a Corte Primaveril está finalmente igual, ou pelo menos, quase igual a de décadas atrás.

Parei quando encarei a porta de vidro na minha frente, tentei limpar meu vestido curto amarelo claro, de qualquer terra que pudesse ter ficado nele. Entrei silenciosamente e fechei a porta atrás de mim.

Comecei a caminhar até meu quarto me incomodando com o toque gelado do piso em meus pés descalços.

- Senhora - a voz de Amélia me fez virar para trás - Onde estava? E porque seus cabelos estão cheios de folhas?

Desajeitadamente passei a mão em meus longos e cheios cachos loiros na tentativa falha de arrumá-los melhor.

- Esqueceu que hoje temos um baile? E convidados? - ela ergueu uma sobrancelha para mim quase deixando um sorriso subir em seu rosto sereno

Amélia era uma das criadas da mansão. Não era tão jovem quanto parecia. Ela começou a residir na mansão quando eu era bem pequena, e foi uma grande amiga da minha mãe. Apesar do seu jeito um pouco duro, sempre fui muito grata por tê-la por perto.

— Claro que não - sorri amarelo. Obviamente havia me esquecido.

Quis bater em minha própria testa por não ter lembrado. Meu pai disse que era importante eu estar lá, e apresentar uma boa imagem para a corte.

— Certo - ela assentiu um pouco desconfiada mas prosseguiu — Já preparei seu banho, então ande logo para a água não esfriar

Com isso ela virou de costas e pegou um cesto com algumas roupas sujas, provavelmente minhas, e saiu. Essa foi minha deixa para entrar em meu quarto e me preparar para a noite que me esperava.

Não demorou muito para que Amélia e as outras criadas terminassem de me arrumar, elas eram rápidas e ágeis, não falavam muito. Às vezes eu lançava alguns sorrisos gentis e agradecia baixo.

Me encarei no espelho. Elas me colocaram em um vestido longo sem mangas, com uma saia levemente armada, em um tom de rosa claro. Mas havia algumas flores espalhadas por ele, isso o deixava muito mais bonito e chamativo.

Passei várias vezes as mãos pelas florzinhas e quando percebi que quase amassei uma, parei.

- Está linda senhora - uma delas, Isis, me disse ao terminar de arrumar uma delicada coroa de flores em meu cabelo

- Obrigada - sorri sem mostrar os dentes e encarei pelo espelho meu cabelo - Adorei a coroa que você fez

E havia adorado mesmo, era delicada.

- Oh, obrigada - ela corou, e vi que estava claramente orgulhosa de seu trabalho

Continuei sorrindo para a mesma pelo espelho, então ouvimos batidas na porta.

- Entre - disse me virando para a porta

A porta foi aberta lentamente revelando meu pai, Tamlin. Ele entrou com uma caixa pequena de veludo vermelho nas mãos.

- Oi pai - comprimentei abrindo um pequeno sorriso

- Olá, flor - ele disse, parando em frente a porta quase que me analisando - Será que podemos conversar? - ele pediu educadamente

Assenti. Isso foi obviamente um sinal para Amélia, Isis e as outras saírem. Então elas fizeram uma reverência para mim e em seguida para meu pai, a qual ele devolveu, eu apenas sorri um pouco abaixando minha cabeça.

Assim que elas fecharam a porta, meu pai caminhou até mim e deixou um pequeno sorriso subir até seus lábios.

- Seu cabelo está bonito - ele limpou a garganta - Está... arrumado

Meu pai tinha suas qualidades, infelizmente, fazer elogios não era uma delas. Eu quase ri me perguntando como ele conquistou minha mãe sendo tão travado nessa parte de cortejar.

- Obrigada pai - disse franzindo levemente a testa, quase fazendo uma careta e segurando a risada

Ele abaixou um pouco o olhar, e pude jurar que estava constrangido por isso. Em seguida se sentou na minha cama e levantou os olhos verdes para mim.

- Está ansiosa para hoje? - ele perguntou, tentando deixar o clima mais leve

- Não sei se eu usaria essa palavra - disse, comprimindo os lábios e abaixando o olhar

Ele me olhou confuso e franziu um pouco as sobrancelhas. Senti que essa era minha deixa para pedir algo que eu queria há um tempo. Abri e fechei a boca algumas vezes antes de falar.

- Pai - comecei - Eu só queria... talvez... visitar alguns lugares diferentes, e não sei... fazer alguns amigos - disse levantando o olhar e abrindo um pequeno sorriso esperançoso

Dei várias pausas entre minhas palavras temendo dizer algo errado. Meu pai me encarou e arrumou melhor a postura, a qual ele nunca tentava perder.

- Por que? - ele franziu as sobrancelhas fortemente dessa vez, e em seguida gesticulou com as mãos para o ambiente - Não gosta daqui?

- Gosto muito! - garanti a ele depressa - Mas é que... eu não tenho ninguém para conversar nessas festas, sempre fico sozinha, e às vezes é um pouco... chato

Tentei esconder o quanto estava frustrada.

Vi ele pensar muito bem no que falar, respirou fundo duas ou três vezes, algo que ele fazia quando começava a se irritar. Infelizmente era algo que acontecia quando eu sequer mencionava esse assunto.

- Flor - ele disse, suspirando e fechando os olhos calmamente ao se levantar e se aproximar - Não fique assim, hoje será bom. E Lis estará aqui.

Ele mencionou a Grã-Sacerdotisa, o que fez com que eu respirasse mais aliviada. Ela era bastante jovem, mais velha do que eu, mas ainda jovem. Muito bela e gentil com certeza. Ela entendia muito de certas coisas da corte, como por exemplo, arrumar um baile ou sobre os vestidos certos para cada ocasião. Por isso meu pai gostava que eu passasse tempo com ela, viramos até mesmo... amigas, como eu gosto de pensar.

De vez em quando ela deixava seu templo para nos visitar, principalmente em eventos assim, o que costumava me deixar grata, já que eu me agarrava nela, enquanto ela conversava com os convidados e tudo mais.

Mas não era aquilo que eu queria como resposta, e meu pai sabia disso.

- Eu sei pai, mas... - tentei me explicar

- Só tente se esforçar hoje, Prim - ele disse me cortando para tentar evitar uma discussão - Está bem?

- Está - disse quase bufando e abaixando o olhar ao mesmo tempo

Virei meu rosto de volta para o espelho e encarei meus olhos verdes que pareciam pedras de jade e minha feição irritada, tentei controlá-la e mantê-la o mais neutra possível. Ouvi meu pai suspirar.

Olhei para um vaso de flores que cresciam em cima da minha penteadeira. As mesmas se curvaram, ficando levemente murchas, devido ao meu humor, algo que acontecia com frequência, desde que eu era pequena.

Meu pai não entendia como eu conseguia fazer aquilo, ele deixava eu ter aulas de magia para aprender a me controlar, não para expandir aquele poder ou liberá-lo... apenas para controlá-lo.

Isso fez com que eu parasse de quebrar móveis quando estava irritada ou muito frustrada, mas essa era uma magia que meu pai conhecia, e entendia. A outra parte da minha magia era o que não compreendíamos.

Nunca tentei libertá-la de fato, não sei se conseguiria, não sabia como.

Ficamos em um silêncio mortal. Meu pai tentava controlar sua raiva, assim como eu a minha. Suspirei cabisbaixa.

- Eu tenho algo para você - ele declarou depois de um tempo levantando a caixinha de veludo vermelho, olhei pelo reflexo do espelho

Era algo que costumava acontecer. Quando ele sentia que não tinha passado muito tempo comigo, ou quando brigávamos, ele aparecia com um vestido ou um com qualquer joia nova. Isso explicava a grande quantidade de vestidos de todas as cores em meu guarda-roupa.

Ele continuou me encarando sério e eu me recusei a responder ou pegar a caixinha de suas mãos, apenas suspirei cansada. Então ele a colocou em meu colo.

- Abra, filha - ele pediu mais calmo

Guardei minha vontade de revirar os olhos e abri a caixinha. Meu olhar suavizou um pouco. De lá tirei uma corrente fina de ouro extremamente delicada, que carregava uma linda pedrinha verde, iguais aos meus olhos, ou melhor, nossos olhos.

- Era de sua mãe - ele disse, também mais relaxado, quase mostrando um sorriso - Ela usava todos os dias, nunca o tirava. Eu... nunca entendi exatamente o porquê.

Ele encarava a pedra do colar comigo, com um olhar quase nostálgico e perdido.

- Mas no dia em que ela... - ele engoliu em seco e balançou a cabeça para espantar a memória - Ela estava usando e eu o guardei. Pensei que gostaria de tê-lo.

- Pai - eu passei os dedos pela pedra do colar - É lindo

Minha mãe era uma mestiça, filha de uma Grã-Feérica com um humano, o que incomodava alguns, mas não incomodou meu pai.

Nós éramos muito próximas, ela era a luz naquela mansão, quando as coisas complicavam, era ela quem conseguia fazer com que o resto sorrisse.

Depois que minha mãe morreu, eu não tive nada dela. Aquilo já fazia 11 anos, e seria um dia o qual eu nunca me esqueceria. O sangue pelo corredor, por seu corpo, as marcas que ficaram em seus pulsos e em seu rosto, os gritos e a escuridão.

Senti meu estômago revirar com a memória. Engoli em seco e encarei meu pai. Ele costumava odiar ter qualquer coisa dela espalhada, simplesmente fazia ele perder a cabeça. Perder a cabeça por não estar lá no dia, por não ter conseguido salvá-la, por não ter conseguido protegê-la como ele sentia que deveria.

Voltei meu olhar para o colar. Vê-lo me fez sentir algo reconfortante. Eu me lembrava dela usando o mesmo, mas nunca tinha sequer me perguntado o que havia acontecido com ele.

- Deveria ter te entregado antes - ele admitiu - Mas eu não sabia quando era um bom momento. Naquela época, ainda estava tudo muito recente, não quis...

- Tudo bem - disse o cortando quase perdida em meus próprios pensamentos - Eu adorei - admiti - Coloca em mim?

Entreguei a ele o colar e me virei novamente esperando ele colocar. Vi pelo reflexo do espelho ele passar o colar por meu pescoço e abrir um pequeno sorriso ao fechar o mesmo.

Passei as mãos pela pedrinha verde que o colar carregava, e quase esqueci da presença de meu pai até ele dizer:

- Desculpe - ele suspirou - Sobre aquilo. Você só precisa entender o que eu faço por você, tomo decisões difíceis, mas é tudo para ver você segura. Porque eu não posso te perder Primrose.

Ele segurou minhas mãos e olhou bem fundo nos meus olhos.

- Esse é o seu lar. Tudo o que precisa está aqui - ele garantiu e apertou minhas mãos levemente - Eu amo você, é por isso que quero que fique aqui, onde posso te proteger

- Tudo bem - disse querendo apenas encerrar o assunto

Engoli em seco e olhei para nossas mãos. Talvez ele estivesse certo, talvez.

E assim foi. Outro momento de silêncio mortal. Apenas o som de nossas respirações.

- Primrose - ele fez uma pausa, e olhei para ele, ele abriu a boca e a fechou, apenas disse no final - Irei te esperar lá embaixo, tudo bem? Por favor, não demore. É importante causar uma boa impressão para-

- Para a corte - completei a frase antes que ele a fizesse - Eu sei, eu vou pai

Então ele soltou minhas mãos.

- Então, te espero lá embaixo - ele repetiu mais leve

- Tudo bem - suspirei cruzando os braços na frente do corpo sorrindo fraco

Ele finalmente se virou e caminhou até a porta. Então parou, como se uma ideia tivesse surgido em sua mente.

- Filha - ele me chamou ao se virar novamente para mim - O que acha de tocar um pouco de violino hoje?

O encarei surpresa. Sempre fui apaixonada por música, principalmente violino e piano. Foi ele quem me ensinou a tocar violino, se eu não o conhecesse não imaginaria que ele tocasse, não fazia muito parte da imagem do poderoso Grão-Senhor que ele queria mostrar.

E o piano, era a paixão de minha mãe. Quando meus pais casaram, ele fez uma sala de música para ela na mansão, com um lindo piano de cauda branca. Era onde ela passava grande parte do tempo dela, sempre me chamava para acompanhá-la. E cantávamos juntas, ela escrevia canções, as quais guardo até o hoje.

Quando podia, meu pai nos acompanhava com o violino. Mas isso já fazia muito tempo.

- H-hoje? - perguntei apreensiva - Acha uma boa ideia?

- Claro - ele garantiu - É um jeito de mostrar a todos como você é ótima na música, e de como é uma dama aplicada

O encarei um pouco antes de responder. Eu poderia deixar ele feliz com aquilo, e orgulhoso também.

- Acho que... - comecei e engoli em seco - Acho que preciso pensar um pouco

Ele assentiu compreensivo e murmurou um "tudo bem". Então me virei novamente para o espelho e o escutei saindo do meu quarto até fechar a porta, me deixando sozinha.

Encarei novamente a pedra de meu colar. Talvez meu pai estivesse certo, talvez a noite de hoje fosse boa, talvez... Só talvez.


Olá leitores! Espero que tenham gostado do primeiro capítulo, estava querendo escrever essa fic a muito tempo e finalmente tive coragem e tempo para faze-la. Espero que fique boa do jeito que estou imaginando kkkk.

Não sejam leitores fantasmas, interajam! Votem e comentem!

Beijos <3

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