O nome da sombra - Crônicas d...

بواسطة FlaviaEduarda10

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Sombra já estava acostumada a ser apenas isso: uma sombra aos olhos da sociedade que a marginalizava há 9 ano... المزيد

Reinado das sombras
Prisioneira de luxo
Cuidada e cheirando a rosas e lavanda
Mania do oráculo
Na escuridão
Mentiras
Calia
Entre uma coisa e outra
O castelo pela manhã
Cobras e outros animais
O treinamento
O belo mundo de porcelana
É necessário conhecer o oponente
Assassino
Limites
O último Galene
Apenas reparação
Pessoas e deuses
Espere o esperado
Confronto
Loucura da realeza
Ladra
Sombra
A entrada não é pela porta
Os dias 14
Curiosidade
Sobre um belo vestido vermelho
Os nuances sobre a verdade
Presente
Tudo que viera antes
O primeiro furto
O buraco
Contradição
O que faz uma resistência
Últimos preparativos
É apenas lógico
Propriedade (de ninguém) do reino
O que uma ladra faz? Ela rouba
Encontro inesperado
Decisões entre cartas e camarões
Hayes Bechen
Roubando um pouco de volta
O sacolejo do barco
A linha tênue entre bom e mau
Fogo e gelo
Bayard
Incapaz de ter um segundo de paz
O que há depois do rio?
A ladra nem precisou roubar
A realeza de Drítan
Drítan não gosta de estrangeiros
Deveria?
Diplomacia e chá
A biblioteca
Confusão e incerteza são certezas
A área particular
Uma flor do deus Ignis
A reação para a ação é justiça
A calmaria antes da tempestade
Todo o ar do salão
De respirar a se afogar em um segundo
Teria que ser tudo
Automático
Deusa da (justiça) vingança
O fardo do saber
A compreensão de como uma fênix funciona
Reinando das Sombras

Um é a ruína do outro

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بواسطة FlaviaEduarda10

Estava de volta ao castelo e o amanhecer ainda estava um tanto distante. Tinha que voltar ao baile, dizer que dormira por um tempo e tinha minhas forças renovadas para continuar festejando. Quanto mais tempo estivesse sendo vista e público, mais sólido qualquer álibi meu seria, então colocava mais uma vez o belo vestido vermelho, mesmo que eu pensasse que o brilho que eu sentia ter no início da noite parecia ter sido apagado.

Não poderia pedir por muito.

Ainda amarrando-o, ouvi batidas em minha porta e a voz de Nikolai do outro lado chamando-me pelo nome Amélia. Lady Amélia Meeran.

Relutante, destranquei a porta, vendo-o entrar e analisar-me sem a máscara que usava no baile.

–Nikolai! O que faz aqui? –Tentei controlar-me para soar o mais natural possível, um sorriso duro em minha face.

–Eu queria te perguntar se está bem. –Seus olhos caçavam por mim, como se não se cansasse de me ver.

Eu não me cansava de ser vista por ele.

Mas não existia somente nós dois e eu não poderia continuar fingindo que éramos o que não podemos ser (mesmo que me doa).

–Estou ótima, o que te fez pensar que não estaria? –Era tão forçada que me doía,

–Você saiu do salão um tanto... Perturbada. Perdão se isso soou insensível, -Interrompeu-se antes que eu pudesse interpretá-lo de forma errada, se importando comigo e no que eu penso sobre suas palavras –estava apenas preocupado. –Por um momento, desviou o escrutínio para o vestido, de início com admiração e talvez até desejo, segurando-me para não tomar decisão burra alguma apenas pela maneira como ele me olhava, depois ficando visivelmente curioso, o cenho franzido. –Por que está colocando o vestido agora?

Ah, Nick, não teria como você não notar as coisas apenas por um segundo?

–Não escutou quando disse no salão que estava cansada e que me retiraria em meus aposentos para descansar? Estou tirando minha camisola e voltando à minha gala para retornar ao baile. –Tentei justificar da maneira mais plausível possível, não sabendo se seria convincente.

Estudei sua postura e segui o que o seu olhar via, passando da janela aberta, de onde entrava uma brisa fresca para perto dos meus pés, onde minhas roupas pretas de ladras encontravam-se emboladas, tentando esconder com a saia do vestido entrando à frente das roupas de maneira discreta, mas não invisível.

Nikolai soltara um suspiro e voltara os olhos a mim, presos, com algo diferente, como se relutasse a algo, confuso –traído.

Parecia que o assassino não levava em consideração a possibilidade da ladra não ser honesta, como se tivesse esperança de que eu fosse mais, aquilo foi o pior.

Não posso falar que era algo completamente inesperado.

–Sombra, onde estão os registros? –Não...

–Guardados. –Fui recuando a curtos passos, passando para trás da mesa. Ainda não sabia quem mentia, não sabia quem merecia os registros. Para isso, eu precisava ser a primeira a lê-los. Nikolai não poderia ter vindo em um pior horário.

–Já pode me dá-los. –Eu continuara quieta, meu olhar preso ao seu e o vi revirando os olhos junto de uma bufada impaciente. –Os registros não pertencem a você. Seu trabalho aqui é roubá-los e nos entregá-los. –Levava minha mão disfarçadamente até a espada apoiada na mesa, sabendo que precisaria me defender caso ele me atacasse. Como viemos parar aqui? Menina tola, você nunca deveria ter o enxergado como algo além de inimigo. –Pelos deuses, você é uma mulher incrivelmente irritante.

Sua irritabilidade em tom entediado me provocou uma risada.

Somos inimigos, lembre-se disso.

–Você está errado, belo assassino. Eu sou a Sombra e todos os nomes que vem com esse. Eu não sou uma mulher, eu sou um deus. –Inclinei-me sobre a mesa, desenhando as palavras em meus lábios, deixando que as sílabas rolassem pela minha língua. –Se eu quero, eu tenho... e agora eu quero os registros.

Ele avançara tirando uma espada curta, não pequena o bastante para ser considerada uma adaga, sob sua blusa de botão preta depois e abrir alguns botões, desfazendo-se da jaqueta condecorada e jogando-a ao chão, reagindo com minha própria espada levantada eu sua direção, uma dança entre nós, lembrando-me como fazíamos no treinamento, mas, aqui, não havia chance de repetir caso fizesse algo errado.

Ambas lâminas estavam levantadas, sacando a minha enquanto tentava me defender contra a sua lâmina, a espada de um assassino experiente.

Seus movimentos eram ferozes e fortes, tentando equiparar-me em meus reflexos, forçando meus músculos a aguentar cada investida até termos o metal cruzado na distância entre nós dois, seu rosto à minha frente, a máscara que continha seus sentimentos, a feição pétrea que estava acostumada a ver em seus momentos de raiva não estava lá, parecendo que eu havia, de fato, cravado uma faca em suas costas.

–Tudo isso foi seu plano, ladra? Me usar era parte do seu esquema doentio?

Não. Esperava tudo, menos isso.

–Você é mais inocente do que eu pensava, assassino. Esperava lealdade de uma ladra? –O que seus olhos passavam perfuravam-me mais do que uma espada, recebendo a força de seus ataques movidos pelo ódio que sentia por mim no momento, sentindo meus braços pouco a pouco cansando, ele tendo facilidade em me desarmar depois de mal conseguir defender-me, afastando-me dele e empurrando a mesa de madeira escura em sua direção para conseguir tempo e fui correndo em direção à porta, vendo-o ao meu encalce. Óbvio que ele era melhor que eu.

Com minha mão esticada para pegar a maçaneta, fui puxada pela cintura para trás e jogada com força contra a parede ao lado, de costas para Nikolai, sua lâmina em meu pescoço mais uma vez enquanto a mão livre segurava meu braço em minhas costas, repuxando-o, lembrando-me da primeira vez que estivera naquela posição ao que parecia séculos atrás, a mão empunhando a espada em posição que eu não poderia morder. Ele aprendera com isso, mas ainda não entendera que animais acuados são ainda mais perigosos.

Com a pouca liberdade que tinha, pisei com toda a força que disponha em seu pé, fazendo com que ele se afastasse apenas alguns centímetros do meu corpo, o suficiente para que eu pudesse alcançar a adaga escondida sob meu vestido, presa à coxa, tornando meu corpo rapidamente e com a minha lâmina contra seu pescoço depois de derrubar a espada de sua mão, invertendo as posições.

–Você não aprende nunca, não é mesmo.

Antes que eu pudesse ver seus movimentos, com apenas uma mão ele segurava meus dois pulsos, levantando-os e levando a adaga junto com eles, sua pele não mais em perigo, me encontrando mais uma vez contra a parede depois que ele nos girou, meus braços presos acima da minha cabeça, ele à minha frente depois de tirar a arma das minhas mãos impotentes e a posicionar contra mim, suas pernas prendendo as minhas para que eu não tentasse chutá-lo, meu peito descendo e subindo rápido com as ações.

–Posso dizer o mesmo que você. –Ele me olhava como olharia para uma pintura confusa, tentando entender o motivo. –Parece que você quer morrer.

Ainda sob o toque gelado da lâmina, inclinei o tanto que podia para perto dele.

–Então me mate. –Seus olhos ficaram apertados, estudando-me, algo incerto em seu olhar, observando minha respiração pesada, acelerada e afetada, meus lábios entreabertos, aproximando-se de mim, algo em mim refletindo suas ações.

Parecia algo combinado, como se tivéssemos ensaiado a forma como nos jogamos um ao outro em sintonia, a adaga ao chão, nossos lábios desesperados se encontrando, seus dedos presos ao meu cabelo, os meus, depois de soltos, ocupados com o restante de seus botões, sendo puxada a ele enquanto sua outra mão ia dos meus seios à minha cintura, às minhas nádegas e terminando em minha coxa à mostra pela fenda, apertando-a, um arrepio que clamava por mais passando pela minha espinha, sendo levantada do chão, as costas apoiadas contra a parede, minhas pernas prendendo-me em seu quadril.

O que estava acontecendo?

O estávamos fazendo?

Uma coisa era beijar quando, aparentemente, estávamos do mesmo lado. Outra completamente diferente era me beijar depois de descobrir que eu era uma traidora do reino.

Mas aquilo não parecia impedi-lo.

E não parecia me impedir também.

Estávamos fadados a falhar, ele estava ali para me matar e eu sempre escolheria a mim mesma.

Então por que suas mãos estavam sobre mim como se eu fosse o que ele mais queria?

Ainda segurada por ele, desencostei da parede e fui sendo levada para a mesa, Nikolai levantando o móvel e me sentando lá em seguida.

Minha mente se anuviava mesmo sem ter bebido uma gota de álcool durante a noite. Como eu conseguiria pensar com sua boca em meu pescoço?

Dentro de uma das gavetas da mesa que havia sido aberta na queda tinha o veneno que compramos no Buraco, minha mão escorregando até lentamente, Nikolai seguindo o caminho do meu braço como uma carícia até pegar o frasco da minha mão, jogando-o para o lado.

–Podemos voltar para isso depois. –A voz saiu com sua boca colada à minha pele.

–Podemos. –Consegui responder, fazendo com que sua boca retornasse à minha.

A pele de suas costas e sua barriga era macia e quente, os músculos duros sob meu toque quando ele colocava todo o meu cabelo para trás das minhas costas, abaixando a cabeça até meu ombro, colando os lábios sobre minha pele à mostra ao ir tirando delicadamente minha manga transparente e bordada, a ponta de seus dedos roçando meu braço enquanto deslizava o tecido quase invisível, comovendo-me com a delicadeza que ele levava a fim de não rasgar o vestido.

Inclinei a cabeça para trás, pensando apenas em seus toques por um momento, seu corpo contra o meu até sentir o veneno que carregava na corrente sob meu decote. Ainda vendo-o traçando beijos em mim, retirei o pequeno frasco de mim e o levei à boca, tomando o suficiente apenas para misturar-se à minha saliva, tentando não engolir.

Minha cabeça foi ficando imediatamente mais pesada, meus olhos mais cansados quando segurei seu belo rosto voltado a mim, admirando-o, controlando a respiração para que continuasse acordada e que não fosse perceptível minhas ações enfraquecendo.

–Me beije. Me beije como se fosse tudo que importasse no momento. –Seus olhos percorreram meu rosto como se eu fosse uma obra de arte agora, apenas digna de ser apreciada, levando mais tempo do que eu gostaria, o veneno já querendo agir.

–Não será um problema. –Ele parecia encaixar-se em mim, os lábios entendiam como combinar-se aos meus.

Eu sabia o que estava fazendo.

Quando o mundo começara a girar ao meu redor, o vi olhando para mim com as sobrancelhas franzidas, seus efeitos começando.

Levantei-me da mesa e me afastei rapidamente, ou, pelo menos, o mais rápido que conseguia naquele estado, cambaleante e me permiti cheirar meus pulsos, onde eu sabia que o antidoto estava junto ao cheiro de perfume, minha mente clareando depois de chegar a quase desmaiar, observando enquanto Nikolai ia lentamente perdendo a noção em seus olhos, apoiando-se na mesa para não cair, virando-se para mim com aquela expressão mais uma vez no rosto.

Traído.

–Sombra, o que você fez?

–Eu fiz algo errado. –Não consegui manter-me tão firma quando o vi caindo, tentando ainda agarrar-se à madeira. Aproximei-me alguns passos e agachei-me, vendo seus olhos se fechando. –Errei ao esquecer que não poderíamos sentir nada um pelo outro, nem que fosse por um segundo.

Depois que finalmente adormecera induzido pelo veneno, passei a mão em seu cabelo, tirando de seu rosto.

Errei achando que poderia ter um final diferente daquele –eu era a ladra e a traidora e ele era apenas o assassino. Um sempre seria a ruína do outro, mesmo que a possibilidade fosse bonita.

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