O nome da sombra - Crônicas d...

Bởi FlaviaEduarda10

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Sombra já estava acostumada a ser apenas isso: uma sombra aos olhos da sociedade que a marginalizava há 9 ano... Xem Thêm

Reinado das sombras
Prisioneira de luxo
Cuidada e cheirando a rosas e lavanda
Mania do oráculo
Na escuridão
Mentiras
Calia
Entre uma coisa e outra
O castelo pela manhã
Cobras e outros animais
O treinamento
O belo mundo de porcelana
É necessário conhecer o oponente
Assassino
Limites
O último Galene
Apenas reparação
Pessoas e deuses
Espere o esperado
Confronto
Loucura da realeza
Ladra
Sombra
A entrada não é pela porta
Os dias 14
Curiosidade
Sobre um belo vestido vermelho
Os nuances sobre a verdade
Presente
Tudo que viera antes
O primeiro furto
O buraco
Contradição
O que faz uma resistência
Últimos preparativos
É apenas lógico
Propriedade (de ninguém) do reino
O que uma ladra faz? Ela rouba
Encontro inesperado
Decisões entre cartas e camarões
Hayes Bechen
Roubando um pouco de volta
O sacolejo do barco
A linha tênue entre bom e mau
Fogo e gelo
Bayard
Incapaz de ter um segundo de paz
O que há depois do rio?
A ladra nem precisou roubar
A realeza de Drítan
Drítan não gosta de estrangeiros
Deveria?
Diplomacia e chá
A biblioteca
Confusão e incerteza são certezas
A área particular
Uma flor do deus Ignis
A calmaria antes da tempestade
Todo o ar do salão
De respirar a se afogar em um segundo
Teria que ser tudo
Automático
Deusa da (justiça) vingança
Um é a ruína do outro
O fardo do saber
A compreensão de como uma fênix funciona
Reinando das Sombras

A reação para a ação é justiça

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Bởi FlaviaEduarda10

Era apenas o segundo jantar entre todas as cortes presentes no castelo e que já queria colocar fogo em metade das pessoas que se encontravam por lá, expressando meus sentimentos apenas em um sorriso polido e bem educado, calada por medo de, se falasse alguma coisa, ofenderia mais pessoas da realeza que a minha cota permitiria.

Com a misericórdia do universo, não precisei ter reais interações com Nikolai, deixados sozinhos e em momento mesmo precisando sentar ao seu lado durante duas noites seguidas.

Estávamos no mesmo jardim em que o café da manhã era oferecido, uma única mesa comprida comportava todas as cortes, oficiais sentados em uma mesa separada, lanternas pendiam sobre nossas cabeças, amarradas por cordas, iluminando onde estávamos contra a escuridão do céu noturno.

Tentava apenas focar na comida que era servida e em seus sabores diferentes, levemente apimenta, não o suficiente para me incomodar, apenas realçando o gosto de cada ingrediente para que não perdesse o meu tempo irritando-me com as falas entre os outros governantes.

Pomposos protegidos com mãos macias, nunca enfrentando um dia de trabalho pesado na vida, a maioria não sabendo como era a vida real de seus súditos. A garota não escolarizada poderia falar mais sobre a situação da desigualdade em seus reinos do que os próprios reis e rainhas, sempre trocando palavras com mercadores que fugiam dos seus países tentando ganhar a vida no mar já que permanecer em sua terra natal era impraticável –mas, quando olhavam para mim, apenas sorria como se não entendesse suas questões políticas, sem opinião formada.

Estava cortando um legume rosa que fingia saber o que era por ser uma Lady estudada quando o Rei que estava sentado à minha frente, Atticus, de Viorca, um e

–Rainha Miranda, se me permite, como está lidando com a situação da mão invisível?

A comida virara pedra descendo pela minha garganta, engasgando discretamente, Nikolai oferecendo-me um copo com bebida imediatamente para que recuperasse a compostura, não sem antes receber um olhar de esguelha estranho de Atticus, quase desprezando minha presença.

As reações pela corte Melione foram engraçadas, todos tentando agir normalmente como se o assunto não estivesse sentado junto a eles.

–Estamos com tudo sob controle e acreditamos que não será grande problema para nós a partir de agora. Mas por que a curiosidade? –Há algo que sabe? Era o que eu sabia que Miranda queria perguntar.

–Ah, apenas me lembro das últimas visitas diplomática como isso era uma pedra em seu sapato por alguns anos e, por termos nossa divisa com Althaia, escuto as histórias e me preocupo caso vocês não consigam resolver o problema e ele vier até mim. –Problema, sim, sou um problema.

Pegava mais um gole da taça de vinho que havia me auxiliado a engolir a comida para ocupar com alguma outra coisa que não fosse envolver-me com o assunto sobre mim.

–Não consigo imaginar ter que lidar com algo parecido por tanto tempo assim. Foram quantos anos? Seis, cinco? –A rainha de Viorca, Portia, comentara, entrando na mesma conversa do marido.

Um pouco mais, pensei remexendo meus pés, achando a situação engraçada na mesma medida que estranha.

–Por aí. –Miranda respondeu apenas, retornando-se ao lombo que fatiava, falando sobre o clima para mudar de assunto.

–Pessoas terríveis que tiram proveito do trabalho honesto dos trabalhadores do seu reino. Criminosos como esses, que mexem com a economia de um reinado justo, é a pior escória que poderia existir. –É mesmo? Pensei enquanto fincava, de maneira impensada, meu garfo sobre a carne em meu prato.

Roubar como uma questão de sobrevivência é realmente pior que o genocídio que trazem às terras que estão em paz por busca de um novo trono? Poder é mais importante que vidas inocentes?

Realeza de merda. Não possuem uma gota de noção entre questão de classe –a garota que, por pouco, não é analfabeta precisaria ensiná-los sobre a sociedade em que nos encontrávamos?

Claro, a vilã tinha que ser a rata de rua criada pela má política geral.

Notei a atenção de Atticus sobre mim, os olhos com uma expressão estranha –sei o bastante para entender que, geralmente, isso nunca é coisa boa.

–O que pensa disso, Lady Meeran? –Ao escutá-lo, demorei um tempo até perceber que se referia à mim, Lady Meeran sendo eu, levantei meus olhos, encarando o olhar âmbar/mel de Atticus, surpresa por ter sido convocada para a discussão. –Você parece agitada com a conversa, tem alguma opinião para ser compartilhada?

A princípio, respirei fundo como se estivesse me preparando para falar quando, na realidade, estava me controlando.

–Não acredito que sejam pessoas. –Uma simples frase fora o suficiente para despertar a curiosidade do rei de Viorca, franzindo suas grossas e claras sobrancelhas.

–Por favor, fale mais então sobre o que você acredita.

–Acredito no que dizem como deus da justiça. –Isso provoca um sorriso desafiador no rosto de Atticus, se divertindo com a situação.

–Você acha que um dos deuses de muitas faces, segundo a religião de vocês, tiraria seu tempo sagrado para roubar pessoas sem motivos? –Seu tom era quase nocivo, ele devia me enxergar como nada além de uma menina em vestidos bonitos com uma língua muito grande, maior que a própria capacidade de pensar.

Uma mão pousara sobre minha coxa, um conselho de Nikolai para que não continuasse com aquilo. Deixe que eles pensem que é tola, a opinião deles não importa, nós sabemos a verdade. Podia quase escutar Nick proferindo aquelas palavras.

Mas já estava dentro, não tinha como sair.

–Pelo contrário, também não creio que sejam roubos. –Sua esposa também parecia se divertir às minhas custas, rindo baixo, como se tentasse disfarçar, uma ação totalmente calculada. Ela queria rir da minha cara e queria que eu visse, o que ela não queria era perder a pose de superioridade. Com um sorriso, beirando ao riso como sua esposa, ele se inclinou na mesa, em minha direção.

–Me diga, Senhorita Meeran, se não crê que sejam roubos, no que crê? –Levantei minhas sobrancelhas, um ar levemente arrogante me preenchendo, tentando imitar o que eu via quando olhava para Miranda.

–Creio em reparações. –O aperto em minha coxa ficara mais apertado, um aviso para que largasse a discussão ali, não entregar muito da minha posição ou do que realmente pensava. Ali, estava deixando Sombra falar mais alto do que a Lady que precisava ser no momento, sua mão em mim lembrando-me disso.

Apenas ignorei –sou inteligente suficiente para levar uma conversa sem entregar quem era.

–Então, na sua opinião, todos que tiveram seus pertences tomados pelo deus da justiça já roubaram algo?

Dei de ombros, como se dissesse "tire suas próprias conclusões".

–Existem roubos maiores do que furtos de objetos. E, além disso, na história, ninguém é Santo. A justiça precisa chegar para todos de uma forma ou de outra e para quem acha que não tem manchas em sua vida, talvez prejudique ainda mais o julgamento. A mancha da cegueira é a pior.

–Pensar que todos merecem punições seria um pouco duro, não acha? –Foi a minha vez de soltar uma risada falsamente contida coberta de escárnio.

–O mundo é um pouco duro, nós só tentamos viver aqui com o conhecimento que toda ação tem uma consequência. É nisso que eu acredito. Mas... se você preferir acreditar no enredo dos ladrões inconsequentes e vis, eu não o culpo. É realmente mais fácil lavar as mãos e fechar os olhos do que se aproximar para ver melhor.

Calma, como se nada houvesse acontecido, voltei minha atenção ao meu prato, um sorriso brotando no canto dos lábios de Nikolai enquanto ele tirava sua mão da minha coxa, Atticus e Portia ainda assimilando minhas palavras.

Não tenho paciência com gente idiota.

O jantar se passou sem mais alterações, já tendo emoções suficientes para evitar mais drama, então poucas horas depois, encontrava-me parada em frente à minha janela, vestida com minha roupa de ladra.

A lua estava alta, indicando que estava na metade da madrugada, tarde suficiente para que os convidados não perambulassem e para que os guardas um ronda estivessem cansados e seguros de que nada aconteceria em seu castelo.

Da mesma forma como escapara para ir até Torryn e Elowen, saíra pela janela, no entanto, ao invés de ir para o chão, eu subi, com minha corda em mãos, um gancho de quatro garras pendendo em sua ponta, um acessório mais recente que havia requisitado à corte de Miranda pouco antes da viagem, jogando-o para cima, em direção à estrutura cheia de pontas que o telhado tinha. Ao conseguir que o gancho se prendesse em algum ponto, escalei depois de checar quão presa a corda estava e fiquei sobre a cidade inteira, que mesmo adormecia, tinha alguns pontos acesos.

Como amo a arquitetura dritaniana. Facilitava tanto para uma ladra.

Já havia visto durante o dia onde a biblioteca particular da realeza ficava, mais um lugar onde os registros poderiam estar, relembrando-me também dos mapas que Nikolai tanto insistia em mostrar, conseguindo guiar-me ainda no telhado inacessível para quem não subisse como... bem, eu.

Era engraçado até, saber que poderia visitar a biblioteca em plena luz do dia, sem a necessidade de ir escondida, a própria Dayna disponibilizando a chave para a entrada, já que as fechaduras de Drítan eram mais complexas e maiores que as de Althaia para conseguir abri-las sem antes analisa-las por mais tempo do que eu poderia me permitir, mas também tinha plena noção que se deliberadamente mostrasse interesse em ver sua biblioteca privada e, depois de alguns dias, seus registros acerca da mania desaparecerem caso realmente estivesse por lá, eu seria uma das principais suspeitas, com o álibi do baile ou não, uma logo, o ideal era fazer o que faço de melhor –escapar do meu quarto no meio da madrugada para explorar, uma opção que não existia a se tratar da biblioteca nacional.

Parei bem na beirada, boa parte do meu corpo para fora, inclinado para baixo, enxergando bem as grandes janelas que davam à biblioteca dois andares para baixo. Enrolei a corda pelo meu tronco de maneira a segurar-me enquanto descia e encaixei o gancho em um ponto fixo, assegurando-me de não morrer por uma queda estúpida.

Com calma para que as pessoas que se hospedavam nos quartos pelos quais passava em frente à janelas não notasse, fui me aproximando da janela. À esse ponto, não sabia bem se meu coração havia parado ou acelerado tanto que parara de ser perceptível para mim.

Estava no limite da corda e, por sorte, onde as janelas se dividiam do teto da biblioteca –não muita sorte, sinceramente.

Com cada movimento calculado, desatei-me e segurei meu peso inteiro na corda, envolvendo-a em minhas mãos para não escorregar e comecei a balançar para pegar impulso contra a janela.

Se fosse em direção ao vidro, o quebraria.

Se fosse em direção à madeira que separava as duas partes de vidro da janela, ela poderia ser aberta apesar da tranca frágil tentar impedir –Drítan se tratava de fortalecer suas fechaduras para não se importar com as trancas nas janelas.

O fazendo, toda a minha força dedicando-se a manter-me longe de espatifar-me no chão, consegui abrir de supetão e soltando-me enquanto pulava de vez para o lado de dentro, rolando no chão com a queda, minhas costelas e meus braços, usados para proteger minha cabeça, doloridos.

Precisei de um segundo para recuperar-me encarando o teto, quase rindo literalmente deitada em minha desgraça.

Como eu sequer cheguei aqui? Por um momento, você se encontra roubando um anel de um comerciante em uma feira qualquer e no outro, você está pulando de cordas para invadir bibliotecas de reinos alheios. Que confuso.

A decepção ainda foi maior quando depois de uma boa busca, o sol ameaçando a surgir, clareando o céu gradualmente, não encontrara nem ao menos referências à mania do oráculo.

Quase ri no meio do desespero mais uma vez –não posso ter vitórias?

Desmotivada, direcionei-me de volta à janela, pisando no parapeito, à beira da queda, para aproximar-me mais da corda, esquecendo novamente o senso da integridade do meu corpo e lançando-me até ela, agarrando-a como se fosse questão de vida e morte –o que, de fato, era.

Depois de um passeio nada divertido, consegui chegar viva até meu quarto.

Malditos dritanianos com suas malditas fechaduras sofisticadas e seus malditos registros.

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