Olhos Rubi • jikook

By jkkeuphilter

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O líder dos Bloody Blood, Jeon Jungkook, conhecido por todos como Ruber, era uma incógnita. Ninguém compreend... More

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By jkkeuphilter

#AtéSeQueimar

Seis dias, seis dias que Jungkook entra em seu apartamento, troca duas palavras com Emma e logo depois deixa a garota sozinha novamente. Ele é um homem ocupado e tal aspecto não mudaria com a chegada dela, mas essa sensação incômoda dentro de si vem tirando o pouco de paz que encontra em momentos raros, há dias. Não descobriu nada e a criança não parece mais leve ou confortável. Ela continua transparecendo tantas emoções quanto uma casca vazia.

Jungkook já foi a criança que precisou ser resgatada e se lembra - mesmo que já tenha passado um século - que a moradia foi o mais insignificante em todo o processo. Não pode oferecer um teto para a garota e esperar que ela se ajude por conta própria, não nessa idade. Jungkook foi resgatado de dentro para fora, como pode ter esquecido como se faz isso? Entretanto esqueceu da maior parte, aparentemente.

Ruber se arruma no quarto para sair mais uma vez, Emma consegue ouvir seus passos no piso de madeira polida e brilhante. A criança está na sala, há alguns minutos, após invadir o freezer como sempre faz e pegar uma bolsa de sangue. Não sabe dizer se Ruber se alimenta fora de casa, mas nunca o viu tirando nem uma delas do freezer. Ela, por outro lado, já perdeu a conta.

Ele sai normalmente às dez horas da manhã, todo dia, deixando-a sozinha até que a lua já tenha passado de seu pico há muitas horas. Faltam alguns minutos para que ele deixe seus aposentos, considerando que só sai por eles para deixar o apartamento, então ela olha para uma das várias estantes na sala, os olhos curiosos sobre que tipos de livros um homem como aquele guarda ali.

Ele lhe ordenara que não tocasse em nada e ela assim o fez, mesmo sem a presença alheia. Porém, que mal teria pegar um livro para ler no lugar de assistir desenhos?

Cuidando para não fazer barulho, Emma deixa o sofá e caminha em direção a estante, logo ao lado da coleção de bebidas alcoólicas. É uma estante alta e justamente um livro na última prateleira é o que instiga sua curiosidade. Ele parece grande, com a capa dura em um azul escuro e alguns detalhes rústicos, como se fosse um objeto antigo.

Mesmo que faça semanas que não usa suas habilidades, a garota ainda conhece o próprio corpo e sabe o que consegue ou não fazer com os instintos vampíricos. Os olhos inspecionam a porta do quarto do homem, os ouvidos atentos a cada gaveta que ele abre, indicando que não terminou de escolher uma roupa. A atenção se volta para o objeto escuro à sua frente, os dedos posicionados na segunda prateleira para que consiga escalá-la.

O barulho da televisão mascara a movimentação de alguns livros ao que os pés da ruiva esbarram neles, tirando-os do lugar, porém não acha que Ruber se importe muito para reparar. Nunca o viu lendo nenhum.

Os dedos firmes da criança alcançam a última prateleira, o corpo a uns dois metros chão, empoleirado no objeto de maneira desengonçada. Ela achou que seus ferimentos não a atrapalhariam, contudo, os braços maltratados reclamam assim que ela apoia todo o peso em um deles para que consiga segurar o livro com a mão livre. É mais pesado do que acreditou que seria e quando o puxa em sua direção para começar a descer, uma pontada no pulso esquerdo faz com que os dedos escorreguem e perca totalmente o equilíbrio.

Emma fecha os olhos e larga o objeto, ouvindo-o acertar o chão com um estrondo antes do seu corpo. Os braços se encolhem e ela espera o impacto, pensando na provável bronca que irá levar. Todavia o impacto não acontece. O que sente contra seu corpo são dois braços - um nas costas e outro na dobra dos joelhos - que a seguram antes que se machucasse na superfície gelada.

Jungkook ouvira um pequeno grito vindo da sala e não teve dificuldade alguma em chegar até ela no meio da queda. Emma simplesmente tinha resolvido que parecia uma boa ideia escalar sua estante em busca do que ele nem sabe.

O vampiro solta a garota, vendo-a fugir de seu olhar ao encarar os pés encolhidos, a cabeça baixa. É agora que ele irá gritar consigo.

- Se machucou? - São as primeiras palavras que ela ouve, negando com a cabeça. - O que estava fazendo? Não acha que é muito alto pra você? - Não há irritação na voz do homem.

- Desculpa, eu só queria ler um livro. - Ele quase não a ouve, a voz baixa e receosa.

- Poderia ter me dito para pegar 'pra você, se estava tão alto. Seus machucados não estão cicatrizados. - A cabeça ruiva se ergue, intrigada com as palavras.

Ele não gritou.

- Achei que fosse ficar bravo.

E foi nesse momento que Jungkook teve de aceitar que todo seu incômodo com a situação não era irrelevante e havia algo errado. Ele realmente não está facilitando as coisas e Emma poderia ter se machucado por puro receio por conta da maneira como ele a tratou desde que chegou. Jungkook a fez se esquivar dele, sentir que precisava tomar cuidado, sendo que não era para ser assim.

- Se quiser algo, pode me pedir. - Um dos joelhos cobertos pela calça social se apoia no chão, a estatura se igualando a da menor para que consiga falar consigo sem a pose autoritária. - Não quero que tenha medo de mim, Emma. Só estou tentando te ajudar. Peço perdão se a deixei desconfiada.

Demora alguns segundos para que ela assimile todas as palavras. Ele a olha com cuidado, despido da aura mordaz que sustentava até o momento. Está sendo sincero.

Emma não tem medo dele, foi ele quem a tirou das ruas, cuidou de seus ferimentos e a recebeu em casa sem protestar. Mas seria mentira se dissesse que Ruber não lhe transmite nenhum tipo de dúvida; o olhar sempre foi duro e a postura impenetrável demais. Era como se ele fosse puni-la a qualquer momento pelo mínimo movimento errôneo.

- Você não está bravo? - Ainda assim, ela decide ter certeza.

- Não, Emma. Não estou bravo. - A expressão bonita continua suave, porém séria, como sempre. - Mas esses livros não são para sua idade. São cheios de fórmulas e casos criminais. Posso comprar um que goste.

- E aquele ali?

O vampiro se levanta, seguindo o indicador que aponta para o livro que caíra junto da criança. O que ela estava buscando com tanto empenho. O olhar do homem escurece por um momento, algo sombrio na expressão, e ele o pega entre os dedos. Jungkook coloca o objeto de volta de onde foi tirado e se volta para a menor.

- Aquilo não é um livro.

- É o que? - Ela está curiosa, porém ele balança a cabeça em negação.

- Só não pegue ele, ok? Pode me pedir um livro qualquer.

Decepcionada, entretanto ainda assim com saudades o suficiente de seus hábitos de leitura, ela resolve acatar a ordem e fala:

- Eu quero um livro de suspense e mistério. - A resposta não é nada do que ele esperava, surpreendendo-o.

- Gosta de mistério? - Os fios ruivos balançam junto à cabeça, assentindo. - Tudo bem. Quando voltar, trago alguns livros de mistério 'pra você ler, ok?

- Não tem nenhum aqui? - Ela aponta para a prateleira alta. São muitos livros, é difícil acreditar que não há nenhum do seu gosto.

- Já disse que não são para sua idade. Você não vai gostar. - Ela não acredita nele, dá para perceber pelo olhar. - São todos para estudo. Gosta de estudar?

- Credo, não! - Emma parece convicta da resposta quando a solta, porém logo suaviza a expressão. - Tenho saudades da escola, mas não gostava de estudar. - Jungkook vê ali um ínfimo rastro de sentimento: saudade.

- Sente falta dos seus amigos?

- Sim. Tinha muitos amigos na escola. - É o primeiro detalhe sobre a vida pessoal que ela comenta em dias, mesmo que não seja novidade.

- Onde estudava?

- Na Vacos School. - O moreno já sabia, é uma escola mundana famosa em Las Vegas.

- Gostava de lá? - A resposta é positiva. - Tinha problema com algum aluno ou professor? - Ele precisa de algo a mais, precisa de algum detalhe que faça sentido.

- Não, todo mundo sempre me tratou super bem.

- Já houveram problemas envolvendo a diretoria de lá? Com algum humano? - Sua pergunta é confusa, mas Emma ainda nega.

- Não, ninguém nunca desconfiou de mim, se é o que está pensando. - Não era exatamente isso, mesmo não estando muito longe das ideias que nasceram na mente de Jungkook.

Vampiros nunca puderam frequentar colégios junto de outras crianças humanas. Para começar, eles não são reconhecidos pelo governo nem como cidadãos legítimos. Todos os mínimos direitos que lhes pertencem, como o de moradia, foram reivindicados por vampiros com poder suficiente para isso, vampiros que negociam de igual para igual com governantes em todo o mundo.

Resumindo, o pouco que eles tem nunca veio dos humanos e muito menos do sistema supremacista que dita as regras da sociedade em que vivem.

Não é nenhuma surpresa alunos sendo expulsos porque descobriram sua verdadeira natureza, mesmo que nunca tenham representado problema. Não seria difícil ponderar a possibilidade que algum humano poderoso e mal intencionado tenha simplesmente visto a garota no colégio e raptado-a. Os motivos? Incontáveis.

- Entendo. - Um minuto de silêncio. - Emma, estou saindo. Quando voltar, vou trazer seus livros. E pode usar seu celular para baixar algum jogo legal ou algo do tipo. Ele é seu agora, faça o que quiser.

Se a garota queria um livro, significa que a televisão já não estava agradando, então não tem problema dar a ela um aparelho que para ele é inútil.

- Ele é meu? Não é caro? - Os olhos se arregalam, a primeira demonstração de algo diferente da apatia.

- Não. Estou te dando, é um presente.

- Obrigada. - Ele assente.

- Quer comer alguma coisa diferente? Posso trazer também.- A criança se assusta com tamanha atenção cedida tão de repente, porém não nega. Sentiu falta de alguém para conversar, nem que por míseros segundos.

- Eu queria sorvete de morango. - O olhar acanhado se desvia do mais alto, que se sente satisfeito: estão tendo um progresso, finalmente.

- Anotado. - As costas grandes se viram, os pés calçados nos típicos sapatos sociais caminhando até a porta. - Volto daqui algumas horas. Já sabe o que fazer se precisar de algo.

- Tchau. - Ela acena antes dele sair.

[...]

Naquele dia, Jungkook foi conversar com os pais da garota. Deixou de lado o fato de já tê-la encontrado, mesmo que isso pudesse ser um grande alívio para ambos. Ele precisa descobrir o que aconteceu e se souberem que ela está com ele, farão de tudo para tê-la de volta e isso não ajudaria.

Não é como se o vampiro fosse sentimental o suficiente para se deixar levar pela ética.

Esperava conseguir informações o suficiente para finalmente chegar a uma conclusão, mas a única coisa que descobriu foi que a diretora soube sobre a natureza de Emma um dia antes da garota simplesmente desaparecer. Se isso tinha a ver? É claro. Mas a diretora de um colégio não raptaria uma criança para tortura-la. Obviamente, existem excessões bizarras, contudo Jungkook trabalha com estatísticas e as chances de isso acontecer são quase nulas. Se a diretora conhecia algum caçador? É claro. Qual? Vários.

Outra agulha em um palheiro. Entretanto ele está disposto a ir até o fim, não importa o que.

[...]

Ao voltar para casa, Jungkook entregou os livros que havia comprado para a menina e junto deles o sorvete que ela tanto queria. Pela primeira vez, ele se sentou no sofá na companhia de alguém e conversou sobre futilidades, algo que não fazia há anos. As únicas vezes que se sentava para conversar com alguém em seu apartamento era para falar sobre assuntos sérios e que deixavam sua cabeça latejando por longos minutos.

Emma contou sobre o enredo dos livros que ele havia comprado e divagou sobre possíveis desfechos só de ler a sinopse. Eram infantis, mas ainda assim foi interessante vê-la juntando as poucas informações dispostas ali e usando a própria experiência com outros livros para descobrir o final. Ela é uma criança inteligente, definitivamente.

Em um certo momento, após falar sobre como invadiu uma residência abandonada depois de ter lido em um livro e quase matar os pais do coração, Emma engasga com o sorvete ao ver Ruber sorrir. O vampiro sempre tão sério havia sorrido com um comentário dela e isso foi o suficiente para ela sorrir junto.

Aquele foi o final da noite. Ruber foi para o próprio quarto e ela ficou lendo durante horas.

[...]

Mais dois dias haviam se passado desde que Emma começou a morar consigo, porém ainda assim nada tinha saído de seus lábios. Por conta da proximidade adquirida nas últimas noites de conversas jogadas fora, Ruber decide tentar mais uma vez.

Ele está apreciando o entardecer através dos panos de vidro dispostos na parede direita da sala. É mais uma das várias imagens lindas que ele consegue captar da cidade a partir desta altura. Emma estava, assim como os outros dias, lendo um de seus livros, mas os olhos estavam distantes e focados na paisagem.

- Quer ver? - Jungkook sentiu a curiosidade dela sem que precisasse olhá-la, então a chamou para o seu lado.

Assim que Emma se aproxima de si, Jungkook abaixa o olhar até ela e observa como os olhos brilham diante do céu laranja.

- Gosta do céu? - ele pergunta.

- Sim. Meus pais viam o pôr do Sol comigo quase todos os dias. - A voz dela soa tristonha, demonstrando saudade dos mais velhos pela primeira vez.

- Era tão bonito quanto esse?

- Não, mas era... - Ela não consegue achar uma palavra adequada.

- Melhor? - Jungkook o faz por ela. Emma assente. - Quando estamos com quem amamos, qualquer situação fica melhor.

- Você tem razão. - Ela sorri pequeno. Está mesmo com saudade dos pais.

- Então por que não me ajuda a te levar de volta para eles? - Ele tem que tentar e acreditou que a situação estava propícia.

- Já disse que não posso. É perigoso. - Entretanto ela continua a demonstrar resistência.

- Por que, Emma? Eu posso te ajudar. Tenho poder para isso...

- Não! - O tom de voz aumenta e ela se afasta dele, de volta para o sofá.

- Que tal fazermos assim? - Usando o método que mais gosta, Jungkook se aproxima da estante e tira dali o livro que Emma tanto lutou para pegar alguns dias atrás. - Se eu te contar meu maior segredo, você me conta algo relacionado ao que aconteceu com você?

Qualquer pessoa minimamente madura negaria, independente do tamanho da curiosidade, mas ela ainda é uma criança e seus anseios infantis falam mais alto.

Se Jungkook disser que é fácil abrir seu álbum de fotos para ela, estaria mentindo. O álbum de fotos é tudo que ele tem das pessoas que mais amou em toda sua vida e foram arrancadas dele uma por uma, até que sobrasse apenas Kim Namjoon. Ele guarda o álbum como se fosse sua vida, ninguém nunca havia sequer tocado nele. É como se estivessem invadindo suas lembranças mais preciosas. Porém ele precisa ajudar Emma e já não sabe como.

Quando a criança toca na primeira foto, da líder da primeira gangue a qual Jungkook ingressou, ele sente um ímpeto quase agressivo de tirar sua mão dali e mantê-la o mais distante possível da mulher que salvou sua vida. Chris estava em pé no meio de escombros do esconderijo do grupo ao qual era líder, os cabelos em um perfeito black power e as covinhas marcadas eram a marca oficial dela, assim como a braçadeira no braço esquerdo. Ela sorria com as mãos na cintura enquanto posava para a foto que fora tirada por Namjoon, quando ainda era praticamente um garoto.

A segunda foto é do grupo mais novo da gangue, do qual Jungkook foi puxado para junto deles enquanto o obrigavam a tirar a maldita foto. Ele era amassado contra a lateral do corpo de JuHa, a garota o segurava com facilidade, considerando que era muito mais forte que ele, e seus cabelos - sempre pretos - estavam bagunçados e sujos. Namjoon estava na outra ponta, sorrindo como há décadas Jungkook não via. E, ainda que estivesse ali forçado, o Jeon também tinha uma expressão mais branda do que se lembrava de já ter tido um dia.

Cada foto desperta um sentimento de nostalgia e angústia dentro do vampiro, mas, de alguma forma, a maneira como Emma aprecia cada uma com cuidado e interesse genuíno tiram o peso mórbido do momento. Jungkook gostou de passar este momento com a criança. Está se apegando a ela, não pode negar....

- Eram sua família? - depois de fechar o álbum, Emma pergunta. Jungkook só assente. Não consegue dizer em voz alta. - Onde estão agora? - Com inocência, ela ainda não compreendeu.

- Mortos, Emma. - Sabe que ela não é culpada, mas o tom infeliz por ter que responder ao óbvio se fez presente nas palavras de Jungkook enquanto se levanta para guardar o álbum de volta. - Agora é sua vez.

Não esperava que ela fosse direta, e Emma realmente não foi. A ruiva demora alguns minutos para escolher as palavras certas, porém quando as diz, não são nenhuma surpresa para Jungkook.

- Foram caçadores que me sequestraram. - A garganta está seca, o coração acelerado por lembrar.

- Por que?

- Eu não sei. Só sei que me machucaram sem parar.

- Para onde te levaram? - É visível o desconforto dela, assim como o dele em revelar seu passado, mas Jungkook precisa cutucar a ferida aberta ou terá de mandá-la de volta para os pais sem chances de ajudá-la.

- Não sei. Quando me pegaram, eu apaguei e só acordei quando estava em uma cela.

- Cela? Como era?

- Toda cinza. Tinha minha cama e uma... cadeira. - A voz falhara ao final da frase.

- Te machucavam na cadeira? - A cabeça ruiva se move em concordância. - Você ficou esses dois meses lá?

- Não. Nas duas últimas semanas eles me levaram para outro lugar. Mas eu também não consegui ver onde era.

- Como você escapou, Emma? Eles te liberaram? - É improvável.

- Não. Uma pessoa me ajudou... - Os olhos dela estão distantes, receosos.

- Quem?

- N-Não posso falar.

E ela realmente não falou mais nada, muito menos sobre quem a salvou do inferno.

[...]

Eram caçadores que tinham Emma nas mãos, mas com que objetivo Jungkook não fazia ideia. Qual o ponto de sequestrar uma criança e torturá-la sem que estejam subornando alguém? Os pais da menina não eram pessoas dotadas de dinheiro, por mais que tivessem uma vida "digna".

Era pura crueldade? Eles queriam ver até onde ela aguentava? O que o corpo de um vampiro novo aguentava?

Outra agulha num palheiro.

Contudo Jungkook não podia continuar com aquilo. Precisava levá-la de volta para os pais, mesmo que não tivesse respostas suficientes. Estava disposto a ajudá-la até o final, mesmo que precisasse dispor de seus membros para protegê-la enquanto isso.

Emma era uma criança incrível, com um futuro brilhante pela frente e um brilho que tinha grandes chances de voltar a reluzir um dia.

Jungkook estava voltando da Daemonis, pronto para levá-la para casa, ainda que ela não quisesse. Ver os pais lhe faria bem e ele lhe garantiria proteção. Entretanto, ao chegar no apartamento, não havia sinal algum de Emma em lugar nenhum. Só um livro jogado no chão, o que chamou a atenção de Jungkook.

Ele estava pronto para descer até a recepção e perguntar sobre ela, mas ao chegar na porta que dá acesso ao hall de entrada do prédio, a visão da van do instituto na entrada o fez parar no meio do caminho e se esgueirar para trás de uma pilastra.

O hall estava uma bagunça, pessoas reunidas e tanto burburinho que Jungkook não conseguia detectar nenhuma frase coerente. Cecília foi a única silhueta que chamou sua atenção, porém quando ela o viu, a expressão que dominou seu rosto ferveu o interior do vampiro.

Cecília o olhava com o semblante transtornado, uma tristeza genuína e uma empatia mascarada, quase pena. Com mais atenção, foi que Jungkook conseguiu ver, no meio de todas aquelas pessoas reunidas ali como se aquilo fosse um espetáculo, o corpo de Emma estirado no piso gelado e sangue contornando sua cabeça ruiva.

Haviam matado a menina que só queria fugir do pandemônio a qual a arrastaram; a garota que renunciou o próprio bem estar e segurança pela vida dos pais; a garota de dez anos que lia livros de mistério como se fossem desenhos infantis; a garota que, mesmo não tendo nutrientes algum, amava sorvete de morango. Mataram a única pessoa que Jungkook havia mostrado uma parte de si mesmo que nunca revelou para ninguém além de Kim Namjoon.

Mataram a garota que Jungkook faria de tudo para salvar... Tudo porque ele não conseguiu descobrir algo relevante antes.

Após os caçadores a levarem como um animal, Cecília contou para Ruber que a garota deve ter visto a van dos caçadores pelos panos de vidro e se assustou. Então, numa tentativa de fuga, acabou sendo encontrada e um deles não hesitou em atirar diretamente em sua cabeça, como se ela fosse a criatura mais perigosa da Terra.

É claro que ela pensou que eles estavam atrás dela, mas ninguém sabe onde a residência de Ruber fica localizada. Emma achou que estavam vindo pegá-la e ela teria de passar por tudo aquilo de novo.

Se Jungkook estivesse com ela...

Tentando fugir do destino que tanto a assustava, ela acabou caindo nas garras de um - talvez - pior ainda.

[...]

Depois daquele dia, Jungkook avisou os pais da menina que ela não estava mais entre eles, deixando de lado os motivos para tal. Não tem porque os dois o odiarem; não seria vantajoso para eles.

Agora, Jungkook tem certeza de três coisas: tem de cumprir seu acordo com Park Jimin, achar o responsável pela morte de Emma e vingá-la, e descobrir o que diabos está acontecendo com os caçadores do instituto.

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Capítulo betado por: winterlovest

Antes que vcs me matem, eu precisei fazer isso, ok?? Não me odeiem por ter feito o Jungkook se aproximar da Emma para depois matá-la. E sobre isso, o que vcs esperam que ele faça agora?

Podem me dizer o que acharam do capítulo? Porque estou muito insegura com ele, de verdade. Não sei se gostei ou não dele até agora.

É isso, gente, bjinhos e até o próximo

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