Indecente • COMPLETO

By autoramillyferreira

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Não é permitido se apaixonar. Apenas é permitido sentir prazer. Jade West fugiu do convento. A fim de começa... More

Notas da autora
Epígrafe
um
dois
três
quatro
cinco
seis
sete
oito
nove
dez
onze
doze
treze
catorze
quinze
dezesseis
dezessete
dezoito
dezenove
vinte
vinte e um
vinte e dois
vinte e três
vinte e quatro
vinte e cinco
vinte e seis
vinte e sete
vinte e oito
vinte e nove
trinta
trinta e um
trinta e dois
trinta e três
trinta e quatro
trinta e cinco
trinta e seis
trinta e sete
trinta e oito
trinta e nove
Epílogo
Epílogo 2
Bônus
Notas da autora
Livro novo

quarenta

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By autoramillyferreira

— Tem certeza de que quer fazer isso? 

Olho para Ryan, mais convicta do que nunca, e me surpreendo ao ver a apreensão em seu rosto. Normalmente, ele é o mais confiante de nós dois, mas eu entendo que esse problema está em minhas mãos. Ele já fez tudo que podia, e cabe a mim colocar um ponto final nesse capítulo turbulento da minha vida. 

Meus olhos se voltam para a casa de fachada amarela. É engraçado como eu tenho poucas lembranças dela. Eu passei quase toda a minha vida no convento, e mesmo que lá não se pareça nada com um lar, este lugar, por mais vibrante que seja — pelo menos do lado de fora —, também é um pouco estranho para mim. 

— Tenho — afirmo. — Não posso ir embora sem antes falar com ela. 

Ele suspira. 

— Certo. Temos em torno de uma hora e meia para chegar no aeroporto. 

Balanço a cabeça, indicando que eu havia entendido que nosso tempo é curto. 

— Não vou demorar — prometo. 

É a vez dele balançar a cabeça. 

— Tem certeza que não quer que eu entre com você? — oferece. 

— Está tudo bem — tento confortá-lo. — Consigo fazer isso sozinha. 

Deixo Ryan na calçada e avanço pela trilha de pedras que reparte o gramado em frente à casa e me leva direto para a porta principal. Não posso perder tempo com preparação física e mental, então apenas ergo o dedo e toco a campainha. Tenho alguns segundos para respirar fundo antes de ouvir passos se aproximarem e a porta se abrir, revelando o rosto desesperado da minha mãe. 

— Jade! Onde você estava? Eu estava preocupada, eu… 

— Está tudo bem, mamãe — digo, seca, e entro sem ser convidada. — Precisamos conversar. 

Ela fecha a porta e me segue até a sala de estar. O ar ao redor parece meio mórbido. Mamãe está precisando urgentemente abrir as cortinas e deixar um pouco de luz entrar. 

— Você fugiu do convento daquele jeito, com aquele rapaz, e não me deu nenhuma explicação. O que ele fez? Ele machucou você? Ele fez a sua cabeça de novo, não foi? Não acredite nele! Aquele moleque te fez sofrer, contou mentiras… 

— Já chega, mamãe! — explodo. — Nós duas sabemos que a única mentirosa dessa história é você. 

Ela fica boquiaberta. 

— Olha só como você fala comigo, garota, eu sou a sua… 

— Mãe? — Ofereço, com um riso de escárnio. — É engraçado que a senhora esteja sempre me lembrando disso, mas nunca age como tal. 

— Do que você tá falando? Eu sempre quis o melhor pra você! 

Balanço a cabeça, negando. 

— A senhora não saberia o que é melhor pra mim nem se essa coisa estivesse bem debaixo do seu nariz — retruco. — Será que não consegue enxergar o mal que está me causando, mamãe? — Faço uma pausa e olho dentro dos olhos dela. — Ryan me contou tudo. 

A sala de estar é mergulhada em um silêncio arrebatador. Juro que consigo escutar a torneira da pia da cozinha pingando. Mamãe parece ter sido pega totalmente desprevenida, o que anula qualquer chance de arquitetar um plano b. Chegou a hora de colocar as cartas na mesa com bastante transparência. 

— Tudo o que eu fiz foi tentar te proteger — ela não se cansa desse discurso? 

— O que a senhora fez foi desumano — retruco, amargurada. — Você não brincou apenas com os meus sentimentos, mas de outra pessoa também. Acha que foi certo colocar o dedo nas feridas do Ryan só para beneficiar a si mesma? 

— Eu fiz o que tinha de fazer! 

— Não, mamãe — grito, irritada. — Sempre temos outra escolha! 

— E o que você vai fazer? Vai voltar para San Diego com aquele rapaz? 

— É exatamente isso que eu vou fazer — eu a desafio. 

Sua expressão se desarma por completo. 

— Você não pode… 

— A decisão já foi tomada. Estou aqui para me despedir — tento manter a calma. — Estou deixando essa vida para trás, e consequentemente, a senhora também. 

Ela fica boquiaberta. Me dói estar dizendo isso, mas preciso ser forte. 

— Eu amo a senhora — declaro. — Mesmo que não tenha sido a melhor mãe, eu continuo te amando incondicionalmente. E nada me deixa mais triste do que vê-la desse jeito, tentando sabotar a vida de outras pessoas, da sua própria filha, para tentar se satisfazer. Isso é digno de pena, mamãe. 

— Você está cometendo um erro — avisa ela, mas na sua voz não existe mais aquela confiança que eu conheço. 

— Você está enganada — abro um sorriso triste. — Pela primeira vez em muito tempo, sinto que finalmente estou acertando em alguma coisa. Que estou fazendo as minhas próprias escolhas, sem interferência da senhora. 

Ela se faz de forte, mas consigo ver o quanto está abalada. 

— Então é isso? — sua voz vacila. — Vai escolher um rapaz que pode virar as costas pra você a qualquer momento ao invés da sua mãe? 

Ando até ela, balançando a cabeça, e seguro os seus ombros. 

— Não, mamãe. Não estou escolhendo você ou Ryan; estou escolhendo a mim. — Olho dentro daqueles olhos familiares. — Por um momento, senti raiva da senhora pelo que você fez, pelas suas mentiras e planos maquiavélicos, mas agora… só me sinto triste. Porque sinto que as coisas poderiam ter sido diferentes entre a gente. Mas eu sei que, no fundo, você sabe que está errada. E eu perdoo você. 

E naquele momento, olhando para o rosto dela, eu vejo a sua dor. Às vezes, as pessoas nos machucam tentando fazer exatamente o contrário, e eu tenho certeza que a minha mãe estava tentando me proteger, mesmo que seus costumes não sejam a maneira mais correta. Um dia existiu uma mulher cheia de luz, doce e serena, mas a vida pode ser amarga a ponto de transformar as mais bonitas flores em um cacto. 

Senti raiva de tudo o que aconteceu, mas não guardo rancor. Não quero algo tão forte e sujo habitando o meu coração. Quero perdoá-la e acreditar na sua mudança, sua melhora, e eu realmente torço por isso, porque apesar de suas imperfeições, essa mulher sempre foi e sempre será a minha mãe. 

— Você precisa ficar um pouco sozinha e pensar nas suas ações — acrescento. — Mas quero que saiba que, quando estiver pronta, eu estarei aqui para que possamos conversar. Acertar as coisas. Mas até lá, eu peço que não interfira mais na minha vida. Não importa o que a senhora faça: eu não vou me afastar de Ryan, eu não vou voltar para a Igreja, não dessa forma que a senhora quer. E eu espero, mamãe, de todo o meu coração, que você encontre motivos reais para voltar a sorrir novamente. Espero que Deus ilumine seu caminho como está iluminando o meu agora. 

Eu me inclino um pouco e beijo sua testa. Afasto-me lentamente, guardando na memória aquele olhar vazio, a expressão melancólica. Mas no fundo eu sei que esse é o primeiro passo. Vamos conseguir superar isso. Não há mais nada que eu deseje nesse mundo do que ficar de bem com a minha mãe. Muitos esperam que eu surte, que eu exploda de raiva, mas eu não sou assim: eu acredito na mudança das pessoas. Se eu pude acreditar na mudança de Ryan, por que não posso fazer o mesmo pela mulher que eu amo? 

Quando chegar a hora de fazer as pazes, Deus vai fazer com que o nosso caminho se cruze novamente. Posso não ser mais freira, mas minha fé continua inabalável. 

Saio de casa sem dizer mais nada. Quando o raio do sol atinge o meu rosto, sinto como se estivesse finalmente me libertando das correntes que me prendiam a esse lugar. Fecho os olhos por um segundo, apenas absorvendo essa energia, e quando volto a abrir os olhos, encontro Ryan me encarando, me esperando do outro lado da rua. Caminho até ele; meu alicerce, meu porto seguro. 

Paro na frente dele e entrelaço nossos dedos. É como se eu estivesse encaixando uma parte de mim na dele. 

— Tudo bem? — Seus olhos me avaliam, preocupados. 

— Vai ficar — abro um sorriso que demonstra todo o meu alívio. — Vamos embora daqui. 

Ele aperta um pouco mais a minha mão e me puxa para mais perto; assim, caminhamos lado a lado, sem olhar para trás. A partir de agora, tudo o que eu quero é pensar no meu futuro ao lado desse homem. 

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