Indecente • COMPLETO

By autoramillyferreira

867K 84.8K 36.3K

Não é permitido se apaixonar. Apenas é permitido sentir prazer. Jade West fugiu do convento. A fim de começa... More

Notas da autora
Epígrafe
um
dois
três
quatro
cinco
seis
sete
oito
nove
dez
onze
doze
treze
catorze
quinze
dezesseis
dezessete
dezoito
dezenove
vinte
vinte e um
vinte e dois
vinte e três
vinte e quatro
vinte e cinco
vinte e seis
vinte e sete
vinte e oito
vinte e nove
trinta e um
trinta e dois
trinta e três
trinta e quatro
trinta e cinco
trinta e seis
trinta e sete
trinta e oito
trinta e nove
quarenta
Epílogo
Epílogo 2
Bônus
Notas da autora
Livro novo

trinta

16.6K 1.7K 761
By autoramillyferreira

RYAN

Mais um dia quente cobre toda San Diego. Gotas de suor se acumulam na minha testa que tem que ser limpa de minuto em minuto enquanto trabalho na oficina com o meu pai. Minha camisa está bem longe do meu corpo, e a calça jeans me incomoda. É uma pena que eu não possa ficar de cueca ou simplesmente pelado. Seria como uma salvação divina para mim. 

Mas como isso não é possível, eu me contento em ficar apenas sem camisa. É até engraçado todas as vezes que estou em frente à oficina e alguma mulher passa em um carro buzinando e gritando "quer carona, gatinho?". Eu realmente não sei o que todas essas garotas veem em mim, porque me considero apenas um cara comum. Tenho músculos, mas e daí? Muitos caras hoje em dia tem. Olhos azuis? Não é algo raro. Tatuagens? Qualquer um pode fazer. Mas parece que algo em mim atrai as mulheres como as abelhas são atraídas por plantas aromáticas. 

— Ei, exibido, eu vou sair para comprar o nosso almoço — meu pai anuncia. — Vê se não faz nenhuma mulher gozar na calcinha até eu voltar. 

Sorrio de lado. 

— Não prometo nada, meu velho. 

Ele resmunga algo inaudível e vai embora. Mal sabe ele que só existe uma mulher que eu quero fazer gozar na calcinha agora. 

Estou estudando o sistema de um Audi R8 quando alguém entra na oficina. Vejo um vislumbre de cabelo preto bem liso, e não consigo evitar a careta de desgosto ao ver de quem se trata quando inclino um pouco a cabeça para o lado.

A mãe de Jade está aqui. As duas são muito parecidas fisicamente. O tom da pele, a espessura do cabelo, os olhos profundos e escuros. É apenas uma versão mais velha, mas bem conservada, da garota por quem estou gamado, e isso me incomoda. Seria muito mais fácil odiar essa mulher se eu olhasse para ela e não visse Jade ali. 

— Posso ajudar? — pergunto secamente. 

Ela me olha de cima a baixo com estranheza, e quando seus olhos se voltam para os meus, reconheço o sentimento de desprezo neles. Não me abalo. 

— É assim que você atende os clientes, rapaz? — pergunta ela, ríspida. — Tenha a decência de colocar uma camisa antes de falar comigo. 

— Primeiramente, meu nome não é "rapaz", é Ryan — digo com sarcasmo. — Segundo, se está tão incomodada com nosso atendimento, há várias outras oficinas na cidade. Sinta-se à vontade para se retirar — aponto para a saída. 

Os olhos dela inflamam com um sentimento que conheço bem: raiva. 

— Então esse é o tipinho que minha filha insiste em defender? Um cara mal educado e sem nenhum princípio. 

Ah, não. Essa mulher está passando de todos os limites. 

— A senhora chega no meu local de trabalho me insultando e eu que sou mal educado? Parece que são os princípios da senhora que são duvidosos. 

Seus olhos escuros se estreitam. 

— Não vim aqui ficar de conversa fiada com você, rapaz. — E ela insiste em me chamar de rapaz. — Quero que fique longe da minha filha. 

Abro um sorriso de escárnio. 

— Ainda bem que querer não é poder — digo em tom ácido. 

Ela parece estar se controlando para não me atacar. Mas essa mulher não vai me tirar do sério. 

— Você não é um bom exemplo para ela — pondera. — Por sua causa, a minha filha está desviando do caminho que Deus reservou para ela. 

Reviro os olhos. 

— Fanatismo religioso é algo bem preocupante, minha senhora. A Jade não se desviou de caminho nenhum; ela só está vivendo a própria vida com base no que acredita. Ser freira ou não, não determina a fé e as crenças dela. 

— Quanto você quer? — pergunta ela. 

Franzo o cenho. 

— O quê? 

Ela bufa e revira os olhos, como se eu estivesse me fazendo de idiota. 

— Quanto você quer para ficar longe da minha filha? Eu pago. 

São poucas coisas que me fazem ficar sem palavras, mas essa atitude faz o meu queixo tocar o chão. Essa mulher está mesmo me oferecendo dinheiro para ficar longe da filha dela? Inacreditável. 

Minha expressão endurece. 

— A Jade não é um objeto para você negociar a vida dela — digo amargamente. — Não quero seu dinheiro, não quero nada que venha da senhora. Eu gosto da sua filha, e não há dinheiro no mundo que me faça mudar de ideia. Então, por favor, eu peço que se retire — aponto para a porta. 

Ela me encara com uma expressão de puro ódio. 

— Você vai ficar longe da minha filha, nem que eu tenha que arrastá-la para casa pelos cabelos. 

A raiva queima minha garganta ao pensar na possibilidade dessa mulher maltratar a Jade. Não, eu não vou deixar. 

— Isso é uma ameaça? — ergo a sobrancelha. 

Ela olha dentro dos meus olhos. 

— Entenda como quiser. 

Sustentamos o olhar um do outro por mais alguns segundos antes de ela se virar e sair andando com um ar de superioridade. 

Trinco os dentes, tentando conter a raiva que borbulha dentro de mim para a superfície. Quero socar alguma coisa, mas sei que sou maior que isso. Eu tive muitos problemas com excesso de raiva no passado e isso me causou um mal imensurável, então não faz sentido que eu traga meus demônios à tona só por causa de uma mulher que quer me derrubar pelo simples fato de eu gostar da filha dela. 

Ao invés de socar alguma coisa, eu volto a trabalhar no carro. 

Espero Jade sair do trabalho. Ela ainda está de uniforme — o vestido vermelho com um avental — e carrega uma bolsa. Parece cansada. Eu a entendo completamente, porque também me sentia exausto quando entrei na faculdade. Agora que já estou terminando o meu curso, me sinto com um pouco mais de tempo e energia, mas sei o quão difícil as coisas podem se tornar para ela, ainda mais com o trabalho na lanchonete. 

— Ei — eu a cumprimento. 

Ela abre um sorriso cansado e se inclina para me dar um beijo. 

— Ei — responde ela. 

— Que cara é essa? — coloco uma mecha do cabelo negro para trás da sua orelha. 

Jade suspira. 

— Minha mãe veio aqui mais cedo no horário do almoço só para criticar o meu trabalho. Disse que esse uniforme é inapropriado e blá-blá-blá. 

Novamente sinto uma onda de raiva me atingir. 

— Bom… ela foi falar comigo também, na oficina — conto. Não quero esconder nada dela. 

O rosto de Jade se acende em culpa. 

— O que ela disse para você? 

Fico irritado só de lembrar. 

— Fez ameaças, disse para eu ficar longe de você e… me ofereceu até dinheiro. 

Ela fica boquiaberta. 

— Ela fez mesmo isso? — pergunta, triste. 

Concordo com a cabeça. 

— Ai, meu Deus — suspira. — Eu sinto muito, Ryan. Sinto muito mesmo. Você não é obrigado a passar por isso, eu… 

— Shhh… — pressiono o dedo indicador sobre seus lábios. — Primeiramente, você não precisa ficar se desculpando pelos atos da sua mãe. E segundo, ela não vai conseguir me afastar de você nem que me dê todo dinheiro do mundo. 

Os olhos dela se acendem em pura e singela emoção. É uma mistura de agradecimento, doçura e paixão. 

— Todo dinheiro do mundo? Parece uma proposta tentadora — ela brinca, mesmo sem muito humor. — Tem certeza que eu valho tanto a pena assim para fazer você desistir de tanto dinheiro? 

Seguro o rosto dela entre as mãos e olho dentro daqueles olhos hipnotizantes. 

— Sim, você vale totalmente a pena. 

Acho que ela reconhece a sinceridade nas minhas palavras, pois mal consegue disfarçar o sorriso. Jade se inclina sobre o meu corpo apoiado no capô do carro, passa os braços ao redor do meu pescoço e me beija. Novamente sinto aquela necessidade de possuí-la bem aqui, sem me importar com quem estiver olhando. 

— Vem pra casa comigo — murmuro contra os seus lábios. 

— Não sei… — ela hesita. — Com minha mãe por perto, as coisas ficam mais complicadas. 

— Você quer vir comigo? — pergunto, com os olhos cravados nos dela, para não haver espaço para mentiras. 

Ela morde o lábio antes de responder. 

— Quero. 

A sombra de um sorriso surge no canto da minha boca. 

— Então você tem de vir. Você é adulta, Jade, e se você ficar cedendo aos caprichos da sua mãe, então significa que ela já ganhou essa batalha. Lembra? Você está aqui para viver a própria vida, não para seguir as ordens da sua mãe. 

Mais uma vez, ela hesita, e eu odeio vê-la assim tão desestabilizada. Parece que as emoções dela estão uma bagunça, e se eu pudesse colocá-la em uma bolha e protegê-la do resto do mundo, eu faria. 

— Tem razão — sussurra, por fim. — Mas só se tiver comida. Estou faminta. 

Abro um sorriso. 

— Podemos pedir pizza, que tal? — sugiro. 

Ela solta um suspiro de prazer por pura antecipação. 

— É tudo que eu preciso. 

— Vamos, então — eu me afasto do capô e depois jogo a chave do carro para ela. A mesma agarra por puro reflexo. — Você vai dirigindo hoje. 

O rosto dela se ilumina. 

— Sério que você vai me deixar dirigir? — pergunta, animada. 

Apenas sorrio e entro no lado do carona. Segundos depois, Jade abre a porta do lado do motorista e se acomoda confortavelmente sob o volante. Parece uma criança que acabou de ganhar um brinquedo fenomenal. Ela funciona o carro e o Mustang ganha vida com um ronco potente. Seus olhos se voltam para mim, fascinados. 

— O motor está com um barulho diferente! Mais potente — acrescenta. 

Não consigo deixar de sentir uma pitada de orgulho. 

— Gostou? Eu fiz algumas modificações. 

— Está perfeito. Vamos testar essa belezinha. 

Ela arranca com o carro como se estivesse em um dos filmes de Velozes e Furiosos. Exclamo um "opa!", me segurando no banco, e ela me lança um sorriso sapeca. Parece que ela é possuída por um espírito de pura adrenalina, desviando dos carros na pista e acelerando até o limite de velocidade. Deixo ela se divertir e aproveito a viagem. 

Ligo o rádio e uma música suave preenche o ambiente à medida que Jade desacelera enquanto estamos passando pela praia. Eu coloco metade do corpo para fora e me sento na janela da porta, apoiando-me no teto do carro enquanto aproveito a vista. A brisa gelada e salgada faz cócegas no meu rosto, jogando meu cabelo em várias direções diferentes. Nada mais além de paz habita o meu peito agora. 

Volto para a segurança do banco do carro e aproveito o restante da viagem. Pouco tempo depois, Jade estaciona em frente ao meu prédio. Eu a levo para cima enquanto ligo para a pizzaria e peço o nosso jantar. 

— Posso tomar um banho? — pergunta ela, repentinamente tímida. Não há motivos para isso. — Vou precisar de uma camisa sua, se não se importa. 

— Claro — digo. — Pode escolher o que quiser no armário. Você conhece o caminho, né? 

Ela balança a cabeça, concordando. 

— Vou preparar um café enquanto você toma banho. 

Jade vai para o meu quarto e eu vou para a cozinha. Tiro a camisa, mesmo estando envolvido no ar-condicionado, ficando apenas com um jeans desbotado e a barra da cueca aparecendo. A calça sempre insiste em deslizar pelos meus quadris. 

Preparo um café simples e bebo alguns goles fumegantes. Enquanto Jade não volta, fumo um cigarro e vou atender o cara da pizza que não demorou nem vinte minutos para chegar. Dou uma boa gorjeta pela dedicação. 

— Uau, o cheiro está ótimo. 

Olho para a porta da cozinha e quase tenho um treco. Jade está com o cabelo molhado — o que eu acho sexy pra caralho — e está vestindo uma das minhas poucas camisas brancas lisas com três botões perto do pescoço no sentido vertical que ela deixou perigosamente aberta. Mas isso é uma situação irrelevante quando eu percebo que o tecido é fino o suficiente para desenhar perfeitamente o contorno dos seus peitos e os mamilos rijos pelo frio. 

Meu pau levanta. Puta merda. 

— A pizza acabou de chegar — digo, com a voz rouca. — Vamos comer enquanto ainda está quente. 

Ocupamos um lugar sob o balcão, sentados um de frente para o outro, e devoramos a pizza. Jade reclama que está cheia com apenas três pedaços, e eu devoro tudo que sobra sem problema algum. Sou um homem grande e, consequentemente, preciso de energia redobrada. 

— Eu ainda não acredito que você comeu toda aquela pizza — ela olha para mim, descrente. 

— Você já viu o meu tamanho? — aponto para o meu corpo todo. — Como acha que eu mantenho tudo isso? Preciso de muita energia, mocinha. 

— Faz sentido — ela leva os copos que utilizamos durante a refeição e os lava na pia. Depois de enxugar, ela fica na ponta dos pés para guardá-los no armário superior, o que faz a minha camisa sobre o seu corpo subir bastante, revelando o contorno das suas nádegas. 

Minha boca se enche de saliva e meu pau se manifesta novamente. Ela não está me provocando, sequer percebeu o meu estado deplorável de tesão quando entrou na cozinha depois do banho, mas deveria ser proibido um homem sentir tanto desejo por uma mulher como eu sinto agora. Pensei que enjoaria dela depois de algumas noites de sexo, mais quanto mais a gente transa, mais quero fodê-la de várias formas possíveis. 

Se existe mesmo um inferno, estou condenado. 

— Prontinho — ela se vira para mim com um sorriso inocente, alheia ao que se passa na minha cabeça agora. — O que quer fazer? 

Comer você. Foder você. Transar até o dia amanhecer. 

— Humm… — me aproximo sorrateiramente, fingindo pensar, e consigo arrancar uma expressão de alerta dela. — Podemos ver um filme… ou… 

— Ou…? 

Sorrio. Paro na frente dela e puxo o seu corpo para mim. 

— Ou… — repito. — Podemos fazer algumas coisinhas mais interessantes. 

Ela morde o lábio e passa a mão pelo meu peito nu. 

— Que coisas mais interessante? 

Sorrio de lado. 

— Eu posso te colocar deitada em cima da ilha e chupar essa boceta gostosa que você tem. 

Seus olhos se arregalam. Depois de todo esse tempo, ela ainda se surpreende com as sacanagens que saem da minha boca. É até cômico. 

— Ryan! — suas bochechas ficam coradas. 

— Esse é apenas um dos meus planos — contorno seus lábios com o polegar. — Mas para começar, quero que você fique de joelhos e me chupe. 

Os olhos dela ficam ainda maiores. 

— Você é tão mandão — a mão dela escorrega do meu peito, passando pelo meu abdômen e indo parar no cós da calça. — Olha só pra você… — ela aperta minha ereção por cima do jeans, e não consigo evitar o maldito gemido. — Tão necessitado… coitadinho… 

— De joelhos — digo entredentes, sentindo meu velho amigo pulsar dentro da cueca. Jade tem razão: estou mesmo necessitado. 

O sorriso sapeca que ela me dá só serve para deixar o meu corpo em chamas. Como uma boa obediente, seus joelhos encontram o chão e ela desabotoa minha calça. Sua mão delicada escorrega para dentro da minha cueca e voilá, meu pau a cumprimenta. Sua boquinha envolve o meu pau como se estivesse se deliciando do picolé mais prazeroso do mundo em um dia muito quente, e minha mão vai automaticamente para seu cabelo. 

Jade não tem pressa. Ela engole e depois volta para a posição inicial, com apenas a cabecinha dentro da boca, só para depois engolir de novo, criando uma sucção perfeita. Aperto o cabelo dela com mais força e gemo. Meus quadris se movimentam de encontro aos lábios dela, fodendo aquela linda boquinha. É a cena mais erótica que eu poderia imaginar. 

— Eu não acredito que acabamos mesmo de fazer isso. 

Ela está se referindo ao sexo na cozinha, é claro. Nesse momento, estamos deitados no chão de madeira, pelados, depois de termos usado os balcões como apoio enquanto eu entrava nela, e a ilha como cama enquanto eu me deliciava entre suas pernas. Jade está encaixada na lateral do meu corpo, com a cabeça descansando em meu peito, o que me deixa à vontade de acariciar seu cabelo sedoso. 

— Você quer dizer te comer todinha na cozinha? — debocho com a voz rouca. 

Ela ri baixinho. 

— Você tem um linguajar bastante curioso, Sr. Blossom. 

— Não sou o cara romântico do conto de fadas — admito. — Sou um cara grosseiro. 

— Não te acho grosseiro — ela desenha círculos invisíveis no meu peito com o dedo. — Você é um pouco mais reservado, misterioso, mas eu gosto disso. 

— Misterioso? Bom… sua mãe me descreve como a própria encarnação do diabo, provavelmente. 

Ela rola um pouco para o lado, deitando a cabeça sobre meu braço estirado no piso e abre um sorriso culpado. 

— Você não é nada disso. Sinto muito. 

— Não quero que fique se culpando por isso — eu afasto uma mecha de cabelo para longe do seu rosto. — Talvez a sua mãe tenha mesmo razão. Não sou o protagonista certinho do livro que salva a princesa das garras do vilão no final. 

— Não sou uma princesa em apuros — retruca. — Não preciso que me salvem. 

Sorrio fracamente. 

— Eu sei. E admiro muito a sua força. Você é a garota mais corajosa que conheço. 

— Obrigada por acreditar em mim — parece tão grata que me toca. Seus olhos se fixam nos meus, e encontro um turbilhão de sentimentos neles, e alguns deles eu sou incapaz de reconhecer. Parecem estar cobertos por uma neblina que me impede de ver mais além. — Ryan, eu preciso te falar uma coisa. 

Meu interior se estremece com seja lá o que ela tem para dizer. 

— O quê? — sussurro. 

Antes que ela possa sequer abrir a boca, um celular toca. É o dela. Jade lança um olhar por cima do ombro e depois volta-se para mim, melancólica. 

— É a minha mãe — deduz ela. — Preciso ir. 

Minhas entranhas se reprimem. 

— Fica aqui — peço como um idiota carente. 

— Não posso — ela suspira. — Se eu não voltar hoje, ela vai arranjar um jeito de aparecer na sua porta e armar o maior barraco. 

Deixo a cabeça cair contra o piso frio, suspirando de frustração. Enquanto eu amaldiçoo a mãe de Jade silenciosamente, ela se levanta e vai para o quarto, creio eu que para se vestir. Não tenho opção a não ser fazer o mesmo. Quando ela volta, está usando uma calça jeans e camiseta, diferentemente de quando chegou aqui vestindo o uniforme do trabalho. Desconfio que naquela bolsa tenha uma espécie de guarda-roupa mágico, porque só isso explica como cabe tanta coisa ali dentro. 

— Eu levo você — digo. 

— Não — ela rejeita, me fazendo franzir o cenho. — É melhor eu chegar sozinha. Vou pegar um táxi. 

— Mas… 

— Por favor. 

Engulo a frustração diante do pedido dela. 

— Tudo bem — concordo a contragosto. — Eu espero com você lá embaixo, então. 

Ela não se opõe dessa vez. Coloco uma camisa e descemos em silêncio até o térreo e esperamos o táxi pelo que parece ser cinco minutos. Enquanto isso, Jade se aconchega em meus braços para se aquecer, o que me deixa um pouco mais aliviado diante de toda essa situação. 

O carro amarelo finalmente para ao nosso lado, e abro a porta para ela. 

— Jade — chamo-a antes de ela entrar completamente. Quando ela se vira para mim, pergunto: — Antes da sua mãe ligar, você queria me dizer uma coisa. O que era? 

Ela abre a boca, mas depois fecha, como se estivesse engolindo uma frase inteira. O sorriso que abre logo em seguida não parece muito luminoso. 

— Vou lutar por nós dois. 

Jade entra no carro e vai embora. Fico parado na calçada com uma enorme sensação de vazio no peito. Tenho a sensação de que não era exatamente isso que ela tinha para me falar, mas por enquanto, serve. 

Volto para dentro do prédio e depois me escondo na segurança do meu apartamento, imaginando como seria gostoso tê-la aqui a noite toda, para que eu pudesse abraçá-la e, com sorte, nunca mais soltá-la. 

Porém, estou sozinho, e preciso me contentar com isso. 

Continue Reading

You'll Also Like

7.9K 458 29
[CONCLUÍDA] Clarice Gouthier não imaginava que ser madrinha de casamento de sua melhor amiga lhe traria tantos problemas. Após uma série de eventos q...
1.6M 114K 90
(#1 em Diverso 13/07/2020) (Você gosta de romance? Bastante drama? Uma boa quantidade de hot e muita tensão sexual? Pois veio no livro certo) ATENÇÃ...
42K 3.9K 60
Em um mundo paralelo a Bia e Yah , o destino faz com que suas almas se econtrem em outra situação ...so que tem mais coisa em jogo agora. Bia e uma u...
7.2M 22.6K 7
Classificação: +16 Sinopse: E se de uma hora para outra seu pai decidisse se casar novamente? E se você descobrisse que agora teria um novo irmãozin...