Só por uma noite

By Autora_Hayka

10.3M 685K 545K

Hot🔥 Leonardo sempre sentiu algo muito forte por Beatriz, ele a desejava, mas ela nunca percebeu as intençõe... More

Epígrafe
Cast - personagens
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
Epílogo
.

18

173K 12.6K 7.3K
By Autora_Hayka

Olha nos meus olhos e vem...

BEATRIZ 🍄

Apertei a toalha ao corpo e encarei a porta com o cu na mão. Se meu pai pega o Leonardo aqui, eu estou morta e enterrada. Ou talvez ele já saiba, talvez algum vizinho fofoqueiro já tenha falado.

Como ele poderia me matar sem deixar rastros?

Talvez ele coloque fogo na casa comigo dentro e fuja para Miami com uma velha rica. Ou talvez ele coloque veneno na comida e me jogue em um mato qualquer, ou então...

Credo, estou vendo muito filme.

Voltei minha atenção para a porta.

-Merda - Murmurei.

Olhei para os lados pensando onde eu poderia esconder esse homem, o único lugar é...embaixo da minha cama.

-Embaixo da cama Leonardo - Susurrei e ele me olhou fazendo uma careta - Anda Leonardo, a gente não tem tempo.

O Desgraçado começou a gargalhar, Encarei ele confusa. Esse cara quer que meu pai me mate, não é possível.

-Você precisava ver a sua cara - suspirou controlando a risada - Parecia até que você ia explodir.

Encarei ele com a minha cara de sonsa burra.

-O que?

-Eu bati na cabeceira da sua cama - Bateu imitando o barulho - Você pensou que fosse na sua porta. Por um instante eu vi a sua alma saindo do corpo.

Encarei ele com todo o ódio que existia em mim. Fechei os olhos respirando fundo, me controlando para não pegar meu alicate de unha e rasgar a garganta dele.

-Cara, eu te odeio.

-Você me ama gatinha - se jogou na minha cama - assume de uma vez.

Eu só queria entender de onde ele tirou toda essa intimidade.

Garoto estranho.

Fui até o banheiro e tranquei a porta, Leonardo é muito atrevido e eu não duvido que ele tenha a cara de pau de invadir o banheiro comigo aqui.

Não é nada que ele já não tenha visto, mas isso de ficar se trocando na frente do outro, é intimidade demais para mim.

Coloquei meu absorvente e me olhei no espelho para ver se não estava marcando muito, não quero que pensem que meu prikito está inchado. Não gosto de o.b, me incomoda muito, não consigo me acostumar por nada.

Vesti uma camisa da seleção brasileira e um short preto molinho, essa roupa é mais velha que o Silvio Santos. Em casa eu fico toda jogada mesmo, meu cabelo fica sem pentear...eu fico um desastre.

No meu braço, onde armando Apertou, tem uma marca roxa enorme e da para perceber que são marcas de dedo. Apertei com minha mão sentindo um leve incômodo, vai ficar muito dolorido.

Eu brinco com tudo isso, rio da minha desgraça, mas ninguém sabe o que se passa na minha cabeça. Dói muito viver tudo isso, ir dormir todos os dias tendo que trancar todo o quarto com medo que ele entre e me bata dormindo. medo de um dia ganhar muito mais do algumas marcas roxas. Ele fica descontrolado quando bebe e eu não sei até onde isso pode chegar.

A pior surra foi quando eu tinha doze anos. Ele descobriu que eu tinha beijado o vizinho que era da mesma idade que eu. O cara ficou louco, me trancou em casa e me proibiu de sair por três meses, minha pele ficou até mais clara porque fiquei todo esse tempo sem tomar sol. Mas a surra foi pior, ele me bateu com vara de goiaba e quando a mesma quebrou, ele pegou uma mangueira de fogão.

Desse dia em diante foi só ladeira a baixo, qualquer coisinha que eu fazia já era motivo para ele me trancar em casa. Eu não sei como não repeti de ano, foi muita sorte ter passado mesmo tendo faltado por três meses.

A um tempo atrás, a dona Aparecida, vó do Samuel, tentou me levar para morar com ela. Mas não deu certo, armando ficou ainda mais louco e disse que ia fazer da vida da senhora um verdadeiro inferno, eu não queria colocar o peso dos meus problemas em mais ninguém, então eu me Afastei.

As vezes eu tento bloquear da minha mente tudo de ruim que ele já fez, tento esquecer para que a convivência se torne um pouco suportável. mas é quase impossível quando se acontece todos os dias.

Ele tem mudanças de humor repentinas, ao mesmo tempo que está rindo e se divertindo, ele fecha a cara e procura os mínimos motivos para arrumar uma confusão. Até mesmo se eu olhar para ele, o mesmo grita querendo saber o por que de estar o olhando.

Esse um mês que ele ficou sem beber foi incrível, sem brigas, sem surras, sem o cheiro forte de álcool misturado com cigarro. Mas tudo passou, a máscara caiu e ele voltou a ser o que era antes.

Eu não acho que ter dormido fora, tenha sido motivo para isso tudo.

Ou foi? Será que apenas isso foi motivo para ele se comportar dessa maneira? Será mesmo que ele está certo e a errada sou eu?

Eu já não aguento mais, eu não tenho como sair disso tudo...ou talvez eu já esteja tão acostumada a viver assim, que não vejo saída.

Eu perdi todas as esperanças quando tinha dez anos, minha mãe ligou no meu aniversário, ela ligou depois de um ano. Eu pedi para ir morar com ela, falei tudo o que o meu pai fazia e ela me disse que eu dava motivos para apanhar. disse que não ia me buscar, que eu tinha que me comportar e obedecer meu pai.

Ela pode ser tudo, menos mãe.

Abri a porta vendo Leonardo esparramado na minha cama, não falei? Muito intimidade, não estou gostando.

-O que tem aí? - Olhei para sacola da padaria.

-Coxinha, pão de queijo e toddynho.

-Combinação meio estranha, não acha?

-Não - sorriu - O que importa é encher a barriga, isso sim importa.

Concordei com a cabeça e me sentei ao lado dele que estava quieto encarando o teto.

Eu queria falar sobre o que estava acontecendo, essa amizade com ele está muito confusa e eu não sei o que está acontecendo. Mas não sei nem o que falar, não sei por onde começar porque eu sequer sei o que sinto.

Amigos não transam, ou transam?

-ontem você disse algo que ficou na minha mente - ele me olhou - algo como "não quero sentir outra vez o que eu senti hoje". O que você quis dizer com aquilo?

Ele me encarou sério e suspirou fundo, se sentou ao meu lado e desviou o olhar para as suas mãos.

-Eu fiquei com medo, medo dele te machucar. Fiquei com raiva porque você não foi embora comigo, fiquei com mais ódio ainda de ver como ele tratou você - suspirou - mas o que realmente me quebrou, foi ver o quanto você estava assustada e parecia estar desesperada. Eu só...eu só queria proteger você.

Ele falava tudo baixinho e com calma, parecia realmente sentido com tudo o que aconteceu. Ele me olhou com olhar vago, naquele momento eu percebi que ele não tinha dito toda a verdade, ele estava escondendo alguma coisa. Mas o que?

-Eu ainda não sei lidar com toda essa atenção e preocupação, é tudo muito novo para mim - Seus olhos azuis estavam fixos no meu rosto - mas muito obrigada por se preocupar, obrigada por estar aqui.

Ele sorriu fraco e deitou a cabeça no meu ombro, tirou o celular do bolso e abriu a câmera, eu estava horrível, mas sorri para tirar uma foto com ele, o mesmo fazia umas caretas engraçadas que fez com que eu gargalhasse igual uma porca engasgada.

(...)

18:35hrs

Leonardo foi embora antes do almoço, sei lá, mas senti algo ruim quando ele foi embora, um vazio, um aperto no peito. Acho que não estou mais gostando de ficar sozinha, talvez seja coisa da idade.

Fui a passos lentos até a cozinha, minha última refeição foi o café da manhã com o leo. Fiquei com medo de sair do quarto e acabar trombando com o armando, isso é algo que eu não quero, não por agora.

Peguei uma maçã e uma garrafa de iogurte, me sentei na mesa com os olhos fixos na peguena janela de frente para rua, se eu ver ele passar por ela, tenho tempo de correr para o meu quarto e me trancar mais uma vez.

Sabe, eu cheguei em um estado que não consigo mais olhar para ele como filha, eu já não consigo mais chamar ele de pai e isso me dói. Por mais que eu queira me manter forte e tentar mostrar que não ligo para isso...Eu simplesmente não consigo mais, eu só queria o meu pai de volta.

Me sinto como uma criança implorando por um doce, mas na verdade, estou apenas implorando pelo amor do meu pai, algo que eu nunca vou ter, e nem sei se realmente tive um dia.

-Merda - Murmurei para mim mesma.

Ele estava na porta, me encarando. Eu não vi ele chegar.

Abaixei a cabeça e comecei a me levantar bem devagar, sem fazer movimentos bruscos. Olhei de canto de olho e vi que ele ainda me encarava. Uma sensação ruim percorreu todo o meu corpo.

Quando dei meia volta para ir para o quarto, ele veio praticamente correndo e barrou a passagem.

Fechei os olhos com força, o cheiro de álcool com cigarro inundou as minhas narinas, como todas as vezes.

-Senta - Mandou.

Respirei fundo e praticamente cai em cima da cadeira que estava atrás de mim.

Ele se aproximou devagar e mesmo com a cabeça baixa, eu senti ele me olhando. Vi ele se aproximando e meu coração acelerou, sentia que ele podia pular pela minha boca a qualquer momento.

Essa sensação era horrível, uma sensação de desespero, como se eu estivesse me afogando. Me sinto sufocada.

Sua mão tocou meu rosto. Fechei os olhos com força, só queria entender o porquê disso, a cada dia ele fica mais estranho.

-Você é igual a ela - Seus dedos tocaram meu cabelo - seu cabelo é igual ao dela - Murmurou - Seus dedos deslizaram pelo meu rosto - Você é idêntica a ela.

Virei o rosto tentando fugir dos seus toques, eu criei um nojo tão grande por ele, que nem mesmo consigo olhar na cara dele. Quem dirá deixá-lo me tocar.

-Tira a mão de mim - Mandei.

-Por que Você tinha que ser igual a ela? - Berrou - Ela foi embora, mas você continua aqui, me atormentando. Você não sabe o quanto eu te odeio.

Ele me compara com ela, ele me vê como uma sombra ruim.

Ele gritava e batia a mão na mesa com força. Eu estava encurralada, não tinha como correr. Eu sempre me via nessa situação, eu sempre era a mais fraca, nunca conseguia me esconder dele. E se eu me escondesse, ele me achava.

-Me diz, por que você tinha que ser igual a ela?

-Para, por favor - pedi baixo.

-Você é igual a ela - Continuou - Sabe, você dormiu fora e eu pensei que tivesse ido embora também. Você me vê como um monstro, mas o monstro é você que me atormenta e não deixa que eu consiga viver em paz.

Tentei me levantar mas ele me empurrou com força e eu cai novamente na cadeira.

-Para com isso - tentei tirar sua mão do meu rosto - Não quero que toque em mim!

Seus dedos tocaram meu queixo, ele levantou minha cabeça me obrigando a olhar para ele.

-Me chama de pai - Sorriu - me chama de pai Beatriz, vamos, me chame de pai.

Fiquei quieta, eu não conseguia acreditar nisso, até que ponto a sua loucura pode chegar?

-Por que você não me chama de pai? - Perguntou baixo - Eu cuidei de você quando a sua mãe foi embora, eu cuidei sozinho. Eu sou o seu pai, por que não me chama de pai?

Sentia meu estômago dar voltas demoradas, o cheiro do álcool misturado com cigarro, isso estava me dando enjoo, assim como tudo o que saia da boca dele.

Sua mão apertou meu maxilar com força me causando um pouco de dor.

-Eu não quero te machucar meu amor, eu nunca quis machucar você - Sorriu - Você é minha menininha, eu só quero que você me chame de pai, não é tão difícil, é só dizer "Papai". Vamos, diga.

Ele apertou meu maxilar com um pouco mais de força, seu olhar doce me dava mais medo do que o olhar de raiva, de ódio.

-Você não é meu pai, eu não te amo, eu não sinto amor, não sinto afeto, carinho. Eu não sinto nada além de nojo e raiva - Ele me encarava sem esboçar reação alguma - Eu não sou como ela, eu nunca fui e nunca vou ser. Mas eu compartilho o mesmo desejo que ela, desejo de ir embora e te deixar, para nunca mais ter que olhar na sua cara porque eu só sinto raiva quando te olho.

-Me chama de pai - afrouxou o aperto.

-Você é um completo doente, como pode fazer isso? Você é louco, precisa de um psiquiatra o mais rápido possível. Eu não vou continuar aqui, nem que eu tenha que dormir na rua e passar fome, mas eu não vou mais viver embaixo do mesmo teto que você.

É isso, mesmo que eu não tenha um real na porra do meu bolso, eu não vou continuar nessa casa. Eu não vou e não quero ficar aqui.

Sua mão desceu para o meu pescoço onde ele apertou com força fazendo eu tossir descontroladamente. Ele me levantou ainda apertando meu pescoço com força, bati na suas mãos com toda a força que tinha, mas ele não me soltou, isso só fez com que ele apertasse ainda mais.

-Você não vai embora, nunca - disse entre dentes - Você nunca vai sair do meu lado. Cansei de me fazer de bom pai Beatriz, agora você vai conhecer o verdadeiro Armando, ele sim vai te dar motivos para chorar.

Ele me soltou e eu cai com tudo no chão, levei minhas mãos até o meu pescoço e tentei controlar a minha respiração.

Antes que eu conseguisse me levantar, ele se abaixou na minha direção e fechou a mão nos meus cabelos. Eu me debatia tentando me soltar do seu aperto, enquanto ele me arrastava pela casa indo em direção ao meu quarto.

-Para, por favor para - Implorei - Você está me machucando, para com isso, por favor.

Ele abriu a minha porta com força e praticamente me jogou dentro do quarto, sua mão alcançou meu braço e ele me obrigou a me sentar na cama.

Engoli em seco vendo ele enrolar um fio de telefone na sua mão, me encolhi na cama enquanto ele caminhava a passos lentos na minha direção.

Ele se ajoelhou na minha frente sorrindo e tocou meu rosto.

-Não chore meu amor, você sabe que isso é para o seu bem. É necessário para que você aprenda que tem que me respeitar, e entenda que eu te amo.

Continue Reading

You'll Also Like

948 74 16
Essa história se passa na escola de New time, Vários alunos de diferentes turnos. Ella sempre foi uma nerd, porém existia o Pierre que acabava com a...
4.2M 306K 71
+18 | Felipe foi um agente da polícia federal, após o acontecimento envolvendo o sobrenome do pai e inúmeras tentativas de assassinato contra a vida...
1.3M 159K 44
Julieta Fields é a garota mais certinha que Los Angeles conhece. Ela nunca se atrasou, nunca quebrou regras e nunca saiu da sua zona de conforto, ao...