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By autoramillyferreira

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Não é permitido se apaixonar. Apenas é permitido sentir prazer. Jade West fugiu do convento. A fim de começa... More

Notas da autora
Epígrafe
um
dois
três
quatro
cinco
seis
sete
oito
nove
dez
onze
doze
treze
catorze
quinze
dezesseis
dezessete
dezoito
dezenove
vinte
vinte e um
vinte e dois
vinte e três
vinte e quatro
vinte e cinco
vinte e seis
vinte e sete
vinte e nove
trinta
trinta e um
trinta e dois
trinta e três
trinta e quatro
trinta e cinco
trinta e seis
trinta e sete
trinta e oito
trinta e nove
quarenta
Epílogo
Epílogo 2
Bônus
Notas da autora
Livro novo

vinte e oito

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By autoramillyferreira

Ai, meu Deus. 

Sabe aquele momento em que tudo está ensolarado e caloroso, e de repente o tempo se fecha, em um piscar de olhos, e uma tempestade desaba sobre sua cabeça, tornando tudo ao seu redor cinza? Porque é exatamente como eu me sinto agora: como se um dilúvio tivesse acabado de desabar na minha cabeça. 

O que… o que ela está fazendo aqui? 

Essa pergunta martela na minha cabeça enquanto dou um pulo da cama. É muita sorte estar vestida, pois seria muito embaraçoso se ela tivesse chegado justamente quando eu e Ryan… ai, meu Deus. 

— Mãe, o que…? — Lanço um olhar hesitante para Ryan, mas ele permanece sentado na cama, com um olhar indiferente e a maior cara de sono, como se essa situação constrangedora não o abalasse. 

— O que está acontecendo aqui, Jade? — Ela continua gritando. — Quem é esse homem na sua cama?

Abro a boca, mas não consigo encontrar minha própria voz.

— Ryan Blossom, prazer — ele responde a pergunta da minha mãe com um tom debochado. Esse comportamento parece desencadear uma onda de fúria nela. 

— Quem você pensa que é para agir de forma tão petulante comigo, rapaz? 

— Mãe… — tento. 

— Petulante? — ele ri nasalado. — Desculpa, mas foi a senhora que chegou gritando aqui. Aliás, é falta de educação entrar no quarto de uma pessoa sem antes bater. 

Ai, não. 

O rosto da minha mãe fica vermelho feito brasa. 

— Ryan, por favor — tento apaziguar a situação, implorando para que ele reconheça a súplica no meu olhar de não continuar com essa picuinha. 

— Esse é o quarto da minha filha! — ela retruca. — Tenho o direito de aparecer aqui quando eu quiser.

— Sua filha merece respeito — diz secamente. 

Meus olhos se enchem de lágrimas. Mesmo diante de toda essa situação, ele ainda me defende, e não posso esboçar em palavras o quanto estou agradecida. 

— Olha aqui, seu moleque…! 

— Ei, ei, ei — Justin intervém em um tom elevado. — Já chega, tá legal? Vocês estão na minha casa, e enquanto estiverem aqui, ninguém vai insultar ninguém. 

Fico quieta, porque realmente não sei o que fazer. Estou sentindo a humilhação queimar na minha garganta, e não tenho coragem de olhar para Ryan. 

— Eu vim falar com a minha filha — prontifica-se. — Em particular — e lança um olhar cortante para Ryan. 

Em resposta, ele olha para mim, e não tenho mais como fugir. 

— Você quer que eu vá embora? — pergunta ele, mudando o tom de ríspido para completamente doce. Meu coração se derrete um pouco mais. 

Seguro as lágrimas. Não quero que ele vá, mas também não quero que fique aqui e veja a minha mãe criar tempestade em copo d'água. Ele parece ver a apreensão e o medo nos meus olhos, pois apenas acena sutilmente com a cabeça antes de se levantar. 

Mamãe parece escandalizada ao vê-lo só de cueca, e solta uma exclamação de reprovação antes de virar a cabeça para o outro lado. Ryan abre um sorriso sarcástico e começa a vestir a calça, totalmente à vontade. Depois ele faz o mesmo com a camisa e, por último, joga a jaqueta sobre o ombro. Seus sapatos são o toque final. 

Fico amuada em um canto, quieta, sentindo-me completamente desamparada. Ainda assim, Ryan vem até mim. Ele me olha com singela preocupação, e penso que vai me beijar na boca quando toca o meu rosto, mas seus lábios tocam a minha têmpora. O gesto de carinho diz tudo: ele vai estar aqui para mim, não importa o que aconteça. 

— Ligue se precisar de alguma coisa — murmura contra minha têmpora antes de se afastar. 

Ele me lança um último olhar antes de ir embora. Quando passa pela minha mãe, não perde tempo e deixa para trás uma provocação. 

— Foi um grande prazer te conhecer, Sra. West — sorri cinicamente. 

— Eu te acompanho até a porta, cara — meu irmão se prontifica, visivelmente desesperado para fugir da situação. 

Os passos deles se distanciam pelo corredor. Posso ouvir vozes abafadas, mas não sei sobre o que eles estão falando. Um silêncio perturbador recai sobre o quarto, e vejo no rosto da minha mãe o quanto ela está furiosa e decepcionada. Para alguém que sempre serviu a Igreja e incitou a sua própria filha a seguir pelo mesmo caminho, pegá-la na cama com um homem não deve ser nada fácil. Mas o que ela esperava? Eu nunca escolhi essa vida de puritana. 

— O que a senhora está fazendo aqui? — ouso perguntar. 

Mamãe me lança um olhar duro. 

— Você praticamente fugiu de casa — rosna. — Faz dois meses que não a vejo, que não falo com você. O que esperava que eu fizesse? Ficasse em casa com os braços cruzados sem notícias suas? 

— A senhora sabia muito bem que eu estava aqui — acuso. — Não havia necessidade de aparecer desse jeito. 

— Por que não? — abre um sorriso cruel. — Para que eu não soubesse que deixou de servir a Deus para se comportar como uma vagabunda qualquer? 

Suas palavras são como um tapa na minha face. Luto contra as lágrimas, mas elas continuam embaçando os meus olhos. 

— A senhora não tem o direito de dizer isso — rebato. 

— Ah, não? — devolve rispidamente. — Então o que foi isso que eu acabei de ver? Onde você estava com a cabeça, menina?!

— Eu só estou vivendo minha vida — digo amarguradamente. 

— Você acha que isso é viver? Você nasceu para servir a Deus! Acha que Ele está satisfeito em ver que você se desviou do caminho que Ele escreveu para você por causa de sentimentos mundanos?!

— O caminho que Ele escreveu ou a senhora? — retruco, cheia de mágoa. — Porque Deus nunca me disse nada. Sempre foi a senhora. 

Ela parece profundamente ofendida. 

— Você não está com a cabeça no lugar! — Então faz uma pausa, como se estivesse se dando conta de um fato muito importante. — Jade… você ainda é virgem… não é? 

É como se eu tivesse levado um soco no estômago. Não quero ter essa conversa com ela. Queria poder desviar de alguma forma desse assunto, mas sou uma péssima mentirosa, e ela sabe disso. Não preciso dizer nada para que tire suas próprias conclusões. 

— Deus do céu! — Ela parece horrorizada. — O que você fez com a sua vida, garota? 

Fico quieta. Ela continua me atacando:

— O que aconteceu, Jade? Você sempre quis ir à Igreja, sempre adorou participar da catequese, de aprender a palavra do Senhor!

— Não, foi tudo você! — cuspo as palavras. — A senhora nunca me perguntou o que eu queria de verdade. Nunca me deixou tomar as rédeas da minha própria vida. Sim, eu gostava de ir à Igreja e adoro a Deus, mas eu não queria me tornar freira, não queria ficar confinada naquela cidade pequena com pessoas de mentes tão manipuláveis. 

— Você não está pensando com clareza! — Seus olhos se acendem de raiva. — Você veio para cá e de repente não te reconheço mais. Não reconheço a minha própria filha!

— Talvez você nunca tenha me conhecido, de fato — digo baixinho. 

— Foi aquele rapaz, não foi? — sua explosão se volta para Ryan. — Ele te levou para o mal caminho! 

— O quê? Não! 

— Você caiu na tentação daquele rapaz! Que tipo de homem ele é?! Você já viu aqueles braços cheios de tatuagens?! Parece um marginal!

A minha raiva borbulha para a superfície. 

— A senhora não tem o direito de julgar uma pessoa só por causa da aparência dela — grito, fora de mim. — Ryan é uma boa pessoa! 

— Ah, é? — Seu sarcasmo enche o meu peito de angústia. — O que ele é, então? Seu namorado? Ele ama você? Está disposto a te assumir? 

Abro a boca, crendo que há uma resposta na ponta da língua, mas na verdade não tem nada. Engulo saliva, sentindo uma sensação de profunda tristeza se apoderar de mim. Ela vê a minha expressão de sofrimento e se vangloria por isso. 

— Foi o que imaginei — diz ela. — Esse rapaz só está te usando, Jade. Homens como ele só usam as mulheres como um objeto; se divertem e depois que se cansam, jogam fora. 

Ele não é assim! Você não sabe o que está falando! 

— Você vai voltar para casa comigo — determina. 

— Não vou a lugar nenhum com a senhora — eu retruco. — O meu lugar é aqui, e aqui eu vou ficar. 

— Você vai voltar comigo — insiste, irredutível. — Com sorte, as Irmãs vão te aceitar de volta. E por um milagre Deus vai lhe perdoar pelos seus pecados. 

Eu não quero sentir raiva da minha própria mãe, mas esse sentimento me inunda involuntariamente. Lágrimas quentes escorrem pelo meu rosto, e nesse momento eu só quero gritar, me espernear, e agir como uma criança birrenta. 

— O que está acontecendo aqui? — Justin ressurge, completamente sério. 

— Você sabia disso, não sabia? — Mamãe se volta para seu filho mais velho. — Sabia que sua irmã estava se comportando como uma ninfeta e não me disse nada!

Sinto outra pontada no peito, mas dessa vez é mais forte. É isso que ela pensa de mim? 

Justin endurece o semblante. 

— Tome cuidado com suas palavras, mamãe. Você não tem o direito de feri-la desse jeito, muito menos determinar o que ela deve ou não fazer com o próprio corpo. 

— Então você está de acordo com isso? — Ela parece desacreditada. 

— Sou a favor da liberdade. Agora, por favor, vamos acalmar os ânimos — acrescenta. — A senhora veio de muito longe e deve estar cansada. Ninguém vai ganhar nada com essa conversa de cabeça quente. 

Mantenho o meu olhar baixo. Não tenho condições emocionais para continuar essa conversa, e estou completamente agradecida pelo meu irmão ter vindo ao meu socorro. 

— Eu não vou embora — diz a minha mãe. 

— Ninguém está te expulsando — retruca Justin. — Vem, eu vou acomodar a senhora. A senhora precisa se acalmar e a Jade também. Por favor. 

Viro o rosto para o outro lado. Sou orgulhosa demais para deixar mais lágrimas caírem, então espero até o momento em que os seus passos se distanciam e o clique da porta indica que estou sozinha. 

Meu rosto se contorce. Não consigo mais aguentar e me desmancho em lágrimas. Felizmente, consigo chegar até a cama antes de desabar, e ali eu me entrego em um choro silencioso, mas agonizante. 

Várias questões martelam na minha cabeça, e cada uma delas me machucam em um nível de dor diferente. E apesar de toda mágoa que guardo no peito pelo que ela acabou de dizer, o que mais me machuca é a menção à Ryan. Homens como ele só usam as mulheres como um objeto; se divertem e depois que se cansam, jogam fora. Essas foram as palavras dela. Mas não quero pensar algo do tipo sobre ele, não depois de tudo o que compartilhamos. Mas ainda assim… sinto uma coceirinha lá no fundo que incomoda. 

Mesmo que Ryan esteja me usando, não há nenhum mal nisso, porque teoricamente, também estou o usando. Não é para isso que servem os relacionamentos casuais? 

Mas a quem eu estou querendo enganar? Eu gosto dele. Gosto tanto que dói pensar que só estou sendo uma espécie de objeto sexual para seu prazer. Tem algo na forma que ele me olha, e eu posso sentir algum sentimento, por menor que seja, emanando dele sempre que me toca ou me beija. Eu não posso estar imaginando coisas… posso?

Tento afastar esses pensamentos, mas simplesmente não consigo. Eu estava vivendo até esse momento em uma bolha de sentimentos, onde eu mantinha todo o mal, todos os meus problemas do lado de fora. Mas acontece que, cedo ou tarde, o passado cobra o seu preço, e no meu caso foi cedo demais… agora não há para onde fugir. 

Eu vou provar para a minha mãe que ela está errada sobre Ryan. Meu único medo é que, com isso, eu acabe fazendo exatamente o contrário, e acabe provando para mim mesma que a errada da história sou eu. 

✶⊶⊷⊶⊷❍⊶⊷⊶⊷✶

CAPÍTULO EXTRA PARA COMEMORAR O MARCO DE 20K NO LIVRO! 💜💜💜
Gente, eu nem acredito que o desempenho do livro tenha chegado tão longe em tão pouco tempo. Preciso muito agradecer a cada uma de vocês que votam, que interagem, que compartilham... parte dessa vitória é de cada uma de vocês. 😍
Obrigada por tudo!
Vamos crescer mais ainda, tenho fé. 🥰

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