Ampulheta Quebrada

Door piwrre10

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Tentando salvar Sirius Black de um destino terrível, Hermione envolveu Harry com seu vira-tempo. Porém, ao in... Meer

Prólogo - (Remastered)
Família
Por Entre Chamas
Enxurrada Solta
Visitantes do Leste
Aceitação
Labirinto de Emoções
Entre a Varinha e um Olhar
Quebra-Cabeça
Cavalo de Troia
Ao Olho do Furacão
Correndo para o desconhecido
Quem eu sou? - Parte I
Quem eu sou? - Parte II

A Floresta Proibida

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Door piwrre10


* Boa tarde! Mais um capítulo pra vocês.
Espero que estejam gostando da história :)
Boa leitura! *


Harry desceu para a sala comunal. A escuridão não lhe deixava ver muita coisa enquanto descia a escada, mas, enquanto se aproximava, a luz da lareira começava a iluminar seus passos.

Ele estava, entre muitos outros sentimentos, nervoso. Aquele não seria um trabalho fácil de se fazer. Como ele queria de volta sua capa da Invisibilidade. Se ao menos tivesse alguma pista sobre ela...

Chegou ao fim da escada do dormitório masculino. A lareira crepitava ao fundo da sala vazia. Ele olhou ao redor, realmente não via ninguém.

- Hermione? – Harry sussurrou ao vento, na esperança de que ela respondesse.

Nada, por enquanto; ele começava a se sentir apreensivo já no começo da noite.

Checou seu relógio de ponteiros, faltavam ainda dois minutos para o horário combinado. Ele tinha saído um pouco cedo demais. Aproveitou e sentou no sofá, de modo a não fazer nenhum barulho.

Era sábado; eles tinham acabado de enfrentar a primeira semana na escola. Tinha sido pegado entrar no ritmo de todas as classes N.I.E.M, Harry não podia negar, mas ele tinha certeza que ficaria ainda pior dali para frente. O que ele mais queria no momento era abandonar tudo aquilo e focar no que realmente importa, entretanto, infelizmente, não era assim que funcionava. Tinha de seguir em frente.

Durante a semana, eles haviam planejado aquilo: iriam a Floresta Proibida no primeiro fim de semana, ou seja, hoje. Agora. O momento que Harry tanto esperou durante um mês havia chegado e ele estava inseguro.

O mapa do maroto estava em sua mão esquerda, sua varinha na direita e ele se perguntava se era o suficiente.

- Eu juro solenemente não fazer nada de bom – Harry cochichou, encostando a ponta da varinha no pergaminho.

O mapa se mostrou, como sempre fazia. Harry o abriu, examinando Hogwarts.

Eles tinham de evitar Filch, o zelador, dentro da escola, essa era a parte principal do plano. Sem a capa da invisibilidade, não poderiam sonhar em ser surpreendidos por ele. Pegariam os caminhos mais curtos e chegaria até a zona externa da escola. Até aí, ok.

Logo em seguida, precisariam contornar o melhor caminho para a floresta proibida. Harry conseguia avistar através do mapa, Troy, o guardião. Sua casa ficava posicionada da mesma maneira que a de Hagrid, na orla da floresta. Teriam que passar cautelosamente por lá e assim estariam na floresta proibida. O problema era que: o mapa pararia de ser útil exatamente lá, dentro da floresta. Estariam desguarnecidos, podendo enfrentar qualquer coisa. Harry se lembrava com calafrios do encontro com os centauros no primeiro ano ou então de Aragogue, no segundo. Dava para esperar literalmente qualquer coisa daquele lugar. Qualquer coisa ruim. A falta da capa de invisibilidade era crucial.

- Harry. – era Hermione, sussurrando.

Harry levantou o olhar, imediatamente. Ela estava parada na descida do dormitório feminino; também não parecia bem, Harry pode perceber. A pouca luz que iluminava seu rosto revelava um olhar vacilante.

O que ele iria fazer? Não estava sentindo firmeza naquilo, mas não podia dar para trás. O principal de tudo: não poderia amedrontar Hermione mais. Ela, que já tinha lhe consolado e apoiado tantas vezes. Harry tinha que respirar fundo e fazer esse papel por ela, mesmo que medo e duvida lhe consumissem.

- Preparada pra isso? – Harry falou, tentando colocar firmeza na voz. Ele se levantou.

Hermione balançou a cabeça lentamente, sem muita convicção.

- Já fizemos coisas piores que isso – Harry tentou incentivar, se aproximando o máximo dela. – Só precisamos ter... cuidado.

- Que vamos chegar na Floresta eu não duvido. – Hermione disse. – Não sei o que esperar exatamente de lá, em si.

- Só precisamos de cuidado lá. – Harry insistiu. – Se formos cautelosos, sem centauros, sem aranhas, ou sem qualquer outra criatura...

- Muita cautela. – enfatizou Hermione.

- Ei. – Harry segurou o ombro dela, fixando o contato olho a olho. – Nós estamos juntos, não seremos pegos.

Hermione tentou sustentar o olhar, mas desviou, por alguma razão. Harry retirou a mão do ombro dela, um pouco envergonhado de ser tão sentimental assim.

- Certo, Harry. – Hermione disse, olhando para os próprios pés. – Temos que fazer isso, então vamos lá.

- Vamos – Harry concordou, tentando não olhar muito para ela.

Como esperado, eles conseguiram contornar o castelo. Filch estava se movendo em alguns corredores, provavelmente na esperança de pegar algum aluno desprevenido. Com curiosidade, Harry percebeu que haviam mais alunos fora de seus dormitórios e entre eles, o mais novo Griffinório, Ethan Ehrenberg. O que ele estava fazendo na torre de Astronomia? Filch estava alguns corredores dali, ele acabaria sendo pego. Harry apontou o mapa para Hermione, que franziu o cenho.

- Porquê ele está ali? – ela sussurrou, enquanto eles dobravam um corredor a esquerda, para passar longe da sala de Severo Snape.

Harry deu de ombros.

- Não sei, mas Filch vai pegá-lo logo – ele pontuou. – Esse garoto não me cheira boa coisa.

- Você falou que ele passa uma sensação esquisita – Hermione lembrou.

- É, definitivamente. Me dá calafrios, por alguma razão. Por aqui.

Harry retomou o foco no caminho para a floresta, Ethan era um assunto para depois.

Eles alcançaram as dependências de fora do castelo através dos jardins. A lua era nova, o que dificultava se locomover sem a ajuda da luz varinha. Eles iam com toda cautela; a noite era fria, principalmente quando começaram a se afastar do castelo. Não era inverno, mas não era uma temperatura legal. Harry sentia que devia ter trago um casaco a mais.

Depois de alguns minutos de caminhada lenta e cuidadosa, eles alcançaram a orla da floresta proibida. Com toda cautela do mundo, tentaram adentrar a floresta. As luzes da cabana de Troy estavam acesas, Harry conseguia ver seu nome marcado no mapinha. Não podiam chamar a atenção dele, porquê com certeza ele estava acordado.

- Nox – Harry apagou a ponta da varinha, Hermione vez o mesmo.

Haviam chegado o mais próximo da Floresta Proibida. O mapa apenas marcava as árvores; ele seria inútil ali, então, Harry murmurou "Malfeito feito" e o guardou no bolso.

Ele fez sinal para Hermione e eles adentraram a floresta proibida.

O ambiente parecia mais sinistro do que nas memórias de Harry. Quando eles deixaram para trás a iluminação que emanava da cabana de Troy, foi ainda pior.

- Lumus – ele reacendeu a luz da varinha, Hermione não lhe acompanhou.

- Melhor chamarmos menos atenção – ela sussurrou em seu ouvido, Harry concordou, sem dizer nada.

Ele engoliu em seco e recomeçaram a caminhar.

Era difícil perceber para onde estavam indo. Com a iluminação baixa, tudo ficava mais difícil; todos os lugares pareciam o mesmo. Harry não conseguia diferenciar um só lugar daquela floresta.

Uma missão suicida. Era isso que estavam fazendo. Ele tentava, incessantemente, se lembrar com detalhes do exato local de seu sonho. Não era ali, por enquanto. Ele podia jurar que a estética das árvores era a mesma, o chão também parecia, mas ele não estava no local ainda.

Olhava por toda sua visão periférica, eles estavam andando realmente devagar. Aquilo tudo havia queimado; se era real, ele deveria ver rastros de fogo, mesmo que extinto há tempos.

Crack.

Um barulho de galho ecoou, ali perto. Hermione gemeu, abafada. Ela se aproximou o mais próximo de Harry, eles estavam quase grudados.

Ele pediu silêncio para ela e, com um gesto, pediu para que se afastassem. Ela agarrou firmemente ao braço direito direto dele. Harry mudou a varinha para esquerda e prosseguiu, muito lentamente e com o foco aguçado.

Os barulhos pareciam ter se intensificados num geral. Harry brecava toda hora que escutava o mínimo deles. Ao fundo, jurou ter escutado galopes, depois, uivos. O ar parecia gelado ao redor, mesmo que ele suasse. Tentava controlar sua respiração ofegante, mas era difícil. Não conseguia mais focar em seu destino; não sabia para onde seus passos levavam, apenas não queria ser pego por... o que quer que fosse.

Ele não podia tremer, não podia. Hermione estava junta dele, ele não podia passar essa imagem. Precisava enfrentar aquela floresta e o quer que aparecesse ali. Por ela.

A escuridão tomava cada vez mais conta. A luz da varinha já não dava conta de iluminar centímetros à frente. Harry escutou folhas se mexendo à sua direita. Algo definitivamente estava próximo. Segurou firmemente a varinha, estaria pronto.

Ele escutou o barulho se intensificando da direita, era agora, precisava se virar e encarar. Girou nos calcanhares firmemente, com a varinha empunhada, pronta para disparar.

- AH! O QUE É ISSO? - Troy Zempra disparou, ecoando por toda floresta. – Quer piorar mais ainda sua situação, garoto?!

Harry abaixou a varinha. Hermione se afastou dele, desesperado.

- Vai gritar assim na flores...

- Silêncio, garota. – ralhou Zempra. – Não sou quem ganha os sermões aqui. Vocês vêm comigo. Não quero nem saber o que estavam pretendendo aqui...

O coração de Harry estava disparado. Eles haviam sido pegos e definitivamente não era de se esperar punições brandas...

Quando Troy os forçou a voltar em direção a escola, Harry percebeu que eles haviam andado poucos metros floresta adentro. Que patético; não tinham feito nada e ainda haviam sido descobertos.

- Vi vocês vindo da escola para cá – Troy comentou, quando eles passaram pela cabana. – Já estava indo dormir, mas não iria deixar essa passar, não é? Acompanhei vocês. Vocês estavam se borrando. O que vieram fazer aqui? Não, esquece, já disse que não quero saber... que se expliquem para a Profa. McGonagall.

***

- Eu deixo esses garotos com você então, professora – Troy disse, raspando a garganta de maneira nojento.

- Pode deixar sim, Troy. – Minerva disse. Ela ainda estava de roupão. O olhar dela era tão mortal quanto Harry já tinha visto em qualquer lugar. – Agradeço por ter me acordado. Esse é um caso seríssimo.

Troy fez um aceno com seu chapéu enorme e horroroso e saiu. Harry jurou que ele ainda fez um sorrisinho irônico antes de deixar a sala de Minerva. Ele definitivamente não gostava muito do guardião agora.

Depois da porta ser fechada, um longo silêncio perdurou na sala da diretora da Griffinória. Harry engolia em seco. Ela analisava os dois com um desprezou que doía no momento.

- Se sentem. – ela disse, repentinamente, aponta para sua mesa, ao centro da sala.

Harry e Hermione se sentaram nas duas cadeiras presentes na frente da mesa; Minerva deu a volta e se sentou na outra. Ela continuou encarando os dois. Harry não soube se falaria ou não...

- Professora, a culpa é...

- Silêncio por agora, Srta. Granger. – Minerva rapidamente cortou-a. Hermione abaixou a cabeça, ela estava nervosa. Harry também estava; nunca tinha visto a professora daquele jeito, e ela já era severa naturalmente. Tinha medo do que sairia dali. – Primeiro de tudo, antes que tentem justificar o injustificável, eu quero falar que isso já aconteceu uma vez. Quando vocês sumiram, no terceiro ano, foi isso que vocês alegaram. Deixamos passar, daquela vez, apesar de considerar um absurdo, pela perda que você tinha sofrido recentemente, Sr. Potter. Mas, dessa vez, em uma reincidência, três anos depois, acho justo falar que isso não terá mais peso.

Harry engoliu em seco, estava encurralado. Que ideia tinha sido aquela também? Aquele "plano" nasceu fadado ao fracasso. Eles não conseguiram nada e Harry sentia que sua estadia na escola estava por um fio.

- Você vai nos expulsar. – Harry afirmou, sem olhar nem para a professora e nem para Hermione, apenas para os próprios pés.

- Não terminei de falar, Sr. Potter. – Minerva ralhou, a voz agressiva. – Vocês dois, levantem essas cabeças e olhem para mim.

Harry levantou o olhar; Minerva ainda encarava de maneira ameaçadora. Não tinha como escapar daquilo...

- Agora, dito isso. O que você queria dizer, Srta. Granger? – ela disse, inclinando a cabeça para Hermione.

O que ela iria dizer? Harry pensou, desesperado. Não havia nenhuma justificativa que fizesse eles se safarem de uma punição pesada. Ela teria que mentir um motivo, porquê não poderiam a falar a verdade verdadeira. Ele engoliu em seco, enquanto observava Hermione de canto, apressivo; aqueles segundos, em que ela estava pensando, pareceram horas.

- A culpa é minha, eu arrastei Harry até lá. – ela começou falando, sua voz baixa e envergonhada. Minerva continuou olhando, sem falar nada; seu olhar dizia: prossiga. – Eu queria ver um unicórnio.

Harry prendeu a respiração, Minerva bufou.

- O que você é Granger, uma garota de cinco anos?! – a professa perguntou, bastante irritada. – Por favor, você fez realmente isso? Você?

- Me desculpe professora, estou muito interessada nisso ultimamente. – Hermione prosseguiu. Ela estava branca como uma folha, mais mantinha a firmeza. – Você pode ver pela minha grade de aulas. Também ando lendo muito Newt Scarmander, quero ser Magizoologista e sabe, queria ver como funcionavam as coisas na floresta proibida, principalmente com os unicórnios. Vi muita coisa legal por lá três anos atrás e queria voltar...

- Legal, Srta. Granger? – Minerva perguntou, alarmada, ajeitando o óculos. – Não seria nada legal topar com a colônia de Centauros. Vocês deram sorte, mais uma vez.

- É, eu sei que foi irresponsável da minha parte...

- Muito irresponsável. – enfatizou a professora, que aparentava estar incrédula. – Eu jamais esperaria uma atitude dessas de você, Granger. Não há justificativa, a floresta é um lugar proibido e extremamente perigoso.

- Sim, eu sei. – Hermione concordou, abaixando a cabeça.

- Você, Potter. Não tem nada nessa cabeça? – Minerva se virou para ele; Harry quase saltou da cadeira. – Não viu que era um absurdo? Ou você apenas achou que seria legal?

- Me desculpe...

- Não adianta os dois pedirem desculpas agora – cortou a professora. – Se acontecesse algo com algum de vocês, ou com os dois, a culpa iria recair em quem? Nós, professores... – Minerva respirou profundamente. – Vocês tem que pensar mais nisso antes de agir dessa maneira. Vocês têm o quê... 17 e 16 anos? Pois é... hora de pensar em consequências e ter mais responsabilidades?

Harry concordou com a cabeça; não estava suportando todo aquele discurso mais.

- Eu não irei chamar o diretor Mirno para vocês. – Minerva anunciou. – Vocês são minha casa, minha responsabilidade.

Ela fez mais uma pausa dramática, Harry estava odiando aquilo.

- Também não irei expulsá-los, embora a pena por entrar na floresta Proibida seja essa. – ela continuou. Harry sentiu o peso em seu peito aliviar um pouco, mas não quis deixar transparecer. – Mas não vai ser branda a punição. Vocês tem que aprender de vez.

Minerva olhou de Harry para Hermione, ainda com a expressão extremamente rígida.

- Quero que vocês cumpra detenções até o fim do ano, toda semana. – ela disse, após algum tempo. Obviamente não iria ficar barato. – E quero que tomem tempo para algumas atividades extraclasse, também. Quem sabe com menos livre aprendam a ser mais responsáveis.

- Atividades extraclasse? – repetiu Harry, surpreso.

- Sim, Potter. Extraclasse. – Minerva respondeu, incomodada. – Coral, clube de xadrez, clube de leitura, quadribol...

- Não... você não está fazendo isso para que eu volte para o quadribol, não é? – Harry perguntou, nervoso.

- Eu? Não dou a mínima da atividade que quer escolher, Potter. – Minerva pareceu ofendida pelo afronte. – Apenas quero que cumpra-as, junto com as detenções semanais.

Pela reação dela, era isso que ela estava querendo. Pensou Harry.

- Se isso reincidir mais uma vez, não terei escolha. – alertou Minerva. – Escutaram bem? Espero que tenha ficado claro. Vocês vão vir na minha sala segunda pegar as detenções da semana todas as semanas. Irei escrever aos seus responsáveis, apenas para alertar.

Mais um silêncio constrangedor tomou conta da sala. Harry ainda estava meio indignado em seu interior.

- Me admira terem conseguido chegar até a floresta. – Minerva disse, repentinamente. – Pareceu com uma das coisas que seu pai faria, Harry. Espero que não resolva se tornar ele logo agora, no sexto ano.

Harry balançou a cabeça, sem dizer nada. Agradeceu internamente pelo mapa do maroto estar em seu bolso quando Troy os pegou. Se estivesse com ele avista, teria o perdido.

- Peço perdão mais uma vez, Professora. – disse Hermione, se levantando e abaixando a cabeça para Minerva, em sinal de respeito. Ela cutucou Harry, para que ele fizesse o mesmo.

- D-desculpe, Professora. – Harry disse, abaixando a cabeça, embora um pouco contrariado. Antes que mais qualquer coisa pudesse ser dita, Hermione o arrastou rapidamente da sala da diretora.

- O que foi isso? – Harry perguntou, quando já estavam no corredor. Ele se soltou de Hermione.

- Não vê que já estamos com sorte? – Hermione disse, ofegante. – Não precisa confrontar a diretora daquele jeito.

- Eu não disse nada demais! – exclamou Harry. – Apenas me pareceu que ela tinha segundas intenções com o quadribol, sabe...

- É só não fazer o quadribol, Harry! – Hermione disse, sem paciência. – Porquê você pegou aversão à isso?

Harry se calou; ele não sabia responder bem aquela pergunta.

- Demos muita sorte. – repetiu Hermione, encabulada. – Era óbvio que daria errado, droga!

- Não sei como ele nos viu. Pensei que tínhamos sido discretos o suficiente.

- Não tinha como dar certo. – Hermione disse, mais uma vez, lamentando.

- Pelo menos ainda estamos na escola. – Harry disse. – Não sei até onde é uma vantage, mas estamos.

Hermione não respondeu nada.

- Aquela história foi perfeita. – Harry ressaltou. – Eu realmente não sei como você pensou naquilo tão rápido. Digo, óbvio que a Minerva foi branda, mas você ajudou falando aquilo.

- Retribuição por três anos atrás. – lembrou Hermione. – Eu precisava falar algo dessa vez.

Harry sorriu; imaginou que Hermione não conseguia ver, com a iluminação baixo.

- Acho melhor falarmos um pouco mais baixo. – Harry sugeriu. – Filch ainda pode nos pegar.

- Está tarde. Não é possível que ele ainda esteja por aí.

- Ainda é o mesmo Filch, com certeza.

Hermione deu uma risada abafada.

Eles caminharam por algum tempo no silêncio, se aproximando da torre da Griffinória.

Harry não podia mentir, ele estava frustrado. Apostou toda suas fichas em uma investida na floresta proibida e foi patético. Não avançaram 500 metros adentro e ainda haviam ganhado inúmeras detenções de presente. Ele tinha poucas pistas, mas não conseguia coloca-las em prática; era muito frustrante. Sentia-se preso àquele mundo para sempre, sem saída. Também mal podia imaginar o que Hermione estava sentindo no momento. Eles estavam sem rumo, para onde iriam agora?

Ele respirou fundo, ela estava cabisbaixa. Talvez não fosse o momento para discutir isso agora. Eles tinham que digerir aquele dia primeiro, antes que tomassem qualquer conclusão precipitada. Se empolgaram demais e foram displicentes, não dava para ser assim. Ele se sentia desesperado, mas não podia ser desesperado.

- Você realmente quer ser Magizoologista? – Harry perguntou, depois de algum tempo. Queria tratar de assunto mais leve.

Hermione riu.

- Eu não sei... – ela disse, com a voz hesitante. – Falei da boca pra fora ali, mas minha grade de curso aqui é pra isso. Sabe, gosto dos animais, gostaria de estudar melhor eles e quem sabe... lutar pelos direitos de todos eles.

- Eu lembro como você ficava com Dobby. – Harry relembrou, com nostalgia.

- É. – Hermione concordou, a voz dela parecia melhor, quase que... sonhadora. – Tenho algumas ideias para os elfos há algum tempo, mas... – ela fez uma pausa, o ar pareceu ficar pesado. -... parei de pensar nisso desde que chegamos aqui.

As palavras acertaram Harry como um soco; ele foi afetado pela tristeza. Eles tinham parado no tempo, tinham ignorado suas vontades, seus sonhos, tudo por conta daquele lugar... era realmente a coisa certa a se fazer? Deviam continuar se fechando assim? E se, no fim, não conseguissem sair dali? Harry percebeu que eles nunca tinham trabalhado com a hipótese de não conseguirem. Ainda precisavam ter uma vida, certo?

- Harry? – Hermione percebeu que Harry havia parado. – O que foi? Estamos chegando.

- A razão pela qual eu não jogo quadribol...

- Você não precisa falar sobre isso se não quiser – Hermione interrompeu. Eu não queria falar com você daquela forma...

- Eu sei que não queria. – garantiu Harry. – Mas eu quero falar sobre isso agora, porquê também é algo que eu nunca refleti muito bem.

Hermione também parou de andar, ela se virou para Harry. Seus olhos estavam focados no Potter. Sob a iluminação baixa dos archotes da parede e o silêncio da noite, Harry sentia um clima melancólico que combinava bem com seus sentimentos atuais.

- Eu nunca joguei porquê eu não queria me dar esse luxo. – Harry começou a responder. Ele encarava Hermione nos olhos, não desviava em momento algum. Revirava sua mente, sua alma, em busca de respostas sinceras para ele. Para eles. – Também é a mesma razão pela qual eu nunca me senti bem com os Potter. Eu sinto que não tenho que ser feliz, até sair daqui.

Hermione abriu os braços, sem entender.

- O que você está fazendo?! – ela exclamou, gesticulando. A voz soou alta e ligeiramente desafinada.

- Eu...

Hermione abraçou Harry forte; ele ficou sem muita reação, apenas retribuiu. Ela apertava forte.

- Hermione...

- Seu idiota, porquê você é assim? – ela socou o ombro dele e se afastou.

- Assim...? – Harry não entendeu.

- Você quer segurar o peso do mundo, sempre. – Hermione disse; Harry jurou que ela segurava o choro, devido ao tom de voz. – Não é assim, não pode ser assim. Você não pode viver sofrendo.

- Mas...

- Você quer sair daqui, eu também quero, mas não acho que precise ser assim. Olhe, não estamos achando nada. Fracassamos mais uma vez. Se você continuar assim você vai...

- Você também mudou. – Harry interrompeu. – Você acabou de falar que deixou de lado coisas que gosta. É inevitável, Hermione. É o que esse lugar faz com a gente.

Ela parou de falar, parecia em choque. Colocou as mãos no rosto e esfregou por um breve momento, como se tentasse se concentrar.

- Hermione...

- Eu não quero que você fique com esse peso, ok? – Hermione pediu, chorosa, sem olhar para ele. – Eu não devia ter agido com você daquela maneira três anos atrás.

- Daquele jeito?

- Fui eu quem colocou esse peso em você. – ela prosseguiu. – Harry. – Hermione se aproximou, pegando a mão de Harry. Ele sentia uma eletricidade leve percorrendo seu corpo. – Você está ouvindo isso de mim: não tem problema se não conseguirmos.

- Não tem problema? Como não tem problema?

- Shh. – Hermione colocou o dedo sobre o beiço de Harry, silenciando-o. Certamente o rosto dele entrou em chamas. – Por favor, confie em mim. Desse jeito eu sei que não dá. Hoje não deu certo, mais uma vez. Nunca sabemos se dará, mesmo que consigamos descobrir tudo, entende? Não precisa ser assim, Harry

Ela tirou o dedo dos lábios dele lentamente. A expressão da garota era encorajadora, mesmo que, segundos atrás, ela estivesse querendo chorar. Harry ainda não entendia exatamente o que Hermione queria fazer. Ela estava lhe pedindo para desistir? Ele não queria. Tinha de pensar melhor naquelas coisas.

- Vamos, antes que Filch chegue. – Hermione pegou em sua mão, puxando-o. Novamente ele se sentiu chocado por aquilo. – Tá tudo certo, Harry? Vamos?

- Tudo – Harry respondeu vagamente, enquanto ela lhe puxava. – Vamos.

Estava totalmente aéreo enquanto avançavam, não sabia no que pensar; entretanto, um barulho à frente o acordou.

- Droga – Hermione xingou, quase que inaudível. – Aqui.

Eles dobraram um corredor à esquerda, saindo do campo de visão do que quer que estivesse vindo do corredor da frente.

Hermione cutucou Harry, apontando para o bolso dele. Demorando um pouco a raciocinar, ele apanhou o mapa do maroto.

- Eu juro solenemente não fazer nada de bom. – ele proferiu, de maneira mais rápida e silenciosa que conseguiu. Felizmente, o mapa abriu. Harry o esticou nas mãos.

- Quem está aí? – era a voz de Filch, sem dúvidas. Harry olhou alarmado, o pontinho dele vinha da direita, naquele corredor principal. – Apareça agora! Preciso dormir, praga!

Harry xingou internamente, o que iria fazer? Tinha sido desatento. Correu os olhos pelo mapa, em busca de respostas: encontrou uma, mesmo que algo chamasse a atenção. Era o único caminho até a torre da Griffinória.

Harry fez sinal para Hermione e eles saíram, o mais rápido que era possível, sem fazer muito barulho.

Eles seguiram o corredor inteiro da esquerda e pegaram o mais estreito possível à esquerda também. Era um caminho muito maior, porquê basicamente dava à volta por todo o terceiro andar, antes de chegar nas escadas que levavam à torre da Griffinória, no sétimo, mas não era o receio de Harry.

- Ethan... é ele! – Hermione sussurrou. Ethan olhou para trás. Ele parecia perdido e quase saiu correndo dos dois.

- Ethan, sou eu, Harry Potter. – Harry falou, pedindo calma. – Também estamos indo para a Torre da Griffinória.

- O que vocês fazem aqui? – Ethan perguntou, assustado. Ele batia os dentes de nervoso.

- Também não sei o quê você está fazendo aqui, cara, mas não é uma boa hora. – Harry argumentou. – Filch está aqui perto então... melhor irmos.

Ethan demorou-se, olhando de Harry para Hermione e também para o mapa, nas mãos de Harry. Ele fez uma careta de curiosidade, mas então, concordou.

- Vamos. – Harry pediu. – Por aqui. Você não estava sabendo achar a torre?

- Eu já estava indo para lá. – Ethan respondeu, seco.

Você parecia meio perdido, mas tudo bem. Harry evitou falar seus pensamentos. Ethan era definitivamente estranho. Torre de Astronomia e vagando pela escola... Harry não sabia o que pensar daquilo.

Eles conseguiram chegar a torre. Harry olhava para o mapa, o que deixava tudo mais fácil; porém, ele tentou disfarçar um pouco o auxílio com a companhia de Ethan.

- Não quero nem saber o que estavam fazendo – murmurou a mulher gorda, com sono.

- Qual a senha? – Harry perguntou. Realmente não estava em sua mente no momento.

- É chifre de unicórnio. – Hermione disse, e a mulher gorda abrir caminho.

- Que ironia. – disse Harry, enquanto entravam na sala.

Ethan passou rapidamente por eles, murmurando um "obrigado" (Harry deduziu que fosse) bem inaudível, e então, subiu as escadas.

- Qual é a desse cara? – Harry perguntou, com raiva e sem entender.

- Shh. Mais baixo. – Hermione pediu, alarmada. – Eu não sei. Me parece suspeito.

- Eu te disse que ele não parecia normal. – Harry completou, ainda encarando a entrada do dormitório masculino, onde Ethan havia desaparecido.

- Não parece. – Hermione concordou. – Mas agora, acho melhor irmos dormir, certo? Vamos ter trabalho semana que vem.

Harry concordou com a cabeça.

- Boa noite, Mione – Harry disse se afastando. Ela não soltou sua mão por alguma razão, ele voltou a olhar.

Surpreendentemente, Hermione se aproximou de Harry o beijou na bochecha, mais uma vez. Toda a raiva, melancolia e indecisão que ele sentia desapareceu; foram pulverizadas por aquele simples de toque, de poucos segundos. Harry sentiu o corpo em chamas, quase suou.

- Pense que no que te falei, ok? Por favor. – aquela era a voz mais bonita, calma e meiga do mundo. – Boa noite, Harry.

Ela soltou lentamente sua mão. Harry acompanhou, extasiado, Hermione se afastar. Seu coração estourava em seu peito, seu cérebro se derretia; era incapaz de proferir uma palavra sequer, quanto mais pensar. Quando Hermione sumiu, ele sentia que não tinha mais certeza de nada.

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