Larissa 🧿
O dia amanheceu mais tranquilo, tava nublado apenas e eu desci pra tomar café, como sozinha já que não tinha ninguém em casa e sai fazendo meu caminho e meu trabalho de todos os dias. Quando voltei, como todos os dias os meninos estavam conversando lá embaixo, inclusive o Neguinho. Do lado dele estava duas meninas que todo mundo do morro sabiam que ela eram doidas por ele, ele sorriu ao me ver se afastando delas e eu acenei seguindo meu caminho.
Quando cheguei em casa Beatriz tava cozinhando e eu estranhei quando não vi a presença da Maria como toda vez.
Lari: Cadê a tia? - Coloquei minhas coisas em cima do sofá.
Beatriz: Foi pra casa da Sandra, fofocar.- Eu dei os ombros tirando minhas coisas e ficando só de calça e sutiã.- Quer ir no barzinho do zeca?
Lari: Pode ser. Vou tomar banho e a gente vai, você tá fazendo o que? - Falei arrastando minhas coisas.
Beatriz: Brigadeiro.- Eu neguei achando que ela tava fazendo a janta.- A gente come lá, a mãe já foi jantar mesmo.
Fui tomar meu belo banho, me arrumei e a gente foi subindo o morro. Quando chegamos no barzinho o Marcos tava numa mesa, eu fui sem reclamar até porque aproveitava pra ele bancar a gente, fazia questão nenhuma.
Sentei na frente do casal e a Beatriz sentou ao lado dele, pedi logo uma batata frita com carne e ele colocou cerveja no meu copo, a gente ficou conversando e eu vi o Neguinho chegando, de primeira ele não me viu porque chegou abraçado com a Fátima, mas quando me viu olhou pra gente analisando.
Beatriz: Engraçado que essa aí não larga o osso.- Comentou e eu olhei pra ela.
Marcos: Ficasse sabendo que a mãe de vocês foi na boca trocar uma ideia com o Neguinho? - Olhei pra ele.
Lari: Por que tu não me disse? - Olhei pra Beatriz que negou dando os ombros.- Ela foi falar o que?
Marcos: Aí o assunto já é demais, fiquei sabendo não. Só tô ligado porque eu tava lá em cima quando ela entrou.
Beatriz: Eu não tava por dentro dessa não.- Falou olhando pro Neguinho.- Ô neguinho, chega aqui.
Ele soltou a menina e veio ajeitando o boné, sentou do meu lado e passou a mão pelos meus ombros, olhando pra Beatriz.
Beatriz: Conta aí pra nós esse babado da Maria ter ido falar contigo? - Comi minha batata olhando pra ele.
Neguinho: Han, que isso. Assunto meu e dela, se ela não contou quem sou eu.- Eu olhei pra ela.
Lari: E desde quando tu guarda alguma coisa? Maior fofoqueiro daqui. Vai, diz logo.- Ele tirou o boné colocando nas pernas dele.
Neguinho: Eu vou falar mas só porque tu pediu, tá ligada? - Revirei os olhos.- A coroa de vocês subiu lá mandando eu me afastar de vocês. Ficou sabendo que tu desceu o morro comigo, Bea e por causa da parada de ontem.
Marcos: Tu desceu o morro com ele por quê? - Ela deu os ombros.
Beatriz: Olha pra minha cara de quem desce esse morro andando, vê se eu não vou me aproveitar da bondade do meu amigo.- Neguinho fez legal sorrindo pra ela.
Lari: Por que você não me falou? - Olhei pra ele.
Neguinho: E criar intriga? Já basta o ódio que ela tem de mim.- Voltei a comer minha batata.
Voltei a comer enquanto os meninos conversavam, Neguinho ficava mexendo com meu cabelo e eu quase dando um tapa na cabeça dele pra ele parar. Quando deu quase uma hora eu falei que queria ir pra casa e a Beatriz falou que iria comigo, mas o outro entrou na frente querendo descer comigo.
Lari: Vai querer ficar mais? - Falei com a Beatriz.
Marcos: Vai dormir lá em casa, cunhada. Aproveita e dá um rolê na tua coroa se ela perguntar.- Beatriz confirmou e eu me levantei.
Me levantei saindo na frente e o Neguinho veio atrás querendo me agarrar, olhei feiao pra ele que se afastou.
Lari: Coloca na cabeça que a gente é no máximo só amigo, que saco.- Reclamei vendo ele cruzar os braços.
Neguinho: Tu ainda vai ser a primeira dama desse morro sem reclamar, vai vendo.- Revirei os olhos.
Lari: Nasci pra ser várias coisas nessa vida, menos mulher de bandido.- Falei amarrando meu cabelo.
Neguinho: Que bandido o quê? Eu sou empresário.- Falou cheio de marra andando na minha frente eu neguei com ele abrindo os braços.- Sou empreendedor, investidor. O pai é como? Altas coisas.
Lari: Você é tão inteligente, poderia usar sua inteligência nas coisas boas.- Passei a mão no rosto dele apertando.
Neguinho: Imagina nós dois juntos, fazendo vários projetos pro morro, pros moleques jogar, as menininhas dançando aquele bagulho e tal, tal do balé...- Falou abraçando meu pescoço e eu ri.
Lari: Deveria pôr esses projetos em prática.- Falei andando com ele agarrado no meu pescoço.
Neguinho: Tô querendo, mas tem que ter alguém pra ficar de olho, mandar nos bagulhos, só você tem minha confiança pra isso. Mas aí também, como? Tem que ser a minha mulher né.- Neguei.
Lari: Posso ser sua amiga, como nos velhos tempos.- Ele parou de andar e me fez parar também.
Neguinho: Se tua coroa descobre que tu tá aqui comigo ela vem quente pra cima de mim.- Falou tirando e colocando boné na cabeça.
Lari: Ela tem medo que eu fique mal falada, ou que você faça alguma coisa comigo.- Ele me olhou sem acreditar.- Fora que minha mãe pediu a ela pra eu não me envolver com bandido, ela quer cumprir isso.
Neguinho: Eu fazer alguma coisa contigo? - Se aproximou.- Eu sou louco por tu, Lari.
Lari: Você só se diverte indo atrás de mim porque eu não rendo pra você igual as meninas aí.- Passei a mão no rosto dele.
Neguinho: Tá maluca, inventando coisa da cabeça.- Segurou minhas mãos.- Se eu não fosse apaixonado por tu não aguentava essa tua ignorância comigo, desistia na primeira chance.
Lari: Você é sadomasoquista.- Brinquei vendo ele me olhar feio e soltei ele.- Agora preciso descer pra casa, amanhã eu ainda trabalho.
Neguinho: Eu te levo.- Falou puxando minha mão pra andar.
Lari: Melhor a Maria nem sonhar que eu estava com você.- Puxei ele de volta.- Obrigado por me acompanhar até aqui, tenha uma boa noite.
Neguinho: Deixa eu te perguntar, Larissa.- Se aproximou, ficando cara a cara comigo.- Tu me ama?
Lari: Como amigo, Gabriel. Que nem aquele moleque seboso que brincava comigo de boneca cheio de reclamação, o que não gostava de tomar banho.- Sorri vendo ele me olhar.- Mas nada além disso, sério...
Neguinho: Tem certeza? - Passou o polegar na minha bochecha me olhando.
Encarei o olhar dele me passava uma tranquilidade fora do comum, Neguinho se aproveitou da minha brecha pra me beijar e eu neguei no começo mas beijei de volta segundos após.
Ele segurava meu pescoço e eu estava tão envolvida no beijo até me lembrar que simplesmente não podia estar aqui fazendo isso.
Lari: Olha o que você faz, tá vendo? Fica me beijando, não sabe ficar na paz, trocar uma ideia maneira.- Falei saindo de perto dele e ele me olhou com maior sorriso.- Feiao isso, feiao.
Neguinho: Nem tu consegue esconder que gosta de mim.- Falou dançando e eu prendi o riso apontando pra ele.
Lari: Isso aqui não aconteceu e não vai acontecer de novo.- Falei apontando pra ele que segurou minha mão me beijando.- Sai, eu vou descer.
Neguinho: Tchau amor, quando chegar em casa me avisa.- Revirei os olhos dando as costas.- Por que tu não tá usando o presente que eu te dei?
Lari: Achei muito bonito pra ficar usando de bobeira assim.- Olhei pra trás vendo ele com um sorriso de bobão.
Respirei fundo ajeitando meu cabelo e desci pra minha casa, quando entrei minha mãe tava na sala, falei com ela e disse que a Beatriz iria vir mais tarde, ela não falou nada só perguntou se eu tava com alguém e eu falei que não.
Subi pro meu quarto, troquei de roupa e me deitei com a luz apagada. Coloquei a cara do travesseiro e fiquei revirando os pontos da minha vida até conseguir dormir.