100 Dias para se Apaixonar

By JSCherry-

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Annabeth Stewart é cega desde que se entende por gente, sua mãe morreu no parto com algumas complicações e ho... More

Personagens Principais
Festa
Convivência

Prólogo

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By JSCherry-

RICHARD

Levei um fora da minha namorada no final do campeonato. Os falcões perderam por um desfalque no nosso time e surpreendentemente Savannah não quer namorar com um perdedor, irá manchar sua imagem de patricinha rica, popular e alguma coisa haver com reputação e má sorte no seu reinado. Não me atentei aos detalhes.

Não me importo com o que ela pensa ao meu respeito, e muito menos se está trepando com o capitão do time da escola rival. Nosso relacionamento nunca passou de sexo rápido nos vestiários e eu ser um trofel que Savannah mostrava por aí, mas agora não sou tão interessante para ela.

Mas tenho que admitir que perdi belos peitos, e uma boca espetacular que sabia como me divertir.

- Continuem treinando rapazes.

Observei o treinador Joshua correr até sua filha que estava sentada na arquibancada desenhando algo em um caderno.

O suor escorria pelo meu rosto, quando parei de pular sobre os pneus no meio do campo, para observar a cena.

- Aquela garota é estranha! Ela consegue estar em todos os lugares, mesmo não enxergando nada. - Max parou ao meu lado, observando a filha do treinador comigo.

Anna Lúcia...Annabelle... acho que é esse seu nome, mora na casa ao lado desde que me conheço por gente, eu nunca observei muito a garota porque ela não me interessava, mas era muito esquisita, além de ser cega, vivia sorrindo por aí como se estivesse enxergando um mundo belo a sua volta.

Era patética.

- Sua mãe não está pegando o pai dela cara? - Max apertou meu ombro.

- Como sabe disso?

- Vi sua mãe saindo do carro dele em um restaurante.

Helena estava saindo com Joshua a um mês e meio, eu fingia que não percebia isso, torcendo para que fosse apenas mais uma fase onde minha mãe se decepcionaria com mais um cara que não quer um relacionamento sério. No entanto, isso já estava indo longe demais.

O treinador se sentou ao lado de sua filha, e ela o abraçou com um grande sorriso.

- Não é nada demais, vamos voltar ao treino. - empurrei Max de volta para o campo, onde estava a única coisa que me importava.

O futebol era minha vida, era o sonho do meu pai e eu irei realizá-lo, não posso decepcionar meu velho, é a única coisa que ainda posso dar a ele.

●••●••●

- Amor já chegou? - minha mãe bateu na porta do meu quarto.

- Humhum.

Estava concentrado no meu jogo quando ela entrou no quarto. Odiava quando atrapalhavam o Mortal Kombat.

- Richard desliga isso, quero conversar com você. - começou a reclamar.

- Pode falar, escuto com os ouvidos.

- Mas uma gracinha dessas e fica sem videogame.

- O que você quer, mãe? - bufei, impaciente.

- Você sabe que estou saindo com Joshua. - entrou em frente a televisão e cruzou os braços.

Estiquei o corpo para tentar olhar no espaço que sobrou.

- Sei que está trepando com meu treinador. O que há demais nisso? - xinguei por estar apanhando.

- Joshua quer fazer parte da família, ele e Annabeth. - Minha mãe continuou a tagarelar.

- Pode esclarecer melhor? Acho que não entendi ou estou ficando louco.

Larguei o controle do videogame, encarando Helena com incredulidade. Faz 7 anos que meu pai morreu em um assalto quando voltava do trabalho. Minha mãe prometeu que nenhum homem substituiria seu lugar e agora está jogando na minha cara que o babaca do meu treinador que ser meu pai?

- Joshua quer algo sério e é um bom homem.

- Ele é um ótimo treinador, mas não tem direito de querer comer a minha mãe e agora o que? Ele pediu você em casamento? Vamos brincar de casinha?

- Antes de tudo, pensamos nos nossos filhos.

- Claro que pensaram. - revirei os olhos, revoltado.

- Annabeth é uma menina adorável, é uma pena a coitadinha ter aquela deficiência visual, isso afasta as pessoas dela. E tem você. - ela suspirou cansada, me olhando com pena com seus olhos azuis atraentes.

Sentia inveja, porque meus olhos castanhos eram sem graças e a genética da minha mãe não coube a mim, eu era a cara do meu pai.

- O que tem eu?

- Você é um babaca filho. - afirmou, fazendo-me rir.

Não era um babaca, era um escroto total. Algumas pessoas me repudiam, outras me bajulam apenas por ser capitão do time. E eu não me importo nenhum pouco com nenhuma delas, por mim o mundo poderia explodir.

- Obrigado mãe, amo você também.

- Essa sua rebeldia não irá levá-lo a lugar nenhum. Joshua gosta muito de você, disse que é um garoto esforçado. Ele acha que Annabeth faria bem a você e acho que ele tem razão.

Nunca ouvi tanta besteira na minha vida.

- Por que uma garota cega faria bem a mim? - sorri com aquele absurdo.

- Anna não tem amigos, está precisando se enturmar e você precisa de um pouco de Juízo.

- É uma pena para ela.

- De agora em diante você será amigo de Annabeth, andará sempre ao seu lado, cuidará dela e não medirá esforço em ajudá-la no que precisa. - Helena avisou.

- Isso é um pedido ou uma brincadeira de mal gosto?

- É uma ordem Richard. Vou fazer uma viagem com Joshua por três meses, e Annabeth ficará com você então é melhor já ir se acostumando. - jogou a bomba na minha cara.

Acho que minha pressão caiu agora.

- Me mata logo. - cai de costas na minha cama.

- Exagerado. É melhor começar uma amizade com ela o mais rápido possível, ou perderá seu cargo de capitão do time.

- Não vou perder meu cargo.

- Você vai, ninguém precisa de um capitão irresponsável.

- Irresponsável? Eu sou o melhor jogador daquela merda.

- Estamos conversados. Joshua não irá hesitar em tirar seu posto se não cumprir com o combinado. Espero que seja um bom amigo para Anna. - Helena avisou saindo do quarto.

Qual era o problema dessas pessoas?

(...)

Na aula do dia seguinte observei a garota estranha que estava infernizando minha vida sem ao menos saber. O que aconteceria? Ela seria minha irmã postiça?

O que Helena queria? Que eu simplesmente me aproximasse e a empurrasse para meu círculo de amizade?

Essa garota não parece ser o tipo que gosta de babacas.

No intervalo ela estava solitária, sentada em uma mesa embaixo de uma árvore, e eu resolvi me aproximar.

Quando me aproximei da filha do treinador, ela estava desenhando, e seu Labrador dormia aos seus pés. Ela andava com aquele cão-guia para cima e para baixo, juntamente com uma muleta.

O cão já estava velho, por todos esses anos a acompanhando, e com certeza logo baterá as botas.

- Posso me sentar aqui? - puxei uma cadeira, me sentando à sua frente.

A garota levantou a cabeça, mirando em minha direção, parecendo confusa, mas os olhos continuam baixos. Alguns fios dos seus cabelos loiros presos em um rabo de cavalo caiam pelo rosto delicado, ela era corada e tinha uma boca carnuda atraente, os olhos eram azuis claros.

Essa garota não era feia.

- Richard Mackenzie? - perguntou com certa hesitação.

Segurei o queixo a analisando. Sua voz era doce e gentil, não costumava ouvi-la, mas combinava com ela.

- Em carne e osso.

- Algum problema?

- Por que eu teria um problema?

- Nós somos vizinhos há dezessete anos e você nunca falou comigo.

Pensei sobre o assunto. Nós realmente nunca nos falamos, mas isso não tinha importância.

- Andou contando? O que foi? A janela do seu quarto é em frente a minha. Andou me espionando por acaso? - zomboei, mas pela suas expressões confusas ela não estava entendendo nada. - Esquece! Você não enxerga, as vezes eu esqueço disso. Vim falar sobre nossos pais.

- Eles estão saindo juntos. - ela afirmou.

- Sim estão. E agora querem que a gente brinque de casinha.

- Uau!

- O que foi?

- É que você é diferente. - soltou uma risada baixa.

Seus olhos azuis ficaram menores quando ela sorria.

- Claro que sou diferente, não curto seguir o fluxo, na verdade eu vou contra todo o sistema. - dei de ombros, roubando um biscoito com gotas de chocolate da sua vasilha que estava sobre a mesa.

Ela não notaria.

- Está gostoso? Tentei um ingrediente novo. Baunilha. - ela comentou quando dei a primeira mordida.

Aquilo estava bom, não sei se me surpreendo por ela ter notado meu roubo, ou por ter tido a capacidade de fazer essa delícia sem ao menos enxergar.

- Gosto de baunilha.

- Pode pegar mais se quiser.

É claro que eu peguei mais.

Ficamos em silêncio enquanto eu comia toda sua comida.

- Porra isso é muito bom. - exclamei satisfeito.

- Gostei de você. - ela riu outra vez.

Ela não tinha amigos, é claro que gostaria de qualquer um que tentasse ser legal.

- Bom não a culpo porque sou irresistível, mas não teria como você saber disso, nem enxerga. - dei de ombros.

- Você não me trata como as outras pessoas Richard, pareço até alguém normal para você.

- Você é normal Anabelle, não vou ter pena de você só porque é cega.

- Meu nome é Annabeth. - corrigiu.

- Foi o que eu falei.

- Você disse Anabelle.

- E isso importa?

- Como quer ganhar a amizade de alguém se não sabe nem ao menos falar o nome dela? - perguntou duvidosa.

- Não quero sua amizade.

- Oh. - sua pequena boca rosada fez um "0" perfeito e atraente.

Talvez eu gostasse de encará-la.

- Mas nossos pais acham que nos daríamos muito bem juntos, o que eu discordo é claro. E então gatinha, quer sair comigo? - suspirei tentando acabar com aquele idiotice.

- Não me chame assim. - Annabelle fez uma careta desagradável.

- Qual o seu problema com nomes?

- Só não me chame com apelidos bobos, eu tenho um nome e gostaria de ser chamada por ele.

Chata e careta.

- Tudo bem Anna, acho que começamos errado. Quer saber? Faríamos uma bela dupla. O que acha de uma festa hoje à noite? - fingi empolgação.

- Nunca fui a uma festa, ninguém nunca me convidou. - a garota respondeu envergonhada, mas notei pelos seus gestos que parecia empolgada.

- Pois estou lhe convidando agora para uma. Está vendo? Estamos começando a nos entender.

- Parece que sim, mas preciso pedir permissão para meu pai, não acho que ele vá deixar.

Isso era o de menos, seu pai queria que ela fizesse amigos. Estou fazendo isso.

- Não esquenta, eu cuido disso.

- Não sei como agradecer Richard.

Por que ela me agradecia? Só estou a convidando para uma festa cheia de adolescentes descontrolados e bêbados. Pensando bem, ela precisa se divertir e fazer amizades. Não era isso que minha mãe e seu pai queriam? Estou fazendo uma boa ação.

Me levantei e olhei para o cachorro que roncava baixo.

- Já tem um local para enterrá-lo?

- Não entendi.

- Seu cachorro está quase morrendo. - respondi vendo sua expressão se tornar apavorada.

- Scott ele...claro que não está morrendo. - gaguejou procurando pelo cachorro.

Ela começou a fazer exclamações baixas e eu achei melhor deixá-la sofrer sozinha.

Pobre Scott.

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