Rayd e a lua do caçador - Vol...

By DanKloster

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Rayd Kovach desperta em uma floresta gelada e foge de algo que o espreita na escuridão. Como chegara até ali... More

Prólogo
CAPÍTULO 1 - O DESPERTAR
CAPÍTULO 2 - IORDAN ZORN
CAPÍTULO 3 - OS LENHADORES
CAPÍTULO 4 - RAYD KOVACH
CAPÍTULO 5 - MARIELLE BAZYNSKI
CAPÍTULO 6 - A NOMEAÇÃO
CAPÍTULO 7 - SUPERAÇÃO
CAPÍTULO 8 - LEMBRANÇAS
CAPÍTULO 9 - OS CAÇADORES
CAPÍTULO 10 - A EQUIPE
CAPÍTULO 11 - HONEDA
CAPÍTULO 12 - BALGA
CAPÍTULO 13 - O JAVALI CAOLHO
CAPÍTULO 14 - OS COLETORES
CAPÍTULO 15 - MARIELLE E O XERIFE
CAPÍTULO 16 - ZORN E MARIELLE
CAPÍTULO 17 - ZIG ESQUELETO
CAPÍTULO 18 - A PROPOSTA
CAPÍTULO 19 - A SANGRIA E O ASSALTO
CAPÍTULO 20 - OS TERRÍVEIS IRMÃOS CARCAJU
CAPÍTULO 21 - RAYD E A LUA DO CAÇADOR
CAPÍTULO 22 - O OLHO DE ÂMBAR
CAPÍTULO 23 - A ALCATEIA DE OUTONO
CAPÍTULO 24 - A RECUSA
CAPÍTULO 25 - A FESTA DA LUA DO CAÇADOR
CAPÍTULO 26 - O DUQUE E OS DESGARRADOS
CAPÍTULO 27 - RAYD E OS CARCAJU
CAPÍTULO 28 - A FORJA
CAPÍTULO 29 - RAYD X VON PLAUEN
CAPÍTULO 30 - MIKA E A CRIATURA
CAPÍTULO 31 - OS LIVROS
CAPÍTULO 32 - ZORN X KARVELIS
CAPÍTULO 33 - GUERRA DECLARADA
CAPÍTULO 34 - RAYD E A RESISTÊNCIA
CAPÍTULO 36 - O RESGATE
CAPÍTULO 37 - O PRIMEIRO COMBATE
CAPÍTULO 38 - A PALESTRA
CAPÍTULO 39 - PROMESSA CUMPRIDA
CAPÍTULO 40 - ZORN X GHELLER
CAPÍTULO 41 - ELZA E A TRANSMUTAÇÃO
CAPÍTULO 42 - A VIVISECÇÃO
CAPÍTULO 43 - MARIELLE X VON PLAUEN
CAPÍTULO 44 - OS ALTARES
CAPÍTULO 45 - O COMEÇO DO FIM

CAPÍTULO 35 - A REBELIÃO PRUSSIANA

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By DanKloster

A Rebelião Prussiana teve sua origem em 1440, quando um grupo de cinquenta e três nobres suseranos e seus inúmeros vassalos, se rebelaram contra a invasão Teutônica. Desde seu estabelecimento, vinte e cinco cidades tinham constituído essa força rebelde, e uma espécie de governo paralelo. Encobertos pelo manto pérfido da paz sem voz. O centro nervoso de todo o movimento era em Malbork, mas Balga se tornara um núcleo importante, devido às investidas magistralmente arquitetadas e bem-sucedidas contra os comboios e tropas do império. Todas planejadas e coordenadas pelo grupo de pessoas que agora ocupava a mesa de interrogatório. Jan Bazynski era o cérebro e o coração por trás de tudo. Um general que exalava liderança mesmo em seus momentos de ensurdecedor silêncio. Era consciente da tremenda ousadia de estar de alguma maneira, tão próximo do núcleo do império em Balga.

- Mantenha seus aliados por perto e seus inimigos mais perto ainda! Disse-me Mestre Bazynski numa de nossas conversas.

- Então, eu não estou sozinho! Disse aliviado.

- Sim certamente que não meu jovem, somos agora aliados. Todos nós! A sua luta, é também a nossa luta! Disse em tom grave e ávido, mas ao mesmo tempo tranquilizador.

- Mas me diga, o que vossa mercê acha que era essa coisa que vos perseguiu!

- Uma das criaturas certamente! - Penso agora, que foi um tipo de comitê de boas-vindas. Sinceramente me sinto aliviado por poder contar essa história sem parecer um demente!

- Então foi esse o motivo de não ter me contado em nosso primeiro encontro? Era Tynus que chegava e me estendia uma caneca de vinho.

- Talvez! - Confesso que naqueles dias, estava mais assustado e perdido que hoje. Tudo tinha sido muito recente e para ser sincero, minha memória não mais retornou. Então ainda não sei como reagir a tudo! Respondi.

- Vossa mercê disse que sua família é de Tórun correto? Era a voz feminina que ouvira anteriormente. A moça chegou suavemente e se integrou à nossa roda.

- Queira me desculpar jovem Kovach, essa é minha filha Nohra Marie! Disse Mestre Tynus.

- Encantado senhorita Kulym! Disse enquanto beijava sua mão.

- Somente Nohra por favor! Disse isso enquanto abria um amplo sorriso. Olhei disfarçadamente para Tynus, e depois para a filha. Incrédulo, não conseguia conceber que a beldade fosse fruto dele.

Nohra Marie Kulym era o exemplo de beleza báltica. Os cabelos dourados escorriam pelos ombros até a cintura, os olhos eram do verde dos abetos naquelas tardes de outono. As palavras fluíam suaves, mas firmes e seguras. Vestia um vestido de camurça forrada. A cor anil forte a deixava anda mais deslumbrante.

- O jovem Kovach, joga Xatranje general? Fomos interrompidos por um grandalhão que se aproximava. Tinha a mesma altura de Marik, mas bem mais corpulento e espadaúdo.

- Boa pergunta capitão Gudruk! Exclamou Jan satisfeito com a chegada do homem.

- O capitão é uma patente, ou um tratamento carinhoso? Quer dizer vossas mercês se consideram um exército? Perguntei.

- Tome como certo jovem Rayd, apesar de sermos uma organização secreta, mantemos uma estrutura e disciplinas militares. Somos uma espécie de governo paralelo, funcionando à revelia das imposições do Império Teutônico. Estamos sempre de prontidão, pois o inimigo nunca descansa! Explicou o capitão Gudruk.

- Usando vossas palavras, nossa paz é extremamente instável. Vivemos sob uma pressão insuportável exercida pelo Império, tanto pelos impostos, quanto pela sua violenta política intervencionista. E isso tem nos causado muito prejuízos em todos os sentidos, comerciais principalmente devo dizer! Complementou Bazynski.

- Comerciais? Perguntei curioso.

- Eu explico! Disse Jan estendendo um mapa sobre a mesa do conselho. Os demais colocaram-se em volta.

- O Império Teutônico se estende da Polônia até a Lituânia e jamais ousa ultrapassar essas fronteiras devido ao tratado de Tórun. Mas apesar de respeitá-lo, o Império Teutônico não é o que chamaríamos de um bom vizinho. Suas tropas estão sempre fazendo incursões nesses reinos, em busca de pontos fracos. Regiões que sejam tratadas com descaso por seus governantes. Uma vez ali, se instalam e prosseguem com seu plano de dominação!

- Os Teutões têm um projeto que jamais irão revelar, mas sabemos que existe, que é real, o Ostsiedlung! Complementou o capitão e continuou.

- A chamada expansão germânica para o leste. A nossa missão assim como deve ser a de nossos vizinhos é detê-la!

- Só o que temos que fazer agora é achar um jeito de conversar com os governantes desses reinos! Até agora, todas as tentativas foram infrutíferas. Mas mantemos a fé, surgirá uma maneira! Complementou Mestre Tynus.

- Então basicamente o motivo é dinheiro, o vil metal! Falei com uma ponta de desapontamento.

- E esse não é o combustível de todas as guerras? Dinheiro e poder! Reforçou o capitão Gudruk.

- Sim, mas existe a questão do orgulho nacional, o sentimento de amor pela terra onde nascemos, penso eu! Respondi.

- Mas e se tudo isso vier complementado com uma vida farta, confortável e digna? Era o que tínhamos antes da chegada desses malditos teutões, e é o que queremos de volta. Escolher quem nos governa, como viver a nossa vida e principalmente em que acreditar. Não queremos nenhum tipo de imposição, seja ela de costumes ou crenças! Agora era Nohra que respondia com uma convicção e clareza que calou a todos.

- Mas agora temos que nos certificar de uma coisa! O capitão aqui nos falou que vossa mercê se tornou um dos integrantes da equipe de investigação do subxerife. Está correto? Questionou Bazynski.

Estranhei o fato de o capitão Gudruk já saber de algo tão recente, mas guardei para mim.

- Sim, era uma necessidade premente, eu precisava estar a par das investigações, e ao mesmo tempo estar ao lado da enfermeira Marielle que, devido a perda do seu noivo manifestou o desejo de participar das buscas! Disse convicto.

- Estar ao lado da enfermeira, por quê? Tendes algum tipo de pacto com essa mulher? Perguntou Nohra curiosa.

- Na verdade o pacto é apenas meu, ela salvou mais de uma vez a vida de meu tio que considero como a um pai. Me sinto em enorme dívida desde então! Respondi.

- E tenho comigo a certeza de que esses crimes têm uma segunda motivação. Parecem nitidamente uma forma de aterrorizar a população, impedindo-a de reagir. Usando o oculto, o inexplicável!

- O único ponto que não pude ligar nessa trama toda é que tipo de conexão as vítimas têm entre si! Complementei.

- Todos eles eram membros atuantes do nosso movimento de resistência! - Valorosos e destemidos combatentes de nossa causa! Falou Gudruk.

Não consegui dizer mais nada, o homem esclarecera tudo em uma única frase. Tudo ficara claro como o dia.

O restante da noite foi de amenidades. Aproveitei o tempo para absorver tudo o que havia ouvido, apenas uma dúvida me sufocava e não outra maneira de dissipá-la a não ser com uma pergunta direta. Aproveitei um momento em que estávamos sozinhos e disparei.

- General Jan, poderia lhe fazer uma pergunta pessoal?

- Pois não meu rapaz!

Mais seguro prossegui.

- Vossa mercê tem algum grau de parentesco com a enfermeira Marielle?

- Por certo, sou o pai dela! Respondeu.

Confesso que senti meu rosto se afoguear e o coração bater mais forte.

- E vossa mercê é o rapaz misterioso que ela teima em não me apresentar! Exclamou com uma piscadela cúmplice.

- Sim, eu, claro que nós...! Tentei falar.

- Não se preocupe rapaz confio na minha menina, sei que ela sempre fará as melhores escolhas para sua felicidade. E sem que ela saiba já tens o meu consentimento! Disse num tom solene.

- Só peço uma coisa!

- Pois não Mestre Jan, o que quiser!

- Que seja esse o nosso segundo segredo!

- Segundo? E qual seria o primeiro? Perguntei confuso.

- A própria Rebelião Prussiana! - Marielle não faz ideia de que faço parte desse movimento de resistência. Aliás suspeito que ela sequer desconfie que ele exista. Nem ela, nem a mãe. Trabalho todos os dias para que elas nunca descubram, é o mais seguro para elas!

A reunião terminou de madrugada, uma neve de flocos grossos salpicava o ar. Parei uma última vez antes do retorno, para apreciar o belo palacete, gravá-lo em minha mente. A construção era robusta, quase um fortim. Feito de grossas travessas de madeira e pesadas paredes de pedra. Varandas também de madeira grossa e escura circundavam o lugar em seus três andares. Estava localizado em algum lugar na floresta de Elk, ali era a sede do Capítulo da Rebelião Prussiana na região de Balga. Havia outros Capítulos, um em cada voivodia ou condado, e eles, de alguma maneira se comunicavam entre si. Absorto ainda com tudo que havia sido revelado, me mantive pensativo e silencioso por todo o caminho. O que faria com todas aquelas informações e em quem poderia confiar para usá-las a nosso favor. Uma última consideração de Mestre Bazynski jogou ainda mais peso sobre meus ombros. Observar atentamente todos os passos do subxerife nas investigações. Até se provasse o contrário, ele era um servo do Império. Para mim, toda a suspeita em relação a ele era genuína, eu já conhecia o sujeito. Sua postura vacilante, suas posições contraditórias e o ciúme de Marielle eram componentes explosivos. O homem seria capaz de tudo para tê-la, eu sentia isso. Essa sensação se apossou de mim desde o primeiro momento em que pousei-lhe os olhos. Me assombrava como um corvo agourento, que não abandona a presa quando fareja a morte próxima.

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