Esperei que meu pai e meu irmão passagem pelo corredor também, para assim sair para fora. Poderei por alguns segundos no meio de corredor se deveria ou não falar com Theo e perguntar o porque ele estava ouvindo a conversa e o que conseguiu ouvir. Mas depois de muito pensar decidi permanecer calada, eu não conhecia Theo, nem seu caráter, iria observa-lo e ver quais seriam suas atitudes.
Voltei então para o salão e vi que Hanna estava perto da janela conversando com algumas pessoas, enquanto isso John estava do outro lado com Arthur, mas o mesmo nem estava prestando atenção no que o irmão dizia, seu olhar voltava por diversas vezes a minha sobrinha. Afim de ajudar, tive uma ideia e imediatamente tratei de a colocar em prática.
— Hanna querida. - Disse me aproximando.
— Sim, Tia? - Ela disse se virando.
— Pode colocar esses poemas que estavam com as crianças lá na biblioteca? Ao lado dos livros que Ethan trouxe. - Falei mostrando os papéis em minhas mãos.
— Claro, vou aproveitar pra dar uma olhada, ainda não fui lá. - Ela disse pegando os papéis e sorrindo genuinamente.
— Ótimo. - Falei retribuindo o sorriso.
Assim que Hanna se retirou da roda e foi em direção a biblioteca, olhei para John e fiz um movimento com a cabeça sinalizando para que ele fosse atrás. Ele imediatamente entendeu o recado e abriu um sorriso travesso, que me fez rir. Sem demora ele disse algo para Arthur e foi para a mesma direção que Hanna.
[ P.O.V HANNA ]
Peguei os papéis da minha de minha tia e sai do salão, indo em direção a biblioteca. Não demorou muito para que eu chegasse até lá, fui em direção a mesa aonde estavam os livros de Ethan e deixei os papéis em cima. Então olhei ao redor com o olhar interessado e comecei a caminhar pelo vasto lugar, Tommy havia feito um ótimo trabalho, aquele lugar seria o paraíso para as crianças que gostavam de ler.
Me aproximei de uma das prateleiras aonde estavam os romances e peguei um dos livros, quando eu era uma mera adolescente eu amava ler esses contos, sonhava acordada com cada momento clichê que lia entre as várias páginas. Enquanto passava meu olhar pelo título do livro, ouvi o barulho da porta sendo aberta e me virei imediatamente. Meu olhos logo foram de encontro a um par de íris azuis.
— Deixa eu adivinhar, Orgulho e Preconceito? - Ele disse com confiança, abrindo um sorriso ladino e descendo seu olhar até o livro em minha mão.
— Como adivinhou? - Falei incrédula, arregalando um pouco os olhos.
— Você sempre foi alucinada por esse livro. - Ele disse se aproximando. - O romance sobre o nobre sóbrio e distinto que se apaixona pela garota rebelde. - Fala imitando uma voz poética.
— Você me conhece tão bem que chega a irritar. - Soltei uma risada breve e revirei os olhos. - Nem se atreva a se aproximar, pode ficar aonde está Shelby.
No mesmo momento ele riu olhando para o chão e parou de caminhar, levantando as duas mãos para cima.
— Então você veio mesmo com o cantor. - Disse enquanto olhava os livros de Ethan que estavam em cima da mesa.
— Theo Evans, esse é o nome dele. - Respondi friamente, colocando o livro de volta na prateleira.
— Não gosto dele. - Diz seriamente.
— Ah jura? E por que? - Falei com ironia. - Deixa eu adivinhar, por que ele esteja sendo comigo tudo aquilo que você não foi? - O provoquei.
— Ele é perfeito demais. - Falou revirando os olhos nervoso.
— Duvido que ele foi além do que a gente foi, eu fico imaginando vocês dois, mas eu duvido. - Deu de ombros.
— Duvida de que John? - Falei um tanto nervosa, me virando para ele.
— Duvido que ele te ame mais do que eu te amei. - Encara meus olhos.
— John agora não... - Balanço a cabeça negativamente e olho para a prateleira.
— Ele também usa preto, tem os meus defeitos e gosta de dançar. - Diz passando seus dedos pelas prateleiras, vindo em minha direção. - Ele nunca vai ser, não deixe ele saber. - Soltou uma risada irônica.
— Não se atreva! - Encarei seus olhos nervosa.
— Que você ainda ama o seu passado. - Sussurrou em um tom provocativo.
— Correto, passado! É isso que você é pra mim. - Afirmei tentando manter meu olhar fixo ao seu. - Estou dando uma oportunidade pra alguém que mereça.
Apoiando sua mão na prateleira, John não tirava os olhos de minha boca e assim que terminei de falar ele soltou uma risada irônica e olhou para baixo.
— Theo...o francês, o príncipe do seus sonhos. - Ironizou. - Você e eu sabemos que você nunca sonhou com um príncipe. - Sorriu de canto. - Nobreza, delicadeza não servem para esquentar a cama. - Provocou.
— Não que isso seja da sua conta, mas Theo e eu temos uma ótima vida sexual. - Revirei os olhos e respondi afitadamente, mentindo já que nunca sequer dividir uma cama com Theo.
— É mesmo? - Arqueou a sobrancelha.
— Uhum. - Afirmei arqueando a sobrancelha também. - Quer saber? Tchau John.
Sorri forçadamente para o mesmo e me virei de costas, apenas deu tempo de dar um passo a frente e então senti John me puxar pela mão, me fazendo voltar para trás e bater contra seu peitoral. Assim que bati em seu peitoral, sem reação olhei para cima.
— Quais nomes ele te chama quando estão juntos na cama? - Sussurrou com sua voz grave, olhando fixamente em meus olhos.
Engoli seco com sua pergunta, me senti nervosa e isso transparecia em meu olhar, que mesmo tentando se desviar estava preso ao seu.
— Aonde ele põe a mão? - Colocou a mão em minha cintura. - Será que ele... - Aproximou seus lábios de meu ouvido e parou de falar no meio da frase. - Durma comigo essa noite. - Voltou a encarar meus olhos.
— O que?! - Me afastei um pouco.
— Por favor, apenas esta noite. - Pediu segurando mais firmemente minha cintura.
Meu olhar nervoso e incrédulo por conta do pedido de John, logo se voltou a porta que fez um barulho alto. Assim que olhei para a mesma avistei Theo, o mesmo nos encarava seriamente e assim que nossos olhares se encontraram ele suspirou fundo fazendo com que sua expressão ficada mais leve.
Sem demora tirei a mão de John se mim e me afastei dando alguns passos para trás, dividi meu olhar entre os dois, enquanto Theo se aproximava seriamente, John o encarava com um sorriso debochado, típico do mesmo.
— Hanna, Ada esta te procurando. - Ele disse tossindo brevemente.
— A sim claro, estou indo. - Falei colocando o cabelo atrás da orelha e indo em direção a porta.
— Você será minha de novo. - John disse em um tom alto, fazendo sua voz ecoar em todo o cômodo.
Parei de andar assim que escutei sua voz, mas não me atrevi a olhar qual foi a reação de Theo.
— Toma, um homem veio e disse que isso deveria ser entregue a você. - Theo disse me dando um bilhete.
Peguei o bilhete e rapidamente sai dali, enquanto caminhava lentamente fiquei perdida em meus pensamentos, eu poderia jurar que John sabia que Theo estava ali, ele amava provocar. Voltei para o salão aonde estavam os outros e Ada veio atrás de mim.
— Aqui estou eu. - Falei sorrindo, me aproximando da mesma.
— O Tommy disse pra sorrir e bater papo. - Disse enrolando seu braço no meu.
— E lá vou eu fazer propaganda da companhia Shelby de graça, vou começar a cobrar. - Brinquei rindo.
Ela riu com meu comentário e então nos separamos, Ada foi conversar com algumas pessoas e eu fiz o mesmo, entrando no meio de uma pequena roda.
[ P.O.V JOHN ]
Observei Hanna sair, com um sorriso ladino no rosto. Assim que a porta novamente foi fechada, voltei meu olhar a Theo que me encarava seriamente, enquanto eu mantive meu sorriso debochado.
— Eu quero que você fique longe da Hanna. - Ele disse firmemente, colocando as mãos no bolso da calça.
No mesmo momento soltei uma risada, olhando para o chão e passei o polegar pelo nariz. Logo voltando a olhar para o mesmo que continuava com sua postura.
— Você esta com medo de perde-la pra mim? - Falei com um sorriso irônico, inclinando a cabeça um pouco para o lado.
— Não me provoque, John, você foi avisado. - Disse apontando para mim.
— Eu entendo o seu ciúme, Theo, afinal... - Desci o degrau em minha frente e caminhei até ele, parando em sua frente. - A Hanna beija muito bem. - Sussurrei próximo ao seu ouvido. - E não é só isso...
Antes que eu terminasse de falar, o mesmo tira as mãos do bolso e agarra a gola de meu terno com força. Ele me encarava e agora seu inocentes olhos transpareciam raiva, uau eu havia conseguido tirar o perfeitinho de seu personagem.
— Quer mesmo brigar em um instituto cheio de crianças Theo? - Falei olhando em seu olhos, mantendo o ar irônico. - O que acha que a Hanna diria sobre isso?
— Você é passado e não aceita que eu possa ser um possível futuro. - Tentou me provocar. - Eu a trato com ela realmente merece.
— Deixa eu adivinhar, você deu flores a ela. - Falei tranquilamente. - Rosas?
— Brancas. - Ele afirmou.
- Ela prefere as vermelhas. - O olhei com decepção.
Ele continuou a me segurar por alguns segundos, me encarando com raiva. Mas logo soltou me soltou, com tranquilidade dei um passo para trás e arrumei meu terno novamente. Sem dizer nada ele passou por mim e saiu do cômodo, sem demora abri um sorriso vitorioso e dei a volta, indo em direção a grande porta e saindo dali também, indo de volta para o salão.
[ P.O.V HANNA ]
Por um breve momento me afastei da roda de conversa e tirei o pequeno bilhete que Theo havia me dado, com tantas coisas acontecendo, acabei por esquecer de ver o que era. Eu estava prestes a abrir quando fui interrompida por Tommy e me abordou com desespero, colocando a mão em meu braço.
— Hanna, você viu o Charles? - Pergunta com rapidez.
— Não Tommy, da última vez que o vi ele estava com você tirou fotos. - Respondi imediatamente.
Uma grande correria então começou, Tommy logo pediu desesperado para que John fosse olhar nos fundos e deu mais outras ordens para os outros homens.
— Tommy, disseram que viram uma enfermeira levar o Charles pelos fundos. - Ada gritou.
— Merda! - Tommy gritou nervoso, saindo do salão.
Sem pensar duas vezes corri atrás do mesmo e começamos a tentar abrir todas as salas, mas estavam todas trancadas.
— Tommy lá fora! - Falei correndo em direção a escada.
Corremos para a escada e descemos, indo até a entrada do instituto. Olhamos para todos os lados e estava completamente vazio.
— CHARLES! - Tommy gritou olhando de um lado para o outro.
— CHARLES!!! - Gritei correndo enquanto olhava para todos os lados.
— John, onde ele esta? - Tommy disse correndo até John.
— John! Fala com o Moss, manda bloquear os cruzamentos! - Arthur disse gritando.
No mesmo momento John correu e afim de acalmar Tommy, Arthur segurou seu rosto.
— Entraram em um carro e foram para o sul. - Arthur disse o abraçando tentando o conter. - Já bloqueamos as estradas.
— Vamos fechar a casa de apostas e colocar todos os nossos homens nos cruzamentos com Maypole. - Falei ficando ao lado de Arthur, com a mão no ombro de Tommy tentando o acalmar.
— É, ta bem. - Tommy diz com a voz ofegante e olhar vago, segurando firme em meu braço.
— Você tem que ir até o escritório, fica perto do telefone! - Arthur disse.
— Quem sequestrou o Charles vai telefonar. - Continuei.
— Ta, eu vou. - Balança a cabeça positivamente.
— Polly! - Arthur grita.
Polly logo aparece e abre a porta do carro.
— Vamos Hanna. - Tommy diz indo em direção ao carro.
Sem demora acompanho seus passos e entramos no carro, Polly foi dirigindo enquanto eu tentava fazer Tommy manter a calma, o que até certo ponto pareceu dar certo. Não demorou muito para chegarmos no escritório e Tommy logo correu para o telefone e começou a discar um número.
Ele começou a falar com Moss que o contou tudo que havia acontecido, nervoso Tommy joga o telefone contra a parede e começa a andar em círculos pelo escritório.
— Tommy. - Polly o chama.
— Foram eles. - Tommy afirma enquanto amda de um lado para o outro.
— Quem? - Pergunto.
— Foram eles. - Repete mais uma vez.
— Pode ter sido uma mulher aleatória, as mulheres ficam loucas as vezes. - Polly sugere.
— Não! Foram eles. - Afirma com toda sua certeza.
Polly corre até onde o telefone foi jogado e vê se o mesmo havia quebrado por completo, e teve a certeza de que Tommy quebrou o telefone, mas por sorte havia outro. Sem dizer nada me levanto e saio do escritório indo para a rua, afim de ver se tinha algum motivo estranho. Assim que olho para o outro lado da rua avisto um homem, um padre e logo corro para dentro novamente.
— Tommy! - Grito entrando.
— Hanna? - Tommy diz ofegante vindo até mim.
— Tem alguém lá fora, é um padre. - Falo rapidamente apontando para a porta.
— Fica aqui Hanna, fiquem aqui e não façam nada. - Diz apontando seu dedo para nós duas e sai.
Tommy ficou por muito tempo lá fora com o padre, e eu já estava impaciente de ficar sentada sem fazer nada. Foi assim então que lembrei do bilhete, bilhete esse que eu não havia conseguido abrir até agora. Em pé no meio da sala, tirei o bilhete do bolso e analisei sua interface, "Para Hanna Cooper" dizia uma letra que não era conhecida por mim, sem demora abri o mesmo e comecei a ler seu conteúdo.
Quando estamos com medo, sinais de ameaça estão por toda parte, mas devemos reconhecer os verdadeiros. O sobrenome Floyd é como fogo, consome tudo que vê pela frente sem se importar com nada. Mas sabemos que você se importa com muitas coisas, se eu fosse você correria agora mesmo para o seu império, o fogo começou a se a alastrar, o seu pior pesadelo começou.
Assinado Dominic Floyd
Enquanto lia senti minhas pernas bambearem um pouco, no mesmo momento me apoiei em um móvel. Assim que terminei de ler fiquei sem reação, meu olhar estava vago e minha respiração acelerada.
— O que foi Hanna? - Polly disse se aproximando.
— Eu preciso ir...agora! - Falei ofegante. - Diga ao Tommy que eu voltarei assim que puder.
— O que aconteceu? Você está pálida! - Me segurou e disse em um alto tom.
— Uma ameaça, eu preciso ir para o The Empire. - Falo segurando o braço da mesma e logo me solto.
- O que...? - Diz confusa. - Hanna no que você se meteu!? - Gritou.
— Um homem, uma família que não parece estar de brincadeira! - Gritei indo até o telefone.
Peguei o telefone e liguei para a casa de Emma, rapidamente pedi para que a mesma corresse até o The Empire, os Floyd não eram burros, aproveitaram que hoje nem eu e nem Emma estaríamos lá e começaram com seu plano.
— Ligue quando chegar lá! - Ela gritou.
Sai rapidamente para fora, estava chovendo fortemente e assim que olhei para o outro lado da rua, Tommy estava dentro de um carro conversando com o Padre. Corri para o outro lado e tratei de pegar um dos carros da companhia, sem me importar se estava chovendo ou não, pisei fundo no acelerador e sai rapidamente.
Me vi apavorada só de pensar no que aquele homem podia ter feito com o The Empire, ou no mesmo. Aquele lugar era tudo que eu tinha, eu não poderia perde-lo, nunca. Mesmo com dificuldade de enxergar pela chuva, dirigi o mais rápido possível para chegar até lá.
[...]
Sai do carro rapidamente em meio a chuva e corri para dentro do The Empire, que agora estava vazio por causa do fim do expediente. Assim que corri olhando para todos os lados do salão, os funcionários que limpavam as mesas me olhavam assustados e preocupados. Vendo que estava tudo bem no salão principal subi para o escritório e corri rapidamente pelos corredores.
— Emma! Ethan! - Gritei ao ver os dois no corredor
— Hanna! Chegamos agora, o que aconteceu!? - Emma diz correndo até mim.
— Eu vou explicar, agora vamos! - Falei ofegante correndo até meu escritório.
Abri a grande porta do escritório com rapidez e no mesmo instante senti um baque enorme contra meu coração, o que me fez paralisar. Em cima de minha mesa havia um grande cervo morto, sem sangue encharcava toda a mesa e respingava pelo chão.
— Ai meu Deus. - Emma disse assustada.
— Quem fez isso? - Ethan disse adentrando mais o cômodo.
Encarando sem parar o animal, adentrei mais o cômodo também, o cervo estava sem seus dois chifres e o que detalhe final era o que estava amarrado em seu pescoço , um lenço, um lenço meu! Para um bom entendedor meia palavra vale, aquilo era uma ameaça explícita estilo caçador e eles eram afrontosos, entraram no meu quarto do hotel e pegaram um pertence meu.
— Aquele lenço é meu. - Falei com o olhar vago e a voz trêmula. - Sabem o que isso significa?
— O que?! - Ethan arregalou os olhos.
— Que o cervo se refere a mim, eu sou o cervo da caça dele e ele não vai parar! - Coloquei a mão na cabeça nervosa.
— Ele quem Hanna?! - Emma disse preocupada.
— Dominic Floyd! O homem que quer me destruir! - Gritei nervosa.
Com as mãos na cabeça olhei novamente para o animal, meu olhar então acompanhou seu sangue que corria pela mesa e caia no tapete de veludo, presa em um transe acompanhei gota por gota. De fundo eu ouvia Ethan e Emma chamarem meu novo, mas eu estava paralisada. Eu encontrei, encontrei um homem que conseguiu me assustar de verdade.
E ai? O que esta achando da história até agora? Por favor, vote e comente!❤️
O que acham do Dominic Floyd e seus irmãos?Vocês acham que ele pode ser uma ameaça em potencial mesmo?