For Him | taekook

By the-lonely-whale

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Jeongguk está acostumado a ensinar seus pacientes: seja o novo exercício, um novo hábito ou uma nova forma de... More

One.
Two.
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Twenty-Two.
Twenty-Three.
Twenty-Four.
Twenty-Five.
Twenty-Six.
Twenty-Eight.
Twenty-Nine.
Thirty.

Twenty-Seven.

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By the-lonely-whale

Eles estavam andando de carro pela cidade há algum tempo já. Não que o local de destino fosse longe; a verdade é que Jeongguk não tinha ideia de onde estava indo. Só estava dirigindo, sem rumo, na expectativa de que algo surgisse em sua mente. Para sua sorte, o Kim parecia estar bem entretido com a vista do lado de fora da janela para prestar atenção no que, de fato, estava acontecendo. Seus olhos castanhos estavam vidrados em cada pessoa que passava, nas construções e paisagens. Ele gostava de assisti-lo admirar cada mínima coisa, fazia-o pensar que deveria dar mais valor aos pequenos detalhes.

Quando começou a cogitar a possibilidade de desistir e simplesmente seguir até o próprio apartamento, avistou uma praça. Por mais simples que fosse, pareceu a ideia perfeita para si. Sempre gostou de ir a praças quando era criança. Insistia até que sua mãe o levasse e era uma verdadeira luta para convencê-lo a ir embora. Não tinha um porquê, havia apenas algo extremamente apelativo em ter todos aqueles brinquedos à sua disposição, prontos para inúmeras aventuras.

— Chegamos! — anunciou após estacionar em uma das vagas ao redor do local.

— Há quanto tempo não venho a uma praça. Estou tão animado!

O Jeon sorriu com a reação. Não importava aonde eles iriam, Taehyung sempre estaria empolgado. Era um incentivo e tanto – não que ele precisasse de ainda mais incentivo para querer desfrutar da companhia alheia. Depois de pegar a cadeira de rodas na mala, ergueu o mais velho no colo para ajudá-lo a se transferir para seu meio de locomoção temporário.

— Podemos dar uma volta para ver tudo que tem aqui? — a voz grave quase soou acanhada.

Precisava admitir que achava uma graça toda vez que o mais velho reduzia seu tom para perguntar algo, quase como se estivesse pedindo permissão. Como se a resposta já não fosse óbvia. Ele já deveria saber que Jeongguk, provavelmente, era incapaz de negá-lo algo, ainda mais tão simples e inocente quanto uma volta ao redor da pracinha.

O local não era tão grande, nem tinha muitas atrações, mas nada disso parecia ser perceptível aos olhos alheios. Taehyung parecia incrivelmente animado, apontando para tudo e até sacudindo os braços, às vezes, para extravasar seu contentamento.

Eles passaram pela parte do parquinho, com crianças gritando e correndo para todos os lados. Apesar do barulho, as risadas tão puras transmitiam uma sensação boa. Conforme se afastavam dos brinquedos, chegaram a uma área completamente arborizada que parecia um paraíso perdido em meio à cidade urbanizada. Havia bancos de madeira espalhados sob as sombras fornecidas pelas enormes copas esverdeadas e algumas barracas que vendiam comidas ou brinquedos. Era tão bonito, o mais novo pensou. Não se arrependia de sua escolha.

— Mais rápido, Guk — o pedido veio em meio a gestos com as mãos para acelerar o movimento. Por um breve instante, ele não entendeu o que o outro queria. Outro grito de "Vamos!", porém, foi o suficiente para despertá-lo. Taehyung queria se divertir também. Então, o fisioterapeuta certificou-se de que o outro estava se segurando e iniciou uma leve corrida. O vento batia contra o seu rosto e seu ouvido era banhado pelas risadas de felicidade que escapavam os lábios rosados. Mesmo que não conseguisse enxergar o rosto dourado por estar empurrando a cadeira de rodas, conseguia imaginar a expressão alegre que o estampava.

Deram duas voltas antes de Jeongguk se sentir exausto e parar perto de um dos bancos de madeira, jogando-se no mesmo. Sua testa estava suada e a respiração ofegante, mas não conseguia deixar de espelhar o sorriso do mais velho.

— Isso foi tão divertido!

— Foi cansativo, isso sim — retrucou quando sua respiração foi reencontrando o próprio ritmo. O menino se contorceu na cadeira de rodas, rindo de si.

— Acho que alguém está ficando fraquinho... — era nítida a intenção de provocá-lo.

— Será que alguém fraquinho faz isso? — Pôs-se de pé em frente ao outro e o pegou no colo. Seus braços seguraram com firmeza o corpo para evitar machucá-lo e girou uma vez. O riso que obteve em resposta incentivou que fizesse mais uma vez. Colocou-o sentado no banco, as costas recostadas sobre o apoio de madeira e os pés firmes no chão, e ocupou o espaço ao lado.

— Quando você me levanta no colo, as pessoas ficam olhando — comentou tão baixo que o mais novo teve certeza de que estava ouvindo um segredo. Estava tão imerso no momento e nas sensações que esqueceu que estavam em público. Sentiu-se culpado.

— Isso te deixa desconfortável? — o objetivo de sua pergunta era estimular o outro a falar. Queria que ele confiasse em si.

— Para ser sincero, não. É estranho, mas não me incomoda. Na verdade, a maioria deles parece querer estar no meu lugar. O que é esquisito se você analisar minha condição — ali estava de volta o Taehyung que desatava a falar um pensamento atrás do outro. — Não vou culpá-los, tenho certeza que todo mundo adoraria poder ser carregado no colo por você.

Ele concluiu com um olhar convencido no rosto e Jeongguk quase se engasgou com a própria saliva pelo caminho inesperado da resposta. Sentiu-se envergonhado momentaneamente e agradeceu o espaço exagerado entre os bancos, o que os deixava distante de outras pessoas. Não saberia reagir se mais alguém ouvisse os devaneios conclusivos de seu namorado. Sentiu os braços finos o envolverem pelo pescoço, puxando-o mais para perto. As bocas se uniram em um movimento suave e efêmero. Por mais que cada beijo fosse diferente, esse pareceu especial. Algo de bom tomava conta de si por ser capaz de beijar o Kim em público sem receio de nada.

— Você não acha estranho estarmos aqui sem nenhuma criança junto?

A cabeça de Jeongguk repousava no ombro alheio e sua mão envolvia o corpo em uma espécie de abraço lateral. A pergunta o fez olhar ao redor. Os adultos por perto estavam segurando mochilas infantis ou brinquedos, os olhos atentos nos filhos no parquinho.

— Podemos trazer o Jimin da próxima vez — sugeriu.

— Seria ótimo! Tenho certeza de que ele vai adorar brincar em todos esses brinquedos e depois podemos comer pipoca e algodão doce. Por favor, vamos trazê-lo aqui! — Taehyung soava incrivelmente animado com a perspectiva de visitar o lugar com o menino de seis anos, gesticulando para todos os lados.

— Você gosta tanto do Jimin que eu acho que vou ficar com ciúmes — murmurou ao deixar um pequeno selar na têmpora dourada.

— Não se preocupe, Guk. Eu gosto muito de você também — retribuiu com um beijo na bochecha alva. — Eu só estou tão empolgado por estar aqui. Da última vez que eu fui a uma praça, as outras crianças ficaram com medo de mim.

Jeongguk sentiu uma dor no peito ao ouvir o breve relato. Sabia que não deveria ser fácil para nenhum dos lados, nem para o menino na cadeira de rodas nem para as demais crianças que não entendiam por que ele estava assim. Sentiu um arrepio percorrer sua espinha quando notou uma menina de cabelos na altura dos ombros encarando-os. Não conseguia imaginar o que o mais velho sentiu ao ser alvo de tantos olhares inquisidores, como esse, ao mesmo tempo.

— Eu sinto muito — foi a única coisa que conseguiu responder.

— Não precisa, já faz muito tempo. Deve ser estranho ver alguém que precisa ser carregado de um lado para o outro e, naquela época, eu não conseguia nem ficar sentado como estou agora. Meus pais só acharam que eu me animaria ao ver outras crianças brincando. Acho que não deu muito certo — ele ainda deixou uma risada curta escapar. Mesmo com tudo que passou, o castanho ainda conseguia rir de tudo.

— Você só me surpreende, Tae — vociferou seus pensamentos. Sentiu seu celular vibrar e conferiu, discretamente, a mensagem. Era o sinal que estava esperando desde que saíra de casa. — Precisamos ir agora. Tem um lugar em que eu quero te levar.

Taehyung não ofereceu resistência, apesar da curiosidade nítida em seu rosto. Eles estavam atravessando a praça até onde o carro estava e o mais novo conseguia praticamente ver as engrenagens na cabeça de fios lisos tentando formar uma pergunta que sanasse todas as dúvidas. Foi salvo da chuva de questionamentos – por ora – quando uma menina parou em frente ao caminho. Era a mesma criança que Jeongguk tinha visto observá-los pouco antes.

— Você está dodói? — ela se aproximou com cautela da cadeira de rodas.

— Sim, estou — o Kim respondeu imediatamente, com um sorriso tranquilizador. O fisioterapeuta temeu por um momento como a situação se desenrolaria. A menina ergueu a mão que estava, até então, escondida em suas costas.

— Eu peguei essa flor para você melhorar logo — ela ficou na ponta dos pés e colocou as pétalas amarelas brilhantes em meio aos fios castanhos.

— Seungwan! — uma voz feminina chamou à distância e a menina saiu correndo antes que eles pudessem agradecer. O Jeon estava sorrindo, seu coração derretido. Não conseguia deixar de pensar que, talvez, essa fosse a forma do mundo se redimir pelas experiências passadas que o outro viveu.


✗✗✗


— Por que estamos na minha casa? — Taehyung questionou assim que Jeongguk estacionou o carro em frente à residência dos Kim.

Ele permaneceu em silêncio, com medo de que fosse falar demais. Saiu do carro para pegar a cadeira de rodas e conseguia sentir o olhar inquieto em busca de respostas seguindo-o pelo espelho retrovisor. Desde que entraram no carro, somente dois tópicos foram abordados: a criança que lhe entregou a flor e aonde eles estavam indo. Sobre o primeiro, o mais novo respondia animado, prolongando o assunto o máximo que podia – o que não era muito difícil com a paixão de Taehyung por crianças. Por outro lado, todas as perguntas a respeito do segundo assunto foram prontamente ignoradas por si. Não queria deixar nada escapulir.

Pegou o menino no colo para transferi-lo para cadeira metálica e sentiu beijos sendo espalhados por seu pescoço. Entendeu rapidamente o porquê. O castanho estava tentando persuadi-lo. Queria rir do plano alheio, mas preferiu aproveitar o momento um pouco. Não é como se fosse desfavorável para si de qualquer forma. Os lábios rosados acariciavam a pele clara com força significativa. Quando os dentes tentaram participar da cena, ele caiu em si e afastou a boca ágil da região. Colocou Taehyung na cadeira de rodas.

— Agora não, Tae.

O Kim soltou um ruído frustrado, provavelmente, por não ter conseguido extrair nenhuma resposta. O fisioterapeuta quase cedeu ali, porém precisava se manter firme à sua ideia original.

— Eu não estou entendendo nada, Jeongguk! Você não queria me levar a um lugar? Por que estamos aqui? — o uso do nome intacto ao invés do apelido demonstrava a clara irritação do menino. Ergueu o braço com a pulseira que fazia par a sua e deixou um beijo casto nas costas da mão de Taehyung.

— Eu só preciso que você confie em mim, tudo bem? — pediu em um sussurro. Apesar de não ter esclarecido nada, a fala pareceu pacificar um pouco o outro.

O Jeon empurrou a cadeira de rodas até a porta de entrada, onde parou. Respirou fundo e pediu silenciosamente para que tudo estivesse como deveria. Não podia negar que estava ansioso. Essa, para si, era a pior parte das surpresas. Nunca sabia o que esperar em resposta.

Já sabia que a porta estaria destrancada, então levou suas mãos trêmulas até a maçaneta a fim de abri-la antes que o mais velho ficasse ainda mais impaciente.

— SURPRESA! — um coro de vozes os recepcionou assim que ele adentrou o local. Precisava admitir que, mesmo que já esperasse por tudo aquilo, ficou espantado.

Agachou-se para ficar na altura de Taehyung e conseguir acompanhar cada reação. As orbes escuras estavam arregaladas, a pupila dilatada, e sua expressão era indecifrável, um misto de várias emoções. Ele varreu todo o ambiente com os olhos. As bolas infláveis coloridas que decoravam as paredes e o teto, inúmeros corações espalhados por todo o lugar, uma música baixinha de fundo e uma mesa com os mais diversos aperitivos. Em seguida, fitou cada um dos rostos que o encarava de volta.

Yangwon, Hyoji, Seokjin, Namjoon, Yoongi, Hoseok e Jimin. Todos com sorrisos imensos no rosto.

— M-mas c-c... Por quê? — a pergunta saiu como um sussurro.

Os olhos escuros estavam encarando Jeongguk agora. O rosto dourado parecia paralisado com uma expressão incrédula, tentando processar todas as informações ao mesmo tempo.

— Porque você merece. Porque eu achei que todas as coisas boas que aconteceram conosco precisavam ser comemoradas. Porque eu queria ver seu sorriso de felicidade. E porque sua mãe me contou que você nunca teve uma festa surpresa — terminou sua confissão com um riso. Ainda que estivessem sendo observados por pares de olhos atentos, aquele momento parecia só deles. Ele notou os olhos de Taehyung marejados de emoção.

— Você é inacreditável, Jeon Jeongguk — murmurou ao aproximar os rostos.

Mesmo que a posição não fosse a mais confortável de todas, nenhum dos dois conseguiu se importar. O mais novo apertou seu corpo ainda mais contra o apoio de braço da cadeira de rodas para que as testas ficassem conectadas. Os narizes se roçaram em movimentos suaves. O beijo de esquimó foi findado para ser substituído por um abraço apertado. Ele retribuiu da melhor forma possível. Beijos foram distribuídos por sua bochecha em meio a sussurros de "obrigado".

Jeongguk estava tão feliz com a reação positiva, com o sorriso puro, com o olhar que transbordava emoção, que nem notou o que acontecia ao seu redor. Seokjin, juntamente com as mães, batia palminhas perante a cena enquanto a criança ali presente fazia sons de nojo. Só voltou a si quando a voz de Yoongi soou próxima a si.

— Será que podemos interromper o momento do casal para falar com o homenageado?

Eles se separaram e o fisioterapeuta sentiu, imediatamente, o ar frio contra sua pele na ausência do outro. Tinha certeza que suas bochechas estavam coradas e aparentemente era o único, porque Taehyung não demonstrava nenhum sinal de vergonha. Os outros convidados começaram a se aproximar.

— Hyungs! Eu estou tão feliz de ver vocês aqui — respondeu com seu sorriso sincero.

Yoongi afagou-lhe os cabelos, Jin e Namjoon espelharam o sorriso na face dourada. As mães deixaram um beijo na testa de cada um e Hoseok veio com Jimin no colo.

— Tio Tae! — ele estava impulsionando seu corpo para descer e tinha uma bexiga verde na mão. Assim que alcançou o castanho na cadeira de rodas, tentou escalar as pernas para alcançar o colo. Todos demonstravam olhares apreensivos, provavelmente, com medo de que um dos dois se machucasse. O Jeon, contudo, apenas ergueu a criança para ajudá-la a se sentar sobre as coxas magras.

— Jiminie, que saudade! Você está andando tão bem — os bracinhos soltaram a bola de ar esverdeada e abraçaram o Kim.

— Você gostou da surpresa?

— Muito, muito, muito! — a resposta foi exemplificada por um movimento exagerado com os braços.

— Isso é bom, porque o tio Guk só falava disso. Muito, muito, muito — a criança repetiu o gesto e arrancou risadas dos adultos. Taehyung lançou um olhar inquisitivo, com as sobrancelhas arqueadas, para o namorado, que estava corado. — E eu ajudei também. Eu que sugeri os corações.

A criança aparentava estar muito orgulhosa de sua participação. Yangwon e Seokjin pareciam estar arrumando os últimos detalhes na mesa.

— Ficou lindo, Jimin.

— E eu fiz a comida — Jin hyung gritou após arrumar uma pilha de pratos. — Acho que todos deveriam experimentar.

Ninguém argumentou o contrário. Todo mundo estava faminto por ter passado a manhã toda organizando e preparando tudo. O cheiro saboroso impregnava o ambiente. Logo, estavam todos se servindo.

Jeongguk seguiu o hábito de arrumar um único prato para si e o namorado, mas logo estavam alimentando o pequeno de seis aninhos. Ele permanecia no colo de Taehyung, clamando o lugar como seu, aninhado contra o corpo esguio. O fisioterapeuta não conseguia se importar. Era tão bonita a interação e o carinho entre os dois. A posição em que estavam o lembrava do dia do piquenique.

— Eu gostei da sua flor, tio Tae — ele apontou para as pétalas amarelas emaranhadas nos fios de cabelo. O mais velho retirou a flor da sua cabeça e colocou-a entre os fios escuros de Jimin. — Ah! Eu também tenho um presente para você — o menino anunciou após engolir o que estava mastigando. Deslizou pelas pernas em que estava sentado, como se fosse um escorrega, e saiu correndo.

— Ele é tão adorável — a senhora Jeon comentou e ninguém ousou discordar.

Jeongguk aproveitou para alimentar o namorado. Ele também precisava provar a comida deliciosa.

— Aqui está! — Jimin retornou com uma folha de papel em mãos.

O fisioterapeuta dos dois deduziu que era um desenho e estava certo. No centro do papel branco estavam dois bonecos de mãos dadas. Eles pisavam sobre rabiscos verdes, a grama, e um enorme sol brilhava no topo. Acima dos dois, estava escrito em uma caligrafia infantil Tio Tae é o melhor.

— Esse sou eu — a criança apontou para o desenho da direita, em seguida para o da esquerda. — E esse é você. Nós estamos caminhando naquele parque bonito.

Enquanto Taehyung agradecia e quase sufocava o menino em abraços, o Jeon só conseguia pensar em como não via a hora de tornar esse desenho realidade também. Sabia que seu namorado pensava da mesma forma.

— Eu também tenho um presente — Hyoji anunciou com uma caixa em mãos. — Mas esse é para vocês dois.

Ela entregou o embrulho para o próprio filho e os dois, com a ajuda de um afobado Jimin, abriram-no. Eles encontraram uma capa preta. Pegaram o objeto com cuidado. Era um álbum de fotos. Dentro, estava repleto de momentos do casal. Havia fotos de quando os dois estavam dormindo na mesma cama e no sofá, enlaçados um no outro; quando o mais novo estava ajudando Taehyung com algum exercício ou carregando-o no colo; uma foto em que eles comiam juntos distraídos, como já era hábito; uma foto borrada de silhuetas de costas, que eles sabiam muito bem serem o casal na companhia do Hoseok e de Yoongi; e uma das mais recentes: os dois saindo de casa com a cadeira de rodas na noite em que foram visitar Seokjin e Namjoon. Em nenhuma delas, nenhum dos dois parecia saber estar sendo fotografado. Localizou até a foto de quando Yangwon fora visitar o Taehyung assim que soube que ele estava falando.

Sinceramente, Jeongguk não sabia o que pensar ou como reagir e seu namorado parecia estar na mesma situação. Eles estavam boquiabertos.

— Eu disse para vocês que já desconfiava — a sra. Kim começou a explicar. — E eu tenho a mania de tirar fotos. Vocês são tão adoráveis. Foi mais forte que eu!

Todos estavam rindo da (falta de) reação do casal. Aquelas fotos mostravam cenas que aconteceram desde antes dos dois ficarem juntos. Momentos tão especiais e únicos, só deles. Cada tijolinho que foi edificando o relacionamento que desfrutavam.

— Quer dizer que todo mundo já desconfiava? — Taehyung vociferou o que os dois estavam pensando. — Acho que somos péssimos atores.

— Era bem óbvio — Hoseok sintetizou.

— Olha essas fotos de vocês dormindo juntinhos — Yangwon apontou para fotografia de quando o Jeon se deitou com o outro para aconchegá-lo e ajudar a aliviar as dores.

— Nós ainda não estávamos juntos aí — tentou argumentar com a própria mãe. — Além disso, eu já dividi a mesma cama que Yoongi hyung, isso não é justificativa.

Lembrou-se das vezes em que ficavam jogando até desabarem de sono no meio da madrugada. A única coisa que desejavam no momento era dormir, então sequer se davam ao trabalho de irem para suas respectivas camas.

— A diferença é que eu não curto o mesmo que você. E nós não dormíamos abraçados assim — seu veterano retrucou.

Jeongguk revirou os olhos frustrado. Sentiu os familiares dedos compridos encontrarem o seu e se enlaçarem ali. Suas bochechas estavam coradas. Apesar disso, não se arrependia de nada. Faria tudo novamente só para ver o sorriso quadrado que sempre iluminava seu dia.

— Em minha defesa, eu não precisei desconfiar de nada porque só fui avisado que Jeongguk e seu namorado iriam jantar lá em casa — Namjoon disse.

— Isso é porque você tem um namorado muito perspicaz, Nam — Seokjin fez até um pose convencida para enfatizar. O Jeon riu em como a dinâmica entre os dois sempre gritava domesticidade.

— Se for assim, Yoongi hyung venceu a competição — o Jeon refletiu em voz alta. — Ele me falou para ter cuidado antes mesmo que nós tivéssemos beijado — virou-se para o próprio namorado, respondendo-o.

Nos instantes seguintes, só conseguiu processar um vulto cruzando de uma ponta a outra e um grito sufocado de surpresa.

— Temos um campeão! — Jimin anunciou pulando no colo de Yoongi. O fisioterapeuta acostumado a cuidar de idosos parecia desconfortável, mas retribuiu o abraço desajeitado da criança.

Todos caíram na gargalhada, exceto o Min, que mantinha os olhos arregalados como se tivesse medo de fazer algo que pudesse machucar o pequeno. A personificação da inocência o enlaçava com bracinhos curtos e muita animação pela sua vitória, mesmo que o próprio Jimin não entendesse o que adulto tinha vencido. Não parecia importar, ele só queria festejar.

Dessa forma, a tarde seguiu entre risos, conversas e comidas. Jeongguk não conseguia tirar o sorriso bobo do rosto em meio a pessoas tão especiais. Yangwon e Hyoji conversavam entre si e, vez ou outra, registravam o momento em fotos – provavelmente, para outro álbum. Seokjin soltava suas piadas sem graça e Namjoon morria de vergonha do namorado, disfarçando tudo com um comentário sobre música, seu assunto favorito. Yoongi manteve seu humor ácido, que era contrabalanceado por Jimin e Hoseok – que chegaram até a fazer, em certo ponto, uma apresentação de dança, um tanto desajeitada, porém charmosa e, a pedido da criança, dedicaram-na ao Min.

E, o mais importante, Taehyung estava feliz. Ele ria de tudo, interagia com todos; os olhinhos brilhando que, mais de uma vez, foram flagrados fitando o namorado.

Personalidades distintas que se completavam.

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