S/n's point of view:
"Tem certeza disso, camila?" Billie andava para lá e para cá na sala. "O prazo que Talia nos deu ainda não acabou, teria que ser uma astúcia descomunal dos Hale."
"Eu e Leah investigamos o cheiro." Camila cruzou os braços observando impaciente os passos calculados da garota. "Eles estão vindo pra cá e são muitos, acho que não tem como protegermos a humana assim precisaríamos de ajuda."
"Quanto seria muitos?" Lauren também estava na sala, sentada graciosamente com suas pernas delicadas cruzadas uma sobre a outra. "Eles não podem mandar o batalhão inteiro, Veneza ficaria desprotegida."
"Estamos falando de dois ou mais batalhões, Talia não nos subestima mais pelo visto." A morena bufou. "Olha, eles querem a S/n e se ficarmos aqui parados vai acontecer uma tremenda catástrofe."
Meu corpo permaneceu congelado em cima do sofá, imóvel apenas observando onde essa discussão iria parar. O que eu tenho de especial? Desde que Billie saiu de Bristol eu só pensava em rebaixar a mim mesma e a reforçar minha incapacidade. Eu não queria mais ser humana, eu queria passar o resto da minha eternidade ao lado de Billie, isso sim. Os fragmentos da minha alma se desvaneciam ao decorrer das horas, dos segundos e dos minutos. Eu já não era mais humana havia muito tempo, essas limitações físicas não significavam nada para mim, eu não nasci para ser apenas isso. Camila voltou às pressas não muito tempo depois que saiu, elas tiveram um complexo de lobos na rodovia, eu estava vivendo um conto de fadas – lobisomens, vampiros, o que viria depois? Ogros e duendes? Recentemente descobri que lobos se comunicam por telepatia. Algum lobo da matilha viu mais vampiros invadindo os limites de Bristol. Ao que estão me dando o entender eles me querem e billie não está de acordo com a idéia, ela ainda está relutante com a minha transformação.
"Ela não ousaria encostar na S/n!" Billie rosnou. "Eu juro que... Porra!"
"Acalme-se." Lauren parecia estar controlando o corpo de billie fazendo ela parar de andar em círculos. "Vamos proteger a humana, pelo menos até onde for possível, é isso que você quer não é Billie? Colocar a vida dela em cima das nossas cabeças."
Me senti profundamente mal com esse comentário.
"Lauren, me poupe." Billie mexeu alguns músculos com dificuldade. "Patrick sabe disso?"
"Já avisamos a ele, Finneas e Maggie estão cuidando dessa parte." Camila sentou no colo de Lauren. "Queremos testemunhas, ou melhor... Quantidade. Não vai ser uma luta fácil contra eles, digo, acho difícil todos nós sairmos vivos dessa."
Um silêncio perturbador invadiu o ambiente.
"Acha mesmo que uma guerra pode acontecer?" Pela primeira vez em muito tempo eu perguntei alguma coisa. "Digo, tudo isso por minha causa?"
"Pelo visto você é bem importante." Lauren respondeu um pouco ríspida dando contraste ao seus olhos esverdeados. "Mas para Billie sua segurança vale mais do que nossas vidas."
Billie e Lauren trocaram faíscas pelos olhos, percebi pela cor dos olhos de ambas ficarem néon. Eu não queria causar uma confusão, sobre Lauren nada do que ela faz ou fala me afeta mas nisso ela tinha razão, minha vida não valia mais do que a deles.
"Olha lauren... Eu sei que você não gosta de mim." pronunciei as palavras sibilando. "Mas eu não sei o que eu fiz para você me odiar tanto."
Camila gargalhou e lauren me olhou espantada.
"Eu não te odeio" Ela respondeu reprimindo uma risada. "Não morro de amores, óbvio."
Baixei os olhos, intimidada e um pouco frustrada como se tivesse feito uma piada de muito mal gosto – ou uma acusação levada para o lado pessoal.
"Por que age assim comigo?" Voltei a encará-la, porém ela não parecia espelhar raiva ou algo do tipo.
"Sabe que nenhum de nós daqui tivemos escolha em se tornar... isso" A garota pareceu anuviar sua expressão, vazia e oca. "Você tem alternativas e está escolhendo errado"
"Olha, eu entendo que você não teve escolhas mas... Não há nada nesse mundo que eu vá querer mais que billie" Disse isso encarando a menina de cabelo azul. "Então por favor, não tente mudar o que eu sinto, estar com ela para sempre é tudo o que eu quero."
"Você está errada de novo" Dessa vez Camila me interrompeu. "Existe algo que você vai desejar mais do que tudo, mais do que Billie."
Dei um goto em seco; mesmo sabendo da resposta eu esperei que a morena prosseguisse.
"Sangue." Lauren completou.
"S/n, pode ir no meu quarto por favor?" Billie interviu o clima tenso que havia se formado.
Lauren e Camila falaram algo rápido demais para que eu pudesse entender, elas saíram tão velozmente da sala que dava ao entender que antes nem estiveram ali. Eu apenas assenti e não questionei absolutamente nada.
"Claro." acompanhei Billie até às escadas. "Eu nunca fui no seu quarto embora você já estivera no meu mais vezes do que eu possa contar."
A garota riu – uma risada gostosa e extremamente significativa pra mim, o sorriso dela era o meu mundo. Eu poderia questionar a ironia que é viver a minha vida, apaixonada por Billie Eilish, uma vampira que recentemente mudou-se para Bristol, a cidade que eu vivi a minha existência toda. Não há muito o que questionar, não é? A vida me deu essa oportunidade de conhecer coisas que até alguns meses atrás eu era cética, como eu poderia acreditar nisso?
Chegando no quarto me surpreendi ao ver uma cama de casal enorme plantada no meio do cômodo. Parecia extremamente confortável, extremamente agradável de deitar. Foi após um curto período de tempo que associei os fatos e me virei na direção de Billie.
"O que?" Indaguei, confusa. "Achei que vampiros não precisassem dormir."
"A intenção não é dormir." Billie sussurrou.
A vampira se aproximou do meu torso e colocou suas mãos frias na extensão da minha cintura. Minhas bochechas coraram, agora entendendo toda a situação. Sem pensar duas vezes me pendurei no corpo rígido de Billie, o beijo que veio a seguir foi intenso, selvagem, voraz. Ela era tudo o que eu queria, ela era tudo o que eu sempre iria querer.
"Prometo tentar mas..." Me arrepiei por completo quando senti a pele fria da garota encostar na minha nuca, desprotegida pelo meu cabelo amarrado em um rabo de cavalo. "Eu..."
"Shh..." Silenciei ela com meu dedo indicador. "Você vai se sair ótima, você é boa em tudo."
O meu sangue fervia mais do nunca, quase explodia em minhas veias. Puxei Billie para cima da cama, com pressa, beijava ela com tanta urgência que pouco me importava seus caninos cortando meus lábios. Era sentido, cada toque... cada beijo... Billie me tocava pela primeira vez. Eu estava elétrica, ambas de nós estávamos. Billie tentava se conter a cada botão que eu desprendia da minha camisa xadrez. Xinguei irritada ao notar que eu estava nervosa demais até para realizar ações tão simples quanto tirar minha própria roupa.
"Prefere que eu faça isso?" Ela olhou para baixo, eu tentava falhamente atirar meus botões para fora.
"Por favor" supliquei.
O peso de Billie sobre meu corpo era leve como uma pluma, ela estava se contendo com tanta vontade que me deixava angustiada pensar que nem eu seria capaz de fazê-la atingir seu ápice, eu era simplesmente – acima de tudo – uma humana. Eilish não apenas arrancou minhas roupas como também as reduziu a pedaços minúsculos de pano esfarrapado.
"Desculpa" Ela tentou recuar mas eu não permiti que ela se afastasse.
"Está tudo bem" Afaguei seus cabelos. "Apenas... Continue, por favor."
Voltamos aos beijos, que foram intensificando. Quando me dei conta estávamos desprovidas de roupa, todas rasgadas e jogadas contra o chão. O corpo dela, tudo nela era perfeito – cada curva, cada cicatriz, cada detalhe mínimo de seu corpo nu.
Você vai me perguntar qual era a sensação? Eu não serei capaz de descrever com exatidão o que eu estava sentindo naquele momento, mas posso tentar. Sentira como se raios corressem através das minhas veias a cada vez que Billie me tocava. Eu jamais acreditaria que um ser humano teria a capacidade ser perfeito, mas ela podia. Billie Eilish não era humana, ela era um anjo. O que aconteceu depois? Vocês já devem saber, eu entraria em detalhes se não me fosse inconveniente falar o que senti, eu estava prestes a ter o meu primeiro orgasmo. O que eu poderia fazer nesse momento senão me agarrar na pele fria da vampira? Minhas unhas nem triscavam nas suas costas e tenho certeza que elas seriam capazes de fazer um belo estrago em carne e osso.
Percebi que o problema não era seu toque selvagem, seus beijos intensos, suas mordidas suaves. O problema é que sou humana, sou quebrável até mesmo para um vampiro que com tanto esforço me tratou tão gentilmente. Billie era fria como gelo mas ela me dava a capacidade de derreter, eu senti que estava me desmanchado e derretendo em suas mãos. Minha primeira vez, entregue a alguém que amo de todo coração, nunca amei ninguém dessa forma. Alguém pela qual eu daria minha vida, a pessoa na qual eu estava sobreposta e totalmente rendida em seu peito que parecia ser feito de mármore.
A adrenalina passou e tudo o que se mantinha através de energia em meu corpo simplesmente não funcionava mais, atualmente eu não era capaz sequer de pensar. Alguns minutos silenciosos se passaram, olhei de canto de olho para a garota do meu lado me segurando como se eu fosse uma criança desolada em seus braços. Inspirei e soltei a respiração, ainda me recuperando dessa aventura. Nos lábios de Billie tinha um sorriso travesso, um sorriso lindo. Sinceramente? Eu não tinha vontade de falar, gostaria que o tempo congelasse naquele momento e que juntas pudéssemos viver ele para sempre.
"Foi o que você esperava?" A garota estava com seus olhos brilhantes, me sabotando, me fazendo render a sua beleza.
"Melhor." Afirmei sem graça fazendo-a rir. "Eu não achei que essa experiência seria tão... intensa."
"Vocês humanos desejam cada coisa." O sorriso no seu lábio foi sumindo de acordo com que a frase perdia o efeito.
"Ah." Olhei para o teto ainda envolta dos braços firmes de Billie. "Então para você não é grande coisa..."
"Não foi isso que eu quis dizer." A vampira olhou para mim com um brilho flamejante néon. "Eu achei que não iria fazer isso, não fiz em vida por que eu faria depois de morta?"
"Sério, Billie?" Me levantei usando o edredom da cama para cobrir meus seios. "Você é real... Você." Respirei fundo. "Você não está morta para mim."
A vampira desvaneceu o vinco que tinha em sua testa e relaxou suas expressões, em seguida ela sorriu mais uma vez e levantou ao meu lado.
"Quão ruim estão seus machucados?" Ela apontou para meu corpo.
"Machucados?" Larguei os lençóis que me cobriam e fui correndo na ponta dos pés até o espelho de Billie. "Eu não..." Parei na metade da frase, eu não esperava que eu fosse ficar com tantas marcas eminentes.
"Esse era o risco que eu não queria correr com você, se eu perdesse o controle..." Ela virou o rosto. "Eu queria ser humana, você me desperta tamanho desejo que não sou capaz de descrever as sensações que causa em mim." Billie levantou e veio até minha direção. "Sentir sua temperatura, seu calor, até mesmo o rubor das suas bochechas me excita de uma forma que não consigo expressar. Eu preciso me controlar se eu não quiser te perder para um desejo carnal."
Olhei para baixo, seu corpo ainda estava exposto nu para minha visão. Eilish tocou meus lábios com a ponta do seu dedo polegar e desceu o toque até o meu pescoço cheio de marcas e arranhões. Senti seu desgosto ao notar que eu não estava nas minhas melhores condições atualmente e que ela nitidamente se culpava por eu ser tão frágil e a sua força exceder os limites que uma humana como eu é capaz de chegar.
"Você rasgou minhas roupas." Ri após reparar nos trapos que estavam no chão. "Como eu vou voltar para casa agora?"
"Lauren deve ter roupas que caibam em você, pelo menos até ir para sua casa é claro." Ela sorriu satisfeita. "Isso não é um problema."
"Que horas são?" Perguntei caçando meu celular entre os lençóis da cama. "Não posso chegar muito tarde em casa e meus amigos provavelmente estão preocupados."
"Eu vou te deixar em casa, não se preocupe." Billie saiu do quarto e se eu tivesse piscado teria perdido sua rapidez em trazer roupas novas para mim.
"Tem certeza que ela não vai se importar?" Perguntei sem graça. "não quero... problemas, sabe?"
"Acha mesmo que Lauren se importaria com uma única peça de roupa comparado ao tamanho exorbitante do seu closet?" Billie soltou mais uma de suas gargalhadas prazerosas. "Está tudo bem, vou pegar algumas gases e um remédio para diminuir a vermelhidão da sua pele."
Eu realmente estava machucada, algumas marcas suaves de mordidas – Não profundas o suficiente para ser transformada em vampira – e hematomas roxos nos braços, na verdade não apenas nos braços mas no pescoço também e principalmente nas coxas. O problema não seria os machucados que eu consigo esconder com roupas mas mesmo com muita maquiagem ainda assim seria evidente as marcas do meu pescoço.
"Sempre será um risco enquanto eu for apenas humana, não é?" Perguntei, Eilish estava mais séria quando segurou minha mão. "Acho que você não vai mais encostar em mim por um tempo."
Billie permaneceu em silêncio, agora isso estava começando a me incomodar.
"Não percebe o quanto estou feliz?! Foi minha primeira vez, com alguém que amo." Protestei irritada. "Ou pelo menos estava antes de você ficar constantemente me relembrando que sou uma humana frágil e sem graça."
"Então está com medo de eu não ter aproveitado?" Billie riu sarcástica. "S/n eu já disse antes mas agora irei usar as palavras de forma mais sucinta." Ela respirou fundo e olhou intensamente dentro dos meus olhos. "Essa noite foi a melhor noite de toda a minha existência."
Assenti com a cabeça e fiquei nas pontas dos pés para beijar a boca de Billie.
"Vamos para casa." Ela disse após finalizar nosso beijo com um selinho.
"Vamos." Me levantei e peguei os meus sapatos jogados aleatoriamente pelos cantos do quarto.
E foi no caminho de volta para minha casa que percebi que, Billie era fria como gelo, mas ela tinha a capacidade de derreter – ela derretia em minhas mãos... Eu era humana demais, fraca demais – em nenhum aspecto chegaria a força de Billie, mas sentia que a tinha na palma das minhas mãos. Talvez esse tempo todo eu achasse que eu estava derretendo sobre ela mas Billie sempre demonstrou tamanha reciprocidade comigo, eu acreditava em suas palavras, os olhos brilhantes da vampira nunca mentiram antes. Irracionalmente eu também tinha essa capacidade, eu fôra remendada aos poucos e dessa vez eu finalmente me sinto completa. Serei dela e apenas dela até meu coração parar de bater... com certeza até mesmo depois.
Continue...