ilvermorny girl | sirius black

By padfootxxx

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. 𓂃 ILVERMORNY GIRL | a sirius black fanfiction Criada por uma mulher louca e cruel, Rhea di Salles tinha um... More

━━━━ Parte I
Capítulo 1 - O trem e o chapéu seletor
CapĂ­tulo 2 - Aluado
CapĂ­tulo 3 - A Sala Precisa
CapĂ­tulo 4 - A Festa de Boas Vindas
CapĂ­tulo 5 - Encarando as ConsequĂȘncias
Capítulo 6 - A Primeira Detenção
CapĂ­tulo 7 - Pontas
CapĂ­tulo 8 - Lobisomem
CapĂ­tulo 9 - O Teste de Quadribol
Capítulo 10 - Detenção em grupo
Capítulo 11 - Senhora das poçÔes
CapĂ­tulo 12 - A primeira aula de voo
CapĂ­tulo 13 - ManhĂŁ de Natal
CapĂ­tulo 14 - Hogsmeade - parte 1
CapĂ­tulo 15 - Hogsmeade - parte 2
CapĂ­tulo 16 - Efeito bombom
CapĂ­tulo 17 - Desencanto
Capítulo 18 - Outra de muitas detençÔes
CapĂ­tulo 19 - Precisamos conversar
CapĂ­tulo 20 - Querido diĂĄrio
CapĂ­tulo 21 - Angela Cardenas
CapĂ­tulo 22 - A melhor festa do ano
CapĂ­tulo 23 - Primeiro encontro
CapĂ­tulo 24 - Rumores
CapĂ­tulo 25 - Duelo
CapĂ­tulo 26 - Regulus Black
CapĂ­tulo 27 - Semifinal
CapĂ­tulo 28 - Surpresa!
CapĂ­tulo 29 - O fim do 6Âș ano
CapĂ­tulo 30 - O segredo dos di Salles
━━━━ Parte II
CapĂ­tulo 31 - SĂ©timo ano
CapĂ­tulo 32 - D.C.A.T
CapĂ­tulo 33 - SolidĂŁo
CapĂ­tulo 34 - The Prank
Capítulo 35 - ConfissÔes
CapĂ­tulo 36 - Assassina!
CapĂ­tulo 37 - 13 de Agosto de 1976
CapĂ­tulo 38 - Ordem da Fenix
CapĂ­tulo 39 - Encontro triplo
CapĂ­tulo 40 - Juntos
CapĂ­tulo 41 - Especial 50K
Capítulo 43 - Outros tipos de confissÔes

CapĂ­tulo 42 - O Ășltimo prĂ©-recesso

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By padfootxxx

┏•━•━•━ ◎ ━•━•━•┓
quarenta e dois.

━━━━━━━━━━━━━━━━

ERA O ÚLTIMO DIA DE AULA ANTES DO RECESSO.

Sirius estava muito bem humorado. Desde que ele e Rhea começaram a namorar, Sirius começou a pensar seriamente que sua vida estava ligeiramente boa demais para ser verdade — morava com James, seu irmão e melhor amigo, havia se resolvido com Remus e até Peter estava um pouco menos reclamão. E, céus, namorava Rhea di Salles. Ele não se cansava de repetir isso a si mesmo. Namorava Rhea di Salles. Namorava Rhea di Salles.

Os primeiros dias foram um caos. Sirius costumava receber cartas de garotas furiosas com ele, mas desde que agarrou a mão de Rhea e desfilou com elas pelos corredores, com orgulho e satisfação de ter alguém tão incrível quanto ela, a fúria das garotas havia dobrado. Sirius sempre se apressava a esconder todas que recebia para que Rhea não visse — ele definitivamente não precisava que sua namorada lesse as "quarenta e sete razões do porquê você não presta, Sirius Black", mas parou de esconde-las quando recebeu um berrador de Elain Forest no meio do jantar e viu que a única reação de Rhea foi cair na gargalhada. Rhea o fez pedir desculpas para cada uma delas, sem um pingo de misericórdia ou pena nos olhos quando Sirius voltava com uma marca de dedos na bochecha.

— Você mereceu — ela sempre falava, antes de cobrir seu rosto com beijos.

Sirius também tinha que lidar com os olhares cortantes de Benedict Smethwyck. Rhea e ele haviam conversado, e ele, aparentemente, concordou em ser só um amigo. Sirius não era idiota, no entanto, e sabia o que os olhares do corvino significavam. Geralmente Sirius respondia com um gesto obsceno e risadas, mas desde que ele e Rhea começaram a estudar juntos toda sexta feira, Sirius começara a encarar de volta. Só para que ele se colocasse em seu lugar.

— Sirius? — chamou James, batendo em sua cabeça com O Profeta Diário — Ouviu o que eu disse?

— Huh?

Peter bufou, enfiando uma torrada inteira na boca.

— A nossa última pegadinha pré-recesso — repetiu ele, debruçando-se na mesa —, está tudo pronto pra hoje a noite?

— Falta avisar as meninas — Sirius piscou, terminando seu café. Sempre era avoado de manhã, e James os havia acordado mais cedo para repassarem todos os passos.

Apesar do seu mau humor matinal, sentiu os olhos brilharem com divertimento. Rhea iria adorar, podia ouvir a gargalhada que ela daria quando ele contasse. E ver seu sorriso. Seu coração pareceu derreter.

— Pode deixar que eu conto — Sirius antecipou, antes que Remus falasse o que havia aberto a boca para falar.

— Não conte para Lily. — pediu James. Sirius ergueu uma sobrancelha. Depois daquele primeiro encontro entre os dois, Sirius não os tinha visto juntos mais, mas conhecia o melhor amigo bem o suficiente para saber que seu excepcional bom humor não estava vindo do nada. Não iria pressionar o amigo para contar, de qualquer forma. — Ela é monitora, pode se encrencar se descobrirem que ela sabe.

— Você também é monitor.

— Bem observado, Remmy — apontou Sirius, rindo — O maior desvio de caráter do Pontas.

— Ah, calem a boca.

— Rhea vai ficar furiosa com você, Sirius — Remus tinha uma satisfação risonha nos olhos enquanto brincava com o garfo — Principalmente quando descobrir que planejamos isso há meses e não contamos pra ela.

— Aposto que aquela traiçoeira está aprontando uma pior — retrucou Sirius —, e sequer vai me contar.

— Não vou precisar contar. Vocês todos vão cair direitinho e descobrir sozinhos.

Sirius abriu um largo sorriso antes mesmo de virar o rosto.

— Bom dia! — os resquícios de mau humor foram embora conforme Rhea sorria e se sentava do seu lado. Sirius a arrastou pela cintura, deslizando-a pelo banco até que estivesse perto o suficiente para lhe dar um beijo na têmpora.

Rhea também não reagia muito bem com demonstrações públicas de afeto, e Sirius tentava ao seu máximo se conter para não a agarrar no meio do corredor como às vezes tinha vontade de fazer. Custou um tempo para que ela não se incomodasse com momentos prolongados de mãos dadas — ela geralmente as soltava em lugares muito cheios. E Sirius percebia como ela relutava contra abraços muito fortes ou quando ele a puxava para se recostar nele quando se sentavam no jardim. Era uma tortura, ele não podia negar. A presença fazia todos seus sentidos gritarem para que ele a puxasse para perto, e toda vez que ela se recolhia com algum toque o peito de Sirius se apertava um pouquinho. Ele não era inseguro, nem um pouco. Mas, às vezes, perguntava-se se ela não queria ser vista com ele. Ou se não gostava dos toques dele. Só que ele precisava constantemente se lembrar de que, embora tivessem decidido que estavam juntos, ela ainda precisava que as coisas fossem devagar. E Sirius respeitaria o tempo dela, independente de quanto tempo fosse.

— Bom dia, meninos. Prontos para o fim de vocês?

James riu arrogantemente.

— Vocês é que serão esmagadas.

Rhea balançou a cabeça com pena.

— Pobres marotos. Sete anos se esforçando para deixarem um legado, e, no entanto, tudo o que Hogwarts vai se lembrar é da pegadinha de Natal de Rhea di Salles e Angela Cardenas.

— Você não perde por esperar — rebateu Sirius, desafiadoramente. Rhea ergueu as sobrancelhas pra ele, apoiando os cotovelos sobre a mesa. Seus olhos negros brilhavam com o reflexo da luz que vinha das janelas — Sabe, eu ia contar a você o que planejávamos. Acabo de decidir que vou deixar que descubra sozinha.

Os lábios vermelhos de Rhea se curvaram. Sirius olhou para eles, hipnotizado, contendo o impulso de se inclinar e toma-los com os seus.

— Não esperava menos de você.

Sirius riu.

— Ótimo.

Ótimo.

— Merlim, vocês não cansam — lamentou James, saltando para fora da mesa e ajeitando os cabelos —, tenho reunião de monitores. Você vem, Aluado?

Remus assentiu, resmungando alguma coisa e seguindo James para fora do Salão. Peter foi terminou às pressas seu suco para ir atrás deles.

— Peter tem medo de você — Sirius achou necessário explicar, vendo o olhar vago de Rhea no loiro saindo apressado pela porta. — Não é nada pessoal.

Rhea sorriu.

— Imaginei — ponderou, com aquele olhar arrogante que arrancava suspiros — Mas depois das últimas noites pensei que ele tinha superado isso.

Sirius ergueu uma sobrancelha.

— Últimas noites?

Rhea levou uma colher de mingau à boca antes de assentir.

— Ele tem passado um tempo com a gente na biblioteca — Sirius franziu o rosto, confuso. Rhea pareceu notar, explicando — Comigo, Snape, Mulciber... Snape está ensinando oclumência a ele.

A confusão de Sirius só se acentuou. Bem que havia notado que Peter não passava mais as noites com eles na Comunal, mas tinha imaginado que ele havia arranjado alguém ou coisa do tipo. Não esperava que esse alguém fosse Snape.

— Não acredito. Aquele rato traiçoeiro...

— Imagine só, Sirius! Perder todo mundo para Snape todas as noites.

— Nem brinque.

— Imagine só as memórias que Snape pode buscar na cabeça de alguém. — ronronou Rhea, com malícia — Quando eu tinha minhas aulas com ele, Snape...

— Eu disse para nem brincar.

Rhea gargalhou, e, Merlim, se não era o som mais bonito do mundo.

Sirius apoiou um dos cotovelos na mesa, virando-se de lado para admira-la melhor. O outro braço ainda a envolvia pela cintura, o polegar desenhava arcos invisíveis sobre sua camiseta, a pele dela quente sob o tecido. Sirius não conseguiu afastar o pensamento de como seria arranca-la, sentir o contato direto, beijar cada pedaço do corpo dela. Ao menos ele conseguia se controlar quando ela estava por perto. Rhea era estonteante, o rosto, o olhar, o corpo... Sirius ficava zonzo de desejo. Algo primitivo dentro dele parecia se romper todas as vezes em que estavam sozinhos, colados um no outro, quando Rhea deslizava aquelas malditas mãos por baixo da camiseta e arranhava suas costas. Quando ela arquejava contra sua boca, agarrada tão forte a ele que ele conseguia sentir o quanto ela o queria também, de todas as formas.

Mas Rhea não estava pronta para aquilo, e Sirius sequer tocava no assunto. Tentara uma única vez, quando estavam enrolados no sofá da Comunal durante a madrugada, passar as mãos por debaixo de seu pijama para senti-la. Rhea prontamente recuou.

Sirius suspeitava o motivo. Jamais, todavia, tocaria no assunto. Não. Isso era assunto dela, e não cabia nada a Sirius além de respeitar.

Mas, céus, como ele a queria.

— Pare com isso.

Sirius piscou.

— Parar com o que?

— De me olhar desse jeito.

Sirius abriu um sorriso preguiçoso, observando Rhea brincar com sua colher.

— Estava pensando em como evitar cair no que quer que tenha preparado pra essa noite — ele respondeu, afastado cada pensamento impróprio que olhar para ela lhe causava — Tem algo a ver com poções, não tem?

Rhea sorriu de lábios fechados e boca cheia.

— Não vou te dizer.

— Vai colocar poção da verdade nas nossas comidas? — perguntou com voz baixa, inclinando-se para perto dela — Ou é uma criação original da di Salles para fazer todos nós ficarmos azuis?

— Não vou dizer.

Sirius passou uma das pernas para o outro lado do banco, aproximando-se mais. Rhea parou de mastigar. Ou respirar.

— Esse seu comportamento Sirius Black conquistador não vai me fazer falar.

— Não estou fazendo comportamento conquistador nenhum — retrucou ele —, não quando você fala assim de boca cheia.

A centímetros de distância, Rhea se virou para ele e colocou a língua cheia de mingau para fora. Sirius caiu na gargalhada, inclinando as costas para trás conforme ela se arqueava sobre ele.

— Que bela dama eu arranjei — Sirius foi obrigado a segurar o queixo de Rhea para ela finalmente fechar a boca. Os olhos negros brilhavam com diversão. — Tente não fazer isso na mesa de jantar quando conhecer minha mãe.

Rhea levantou uma sobrancelha.

— Não tenho interesse nenhum em conhecer a sua mãe, Black.

— Pois Euphemia tem de conhecer você, e eu disse a ela que vai passar um dia do Natal conosco.

Ah! Bem, talvez. Angie vai passar o recesso comigo na mansão di Salles. Se os Potters não se importarem...

— Tenho certeza que não vão! — Sirius não conteve o sorriso. Pontas foi quem dera a ideia de convida-la para passar o Natal com eles na mansão dos Potter, mas Rhea contou que queria passar aquele Natal com seus avós, e então voltaria para Hogwarts para o ano novo. Todos eles tinham feito planos para retornar para a festa dela, assim como boa parte da escola pretendia. Acabaram conversando sobre passar ao menos um dia juntos, mas até então não passara de uma ideia. — Podemos pedir para um deles aparatar com vocês duas.

— Não precisa — respondeu, antes de empurrar sua tigela sobre a mesa e se virar para ele — Nós podemos aparatar. Vou procurar Angie mais tarde para perguntar.

— Olha ela ali — interrompeu Sirius, vendo Angie surgiu pela porta ao lado de uma garota da Lufa-Lufa. Rhea se virou, acenando para que a amiga pudesse vê-la. Angie comentou algo para sua amiga e as duas se aproximaram com um sorriso.

— Bom dia! — Angie cumprimentou, apoiando a mão sobre o ombro de Rhea e dando um aceno de cabeça para Sirius antes de se virar para a melhor amiga. — Estava te procurando!

— Estávamos falando sobre você — disse Rhea, passando as duas pernas sobre o banco para se sentar de costas à mesa — Sirius nos convidou para passar um dia do recesso na casa dos Potter.

Sirius podia jurar que o sorriso de Angie fraquejou por um segundo.

— Legal! Seria uma chatice só nós duas o feriado inteiro.

Rhea levou a mão ao peito, fingindo estar ofendida.

— Não seria uma chatice!

— Bem, mas ver outras pessoas só por um dia não vai fazer mal — Angie deu de ombros —, além do mais, ouvi dizer que o Natal dos Potter é ótimo. Vai ser melhor do que o do ano passado.

— Nem me fale. Ano passado passei o Natal em Hogwarts como a maioria, foi horrível. Ao menos esse ano vou arriscar ver meus pais — disse a amiga de Angie ao seu lado. Sirius não conseguia se recordar de seu nome, mas era bonita o suficiente com sua pele escura e cabelos enrolados para que ele se perguntasse se seria rude perguntar. Não estava afim de levar outro tapa na cara de garotas de quem ele supostamente deveria se lembrar.

Angie notou o olhar de Sirius, porque falou:

— Essa é Mary — disse ela — Mary, esse são Rhea e Sirius.

— Bem, eu vou andando — respondeu Mary, depois de acenar para os dois. Então se virou para Angie e sorriu — Te vejo depois, Angel!

— Ok! — Angela afundou no banco ao lado de Rhea — O que foi?

Rhea tinha as sobrancelhas em pé.

— Angel?

— Ah, você é tão ciumenta! — lamentou Sirius, ficando em pé — Tenho que ir, peguei uma detenção com Tottenwall. Nos vemos depois?

— Sim — Rhea se inclinou, e Sirius parou em pé a sua frente para segurar seu rosto e beija-la. Angie soltou algum resmungo mal humorado e fez Rhea rir contra sua boca. Deus do céu, Sirius não queria solta-la. Não queria solta-la nunca. — Aproveite sua última detenção do semestre.

Sirius lançou um sorriso ladino ao se afastar.

— Sempre há tempo para mais uma, minha querida.

E o doce som de sua gargalhada foi a última coisa que ele ouviu antes de sair do Grande Salão.

— Você também tem a sensação de que isso vai dar muito errado? — perguntou Angie, debruçada sobre o caldeirão. Seus cabelos escuros estavam presos em um coque alto, e seus óculos novos e quadrados equilibrados na ponta do nariz — Porque eu tenho.

Depois do café da manhã, aproveitando que já haviam feito as malas, ela e Angie foram até a sala de Slughorn para preparar a pegadinha para mais tarde. Tinham contato tudo ao professor para pedir sua permissão há algumas semanas, e, apesar de Rhea ter a pequena sensação de que ele reprovaria veemente se viesse de qualquer outro aluno além dela, ficou feliz ao ouvir a gargalhada do professor ao concordar. Agora estavam cercadas de dois caldeirões cheios, um para cada, e Rhea dava as instruções finais para que a poção ficasse finalmente completa. Tinham tomado cuidado para que ficasse perfeita. Seria a pegadinha do ano.

Sirius iria ver só. Todos os marotos iriam — nem de longe conseguiriam superar aquilo.

— O que pode dar errado? — perguntou Rhea, com seu otimismo perverso pré pegadinha.

Angie entornou o nariz.

— Posso fazer uma lista das coisas que podem dar errado — ela respondeu, mas seu sorriso era igualmente insolente — Mas acho que qualquer uma delas só vai deixar as coisas ainda mais engraçadas.

Rhea levantou o olhar para ver a melhor amiga rir. Angie andava muito estranha havia muito tempo, preferindo passar mais tempo sozinha e calada. Ela não era assim. Rhea nunca precisara ir até ela para que Angie dissesse quando algo a incomodava, não havia muralhas ou barreiras emocionais em torno dela, sempre com o coração na mão para que todos vissem. Mas, ultimamente, alguma nuvem cinzenta a seguia para todos os cantos, cabisbaixa, preocupada, como se algo sugasse sua energia todos os dias, e ela sequer dera indícios de que queria conversar. O peito de Rhea dava um nó toda vez que via a melhor amiga dessa forma.

— O que foi? — perguntou Angie, notando o olhar demorado de Rhea sobre ela.

— Nada — Rhea voltou a olhar para sua poção, fingindo indiferença. Não queria que Angie pensasse que Rhea a estava pressionando para contar. Tentava se convencer de que não precisaria, que Angie ainda confiava nela para qualquer coisa. Que Angie não tinha finalmente começado a culpa-la pelas coisas ruins que aconteceram com ela. — É que não vi você no dormitório hoje de manhã, pensei que tinha acordado cedo para tomar café.

Angie costumava acordar mais cedo junto com Lily. Ambas odiavam se atrasar para as aulas matutinas.

— Ah — murmurou Angie, trocando o peso entre os pés. — Eu... dormi fora.

Ah.

Rhea tentou não soar magoada.

É Natal, e ela não pode passar com os pais. Ela está no radar de Voldemort. É tudo culpa sua. Ela sabe que é culpa sua. Está finalmente percebendo isso.

Fez-se um silêncio desconfortável por alguns minutos.

— Sabe, Rhea, eu andei pensando... — ela não quer passar o Natal com você. — Lembra quando falou sobre aquele diário que sua mãe guardava?

Rhea franziu as sobrancelhas, pega de surpresas.

— Lembro. O que tem?

Angie tomou mais alguns segundos em silêncio, crispando os lábios para o caldeirão.

— Você e Regulus ainda estão atrás dele?

— Nós... — Rhea olhou para os lados, como se pudesse haver mais alguém por perto para ouvir — Estamos fazendo algumas pesquisas. O diário estava no nosso porão, mas... Bem, o Ministério rondou a mansão por semanas. Dumbledore foi pessoalmente para fazer uma vistoria por lá, antes que qualquer um do Ministério chegasse, e não acho que tenha encontrado nada, ou teria ao
menos feito algumas perguntas a mim. Isso só pode significar que o diário foi tirado de lá antes do jantar. Fiz uma lista de alguns comensais que visitaram a mansão naquelas férias, não são muitos.

— Você já contou a Dumbledore?

— Não — e nem contaria. Ainda não. Regulus fizera Rhea prometer que ninguém saberia o que andavam fazendo, nem mesmo Dumbledore, e Rhea concordava por enquanto, até terem certeza de que estavam certos —, estamos tentando arrancar qualquer coisa dos futuros comensais, qualquer um que saiba algo sobre um diário. Mas estamos indo com muita calma.

— Você deveria contar.

— Ainda não.

— Voldemort já tem motivos suficientes para matar você. Não precisa de mais um.

Rhea franziu o rosto.

— E em que exatamente contar a Dumbledore vai ajudar? — perguntou Rhea com rispidez — Ele sabe exatamente no que estou me metendo. Foi ideia dele, inclusive.

Angie bufou, largando a colher de pau ao lado do caldeirão.

— Dumbledore é um egoísta.

Uma bolha de dentro do caldeirão estourou, o barulho do líquido sendo o único som que se fez audível entre as duas por um tempo. Os olhos de Angie brilhavam com raiva pura.

— O que é que está acontecendo, Angela? — Rhea não aguentava mais um segundo daquele humor sombrio da melhor amiga e do silêncio. — Vai contar por que é que está tão emburrada, ou vai continuar com cara de bosta o dia inteiro?

Angie recuou, piscando, pega de surpresa pelas palavras grosseiras. Rhea se arrependeu imediatamente do que falou, mas Angie respondeu antes que Rhea pudesse acrescentar qualquer coisa:

— Cara de bosta? — a voz de Angie foi puro ódio e mágoa — Me perdoe se não estou no melhor dos meus humores. Não é como se todas as pessoas que eu amo estivessem correndo risco de vida!

— Voldemort está mais forte do que nunca! — Rhea não conseguiu impedir que sua voz aumentasse uma oitava — Todos estão correndo risco de vida! Não é só você que é especial!

— E Rhea di Salles vai salvar todos, como sempre. — Angie era incapaz de gritar, Rhea sabia. Sua voz era contida mesmo com raiva, nenhum fio de cabelo fora do lugar durante discussões. Sempre educada. Sempre. Isso irritava Rhea profundamente: sim, Angie, todos que você ama correm perigo, e a culpa é minha. Reaja. Jogue a colher em mim. Jogue o caldeirão em mim. Se não quer me bater, use palavras para me machucar. Mas faça alguma coisa. — Porque ela sim é especial.

— Ah, vá a merda.

Me mande de volta, Angie. Brigue comigo. Saque a varinha, desconte os males que te causei.

Mas Angie apenas balançou a cabeça.

— Você não se aguenta, não é? — enquanto a voz de Rhea era alta para se sobressair sobre qualquer outra, a de Angie era firme e contida.

— Não me aguento com o que, Angela?

— Agora que Sirius e você caem de amores um pelo outro, mal consegue acordar de manhã sabendo que não vai ter ninguém para brigar.

Rhea bufou uma risada.

— Então Sirius é o problema? — Rhea sabia que Angie não era a maior fã de Black, mesmo que nunca tenha falado nada. Podia ver na forma que ela o olhava.

— Me diga você, Rhea. Foi você quem quis começar essa discussão. Me diga você qual o problema.

Rhea jogou as mãos para cima.

— Comecei essa discussão porque você está sempre mal-humorada, e está começando a encher o meu saco!

Os olhos escuros de Angie brilharam com uma raiva borbulhante.

— Começou essa discussão porque precisa que alguém a odeie. — murmurou ela, inabalada — Não aguenta ficar sem alguém para alimentar esse seu ódio repugnante que sente de você mesma.

Rhea piscou, pega de surpresa. Quem ficou sem palavras foi ela.

Mas Angie continuou:

— Sinto te informar que não vai conseguir isso de mim hoje — ela desviou o olhar para o cadeirão, e Rhea controlou a raiva dentro dela. Odiava como Angie era equilibrada, odiava sua falta de rancor —, e se quer saber o que está me deixando mal-humorada, não é sendo uma estúpida que vai conseguir. Então sugiro que abaixe seu tom de voz.

Rhea comprimiu os lábios ao baixar o olhar para o próprio caldeirão, concentrando-se em medir corretamente a temperatura enquanto um de seus punhos se trincava ao lado do corpo.

Ela suspirou.

— Desculpe.

Angie não respondeu por alguns instantes. Em vez disso, desligou o fogo e puxou um dos diversos frascos que haviam separado mais cedo. Ela se abaixou na altura da mesa para que pudesse medir, virando lentamente o caldeirão para despejar o conteúdo para o vidrinho.

Um pouco envergonhada pelo próprio descontrole, um silêncio recaiu enquanto Rhea fazia o mesmo.

— Como eu andava dizendo — Angie voltou a falar, como se nada tivesse acontecido —, se eu bem me lembro de sua conversa com Dumbledore, ele sabe exatamente os riscos que você corre bancando a espiã.

— Ele sabe — a voz de Rhea era seca com a memória. — Mas também sabe que estou só trocando seis por meia dúzia. Ao menos dessa forma estou sendo útil.

Angie assentiu. Ela entendia.

— Se o diário for o que pensa que é, então está partindo para outro nível de espionagem. Mas... — Rhea a olhou diante da hesitação — Você acha mesmo que ele guardaria aquilo com sua mãe? Se era tão importante. Por que confiar tamanha importância na mão de uma pessoa só?

Rhea franziu as sobrancelhas, e Angie continuou:

— E por que deixar tão longe dele? Por que deixar em outro continente?

Rhea deu de ombros.

— Talvez ele confiasse em minha mãe. Ela era seu braço direito.

— Pode ser — Angie mordeu o interior da bochecha, observando o frasco cheio antes de acrescentar —, ou talvez não era tão importante assim.

Rhea a olhou com o rosto franzido. Angie olhou de volta, encolhendo os ombros.

— Porque, talvez, o diário não fosse o único.

— Você acha que...

Angie balançou a cabeça.

— Não sei, e não quero saber — disparou, alcançando outro frasco — Mas acho que é uma coisa a... avaliar.

A boca de Rhea se entreabriu diante da ideia, e não pode impedir que seu peito apertasse. Fazia sentido. Fazia sentido demais. E se Voldemort tivesse outras como o diário, então de nada adiantava encontra-lo. Porque Voldemort teria outras cartas na manga.

Decepção deve ter passado pelos olhos dela, porque Angie colocou a mão em seu ombro.

— Um passo de cada vez — ela disse —, só tente arrancar algo assim dos comensais. Use as aulas de oclumência que sugeriu a Snape para invadir as memórias de todos eles.

— É o que tenho feito — respondeu Rhea. Ela sabia que não conseguiria arrancar tudo na base da conversa, então precisara dar um passo a mais. Com a desculpa de que queria ensinar oclumência a seus amigos, agora tinha acesso a mente deles praticamente todas as noites. Sabia que era Lucio Malfoy o mais próximo de ser marcado, porque Narcisa deixava a mente aberta demais quando se tratava de seu namorado formado. E que o pai de Goyle vinha trazendo informações internas do Ministério. Rhea contava tudo a Dumbledore uma vez ao mês —, mas eles não sabem se nada a respeito disso.

— Quem sabe depois do recesso, depois de passarem um tempo em casa.

— É.

Rhea não conseguia mais evitar. Pitadas de medo entravam em seu sangue.

Angie tirou a mão de seu ombro, pescando outro frasco.

— Pensamos nisso depois do Natal.

— É — concordou Rhea mais uma vez — depois do Natal. E da festa de ano novo.

As duas sorriram uma para a outra.

Mas Rhea não conseguiu afastar aquele incômodo.

E se o diário não fosse o único?

————————————————-
oioi!
Desculpem a demora. Quarentena ta acabando comigo, fora a faculdade, e ta tudo um caos haha. Juntou ansiedade, com alguns outros probleminhas psicológicos, preguiça, falta de tempo e boom eu simplesmente sumi.

Pra completar, quem leu o ultimo post q eu fiz viu que eu acabei de ler ACOTAR e quem leu ACOTAR sabe a tortura que é a ressaca desse livro. Tudo que passa na minha cabeça quando eu penso em
voltar a escrever é o gostoso do Azriel e como eu quero fazer uma fic com ele 😭😭😭 mas nao vou começar nenhuma outra sem terminar essa, pazzzz

Tenham paciência com o cap ruim pq to voltando agora a exercitar a criatividade e a voltar pra essa história. Tem bastante coisa pra ser descoberta e nao quero apressar nada.

Eu vou TENTAR voltar a atualizar com frequencia. Mesmo que isso nao aconteça, uma hora a att sai.

Se ainda tao aqui, obrigada por nao me abandonarem ❤️

xoxooo

ps: SPOILER ACOSF
.
.
.
MINHA VIDA DEPENDE DE AZRIEL E GWYN ENDGAME!!!!!!!!

ps2: aceito indicaçoes de fics azriel x oc

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