- Papai..?
- Minha aniversariante! - Gritou ele todo animado.
Eu fiquei sem palavras. Olhei para o lado vendo Penny, e é claro que ele não iria esboçar uma reação das boas, só vi um olhar como se ele fosse atacar meu pai.
Voltei para meu pai, e recebi um abraço forte, e ele me soltou dando tapinhas em meus ombros, e me analisou ainda sorrindo.
- Uau... Você está... Linda! Está enorme! - Diz rindo e solto uma risada sem ainda tendo uma reação.
- Papai... - Então eu o abraço apertado desta vez, e quando percebo que ele não estava mais usando muletas, me afastei e olhei para a perna de ferro, substituindo a que.. Foi arrancada - Nossa...
- É. Tive que fazer algo com ela. - Então seu olhar vai para o cara atrás de mim, e seu olhar ficou pasmo, e assustado - Quem é ele?
- .. Um ami...
- Então ele que é o seu namorado? - Apareceu mamãe de repente saindo de casa, quase empurrando papai - Ele é bem alto. E muito bonito. - Diz sorrindo, e vi a reação de Penny que de um olhar de um predador, foi para um sorriso fechado. Mamãe voltou para mim e sorriu aberto - Ahhh! Dezenove aninhos, minha menina! Eu sabia que não ia faltar pra festa! Feliz aniversário! - Ela me abraça de um jeito sufocante.
- T-tá.. M.. Mãe.. O.. Obriga.. Da...
- Oh! Desculpe-me! - Disse se afastando de mim.
- Tudo bem, mãe.
- E o cidadão tens um nome?
Assim que Wise iria responder, o interrompi:
- É Roman!
- Roman? Que belo nome! Agora vamos entrar!
Os dois foram na frente, e como estávamos atrás, não pude deixar de sentir ele puxar meu ombro.
- Roman? Que nome é esse?! - Sussurrou quase gritando em meu ouvido.
- Fique calmo, Penny. E esse nome combina um pouco com essa cara.
Ele rosnou baixo e entramos. Me sentei ficando no meio de papai e Penny.
- Filha, você ainda está com isso no pescoço? Sei que é uma lembrança do Sexta-feira, mas.. Usar tanto.. Não acha que é de mais? - A coleira... Argh! Por isso que eu não queria ter vindo com ela!
- Não entendi. - Diz papai então ele olha para meu pescoço, e uma de suas sobrancelhas se ergue - Morgie, por que está usando isso?
- A-Ah..
- Ela disse que encontrou. Era do Sexta-feira. Ainda lembra dele, Johan?
- Claro que lembro, Sarah. Foi eu que dei de presente para Morgie. - Diz meu pai sério, fitando minha mãe. Ainda não sei como ela conseguiu deixar ele passar da porta para dentro.
- Hunf. Mas então, ela encontrou isso e colocou no pescoço! Tem cabimento isso?
- Não muito.
- Eu queria ficar com ela, está bem? - Digo só um pouco alto para que eles me ouçam.
-... Claro, Morgie. - Diz ele compreendendo.
- Bem, não vamos deixar Roman de lado, ele é praticamente da família! - Diz minha mãe e por um segundo me esqueci dele, o olhei, e ele estava neutro - Quantos anos tem?
-... Quantos anos a senhorita tem? - Me pergunto, dá onde ele tirou esse respeito.
Minha mãe ri.
- Trinta e nove.
- Sou dezoito anos mais novo.
- Ou seja... Você tem vinte e um. Você é dois anos mais velho que Morgan!
- Isso mesmo. - Diz ainda com seu sorriso. Fico até surpresa com este teatro todo.
- Essa sua cara... Você não parece ser dos Estados Unidos. Você parece ser sueco.
- Pois é isso mesmo.
- Uau! - Diz se surpreendendo.
Penny/Roman, deu uma risada.
- E você mora a onde, Roman? - Foi a vez de meu pai começar as perguntas, e os dois trocaram olhares sérios.
- Na rua Trevor.
- Droga.. Já até esqueci os nomes dessas ruas daqui.
- Fica à quatro quarteirões daqui. - Diz simplesmente.
- Estuda?
- Estudo na Hordwarder.
- Hordwarder?! Essa faculdade ainda existe?! - Meu pai pergunta surpreso.
- Sim, pelo visto. - Respondeu o óbvio.
- Pensei que iria fechar depois dos doze...
- Doze? - Pergunto olhando para papai.
- Doze desaparecidos. - Responde meu pai sério e sombrio encostando as costas no sofá.
Um ar tenso subiu, olhei para Penny/Roman, e ele parecia normal com o comentário. Claro, com certeza foi ele que causou.
Eu ia começar uma nova conversa com mamãe, mas ela não estava mais na sala, desapareceu e nem reparei.
E assim que eu dissesse mais alguma coisa, ela apareceu com o bolo em mãos já cantando, e meu pai se ajuntou à ela.
- Happy Birthday to You! Happy Birthday To You! Happy Birthday Dear Morgan! Happy Birthday to You!
O bolo foi posicionado na minha frente, era de chocolate branco, meu preferido é estava enfeitado de dezenove velas.
- Faça um pedido. - Pediu mamãe.
Não o fiz mentalmente, só sussurrei tão baixo que acho que nem o próprio Wise ouviu, então sequei as lágrimas e assoprei todas elas, meus pais e Penny bateram palmas.
Papai acendeu as luzes e mamãe cortou o bolo. Isso fez o ar tenso se desmanchar, e fiquei muito mais aliviada.
O bolo estava incrível, até me surpreendeu Wise ter aceitado um pedaço, e seu olhar para o pedaço cheio de chocolate branco, me fez conter uma risada. Agora já não sei mais o que está acontecendo comigo.
- Filha? - Era estranho ouvir ele me chamar assim depois de anos.
- Sim?
- Eu... - Ele procurou as palavras até que mamãe interfere:
- Seu pai quer lhe fazer uma.. Pequena proposta.
- Oh, certo! O que seria?
-... Aceitaria ficar uns dias em Nova York, comigo? - Eu senti Wise ficar inquieto ao meu lado. Eu fiquei com a boca entreaberta, e com um olhar surpreso. Não esperava por isso.
- N-Nova York? Nossa.. Isso seria...
"Vamos embora"
A voz de Penny soa em minha cabeça me interrompendo, respiro fundo, ele estava irritado.
- Eu... Preciso ir no banheiro.
Me levanto escutando meu nome ser chamado pelo meu pai, caminhei para dentro e me tranquei. Eu caminhei de um lado para o outro, mexendo as mãos de um modo nervoso. A luz piscou. Eu parei no lugar e senti sua presença; virei de costas, ele não estava, olhei para frente, ele também não estava, até me atrevi a olhar pro teto, mas com certeza não estava ali.
Então, caminhei lentamente até perto da pia, segurei na mesma e me posicionei na frente dela, me deparando com ele, e atrás dele há um cenário escuro.
- Eu disse, que já estamos de saída. E é para agora. - Me olhou sombrio e frio.
- É meu aniversário. - Digo simples sem medo algum.
- A festa acabou. - Disse curto e ríspido. Fiquei pasma diante de sua resposta atrevida, me afastei da pia indo para trás e me encostando na parede.
- Não pode fazer isso! Eles são a minha fa..
- O único que eu quero, da sua família, é seu pai.
- Então por que já não o matou? Essa não era a vingança? - Questionei e não acreditei nas minha palavras. Então ele ri.
- Pelo visto, você quer ver seu pai morto também, não é? É isso que estou percebendo. - Diz me olhando curioso, ainda do outro lado do espelho.
- Não foi isso que eu quis dizer..
- Mas deu para entender desse modo, Morgan. - Sorriu assustador.
- Você só está brincando com a minha cabeça, de novo, não é Wise? - Ele ri, sua risada se transforma numa gargalhada assustadora, e então, ele dá um soco na pia falsa do outro lado, fazendo a pia do meu lado tremer, junto com a lâmpada.
- Parece que gosta de me ver com raiva, certo Morgan? Isso comprova que está ficando mais louca ainda.
Mais louca ainda...
- O que quer dizer com isso?
- Não percebeu? Você mesma criando paranoias da casa e é claro, de mim. De como sua humilde mente está sendo despedaçada. Você já possui uma doença, só não está pronta para demonstrar ainda. - Ri ao dar ênfase na palavra.
-... Que.. Doença?
Ele gargalha então perco o controle, me aproximo da pia, e é a minha vez de socar ela - Mesmo não fazendo muito efeito como o soco dele - mas o fez calar-se.
- Que doença?
- Você ainda não faz questão de qual seja? Então está bem. Não serei eu à dizer. - Diz rindo arrastado - Agora, vamos embora.
-... Se eu sou tão louca como você disse, irá entender se eu disser.. Não.
-... Como? - Me fitou ameaçador.
- Não! - Digo lentamente - N-A-O til. Não.
- Você sabe que posso atravessar este mero espelho, e te enforcar, não sabe?
- Bem.. Se sou tão louca assim, eu digo "Tente". - Eu dou dois passos para a porta mas sou empurrada para a parede, virada de costas para a mesma, e começo a sentir o ar indo embora com sua mão pressionando minha garganta, e senti como se a coleira estivesse prestes a entrar para dentro de minha pele.
- Parece que alguém está pedindo para morrer. - Seguro sua única mão, que apertava minha garganta, vendo minha tentativa, ele grita: - Não encoste em mim!
Minha garganta já doía na altura do campeonato, uma lágrima rolou em resposta.
- Que foi? Não está mais se divertindo, Morgan? Vamos, tente dizer mais uma piada! Faça o que estava fazendo segundos atrás. Faça! - Gritou e minha visão começou a ficar turva. Minhas forças já estavam sendo esgotadas de tanto me debater.
- Vou repetir de novo. Vamos embora.
-... S-Sim.
- Bem melhor! - Sorri e me solta fazendo-me cair no chão, olho para frente e já me encontrava só.
- Filha? - A voz de mamãe soou do outro lado da porta.
- M-mãe... - Digo com a garganta doendo. Consigo me levantar, e retiro minhas mãos da frente do pescoço, o qual se via vermelho com algumas marcas em vermelho, a coleira ajudava em não demonstrar tanto o vermelho, mas dava para ver os dedos contornos em minha pele. Maldito!
Escondendo a parte vermelha com a mão, caminho até a porta e a destranco.
- S-sim?
- Eu convidei os meninos e a Bervely para passarem aqui.
- O quê?! - A olho desacreditada.
- Sei que é amiga deles. E seu pai e Roman estão na sala como cão e gato se estranhando. É como se... Eles já se conhecessem. - Prontamente a interrompi antes que diga mais algo:
- Deve ser coincidência.
Fomos para a sala e senti de novo o ar tenso. Penny ainda em sua forma humana, fitava meu pai com um olhar de que vai o atacar, e ao colocar os olhos em mim, se levantou.
- Pode parando aí! - Diz meu pai com raiva se pondo de pé também - Você. É você, não é?! Demorei para entender, mas agora lembro-me desse rosto! Pennywise... - Meu pai diz o nome enojado. Engoli em seco.
- Ora, ora... Então lembra? - Diz ele rindo ainda mantendo a forma. Isso não vai ser bom - Também me lembro de sentir o gosto saboroso e delicioso de seu sangue e de sua carne. - Mamãe abafou um grito com a mão, a abracei como se tivéssemos trocado de papel.
- Seu Maldito! Como ousa entrar nesta casa?! Como ousa se aproximar da minha filha e da minha família?! - Gritou papai e me comovi com suas palavras.. Família - O que quer agora?! Não basta já ter quase me matado!?
Então.. Entendi. Era isso. Pennywise não conseguiu matá-lo, ele odeia quando uma presa foge. Wise sempre quis matar meu pai. Uma obcecação assassina por meu pai, tudo para matá-lo.
Olhei Wise o qual me olhava sério, e começou a entortar a cabeça para o lado.
- Vão para trás! - Mandou papai. Qualquer passo em falso, Wise matará papai, aqui na nossa frente.
Penny deu um passo à frente, e meu corpo agiu passando pelo papai, e ficando de costas para Wise.
- Não. O senhor e mamãe vão para trás. Não vou deixar ninguém morrer hoje. É o meu aniversário. - Dei um sorriso amargo, sentindo lágrimas rolarem. Papai me olhou pasmo, e ficou reto. Mamãe que estava confusa, me olhava em lágrimas por causa das palavras de Roman.
- O que vai fazer? - Perguntou papai com a voz embargada.
- Ir embora. Vamos, Wise?
- Tsc...
E logo já não estávamos mais lá. Eu fiquei ali, presa ao chão.
- Por que... - Sua voz arrastada soou com um ar frio e sombrio.
- Não ouviu minhas palavras? É o meu aniversário ainda. E não quero mortes dentro da minha casa. - Então ele ri e me arrepio ao sentir sua respiração em minha nuca.
- Você.. É engraçada. Ri na cara da morte. Mesmo tendo medo de morrer.
- É um erro meu. - Digo simplesmente com a voz trêmula.
- Claro que é. Me deixou com fome. - Sinto sua língua em contato a minha nuca me causando arrepios. Droga de palhaço.
Sou virada de modo bruto para frente, e sem que eu emita um som, sinto seus lábios em contato com os meus. Eu percebi uma coisa, ele ainda estava na forma humana.
Logo não senti mais o chão - literalmente -, sem ele se afastar, é estranho, perigoso, me dava medo.
Ele caminhou comigo nos braços e senti que precisava de ar; imaginei que ele estava com fome de carne... Mas ele sabe que... Sou jogada na cama ele estava em cima, seus braços se apoiando no colchão. Ele afastou os lábios e consegui respirar melhor.
- Nã..
- Cala a boca. - Diz sorrindo bizarro, de forma mais psicopata possível, trazendo uma risada arrastada consigo. Estava agindo como um bêbado.
- Não mesmo. - Digo e tento me arrastar para cima, para achar uma escapatória dali, mas foi como imaginei, não dá.
Penny/Roman segurou minha perna com força, e senti incômodo ali.
- Shhh, não faça assim, Morgan. - Ele age da forma mais falsa possível. Idiota.
- Por favor, Wise, não faça isso.
- Isso o quê? - Então sua mão desliza em minha perna, subindo até minha coxa, o olho com raiva, e meu sangue queima de ódio - Ah, isso? - Um completo idiota. Penny ri e se aproxima de meu rosto - Você. Isso é culpa sua.
- Minha culpa?!
- Sim! - Rosnou. Eu queria bater nele...
- Me solta, Wise. - Digo tentando se afastar, então ele segura minhas bochechas, e as apertam.
- Isso é medo? - Mesmo na forma humana, eu conseguia notar sua saliva em amostra.
- Pode apostar que sim. - Digo tentando mais uma vez, e falho.
Pennywise/Roman ri por causa de meu comentário, ele abaixa o rosto, e seu corpo se mexe. Só no piscar de olhos, vi ele como sua forma original.
Eu senti uma dor imensa na minha coxa, não duvido nada que era sua garra a perfurando.
- Penny! Me solta! - Gritei com dor.
Ele ergue minha perna, e arranca uma parte de minha calça, sua garra deu voltas no pequeno furo feito, eu não conseguia olhar, fiquei ali, se contorcendo de dor; uma tortura.
Sua garra sai com rapidez e ele lambe o sangue, eu gritei assim que seus dentes prenderam na minha pele. Penny saboreia do meu sangue e da minha pele enquanto me olhava.
Ele joga minha perna machucada, me fazendo dar um grunhido. Wise senta bem ao meu lado, e ri.
- Ainda vai acontecer. Quando você menos esperar, vai ver seu paizinho morrendo. Pode deixar, irei colocar você bem próxima do espetáculo.
Engoli em seco enquanto sentia minha perna queimar e doer muito, eu acabo ficando com a visão turva, com certeza por causa da dor, e desmaio.
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Os losers haviam chegado na casa dos Russell, chegando lá, Johan explicou tudo que aconteceu, e como os sete haviam explicado que já "conheciam" o palhaço alienígena, Johan explicou os outros detalhes.
- E agora.. Ela está com ela. De novo.
- Merda... - Resmungou Richie.
- Mas... Como? Como conseguiram matá-lo?
- Não conseguimos, pelo visto. - Disse Mike.
- Só conseguimos ferir ele. Só isso. - Explicou Ben.
- Oh... Entendi.
- Desculpa perguntar, mas como conseguiu fugir da coisa com uma perna só?
- R-Richie. - Repreendeu Bill.
- Tudo bem. Foi.. Algo surreal. -
- Hum...
- Posso contar a história, mas preciso saber como tira a minha filha de lá. Como entra lá?
- Porta da frente ou cano de esgoto. - Responderam todos uníssono.
- Oh... Preciso ter um plano...
- V-v-vamos ajud-dar!
- Tem certeza que não tem problema para vocês?
- Claro que não. - Respondeu Bervely.
- Obrigado.
- Agora me digam, o que está acontecendo, e o que levou a minha filha embora! - Ordenou Sarah, mãe de Morgan.
- Iremos explicar tudo, Sarah.
- É. Isso vai demorar. - Resmungou Richie.