2 dias depois
— Mas e se um dia você se for? - A garotinha perguntou, enquanto sentia seus fios serem penteados.
— Você já estará grande Hanna. - Respondeu docemente enquanto passava a escova. - E não precisará mais de mim.
— Eu acho que sempre vou precisar de você. - Se virou e encarou os olhos da Mãe.
Despertei de meu sono e enquanto abria os olhos lentamente, suspirei. Eu havia sonhado com minha mãe, de alguma forma consegui reviver uma lembrança antiga, por meros minutos, mas consegui. Sentada sobre a cama, permaneci parada encarando a cortina a minha frente.
Parecia tão real, real ao ponto de eu me emocionar, eu lembrava perfeitamente de minha mãe, mas no sonho consegui sentir a sua presença novamente. Sai de meus pensamentos e então me levantei, fiz minhas higienes e abri o grande guarda roupa. Optei por um dos vestidos e logo o coloquei, ele era longo, todo coberto por um tecido leve e transparente e seu forro carregava um tom rosado frio, discreto.
Seu decote em formato V era sútil e bonito, a manga também era coberta pelo tecido transparente, somente ele, deixando meus ombros um tanto a mostra.
Sai do quarto e caminhei pelos corredores até a sala de jantar para tomar café, o sonho com minha mãe havia me deixado de bom humor, o que me fez caminhar com um sorriso até lá. Assim que cheguei me deparei com Margaret sentada a mesa, e por outra porta, meu pai adentrava ao cômodo também.
— Bom dia filha. - Meu pai disse com um sorriso no rosto, enquanto arrumava o botão do paletó.
— Bom dia. - Fechei o sorriso e me aproximei da mesa.
Margaret passou seu olhar breve por mim, me olhou dos pés a cabeça como de costume e então voltou ao que estava fazendo. Permaneci calada e comecei a comer, e assim ficamos por um tempo. Meu pai não passou muito tempo na mesa, apenas comeu um pouco e saiu, deixando apenas eu e sua esposa a mesa.
Enquanto eu comia, não deixava se perceber os olhares constantes de Margaret em mim. Tinha momentos que ela simplesmente parava e me encarava, as vezes com aquele olhar esnobe de sempre e as vezes ela parecia estar perdida em seus próprios pensamentos, nostálgica.
— Pode me explicar o por que esta me encarando tanto hoje? - Falei enquanto enchia minha xícara.
— No dia que eu a vi...ela usava um vestido parecido com esse. - Falou pensativa, encarando sua xícara. - O fato de vocês serem tão parecidas me irrita.
— Ela quem? - A olhei confusa.
— Sua mãe. - Olhou para mim. - Você não parece surpresa.
— Sobre você já ter a visto? Nem um pouco. - Dei de ombros. - Seu suposto noivinho estava envolvido com uma mulher a qual todos chamavam de Deusa, era óbvio que você iria querer vê-la com seus próprios olhos. - Dei um gole no café. - E não gostou nem um pouco do que viu, ela era linda não era?
— Ela era apenas uma mulher da vida, ambiciosa. - Me olhou séria. - Ambição, esta no seu sangue garota.
— Deve estar mesmo, por isso eu estou aqui. - Abro um sorriso debochado. - Sabe, houve um tempo em que eu esperava todos os dias pelo meu pai, ficava sentada na frente de casa. Mas ele nunca veio e um dia eu aceitei isso, naquele dia eu percebi que ele simplesmente não se importava comigo.
— E mesmo assim você está aqui, se juntou a família. - Falou com rispidez.
— Família? Essa nunca vai ser minha família. - Neguei com a cabeça. - A última pessoa da minha família já se foi, os Cooper apenas partilham do mesmo sangue que eu.
— Deixe de drama, se amasse tanto aquele homem, não teria o deixado e vindo pra cá. - Me acusou.
— Drama?! E se eu matasse a pessoa mais importante pra você? - Bati na mesa. - A pessoa mais importante da sua vida. Porque então você faria ideia de como eu me sinto! - Gritei.
— É uma teoria interessante, mas acho que só a sua dor interna já me basta. Todos sobre quem você está falando já estão mortos...! - Sussurrou dando ênfase na última frase e sorriu.
Permaneci a encarando fixamente, senti minha garganta dar um nó e meu pulho estava cerrado apertando o pano da mesa. Meus olhos estavam cheio de água, mas com a força da raiva que eu estava sentindo, não deixei que nenhuma lágrima caísse.
— Ninguém mais de importa com você, garota. - Disse se levantando e apoiando a mão na mesa. - Ninguém!
Encostei as costas na cadeira e escutei suas palavras, ainda apertando o pano da mesa, eu encarava meu prato. Assim que a mesma terminou de falar, sem querer deixei escapar uma única lágrima, mas logo a limpei.
— Eu me importo. - Uma voz familiar falou.
Olhei então pela porta e avistei Tommy entrando pela mesma, com uma expressão séria encarando Margaret.
— Tommy? O que faz aqui? - O olhei confusa.
— Sr.Shelby, que honra ter o senhor em nossa casa. - Margaret continuou com sua pose.
— Preciso falar com você. Liguei para o escritório e me falaram que você estava aqui. - Tommy respondeu se aproximando.
— Vamos conversar em outro lugar, eu já estava de saída. Me dá uma carona? - Me levantei.
— Claro, vamos então. - Balançou a cabeça positivamente e apontou para a porta.
— Vai ficar e tomar um café Sr.Shelby? - Margaret perguntou erguendo a taça.
— Não, obrigada. Eu já tomei café em casa. - Tommy disse a olhando brevemente e me dando espaço para passar.
Sai então do cômodo, juntamente a Tommy que veio logo atrás de mim. Saímos então da mansão e caminhamos em direção ao carro, Tommy permaneceu calado, o que deu a entender que era algo importante. Ele não iroa correr o risco de falar sobre o assunto em qualquer lugar, principalmente aqui no território Cooper.
Entramos no carro e ele então começou a dirigir em direção ao centro.
— E então, sobre o que quer falar? - O olhei.
— Um roubo, preciso da sua ajuda. - Falou concentrado no caminho.
— Por Deus, quem vocês estão querendo roubar Tommy? - Coloquei a mão na testa.
— Temos negócios com os russos, e eu não confio que os russos vão nos pagar. - Virou a esquerda. - Então, vamos pegar o que é nosso.
— E aonde eu entro nessa história? - Falei tranquilamente, me aconchegando no banco.
— Vamo a casa deles hoje, quero que você venha. Você é a musa da música de Londres, eles vão amar a sua presença em suas terras. - Explicou fazendo movimentos com a mão.
— E não vão suspeitar e nem atrapalhar o seu plano. - Soltei um riso.
— Exatamente, temos que ver o que tem dentro do cofre deles. - Sorriu.
— Ok, eu vou. - Falei olhando pela janela.
— Passamos pra te buscar no final da tarde. - Parou o carro em frente ao The Empire.
— Combinado. - Saio do carro.
Fecho a porta do carro e ando em direção a entrada, mas enquanto andava ouvi Tommy grita.
— Hanna! - Gritou pela janela do carro. - Não dê ouvido a aquela mulher, nós nos importamos muito com você. - Sorriu com os olhos e saiu com o carro.
Ao ouvir as palavras do mesmo, abri um sorriso e assenti com a cabeça. Assim que o mesmo foi embora, me virei novamente e entrei no The Empire. Passei pelo salão para dar uma olhada e logo subi para o meu escritório.
( P.O.V JOHN )
Desde aquele dia tenho ficado na casa de Tommy, enquanto mexia em minhas gavetas, percebi que havia esquecido algumas coisas na casa onde eu morava com Izzy. Desde o acidente, não a vi e nem fiz questão de ver, por causa do pouco tempo ainda não consegui resolver as coisas tão rápido como eu queria, mas logo eu conseguiria o divórcio.
Tomei meu café da manhã com Tommy e após alguns minutos sentado a mesa, ele saiu para resolver algumas coisas. Terminei de comer e sai de casa, peguei meu carro e dirigir até a casa. Minha intenção era apenas pegar o que era meu e ir embora, eu não queria cruzar com Izzy.
Cheguei em frente a mesma e entrei, os empregados me receberam e eu subi para o quarto. Por sorte Izzy não estava lá, abri uma de minhas gavetas e comecei a colocar as coisas que estavam lá dentro de uma bolsa.
— John? - Ouço a voz de Izzy.
Assim que me virei tive uma enorme surpresa os cabelos longos de Izzy agora estavam curtos, eu poderia dizer que estavam do mesmo tamanho que o de Hanna. Ela exalava um perfume muito conhecido por mim, o mesmo que Hanna usava, eu não sei o que Izzy pretendia com tudo isso, mas ela estava parecendo uma cópia.
— Podemos conversar por favor? - Deu alguns passos a frente.
— Eu não quero ouvir nada que venha de você. - Me virei novamente e voltei a mexer na gaveta.
— John por favor...eu fiz isso por você, por nós! - Veio correndo até mim.
— Nós? Esse "nós" nunca existiu! - Me virei novamente para ela e a encarei.
— Você não vê que eu faço tudo isso por nós? Até mudei minha aparência pra ser a mulher ideal pra você! - Agarrou minha camisa. - Eu até fiz o jantar meu amor, se você deixar eu posso te fazer o homem mais feliz do mundo, posso me parecer com quem você quiser! - Chegou mais perto. - Desde que nos casamos eu tento ser ela.
Encarei seus olhos severamente, ela estava tão parecida com Hanna, mas ao mesmo era completamente diferente. Não importava o quanto ela tentasse, nunca chegaria aos pés da minha Hanna. Encarando seus olhos eu segurei suas mãos que estavam pressas em minha camisa e as tirei.
— Você tem o mesmo cheiro do perfume dela, acorda ás 6, vai caminhar e ainda faz dieta. - Falei encarando seus olhos negros. - Mudou o jeito de falar, faz de tudo pra me agradar.
— Tudo...! - Tentou se aproximar mais uma vez, mas eu me afastei.
— Pra quem não sabia cozinhar, preparou a mesa do jantar. E a música que ela gostava, você fez questão de colocar pra tocar. - Continuei falando seriamente. - Quase que me convenceu.
— Eu posso ser ela John! - Gritou e segurou meu rosto com as duas mãos.
— Mas na hora de fazer amor...você não é ela! Você tenta se esforçar, mas não faz do jeito dela. - Segurei seus braços e os tirei de perto. - A novela acabou, chega de fazer amor pensando nela. - Peguei a bolsa e caminhei até a porta.
— Você não pode me deixar! - Gritou.
A ignorei e sai do quarto, Izzy continuou a vir atrás de mim gritando feito uma garotinha mimada. Era isso que ela era, uma garota mimada que não aceitava perder, que me via como um capricho. Desci as escadas e andei em direção a porta, sai da casa e a bati com força.
Entrei dentro do carro e sai dali o mais rápido possível, agora a única coisa que unia eu e Izzy era um papel idiota, que se dependesse de mim em breve seria destruído.
[...]
Cheguei na casa de Tommy e entrei, deixei minhas coisas no quarto e enquanto andava pelos corredores ouvi Tommy me chamar.
— Aonde estava John? - Tommy pergunta.
— Fui pegar umas coisas que eu tinha esquecido na outra casa. - Me aproximei.
— Viu a Izzy?
— Infelizmente, você acredita que ela está parecendo a própria cópia da Hanna?! - Me sentei. - Que mulher louca.
— Cometemos um erro enorme, devíamos ter investigado melhor aquela gravidez. - Fuma seu cigarro.
— Eu só quero me ver livre dela logo. - Coloquei a mão na cabeça nervoso.
— Vamos cuidar disso, agora relaxa e vai de trocar. - Disse se levantando. - Vamos resolver aquele assunto com os russos.
— E a Hanna vai também. - Arthur disse entrando no escritório, sorrindo para me provocar.
( P.O.V HANNA )
A tarde se passou feito vento, talvez seja porque eu não não parei de trabalhar nem por 1 segundo. Assim que terminei fui para o hotel me trocar, optei por deixar meu cabelo solto, mas devidamente arrumada. Após pensar bastante no que vestir, já que eu iria a casa de pessoas muito importantes, a realeza russa.
Escolhi um vestido verde escuro, ele era longo e cobria meus pés, na parte de baixo seu tecido era parecido com certa e a partir de minha cintura, o tecido era de veludo. Por eles haviam vários detalhes e desenhos em dourado, o que dava um ar mais fino. Seu decote em V era um tanto ousado, mas nada muito chamativo. Para completa-lo resolvi colocar um cinto preto, que fez o vestido acentuar mais minha cintura.
Olhei pela janela e vi que o sol estava já em deu ápice, dei uma arrumada rápida em meu cabelo e então sai do quarto. Desci as escadas e então sai do hotel, dirigi até o The Empire e fiquei na frente do mesmo esperando por Tommy.
Alguns minutos se passaram e avistei de longe o carro do mesmo se aproximar, ele estacionou e então eu comecei a descer os degraus de mármore. De repente a porta traseira do carro é aberta e John sai do mesmo, ele abre a porta e então se vira para para me olhar. Ele me encarava fixamente e abri um sorrisinho de canto.
— Espero que nenhum nobre russo se encante por você, seria o meu fim. - Disse me acompanhando com o olhar, com um sorriso provocativo no rosto.
Parei em frente a porta, eu estava prestes a entrar no carro quando me virei e olhei para o mesmo. John desviou olhar no mesmo segundo, como se estivesse fingindo que nada aconteceu, ele adorava me provocar.
— Talvez ele aproveite melhor o que um certo cigano idiota perdeu. - Retruquei a provocação.
— Deixem de briguinhas e vamos logo! - Arthur gritou.
Bufei encarando John e entrei no carro, ele entrou logo em seguida e se sentou ao meu lado. Virei o rosto para o outro lado e fiquei encarando a janela, ele fez o mesmo.
E ai? Gostou? O que esta achando da história até agora? Por favor, vote e comente!❤️
Pessoal o sistema de atividades da minha escola mudou, então agora terei que fazer lição todos os dias. Por conta disso posso demorar um pouco mais para atualizar a história, espero que entendam.❤️