For Him | taekook

By the-lonely-whale

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Jeongguk está acostumado a ensinar seus pacientes: seja o novo exercício, um novo hábito ou uma nova forma de... More

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By the-lonely-whale


 Seu corpo estava tomado por uma sensação de sossego quando despertou. Sentia-se estranhamente disposto, considerando a hora que se deitou para dormir. Abriu os olhos com cautela para não incomodá-los pela repentina claridade já identificada através das pálpebras ainda fechadas. Sentia a parte esquerda de seu corpo mais quente que o restante, o que foi justificado pela presença de outro corpo sobre o seu. Taehyung se encontrava com o rosto apoiado em seu ombro, uma mão jogada sobre seu tronco, a parte frontal de seu corpo pressionada contra a lateral do mais novo. Uma das mãos de Jeongguk estava por baixo do corpo alheio, apoiando-o pelas costas, para que ficasse confortável naquela posição.

Observou por alguns momentos as feições adoráveis próximas a si. A boca levemente entreaberta, as expressões relaxadas e o cabelo castanho jogado sobre sua testa formavam uma tela adorável. Podia ficar admirando por um bom tempo. O sol já adentrava sem escrúpulos o quarto, iluminando a pele já dourada. A pintinha que o mais velho tinha na ponta do nariz parecia ser a assinatura do autor daquela obra prima. A aura ingênua que emanava do menino tranquilizava Jeongguk.

Sacudiu a cabeça ao perceber seus pensamentos. A julgar pela iluminação externa, já devia ser quase fim da manhã. Precisava levantar. Não queria se soltar do enlace em que estava, mas acabou cedendo por fim. Com muita cautela, ergueu o corpo sobre o seu. Recebeu um resmungo sonolento em resposta. Depositou-o sobre o travesseiro, de forma a não acordá-lo, porque Taehyung ainda deveria estar cansado por ir dormir tão tarde. Obteve, felizmente, sucesso em seu objetivo.

A primeira coisa que avistou assim que se pôs de pé foi seu celular em cima da mesa de cabeceira. Pegou o objeto e observou que havia algumas ligações perdidas de sua mãe do dia anterior e umas mensagens recebidas uma hora atrás. Engoliu em seco. Esperava não estar encrencado.


[Mamãe] 9:18

Jeongguk, como estão as coisas por aí?

Hyoji pediu para lembrar-lhes de comerem

os alimentos que ela deixou na cozinha.

Voltaremos à tarde. Beijos.


O moreno riu com a despedida típica de sua progenitora. Em seguida, releu a mensagem para ter certeza do recado. A senhora Kim deixara comida para os meninos. Sentiu-se frustrado por ter se esforçado para cozinhar durante a madrugada quando havia receitas já prontas esperando para serem devoradas. Controlou a vontade de acordar Taehyung para interrogá-lo em sua participação na ocultação desse fato.

No entanto, no fundo, não conseguia se sentir bravo de verdade. Foi uma experiência divertida e, de alguma forma, acolhedora cozinhar para o outro, além dos momentos que se seguiram na madrugada.

Desceu as escadas da casa até a cozinha. Logo avistou sobre a pia uma cesta com alguns mantimentos. Questionou-se como não vira isso antes. Um simples pano cobria os alimentos a fim de conservá-los. Havia pães, geleias, rosquinhas, bolo e até uma garrafa térmica com chocolate quente. Contentou-se em tomar um gole da bebida já não tão quente na falta de café e mordiscar alguns biscoitos. Aproveitou para responder às mensagens de sua mãe.


[Jeongguk] 10:43

Estamos ótimos

Não se preocupe

Até mais tarde


Guardou o celular no bolso da sua calça de dormir, que ainda trajava, para que pudesse atender caso ela ligasse novamente. Sabia que havia sido negligente. Não era fácil para a senhora Kim deixar seu filho sob seus cuidados e ele ainda dificultou tudo se isolando dos meios de comunicação. Esperava que Hyoji não estivesse ofendida ou com raiva. Se ela o estivesse, porém, não a culparia. Ela tinha o completo direito de se preocupar com seu filho, especialmente ainda precisando de suporte como era o caso do menino.

Ao retornar ao quarto e encontrar Taehyung ainda adormecido, aproveitou para adiantar alguns trabalhos e projetos da faculdade. Havia trazido seus livros e o notebook na espreita de uma oportunidade como essa. Fazê-los agora significaria mais tempo livre ao longo da semana e, em consequência, mais tempo com o castanho. Sorriu com seu pensamento, mas logo se repreendeu.

Não sabia o que estava acontecendo consigo ou, ao menos, fingia não saber. Tinha a consciência de ser errado seu envolvimento com um paciente, mesmo que não fosse oficialmente. Precisaria conversar com Taehyung quando ele acordasse.

Espantou os pensamentos para longe e concentrou-se nas tarefas à sua frente. Estava sentado à escrivaninha presente no quarto do Kim e ali permaneceu por cerca de uma hora até ouvir um bocejo vindo detrás de si, onde o outro menino estava.

— Bom dia, Jeongguk — sua voz estava animada.

O Jeon girou a cadeira de rodinhas onde estava para poder enxergar o mais velho. Taehyung permanecia deitado, mas suas mãos já estavam sobre o lençol, empurrando-se para cima com certa dificuldade. O fisioterapeuta observou tudo em silêncio. Em alguns segundos, esforçando-se, ele conseguiu erguer seu tronco da cama, desabando contra a cabeceira. Um tanto desajeitado, porém nenhum dos dois falou nada. O importante era que ele havia conseguido se mover por conta própria.

— Bom dia, dorminhoco — Jeongguk levantou em direção à cama, para ajeitar o travesseiro em busca de maior conforto para o outro.

— O que você estava fazendo? — o rosto ainda estava levemente inchado pelo sono, mas seus olhinhos já brilhavam em curiosidade. O mais novo controlou a vontade de rir com a cena.

— Trabalhos da faculdade. Está com fome? — perguntou, afagando-lhe os cabelos.

— Sim, bastante! — a resposta veio afobada acompanhada de um riso. — O que vamos comer dessa vez?

— Eu encontrei os alimentos que sua mãe deixou para nós. Por que o senhor me fez cozinhar de madrugada se já tinha comida pronta? — arqueou uma sobrancelha para enfatizar e dramatizar o momento.

— Eu queria provar da sua comida — ele sussurrou e desviou o olhar.

Havia um leve rubor em suas bochechas. Jeongguk não imaginou que obteria uma confissão tão fácil e tão honesta. Sorriu involuntariamente e voltou a passar seus dedos por entre as madeixas acastanhadas. Sentiu vontade de beijar a bochecha levemente rosada e então o fez. Foi até a escrivaninha e pegou a cesta de alimentos que havia trazido do andar inferior.

— Aqui estão — depositou-a sobre o colo dele. Taehyung logo começou a comer. O fisioterapeuta aproveitou para lidar com os projetos que estava fazendo enquanto isso. Organizou-se e guardou os materiais novamente na mochila vermelha. Já havia adiantado bastante quando o menino ainda estava adormecido.

— Acabei — Taehyung anunciou. Jeongguk removeu a cesta de cima dele e começou a rir quando o fitou. Seu rosto estava sujo com geleia de morango, havia farelo de bolo em sua blusa e um enorme sorriso arteiro em seu rosto. A imagem à sua frente remetia a uma criança. — O que foi? Por que você está rindo?

— Você — explicou, como se fosse o suficiente, antes de acrescentar: — Está todo sujo de comida.

Jeongguk esticou o dedo para limpar a geleia no queixo alheio e recebeu um olhar de desaprovação.

— Ei, não é assim! — seu rosto estava franzido em indignação. — Nos dramas, quando tem comida no rosto da outra pessoa, você tem que usar a boca.

Seu tom soava como se dizer isso fosse a coisa mais natural do mundo. O fisioterapeuta se sentiu acuado por um momento, mas preferiu usar a fala de Taehyung para implicar.

— Nem adianta. Não vou beijar você enquanto não escovar os dentes e lavar esse rosto de sono.

No mesmo instante, dois braços se ergueram em sua direção pedindo colo para que pudesse cumprir as ações requisitadas. O mais novo riu e o pegou no colo. Ajudou-lhe com sua higiene matinal e, em pouco tempo, depositou-o de volta na cama para poder fazer a sua própria.

Assim que retornou ao cômodo, ficou paralisado no batente da porta com a cena. Taehyung se encontrava com o antigo aparelho utilizado para comunicação em suas mãos. Seus dedos acariciavam de uma forma desajeitada o objeto. Uma lágrima escorria por seu rosto.

— Tae, o que foi? — manteve a voz baixa para não assustá-lo. A mão rapidamente secou a própria lágrima antes de encarar o fisioterapeuta.

— Eu encontrei isso em cima da mesa de cabeceira. É estranho, sabe? Por muito tempo essa era minha única forma de comunicação com o mundo e agora eu consigo, de fato, falar e me expressar. Minha vida mudou tanto depois que conheci você, de um jeito extremamente bom, é claro.

As palavras saíram emboladas, mas Jeongguk compreendeu perfeitamente o que ele sentia. Queria dizer que o mesmo acontecera a si, porém não o fez por julgar não ser o momento adequado. Sentou-se na cama, próximo a Taehyung, e acariciou sua bochecha.

— Eu fico muito feliz de ouvir isso, Tae, e de ver sua mudança também. Mas você sabe que isso tudo é por sua causa, eu sou apenas um... pequeno incentivador.

A enorme mão do mais velho se posicionou por sobre a sua, que ainda estava na bochecha dele, e o Jeon notou que ele não aparentava mais tanto desconforto em flexionar os braços.

— Não dispense minha gratidão — sussurrou e virou o rosto para beijar a mão que ali estava. Um gesto simples e carinhoso que significava muito. Os dois ficaram assim por alguns segundos, apenas aproveitando a presença e proximidade um do outro.

Jeongguk se inclinou e deixou um leve selar na testa acobreada antes de quebrar o silêncio confortável que havia se instalado.

— Está pronto para avançar mais um pouco? — questionou em uma voz doce. Recebeu um aceno de cabeça em resposta. — Eu quero estimular suas pernas hoje para que você seja capaz de sentar devidamente em breve, tudo bem?

— Vai doer? — era nítido o medo na voz de Taehyung.

— Eu não posso prometer nada — foi sincero. — Nós vamos precisar forçar um pouco e você precisa me avisar se tiver doendo. Eu farei meu melhor, prometo.

— Eu confio em você — as palavras saíram tão baixas que Jeongguk não tinha certeza se a intenção era que ele as ouvisse.

Não deixou de sentir uma pontada em seu estômago diante das palavras, no entanto apenas ignorou. Não podia permitir que seu lado emocional atrapalhasse qualquer coisa. As palavras que falou para Taehyung no dia anterior valiam para si também. Precisava ser capaz de distinguir os momentos em que necessitava ser profissional.

— Quero que você deite na cama.

O pedido pegou Taehyung desprevenido. Estava tão acostumado a obter ajuda para cada movimento que era estranho ser pedido para fazê-lo sozinho. Posicionou suas mãos sobre os lençóis e se esforçou para mover seu corpo para baixo. Foi difícil, porque não tinha controle sobre as pernas. O fisioterapeuta se aproximou e envolveu a cintura alheia para auxiliar o processo. Com alguém coordenando os movimentos dos membros inferiores, o Kim utilizou os superiores para se impulsionar e finalmente deitar. Jeongguk ficou satisfeito com a cena.

— Eu só vou alongar um pouco antes para facilitar, ok? — ele explicou e recebeu outro aceno em resposta. Era engraçado como Taehyung parecia não gostar tanto de falar toda vez que realizavam novas atividades, atento a tudo.

Sempre com cuidado, o mais novo ergueu a perna direita do outro até a abertura máxima para trabalhar os músculos posteriores. O Kim sentiria um leve repuxar, contudo nada que incomodasse de verdade. O procedimento foi repetido na outra perna. Em seguida, Jeongguk envolveu a patela e começou a mexê-la para causar maior mobilidade. Era uma sensação engraçada para o mais velho. O mesmo foi feito no outro lado.

— Agora, eu vou forçar sua perna, ok? Vou dobrá-la o máximo possível e empurrá-la em sua direção. Você precisa me ajudar e puxar o movimento — ele explicou com um olhar atento na reação alheia. Observou o subir e descer desconfortável do pomo-de-adão, porém não recebeu nenhum outro sinal de nervosismo. — Quanto mais relaxado você estiver, melhor.

Posicionou uma mão por baixo do tornozelo e outra abaixo do joelho, erguendo a perna. Em um primeiro momento, o membro permanecia em total extensão. Conforme movia, todavia, forçava a flexão até formar quase um "L". Assim que atingiu o ângulo permitido, empurrou a perna na direção do tronco do menino. O rosto de Taehyung se contorceu levemente em dor, mas nenhuma reclamação foi emitida. Era possível notar a concentração e o esforço feito. Após dez repetições, a perna foi depositada com calma sobre a cama.

— Como está se sentindo? — Jeongguk questionou.

— Diferente. Esse exercício dói horrores. Acho que é o pior que já fiz. Sinto como se meu joelho fosse explodir e sair quando você força. Mas eu sei que é por um bom motivo, então vou suportar — foi o mais franco possível.

— Fico feliz com sua conclusão. Sinto muito que doa tanto, mas, infelizmente, não há nada que eu possa fazer para melhorar isso — deu um pequeno sorriso de inconformidade. Um brilho cruzou o olhar do Kim.

— Na verdade, tem sim. Você poderia me dar um beijo de incentivo, não acha?

— Taehyung! — chamou-lhe a atenção. O mais velho não expressava nenhum arrependimento do que acabara de falar, como se fosse a coisa mais natural possível.

— Por favor, Jeongguk. Preciso de uma coisa boa para me ajudar nesse momento — fez um bico implorando. Era incrível a capacidade do castanho em soar como a pessoa mais inocente mesmo em situações como essa. Parecia injusto negar-lhe.

Aproximou-se do menino deitado. Apoiou um antebraço de cada lado da cabeça sobre o travesseiro e desceu seu tronco até estar a poucos centímetros de distância. Os dois sorriram como bobos frente a frente e o fisioterapeuta extinguiu qualquer espaço entre as bocas. Um beijo calmo e ritmado se iniciou. Logo sentiu os braços, que até então estavam apoiados na cama, enlaçarem seu pescoço de forma a puxá-lo para ainda mais perto se isso fosse possível. Taehyung sorriu e o outro aproveitou a oportunidade para aprofundar o contato. Jeongguk sentia seu corpo borbulhar em contentamento e satisfação pelo momento. Deixou um último selar sobre os lábios levemente inchados antes de se afastar de vez.

— Agora, podemos continuar — tentou manter o tom de voz mais neutro possível.

— Se esse for o incentivo de toda vez, acho que podemos dobrar a carga de estímulos — o Kim disse divertido.

Jeongguk sentiu seu coração se acalentar com a reação alheia, mas apenas prosseguiu nos exercícios, repetindo o que já havia feito na outra perna. Sabia o quanto aquilo estava doendo, entretanto não ouviu nenhum resmungo. Quando terminou, observou a expressão do menino aliviar.

— Agora, quero que dobre as duas pernas para que eu veja até onde consegue ir — pediu.

Taehyung focou o olhar em seus membros inferiores, como se tentasse transmitir a força necessária. Aos poucos, começou a dobrá-las, afastando no maior ângulo possível. Chegou até, mais ou menos, 45°, o que deixou o fisioterapeuta muito satisfeito.

— Olha só, Tae. Você já está na metade do meu objetivo inicial. Quero que você alcance noventa graus, para conseguir sentar direito — comemorou. Um sorriso simples estampou o rosto do mais velho ao ouvir a notícia. — Vamos repetir esse exercício só mais uma vez e usar um pouco a máquina emprestada por Hoseok hyung para estimular seus músculos, depois acabamos.

— Será que eu consigo? — sua insegurança veio à tona.

Jeongguk se preocupou um pouco com a reação inesperada. Mesmo perante um avanço tão grande, Taehyung continuava incerto com seu desempenho.

— Claro que consegue — assegurou-o.

Dessa vez, o Kim não precisou pedir por um beijo. Jeongguk se inclinou e juntos as bocas em um movimento mais intenso que o anterior, com o propósito de eliminar qualquer dúvida que o outro pudesse ter. O ósculo se prolongou por mais alguns minutos, nenhum dos dois realmente disposto a findar o contato. Quando o fisioterapeuta notou o que estava acontecendo, se separou do menino deitado. Um fio de saliva ainda interligava as bocas avermelhadas até que ele se levantou da cama, envergonhado por suas ações, e pôs em prática os exercícios.

Repetiram a sequência de exercícios propostos e, após cerca de dez minutos com o estimulador emprestado, o Jeon retirou os eletrodos. Com certa dificuldade, deixou que Taehyung limpasse as próprias coxas do gel e apenas o auxiliou a ajeitar a calça de moletom que usava.

— Como está se sentindo agora? — perguntou por hábito.

— Cansado — riu fraco. — Mas também estou um pouco motivado. Quero continuar a avançar.

— Seu dever de casa vai ser tentar se forçar a sentar e dobrar a perna sempre que possível, o maior número de vezes ao longo do dia. Nada mais de apoio para o pé quando for comer — declarou.

Taehyung abriu um sorriso apreensivo e expectante. Era compreensível. Muitas mudanças ao mesmo tempo em vários setores de sua vida. Observou o fisioterapeuta se aproximar de si e sentar ao seu lado na cama.

— Posso começar isso agora? É só a gente ir pro sofá da sala.

Foi o que fizeram. Jeongguk o pegou no colo e caminhou a passos lentos até o andar inferior. Quando chegou ao sofá, colocou-o sentado ali sem soltar suas pernas. Em seguida, com um olhar apreensivo para o rosto alheio, abaixou-as até a angulação possível. O Kim precisava ficar na beira do assento para conseguir tocar o chão, já que não dobrava as pernas o suficiente, mas não pareceu incomodado. Parecia animado pela nova posição.

— Podemos assistir a um filme ou um drama ou qualquer coisa que casais façam — Taehyung falou assim que o outro sentou ao seu lado.

A afirmação atingiu Jeongguk em cheio. Fazia quase 24 horas que ele estava prorrogando pensar sobre o que aconteceu e o que estava sentindo no momento, mas isso o fez cair em si. Ele precisava enfrentar essa situação ao invés de adiá-la. Virou-se de lado para poder encarar o menino melhor. Ele tinha uma expressão envergonhada pelo termo usado.

— Tae, nós precisamos conversar sobre isso — tentou manter a voz tranquila sem demonstrar a avalanche de emoções dentro de si. — Nós não podemos ser um casal.

— Eu fiz alguma coisa errada? Desculpa. Você é... você foi a primeira pessoa que eu beijei — a confissão foi pouco mais alta que um sussurro.

— Tae, olha para mim. Não é isso. — Suas mãos seguiram até o queixo alheio para erguer sua cabeça a fim de olhá-lo nos olhos. — Eu já te expliquei o problema. É errado.

— Você não acha errado. Nem eu. Não vejo problema nisso — seu tom saiu mais firme dessa vez.

— Tae... — começou, mas foi interrompido.

— Não. Deixe-me continuar, por favor. Eu não sabia o que você, verdadeiramente, pensava sobre isso até ainda pouco. Digo, eu não tenho muito mais conhecimento do que ao que já assisti na televisão. Fui eu quem começou os contatos físicos e sou sempre eu quem peço para continuá-los, mas seu coração, ou seu desejo, não sei, te entregou. Lá em cima, eu pedi para você me beijar depois do exercício só a primeira vez. Depois, você quem os continuou. Sem que eu dissesse nada. Isso só pode significar que você também sente algo, não é?

Durante alguns segundos, Jeongguk ficou sem fala. Ele sabia que Taehyung tinha razão. Era óbvio para si que também sentia algo pelo mais velho. Ao mesmo tempo, também era nítida sua apreensão. Relacionamentos entre dois garotos já não eram bem vistos pela sociedade em geral; relacionamento entre um fisioterapeuta e seu paciente, pior ainda.

Aproximou-se com cuidado até que estivessem com as testas encostadas, as respirações misturadas. Fechou os olhos por um instante, sentindo-se culpado, tentando silenciar as vozes internas. Conseguia sentir o olhar alheio sobre si.

— Você está certo. Isso não deixa de ser errado, mas eu quero também. Você precisa me prometer que vamos manter isso em segredo, por favor. Eu não quero causar problemas. Nós não sabemos quais reações as pessoas podem ter.

O silêncio continuou no ambiente. Taehyung estava sentado de forma um tanto estranha, contudo se mantinha na posição para encarar Jeongguk. Seu comprometimento com a promessa veio em forma de um beijo casto. Apenas um encostar de lábios, sentindo um ao outro.

Os dois permaneceram assim, enlaçados um no outro, apreciando a companhia e as carícias. A promessa de um amor secreto, proibido, assolando seus interiores. Eles tinham um sentimento só deles; precioso demais para ser exposto à crueldade do mundo.


✗✗✗


Seus cabelos negros estavam sendo acariciados com calma. Os longos dedos do mais velho percorriam seus fios, fazendo-o relaxar. Sua cabeça repousava sobre as coxas alheias. De alguma forma, Taehyung havia o convencido de que ele deveria descansar por sempre se esforçar para ajudar; portanto, no momento, encontrava-se deitado no sofá utilizando os membros inferiores do Kim como travesseiro. Uma posição bem confortável, não podia negar. Sentia cada poro seu cedendo ao toque e clamando por mais. A sensação era de que seu corpo todo havia virado gelatina. Talvez fosse mais sensível a carinhos do que gostaria de admitir.

— Tem certeza de que não estou te machucando? — Jeongguk vociferou novamente suas preocupações. Podia garantir que sua voz saíra mais suave do que o normal graças ao estado de torpor em que se encontrava.

— Já disse que não — o outro não parecia tão contente em ser questionado tantas vezes sobre a mesma coisa. O fisioterapeuta, porém, não podia ser culpado; ele só estava preocupado. — Por que você não consegue apenas aproveitar?

— Eu só estou preocupado com você — disse o óbvio.

Levou suas mãos até um dos joelhos do Kim e deixou uma leve carícia ali em forma de desculpa. Era estranhamente bom ter essa liberdade e necessidade de ser tão carinhoso com alguém. Tinha certeza de que conseguiria se adaptar rápido.

Taehyung continuava sentado na ponta do assento do sofá, devido à angulação máxima que poderia alcançar. Não era a posição natural, já que as pessoas normalmente flexionam as pernas por volta de 90° para uma posição confortável, mas ele ainda não havia reclamado. Era provável que sua coluna estivesse doendo pela falta de apoio, contudo Jeongguk não sabia como trazer o assunto à tona sem irritá-lo ainda mais por estar sempre preocupado.

— É bom ficar assim — o mais velho parecia divagar em voz alta. — Parece de alguma forma extremamente natural e familiar. Isso é muito bobo, não?

— Não é bobo — Jeongguk o assegurou. Não queria, de forma alguma, que ele se sentisse inseguro ou desconfortável com o que sentia. — Eu também tenho essa sensação. Acho que isso é algo bom.

A casa estava em completo silêncio. Nenhuma televisão ligada, rádio, computador ou celular. Som nenhum. A distância de ruídos e eletrônicos tornava o lugar ainda mais etéreo, uma espécie de sonho. Os dois apenas aproveitavam seus últimos momentos sozinhos com tranquilidade, despojando da companhia um do outro. Queriam preservar o momento, ali, longe de todos. Cada pensamento de Jeongguk ecoava a promessa que fizeram ainda pouco. Tudo isso seria só deles. Segredo.

A atmosfera foi destruída por um ruído. Um toque de celular recortou por entre a casa. Os dois se assustaram com o barulho inesperado e, por alguns milissegundos, o Jeon não soube como reagir. Percebeu, por fim, que era proveniente de seu próprio aparelho. Levantou-se da posição confortável em que estava para pegar o objeto em seu bolso. Ouviu um murmúrio frustrado de mais velho e sorriu levemente com isso.

A tela indicava o nome de Hyoji.

— Alô, tia Hyoji? — atendeu de imediato.

Taehyung fitava-o atento a cada palavra da conversa. Para sanar sua curiosidade, colocou a ligação em viva-voz.

— Jeongguk, querido, como estão as coisas por aí? — sua voz estava preocupada.

— Estamos bem. Tudo está sob controle — o menino explicou tranquilizador. Encarava os grandes olhos marrons à sua frente.

— Taehyung está esse tempo todo sem atender seu celular, então precisei ligar para você — ela suspirou.

— Isso é culpa minha, sinto muito. Deixei o celular dele no quarto, então não o ouvimos tocar.

Sentiu-se péssimo por causar preocupação à senhora Kim. Deveria ter se lembrado de prestar atenção no aparelho do menino porque era um tanto previsível que a mãe fosse ligar em busca de notícias sobre seu estado.

— Não se culpe, querido. Além disso, ontem ele também não respondeu a nenhuma de minhas tentativas de contato, então esse não é o motivo.

Jeongguk sentiu suas bochechas esquentarem sutilmente. Como explicaria à mulher que seu filho não atendera ao celular no dia anterior porque eles estavam muito ocupados trocando chamegos tímidos e beijos não tão castos assim? Não foram as únicas atividades de sua tarde e noite, no entanto, com certeza, notariam as chamadas e mensagens se não estivessem deitados aninhados um no outro ou se durante a manhã não estivessem barganhando beijos em resposta aos novos tratamentos.

Felizmente, antes que conseguisse formular qualquer resposta, Taehyung, que até então estava em silêncio apenas escutando a conversa, se pronunciou.

— Desculpa, mãe. Eu realmente esqueci. Acho que ainda não me acostumei com o fato de que tenho um celular para falar com alguém que não seja o Jeongguk. Estamos bem, não se preocupe.

O fisioterapeuta temeu por um momento que a resposta do menino despertasse alguma suspeita. Por fim, sentiu-se idiota por isso. De modo geral, era apenas a verdade. Até então, ao menos que fosse de seu conhecimento, o Kim usava o aparelho apenas para enviar-lhe mensagens — afinal era uma das únicas pessoas com quem tinha contato à parte de seus pais, que estavam sempre consigo. Para seu alívio, Hyoji pareceu concordar com sua segunda conclusão; era natural.

— Tudo bem, eu entendo. Só não faça isso novamente — a senhora Kim já soava mais tranquila. — Estaremos de volta em breve. Fiquem bem.

— Tchau — responderam quase em uníssono.

— Tchau, meus amores — a doçura característica da mulher já estava de volta.

Assim que finalizou a chamada, ouviu um suspiro pesado sair dos lábios de Taehyung. Fitou-o e observou-o fitar as próprias pernas, cabisbaixo. Sua mão direita estava se arrastando pelo sofá até alcançar a perna de Jeongguk e repousar ali, deixando um leve carinho. O fisioterapeuta levou sua própria mão de encontro à do outro e apertou com cuidado em forma de reconfortá-lo. Não sabia o porquê da mudança repentina de humor e não iria questionar. Assim que o Kim estivesse pronto, poderia contá-lo se quisesse.

No instante seguinte, ele vociferou seus pensamentos, demonstrando o quanto já confiava em Jeongguk. Era um tanto assustador ter uma relação em que o outro lado parecia estar completamente confortável em sua presença.

— É uma pena, sabe? Sempre pensei que contaria tudo à minha mãe. Por muito tempo, ela foi minha única companhia. Mesmo que eu não falasse muito, ela conversava comigo e me contava sobre várias coisas diferentes para me entreter. E agora eu queria contar para ela como é maravilhosa essa sensação que ocupa meu corpo, como sinto milhares de borboletas voando em meu estômago, enxergo estrelas todo momento e meu coração parece dar piruetas, mas não posso — seu olhar estava triste e Jeongguk sentiu-se mal instantaneamente. — Eu queria contar a ela sobre você — sussurrou por fim.

Imediatamente, em resposta, o Jeon passou um braço ao redor dos ombros alheios e puxou-o com cuidado para um abraço. Queria ser capaz de absorver toda a frustração no corpo envolto pelo seu. Apesar da posição não favorecer o contato, recusou-se a soltá-lo. Algo dentro de si estava desesperado por ver o mais velho nesse estado. Deixou um beijo de apreço na testa acobreada.

— Eu sinto muito, Tae. Vamos contar para ela, só não agora.

— É uma pena, mas tudo bem. Sei que é o melhor a se fazer por ora. Infelizmente não temos controle sobre as consequências — concluiu. Um silêncio confortável recaiu sobre o ambiente. O mais novo continuava abraçando-o de lado, a cabeça de Taehyung recostada em seu ombro. — Guk, posso esticar minhas pernas agora? Acho que não aguento mais.

Jeongguk levantou-se em um pulo. Deveria ter deixado suas paranoias de lado e questionado mais cedo como o menino estava se sentindo. Sabia, por tratamentos anteriores, que não era exatamente fácil permanecer por muito tempo com as pernas flexionadas no início. Taehyung estava se esforçando e, ainda que sentisse orgulho da postura alheia, não era capaz de evitar a preocupação. Ajudou-o a esticar as pernas e não deixou de notar uma expressão de desconforto ao realizar o movimento, o que, lamentavelmente, era normal. Virou o corpo no sofá para que o menino fosse capaz de deitar no mesmo. Sua expressão agora era de alívio.

— Acho que relaxar depois de tanto tempo de esforço é quase tão satisfatório quanto beijar você — o tom de voz do mais velho continha um ar divertido. Um sorriso tímido tomava conta de seus lábios. O fisioterapeuta o observava, ainda em pé próximo ao sofá, e não foi capaz de não refletir o ato. Desviou minimamente o olhar, envergonhado.

— Não diga essas coisas — pediu.

— Você fica com vergonha, é? Pois saiba que é muito bom. Eu sei que não tenho experiência para comparar, porém tenho certeza que gosto. Acho que isso é o suficiente.

Jeongguk não sabia o que responder, então permaneceu quieto. Sentou-se no sofá macio, próximo ao corpo deitado, ainda sem tirar os olhos dele. Era incrível a capacidade de Taehyung em não ter filtro do que falar. Saía naturalmente.

— É engraçado como eu não planejei nada disso, mas no momento tudo ocorreu de forma tão natural... Eu nunca pensei que teria esse tipo de experiência e, olha só, aqui estamos. — A mão de pele dourada repousou sobre sua bochecha enquanto falava. — Agora só consigo pensar nisso.

— Acho que nunca vou me acostumar com seu jeito de falar tudo o que está pensando — o Jeon murmurou.

— Sobre o que quer que eu fale então? — perguntou com uma das sobrancelhas erguidas em desafio. Mesmo deitado, ele tentava não perder a pose que queria passar.

Jeongguk levantou-se novamente, insatisfeito com a posição. Ergueu a cabeça do mais velho, que estava apoiada desleixadamente sobre o assento do sofá, e sentou no local, posicionando-a sobre seu colo, invertendo a situação de ainda pouco. Os olhos castanhos fitavam-no com expectativa.

— Você pode me contar o que fez sexta-feira e por que me enviou uma mensagem pedindo que eu não viesse. Achei que gostasse da minha companhia.

Taehyung assumiu uma feição de desconforto com o tópico. Seu olhar percorreu toda a face alheia antes de responder.

— Eu gosto. É só que meu pai não estava de bom humor, então achei melhor que você não viesse. Desculpa — foi sucinto.

— Não tem problema. Dessa forma consegui adiantar alguns compromissos que eu precisava fazer e deixei essa próxima semana praticamente livre, o que significa que poderei vir aqui para prosseguirmos com os novos movimentos.

Mirou os lábios rosados curvando-se em um sorriso e foi tomado por uma vontade de beijá-los. Taehyung umedeceu com a língua involuntariamente a região, o que parecia ser um hábito constante. Observou, atento, a movimentação até que o músculo róseo retornasse por completo para dentro da boca. A posição em que estavam impossibilitava esse tipo de contato. No entanto, o castanho levantou os braços, como se estivesse pedindo colo, e Jeongguk aproveitou a deixa para erguê-lo pelo tronco até que as suas bocas estivessem roçando.

Iniciou um beijo não tão calmo assim e bem menos desajeitado que das outras vezes. Usava toda sua força para suprir a fraqueza de Taehyung e, portanto, mantê-lo na posição. Dessa vez, não conseguiu se sentir culpado. Apenas aproveitou o momento. Eles tinham um acordo. Sentiu o mais velho mordiscar seu lábio e findar o contato. Ele parecia estar aprimorando sua técnica desde o primeiro beijo, no dia anterior, e Jeongguk estava mais do que disposto em ajudá-lo nessa jornada.

— Sabe, apesar de um pouco receoso, estou animado com as próximas etapas do tratamento. Quero ser capaz de me mover cada vez mais — ele soou animado.

— Você vai, não se preocupe. Só precisamos de paciência e persistência.

Taehyung voltou a repousar sobre as coxas do outro. O silêncio embalou os dois até cederem à preguiça.


✗✗✗


Ruídos soavam pelo ambiente conforme Jeongguk se ancorava à realidade novamente. Ele estava tendo um sonho agradável, que foi esquecido no momento em que abriu os olhos para olhar ao redor. Seu pescoço doía por ter adormecido sentado e suas pernas estavam levemente dormentes pela força exercida pela cabeça do castanho. Avistou Hyoji e Yangwon em pé na entrada da sala de estar. As duas mulheres conversavam animadamente em um tom baixo o suficiente para que ele não fosse capaz de distinguir nenhuma palavra.

— Mãe! Tia Hyoji! Como foi o final de semana? — chamou-as, anunciando já estar desperto.

Ambas viraram-se para encará-lo e sorriram quase de forma sincronizada. Aproximaram-se do sofá onde os meninos estavam. Yangwon inclinou-se com cuidado para depositar um beijo na cabeça do filho e deixou uma leve carícia na face ainda adormecida de Taehyung. A senhora Kim olhava o filho com apreço e seus olhos beiravam leve preocupação.

— Por que Taehyung está dormindo agora? — Hyoji perguntou perante a nítida mudança de horários.

— Ele só está descansando dos novos exercícios. É normal.

Jeongguk tentou explicar com a maior calma possível para não alarmar as mulheres. Não queria gerar preocupações desnecessárias. Instantaneamente, ela pareceu relaxar. Sua expressão de alívio demonstrava a total confiança no que o fisioterapeuta estava dizendo.

— Espero que ele não tenha te dado muito trabalho — ela acrescentou com um sorriso divertido.

Antes de formular qualquer resposta, Jeongguk apenas pensou em como seria agradável se todo trabalho fosse como o final de semana que enfrentara com o outro menino. Sorriu e apenas sacudiu a cabeça em negação. Ia dizer algo para garantir que não se incomodava de cuidar de Taehyung, quando o mesmo se remexeu levemente em seu colo.

— Eu não dou trabalho! — sua voz sonolenta ecoou pela sala de estar.

Todos os presentes riram com a afirmação convicta do castanho e o fisioterapeuta acariciou seus fios lisos, involuntariamente, em resposta. Com certa preguiça, ele abriu os olhos, deparando-se com o rosto de Jeongguk, que o fitava com certa incredulidade, e as duas mulheres em pés ao lado.

— Tia Yangwon! Mamãe! Senti falta de vocês. Espero que tenham se divertido muito!

O Jeon notou, por um breve segundo, que Dongsul não as acompanhava e não fora mencionado pelo Kim. Estranhou a situação, já que, até onde sabia, os três haviam saído juntos. Dispensou o pensamento assim que dois braços ergueram-se do corpo deitado em suas pernas, pedindo por ajuda. Envolveu o tronco alheio e puxou-o para ficar perpendicular em relação ao sofá. Observou que as duas mulheres apresentavam olhares admirados com a movimentação.

— Oh, Tae! Você já consegue mexer os braços com tanta maestria — Yangwon foi a primeira a dizer algo. Parecia realmente impressionada com a cena. Era, de fato, emocionante ver tamanha mobilidade em um menino que, algumas semanas antes, podia equiparar-se a uma pedra.

Jeongguk mantinha os braços ao redor da cintura alheia para apoiá-lo, uma vez que suas pernas permaneciam esticadas sobre as almofadas do assento e suas costas não possuíam nenhum apoio. O menino em seus braços encolheu-se levemente, em uma repentina timidez, e sacudiu a cabeça em forma de negação. O fisioterapeuta enxergou com a situação uma oportunidade que não podia ser desperdiçada.

— Não é só isso, mãe. Ele basicamente se ergue sozinho. Eu sou apenas uma ajuda — piscou esperando que sua progenitora entendesse o recado e continuasse com o assunto para incentivar o Kim. Hyoji, no entanto, foi quem captou a mensagem.

— Esses dias ele até escovou os dentes sozinho — o tom de mãe orgulhosa era nítido ao contar a novidade para a amiga.

Taehyung contorceu-se desconfortável com os elogios indiretos. Para tranquilizá-lo, o mais novo iniciou discretos movimentos na cintura onde sua mão repousava. A fala que veio em seguida comprovou que a ação surtiu efeito.

— Enquanto vocês estavam fora, eu consegui fazer algo novo — murmurou ainda um pouco envergonhado. Era diferente para si ser completamente o centro das atenções dessa forma. — E-eu fiquei em pé — sua voz falhou e saiu como um sussurro.

Jeongguk abriu um pequeno e orgulhoso sorriso instantaneamente. Sentiu suas bochechas corarem levemente ao recordar do contato que sucedeu a segunda tentativa desse novo avanço. Ignorou a sensação e moveu-se para ficar de pé, sem soltar o apoio das costas do outro.

— O que acha de mostrar para elas, Tae? — questionou na esperança de estimular o movimento. Recebeu um simples aceno de cabeça em resposta.

Como em sua deixa, as mães se afastaram para ceder espaço. O fisioterapeuta pegou o menino no colo e caminhou até o meio da sala. Abaixou com cuidado as pernas frágeis até que os pés tocassem o chão. Os braços de Taehyung seguravam com firmeza em si para garantir um apoio, ainda que as mãos de tom claro envolvessem sua cintura para dar-lhe estabilidade.

— Vou soltar aos poucos o peso, ok? — falou com o intuito de não pegar-lhe de surpresa. Taehyung parecia um tanto inseguro, provavelmente por estar realizando tal feito pela primeira vez na frente de alguém que não fosse o fisioterapeuta. — Não se preocupe, eu estou aqui te segurando.

Os olhos do Kim estavam fixos no rosto à sua frente, procurando o porto seguro que precisava naquele momento. Jeongguk sentiu uma agitação dentro de si e julgou-se estúpido por isso. Suas pernas indicaram que iriam ceder, então ele apertou ainda mais os ombros alheios. Apesar dos braços que ainda envolviam seu corpo para ajudá-lo, ele estava de pé.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Hyoji.

Jeongguk movimentou-se para trás do menino para que Taehyung pudesse encarar as duas mulheres atentas a tudo.

A senhora Kim se aproximou com pressa para abraçar o próprio filho. O fisioterapeuta observou a cena e, em seguida, fitou a própria mãe, curioso pela reação dela. Yangwon também sorria emotiva com a situação.

— Estou tão orgulhosa de vocês, meus meninos — a senhora Jeon declarou por fim.

— O mérito é todo do Tae — Jeongguk replicou com um sorriso. Em resposta, Taehyung deu um leve tapa nas mãos ao redor de sua própria cintura.

— Não é verdade! Eu não conseguiria nada disso se não fosse por você. Além disso, quem me ajudaria quando eu não aguentasse mais e precisasse descansar, como agora?

O fisioterapeuta riu baixinho com a fala do menino à sua frente. Sentiu o corpo colado ao seu peito mexer-se minimamente em uma risada. Ele entendeu o recado e ajudou o mais velho a retornar ao sofá.

— Você é um excelente profissional — Hyoji o parabenizou.

Jeongguk não conseguiu evitar sentir-se desconfortável com o elogio, sabendo que estava violando a ética de seu trabalho. Um bolo de culpa se formou em sua garganta. Forçou um sorriso. Sentia-se quebrando a confiança que fora depositada em si.

— Precisamos ir agora e deixar vocês descansarem — Yangwon declarou, poupando o filho de se martirizar.

Ela se aproximou e deu um beijo de despedida na bochecha de Taehyung e um longo abraço na senhora Kim. Jeongguk também abraçou Hyoji e aproximou-se do castanho sem saber o que fazer. Controlou a vontade de sentir o sabor daqueles lábios nos seus, já que havia outras pessoas presentes, e apenas deixou um beijo no topo de sua testa. Antes que pudesse se afastar, porém, o mais velho agarrou-lhe pela blusa e deixou um casto beijo em sua bochecha, que adquiriu rapidamente a coloração vermelha.

— Voltarei amanhã para continuarmos — Jeongguk proferiu e acrescentou um tanto atordoado. — É, o tratamento. Não se esqueça de estimular a flexão de seus joelhos, mas sem se esforçar mais do que aguenta.

Um sorriso quadrado estampou as feições de Taehyung e o fisioterapeuta espelhou a ação, sentindo seu interior aquecer-se e agitar-se. Diferente de sua mãe, sua despedida não tinha um tom de tchau, apenas um até logo.

Não conseguia se arrepender. Pelo contrário, isso o deixava, de certa forma, contente por ter pelo que ansiar. 

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