A física entre nós [CONCLUÍDO]

By autora_verbena

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Rafael está ferrado. Perto de reprovar em física, se vê desesperado. A matéria parece não entrar na sua cabeç... More

Elenco e Informações
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capitulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete - BÔNUS
Capítulo Trinta e Oito
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo Trinta e Dois

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By autora_verbena


ELENA ANDRADE

Meu pai tem o cenho franzido para o reprise de Largados e Pelados, a expressão franzida passa para uma de nojo quando os dois participantes comem larvas, a única fonte de caloria que encontraram.

Fazia algumas horas que estava em casa, mesmo não querendo deixar Rafael, preferi não dormir na sua casa. A sua relação com os pais está bem estremecida e também me sinto um pouco mal por ter me dado bem com seu pai. A tensão entre pai e filho é uma grande nuvem de fumaça, escura e densa e quando estive pela primeira vez com os dois em sua casa fui capaz de sentir o cheiro rançoso.

Só que eu não imaginava a dimensão da fogueira entre eles. Naquela noite, a semanas atrás, ela era uma chama média e contida, a fumaça não ocupava todos os espaços, ainda era possível ver com a presença dela. Entretanto, na noite que ele apareceu na minha casa com os olhos vermelhos, tinham ateado madeira seca no fogo. E como nos programas de sobrevivência, o fogo inflamou rapidamente, cresceu e assustou. E queimou.

Queimou Rafael.

Queimou a relação deles.

A queimadura simples, passou para uma de terceiro grau. Que demoraria muito tempo para sarar completamente e, apesar de cicatrizar, continuaria marcada na pele, um lembrete da história deles.

— Eu não sei porquê você e sua mãe gostam desse programa, é horrível. — Meu pai reclama, com a expressão de nojo ainda presente.

Observo a tela, os dois participantes tentam se aquecer da chuva, a umidade diminui o fogo, o tornando uma pequena chama, sem capacidade de aquecer ou queimar.

— É educativo. — Minha mãe rebate.

— Assistir pessoas sendo levadas a inanição e hipotermia é educativo?

Quieta, espero o argumento de Mariana.

— Sim! É importante observar como eles fazem para sobreviver, caso, um dia, passemos pela mesma situação.

— Amor, não vamos passar por isso.

— Não temos como saber, na nossa próxima viagem o avião pode cair ou o navio naufragar.

Após a fala de dona Mariana, meu pai estica o braço, batendo três vezes na madeira da mesa de centro.

— O avião não vai cair nem o navio naufragar, pelo amor de Deus, Mariana! Não estamos em Lost ou Titanic.

Ao ouvir sobre Titanic, um sorriso insinua-se nos meus lábios. Enquanto Rafael ia ao banheiro lavar a mão, peguei o desenho da cobra e guardei em minha bolsa. Agora, o papel está pregado na parede do meu quarto.

— Não temos como saber, Lucas. Precisamos pensar em todas as possibilidades.

A minha mãe, assim como eu, é boa com números. E um dos ramos da sua empresa é calcular riscos, prever cenários, fornecer estratégias de crescimento e passar por crises com impactos mínimos. Por isso, ela gosta tanto de assistir programas de sobrevivência, desastres aéreos, desastres náuticos, qualquer tipo de programa que abra brecha para inúmeros cenários diferentes.

Agora, ela analisa os dois participantes, a mulher apesar de menor e mais magra está sendo mais resistente às mudanças de temperatura que o homem, entretanto, o homem consegue andar por mais tempo. Estão, de certa forma, equilibrados.

É nesse momento que dona Mariana entra, analisando o comportamento, a resistência física e mental. Ela tem um jogo consigo mesma. Se acertar quem sair ou tiver a maior ASP, ela se presenteia. Se perder, abre mão de algo que gosta por uma semana.

É um jogo estranho, mas não posso questionar os jogos que minha mãe faz consigo mesma. Já que eu gosto de calcular todas as equações que aparecem em The Big Bang Theory.

— Que tal pensar no cenário em que isso não acontece. — meu pai passa o braço pelos ombros de mamãe, puxando-a para se recostar no seu peito. — Vamos colocar um filme, de preferência que não envolva desastres aéreos, naufrágios e sobrevivência.

— O que quer assistir, filha? — pergunta dona Mariana.

— Pode ser um romance. — respondo, dando de ombros.

— O poder de um namorado. — fecho a cara, para meu pai.

Decido não discutir, atitude que faz meu pai acreditar ainda mais em sua fala.

Apoio os pés no sofá, com o queixo nos joelhos, assisto meu pai selecionar um romance sem graça.

*

Heitor não para de se mexer, quando penso que vai parar e me dar atenção, ele se mexe como de tivesse sentado na porra de um formigueiro.

— Dá para você parar quieto, caralho!?

Ele, finalmente, arruma uma posição confortável na cama. Posicionando o celular, consigo ver seu rosto com mais clareza.

— Que agitação toda é essa? — questiono, de nós dois, ele sempre foi o mais calmo.

— Mais tarde vou conhecer os pais da Emma. — num tique nervoso, ele passa a mão no cabelo.

— Humm…

— Nem vem, Elena. — arrumando o cabelo de novo, continua: — Tô ansioso para caralho, é sua função de irmã me acalmar.

Ergo a sobrancelha, não teve isso de função de irmão quando ele ficou tirando com a minha cara por causa do Rafael.

— Vai dar tudo certo, o pior que pode acontecer é eles não gostarem de você.

— Não ajudou, tenta de novo.

— Ô príncipe Heitor, eles vão te amar, vão te ovacionar, dirão que é genro, que rogam aos céus! O guerreiro que veio conquistar a linda donzela!

Com uma expressão desdenhosa, o príncipe assiste ao meu teatro.

— Você é muito engraçada mesmo, olha como estou rindo. —para ilustrar melhor, Heitor ri de forma forçada. — Tô falando sério, Elena, não sei como agir.

— Como não sabe? Vai agir como o Heitor, o cara que a Emma gosta.

— Isso é muito aterrorizante, Elena, eu…

A fala de Heitor é cortada pelo loiro, que acaba de colocar o rosto na frente da câmera.

— If it isn't my Trojan Queen. (Senão é a minha rainha troiana) —diz Jake, sorrindo para mim.

— If it isn't my Tom Brady. (Senão é o Tom Brady) — respondo, o imitando.

— I finally get to talk to you, your brother disappears from the room when it's your call. (Finalmente consegui falar com você, o seu irmão some do quarto quando é ligação sua.) — Jake toma o celular da mão de Heitor.

Escuto Heitor bufando de fundo.

— I heard that you started dating, how do you do that to me, princess of Troy? And what about our trip to Vegas? (Fiquei sabendo que começou a namorar, como faz isso comigo, princesa de Troia? E a nossa ida para Vegas?)

— Our trip to Vegas will still happen. (A nossa viagem para Vegas ainda vai acontecer)

— What's the point of the trip happening if I can't marry you in Elvis' chapel. (Do que adianta a viagem acontecer senão vou poder casar contigo na capela do Elvis) — colocando a mão no peito, Jake continua: — You've broken my heart, Queen Elena! (Você quebrou meu coração, rainha Elena)

— Give me back my cell phone, Jake, weren't you going out? (Devolve o meu celular, Jake, não ia sair?) — Heitor questiona o amigo.

Meu irmão tem a cara fechada e os braços cruzados, uma pose ciumenta.

— I always have time for Elena. (Eu sempre tenho tempo para Elena).

— Vai tomar no cu, me devolve essa porra, agora! — xingando em português, Heitor toma o celular de volta.

Os dois começam a discutir, Heitor mescla o português com o inglês em alguns momentos, fazendo Jake ficar confuso.

Lançando um beijo para mim, Jake sai, indo para o seu compromisso.

— Eu te liguei para me acalmar, não ficar mais nervoso.

— Não tem motivo para ficar nervoso.

— Não tenho? Esse gringo filha da puta fica dando em cima de você e… — Heitor esquece que na verdade, o gringo é ele. — tem o Rafael, outro filho da puta. E para ajudar vou conhecer meus sogros.

Ignorando a primeira parte da fala de Heitor, respondo: — Relaxa, vai dar tudo certo.

— Vai dar tudo certo.

— Isso…

Ficamos em silêncio, Heitor respira fundo, fazendo uma daquelas técnicas de respiração.

Passo mais algumas horas conversando com Heitor, contando sobre o colégio, filmes e como o papai não para de perturbar. Já ele me conta sobre o emprego que conseguiu numa empresa de construções e vai trabalhar diretamente na obra e não apenas fazendo cálculos.

Nos despedimos com a nossa típica saudação. Feliz, desejo um bom jantar para meu irmão. Mesmo que para ele o jantar seja a própria batalha com Aquiles.

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