Me separei de Theo e dei um sorriso para ele, logo após isso me retirei dali e voltei para o meu camarim, aonde Emma me esperava. Sentei-me na cadeira em frente a penteadeira e encarei o espelho, não importava o que eu fizesse, meus olhos sempre se voltavam a John, eu sempre sentia a mesma coisa ao vê-lo.
E eu odiava isso, não queria sentir, não queria ter essa conexão com ele. Passei alguns minutos ali apenas calada, coisa que eu sempre costumava a fazer e que me lembrava minha mãe. Diversas vezes eu lhe via fazendo a mesma coisa, encarando seu reflexo no espelho, perdida em seus próprios pensamentos.
E sem perceber eu fazia a mesma coisa, encarava meu reflexo e enquanto pensava analisava cada centímetro de mim. Fiz isso tantas vezes que chegou uma hora que eu realmente percebi minha mudança, eu não era mais a garota que cuidava dos cavalos. Percebi a mudança das pessoas a minha volta, todos mudaram, nada e nem ninguém são os mesmos.
[...]
20 minutos se passaram até uma funcionária do teatro bater na porta e me avisar que a hora estava chegando. Nervosa ficando andando de um lado para o outro no camarim, e a porta novamente foi aberta, agora dando a visão de Emma e Ethan entrando.
— Vai fazer um buraco no chão desse jeito. - Ethan disse.
— Não enche Ethan! - Falei cerrando os dentes,
— Hanna calma, vem aqui. - Emma me segura. - Respira, é uma apresentação como todas as outras.
— É uma apresentação como todos as outras... - Repeti olhando em seus olhos e respirando fundo.
— Você já se apresentou em tantos lugares, pra tantas multidões. Não encare isso como um monstro de sete cabeças, isso é algo que você domina. - Ethan disse se posicionando atrás de Emma. - Você é a musa da música de Londres! - Afirmou sorrindo.
— O que eu faria sem vocês? - Abri os braços e envolvi os dois em um abraço.
Os dois entraram no abraço e o fortaleceram, eu achava incrível o quanto as coisas podem mudar. Eu nunca imaginaria que conheceria essas duas pessoas e que me tornaria tão próximas, sempre imaginei que as únicas pessoas que eu consideraria próximas de verdade, eram meu tio e os Shelby's. Mas então a vida me trouxe Ethan e Emma, que tem sido pessoas muito importantes para mim.
Após nos abraçarmos, juntamos nossas mãos e ficamos em círculo. Sem que os dois percebessem, retirei minha mão do meio e deixei que suas mãos se encostarem. Assim que sentiram o toque um do outro, ele se encararam. Emma ficou levemente vermelha e mordeu seu lábio inferior, enquanto isso Ethan sorria com os olhos.
Um tanto afastada observei aqueles dois, um amor estava nascendo ali. Era estranho como eu conseguia perceber isso, eu não consegui perceber meu amor por John nascendo, eu apenas o olhei naquele dia em minha festa de 15 anos, e ali percebi que o amava.
— Vamos? Está na hora. - Emma retirou sua mão e tentou disfarçar.
— Vamos. - Sorri para os dois.
Juntamente com os dois sai do camarim e caminhei até a parte de trás do palco. Me posicionei ali e arrumei a postura, enquanto respirava fundo. Dei uma última olhada para o lado e Emma e Ethan estavam lá me olhando e fazendo sinal de incentivo com as mãos. Sorri para eles e me virei novamente, logo ouvi a voz do apresentador anunciando.
— E agora a atração mais esperada da noite! - Anunciou.
Uma salva de palmas então foi feita e a cortina foi aberta lentamente, me revelando para todos. Parada no centro do palco, recebi o destaque de uma forte luz branca sobre mim. Passei meu olhar por todas as pessoas, enquanto ouvia o som leve e calmo do piano começar. Logo comecei a cantar calmamente, enquanto passeava o olhar pelos vários rostos, enquanto cantava eu carregava uma expressão tranquila, com um leve sorriso nos lábios.
Em certo momento da música comecei a aumentar o tom e a intensidade, agora também mudando minha expressão para algo mais forte. Eu conseguia ouvir minha voz perfeitamente no local, ela ecoava por todos os cantos e as pessoas me observavam com atenção. Enquanto cantava passei meu olhar por John, ele me olhava com a boca um tanto aberta, com um sorriso que se expandia também em seu olhar.
Com o passar das linhas da música, a intensidade foi aumentando o que fazia minha voz ser ainda mais explorada. Cheguei então no refrão da música, tal parte que possuía muitos agudos e notas altíssimas, minha parte favorita. Enquanto cantava eu fazia alguns movimentos com as mãos, deixei me levar pelas emoções, eu conseguia sentir a música, estava conseguindo transmitir.
{ Apresentação }
Mais uma vez meu olhar foi levado para John, ele me olhava fixamente, seus olhos estavam bem abertos e ele parecia estar hipnotizado. Eu nunca havia cantado daquele jeito, dei tudo de mim.
( P.O.V JOHN )
Assim que Hanna se fez presente no palco, parei de conversar e voltei minha atenção para lá. Ela estava maravilhosa, mais que isso até, estava parecendo um anjo, eu definitivamente não conseguia tirar meus olhos da mesma. Sua voz ecoava em meus ouvidos como poesia, eu sempre amei ouvir Hanna cantar. Ouvir sua voz tão suave, me fez lembrar de quando ela cantava para mim, apenas para mim, sussurrando em meus ouvidos.
Enquanto cantava ela olhou para mim, foi inevitável não sorrir, ela tinha um efeito sobre mim inexplicável. Seu tom logo começou a subir e ser mais intenso, eu não conseguia tirar os olhos, definitivamente eu estava hipnotizado. Ou pelo menos estava me sentindo assim, assim que o refrão chegou fiquei sem reação, eu nunca havia a visto cantar tão maravilhosamente como hoje.
Dei alguns passos para a frente e me apoiei sobre a proteção de mármore, ainda a olhando fixamente. Ela parecia um anjo, o meu anjo, Hanna ainda fazia efeito em mim, eu ainda a amava e não imagino o dia que deixarei de amar. Eu estava fadado ao eterno sofrimento, a morte em vida de amar uma mulher que não seria minha, e a pior parte era saber que um dia foi.
— Você ainda gosta dela, não é? - Finn disse sussurrando.
— Ela é o amor da minha vida. Eu voltaria para ela em um piscar de olhos. - Respondi intensamente.
( P.O.V HANNA )
A música então terminei e eu finalizei com os olhos fechados, contei em minha mente exatos três segundos, e então o som alto e forte das palmas começaram. Abri os olhos e dei de cara com uma multidão me aplaudindo de pé.
— Eu consegui mãe...Eu consegui tio. - Sussurrei para mim mesma, enquanto carregava um sorriso de orelha a orelha no rosto.
Passei meu olhar por todos ali em minha frente, e na primeira fileira estava Oswald me olhando com um sorriso no rosto.
Desviei o olhar e me curvei em forma de agradecimento a plateia, após isso me retirei do palco e assim que fui para os bastidores, me direcionei até Emma e a abracei forte. Ela retribui o abraço sorridente.
Assim que nos afastamos olhei para trás e lá estava Ethan, se aproximando com um sorriso no rosto.
— Eu consegui Ethan! - Falei sorrindo, com os olhos cheios de lágrimas,
— Conseguiu! - Afirmou sorrindo.
Fiquei por uns minutos ali, falando com os demais cantores e após isso fui para o camarim sozinha, Emma e Ethan foram ver as restantes apresentações. Eu estava contente, verdadeiramente contente, após muito tempo senti que meu tio e minha mãe deviam estar orgulhosos de mim.
Me levantei da cadeira que ficava em frente a penteadeira e me dirigi até a pequena mesa, aonde haviam várias bebidas. Peguei uma garrafa de Gin e a abri, enquanto colocava a bebida em minha taça, a porta foi aberta e uma voz se fez presente.
— Você estava perfeita. - Oswald disse.
— Obrigada. - Respondi ainda de costas, com um leve sorriso no rosto.
— Acha que eu não vi? - Se encostou na parede.
— Viu o que, Oswald? - Revirei os olhos e me virei, encarando o mesmo.
— Você com aquele cantorzinho. - Afirmou.
— Por Deus Oswald, não comece. - Dei um gole em minha taça.
— Por que não? - Me olhou impaciente.
— Isso não é hora para as suas crises de ciúmes! - Falei firmemente o encarando.
— Estou cansando dos seus joguinhos. - Passou a língua pela bochecha. - Você adora isso, por que nunca chegou a me ver com outra, você não é a única que tem mais de uma opção. - Provocou.
— Ai meu Deus, quem é ela? - Fiz uma expressão surpresa e coloquei a mão na boca, ironicamente. - Eu fico bêbada de ciúmes.
— Pare com esse joguinhos! - Se alterou e ficou frente a frente comigo, eu podia sentir sua respiração cheia de nervosismo.
— Mas você volta, toda vez que você vai embora. - O provoquei olhando em seus olhos. - Porque querido, eu sou um pesadelo vestido de sonho! - Sorrio de canto aproximando nossos lábios e sussurrando.
Assim que me aproximei de seus lábios, Oswald ficou balançando e avançou para me beijar, mas eu desviei e me afastei. Virei de costas voltando a beber meu Gin e pelo espelho consegui ver Oswald se virar impaciente, eu gostava de brincar com ele, como um pião que eu movo como quiser. Assim que conheci Oswald ouvi muitas histórias dele, não só de sua relação com Anne.
Mas com outras garotas talvez, ele era egocêntrico, tratava as mulheres como objetos e as iludia. Então por que não fazer o mesmo com ele? Eu não sei se era ruim por isso, mas nunca fui uma santa, eu gostava de vê-lo assim. A porta então se abriu e eu me virei para ver quem era, Ethan adentrou ao cômodo e encarei Oswald desconfiado, provavelmente percebendo sua expressão nervosa.
— Ta tudo bem por aqui? - Perguntou encarando Oswald.
— Esta sim, eu já estava de saída. - Respondeu sério e saiu do camarim.
— Hanna. - Ethan me olhou.
— Ta tudo bem, quer? - Dou de ombros e lhe ofereço a taça.
— Não, tem algumas pessoas querendo te ver. - Negou e olhou para a porta sorrindo. - Podem entrar.
Olhei para a porta e então Tommy entrou pela porta, sendo seguido por Arthur, Finn, Ada, Polly e John que entrou por último. Assim que avistei os mesmo abri um grande.
— Será que a estrela do teatro tem um tempo pra alguns fãs? - Tommy disse.
— A não sei, tenho que ver na minha agenda. - Brinquei.
— Criamos um monstro, esta vendo Polly? - Tommy riu.
— Eu sempre vou ter um tempo pra vocês. - sorrio.
— Hanna você está tão linda nessa vestido, querida. - Polly disse se aproximando sorrindo.
— Obrigada Polly. - Sorrio e abraço a mesma.
— A sua apresentação foi a melhor! - Finn afirmou.
— Vem cá garoto. - Abri os braços e ele me abraçou. - É impressão minha ou ele está mais forte? - Falei apertando seu braço.
— Ele está indo comigo para as lutas agora. - Arthur disse.
Passamos um bom tempo conversando, eu e John não trocamos nem sequer uma palavra, apenas trocávamos olhares constrangedores. Em certo momento, fui pegar mais bebida na mesinha encostada na parede e enquanto enchia a taça, Tommy se aproximou falando baixo.
— Hanna. - Disse baixo.
— Algum problema Tommy? - Olhei para o mesmo.
— Eu vi como o Oswald saiu daqui. Está acontecendo alguma coisa? - Perguntou rapidamente.
— Nada demais, já disse para não se preocupar. - Fechei a garrafa.
— Hanna não brinque com fogo... - Avisou.
— Relaxa, em breve vou acabar com esse joguinho, já está perdendo a graça. - Solto uma risada.
— O quanto antes melhor. - Segurou a risada. - Vamos já esta na hora.
Me despedi de todos e então eles foram embora, olhei para a penteadeira e em cima da mesma estava uma boina, boina essa que reconheci na hora, era de John. Caminhei até a lá e quando eu estava prestes a colocar as mãos na boina, alguém bateu na porta. Me afastei imediatamente da boina e dei permissão para que a pessoa entrasse.
John então entrou e foi até a penteadeira, após pegar sua boina ele parou ali mesmo, com as duas mãos juntas em frente ao corpo e olhou para mim.
— Por que voltou? - Perguntei sem manter contato visual.
— Porque esqueci meu chapéu. - Respondeu apenas.
— E porque continua aqui? - Dei um gole na taça, olhando para baixo.
— Porque não paro de pensar em você. Aonde quer que eu vá, você vai comigo. - Fixa seu olhar em mim. - Por isso não consigo dar um passo sequer.
— Eu queria acreditar em você, mas não consigo. - Levanto meu olhar para ele.
— Eu estava observando alguns casais na plateia, eu só queria estar ao seu lado hoje, vem de perto. - Suspirou.
— Pra que John? Nunca seremos como eles, nunca fomos. Sempre estivemos nessa montanha russa sem rumo, lembra? - Falei pensativa.
— Talvez, mas eu não mudaria nada. Não se isso significasse perder o que vivemos. - Disse se aproximando
— Não! Não dê nem sequer mais um passo. - Fiz um gesto com a mão o afastando.
— Você sabe que eu nunca quis te decepcionar, eu te daria qualquer coisa. - Parou de andar.
Encarei seu olhos em silêncio por alguns instantes, a aqueles olhos azuis! Eu tentei, tentava ao máximo esquecer eles, encontrar outro alguém, mas ninguém chegava a altura de John, ninguém conseguia me ter como ele.
Eu podia ser o que eu quisesse, mas eu queria ser dele.
De repente a porta foi aberta com força e Arthur entrou as pressas, sem dizer nada Arthur disse algo no ouvido de John e no mesmo momento John ficou sem reação.
— Vamos John! - Arthur o puxou.
Os dois rapidamente saíram dali e eu sem entender nada os segui até a porta, eles então correram pelo corredor com pressa.
— FINN O QUE ESTAVA ACONTECENDO? - Gritei para Finn.
— A IZZY! - Finn respondeu e voltou a correr.
No mesmo momento em que ouvi o nome de Izzy, me encostei na porta. Ele havia corrido daquele jeito por ela, me senti uma completa idiota por em algum momento achar que ele estava sendo sincero. Eles iriam ter um filho, e a reação de John só mostrou o quanto nossos caminhos estavam longe um do outro, ele seria pai agora, ele correu para ela e me deixou mais uma vez.
— Hanna, você vem? - Ouvi a voz de Theo atrás de mim.
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Finalmente tive a chance de liberar a apresentação da Hanna!!! Imaginem que o homem do vídeo que esta olhando a cantora cantar é o John, aquela foi a reação dele.
Confesso que adoro ver o jeito que a Hanna brinca com o Oswald KKKKKK.
A meta é ter alguém que me diga as coisas que o John fala pra Hanna, que casal!