For Him | taekook

By the-lonely-whale

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Jeongguk está acostumado a ensinar seus pacientes: seja o novo exercício, um novo hábito ou uma nova forma de... More

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By the-lonely-whale


Jeongguk estava se sentindo ansioso desde que acordou ao receber uma mensagem de Taehyung. Não conseguia entender por que seu corpo estava tomado por tal sensação. Parecia errado apresentar seu mais novo amigo para seus antigos amigos. Sentia-se culpado por pensar dessa forma. Não deveria restringi-lo. Certamente seria bom para o mais velho conhecer outras pessoas.


[Tae] 8:21

Que horas você vem?

Estou tão animado


A mensagem era tão simples, mas fez o moreno ficar desconfortável. Não queria que Taehyung ficasse na expectativa e acabasse por se decepcionar. Pretendia tê-lo preparado psicologicamente no dia anterior, mas, a pedido do Kim, não tinha ido visitá-lo na sexta-feira. Respondeu, por fim, da forma mais simplista que conseguiu.


[Jeongguk] 8:25

Daqui a pouco


Não queria magoar Taehyung com indiferença, mas não sabia o que mais dizer. Suspirou fundo, deitado de mau jeito no sofá. Parou para pensar em que momento da sua vida seus problemas passaram a girar em volta de outra pessoa. Seus pensamentos sempre se voltavam para o Kim em algum momento. Quando via coisas interessantes na rua, desejava que o mais velho pudesse sair para vê-las; sentia pontadas de preocupação ao longo do dia; questionava-se se o menino estaria sentindo dores de vez em quando. Era estranho ter criado uma relação de amizade tão dependente em tão pouco tempo, principalmente para si porque nunca gostou de se envolver com as pessoas.

Sacudiu a cabeça para espantar essas ideias. Sua mãe sempre disse que seria muito bom se ele fosse mais próximo das pessoas, talvez ela tivesse razão. Imaginou a reação dela quando descobrisse que Taehyung já estava mexendo os braços e melhorando cada vez mais. Seus avanços eram impressionantes.

Ali estava, mais uma vez, o menino em seus pensamentos.

Enquanto enfrentava seu dilema pessoal, recebeu uma mensagem avisando que seus hyungs haviam chegado. Levantou depressa, para evitar reclamações impacientes de Yoongi, e pegou tudo que planejava levar. Com a mochila vermelha posicionada em suas costas, saiu do apartamento.

O peso era um pouco maior do que estava acostumado a levar, apenas porque não queria que nada faltasse dessa vez. Iria passar o dia inteiro e dormiria fora, a pedido de sua própria mãe. Yangwon pediu-lhe, se não se incomodasse, que cuidasse de Taehyung sábado à noite até domingo de tarde, porque pretendia levar Hyoji e Dongsul para outro passeio entre amigos. Não iria impedir sua mãe de se divertir, portanto prontamente aceitou.

— Vamos? — perguntou ao se aproximar do carro de Yoongi.

Hoseok, sentado no banco do passageiro, levou um susto. Era incrivelmente fácil assustar seu hyung.

— Dessa vez você foi mais rápido, finalmente — o loiro comentou sarcástico.

— Mas continua me assustando. Sabe que odeio sustos, Jeongguk.

— Não é minha culpa se você leva susto à toa, hyung — explicou-se assim que se acomodou no banco de trás. Yoongi ligou o carro, pronto para prosseguir no trajeto.

Não ficaram em silêncio por muito tempo. Hoseok parecia tão ansioso quanto Jeongguk suspeitava que Taehyung estivesse, se não mais. A música do rádio servia como ruído de fundo para amenizar a atmosfera expectante. Seu amigo de cabelo castanho claro batia os dedos incansavelmente no painel do carro. Sem aguentar conter sua euforia por muito tempo, pôs-se a fazer perguntas intermináveis.

— O nome dele é Kim Taehyung, né?

— Sim, hyung.

— O que ele gosta de fazer?

— Ele ainda não consegue fazer muita coisa, — Jeongguk refletiu. — mas assistimos animes e desde anteontem ele tem tentado jogar vídeo game. Ele gosta bastante de conversar.

Hoseok pareceu contemplar a resposta que obteve por um tempo. Quando o Jeon pensou que o interrogatório tinha acabado, mais perguntas vieram.

— Ele tem amigos?

— Já expliquei que ele não sai de casa ainda, hyung. A única pessoa, além de mim, que vai visitá-lo é minha mãe.

— Tia Yangwon é realmente uma pessoa adorável — Yoongi acrescentou à conversa.

— Por que ele não sai de casa? — Hoseok ignorou a observação e continuou a questionar.

— Ele mal consegue ficar sentado corretamente, eu já disse, hyung — Jeongguk estava incomodado com tantas perguntas.

Felizmente, para si, Yoongi também estava impaciente com a quantidade de questionamentos desnecessários. Ambos sabiam que esse era o jeito que Hoseok agia quando estava ansioso, falava sem parar, mas ele precisava se controlar.

— Hoseok, dá para parar? — o mais velho dos três resolveu interferir. — Você já sabe tudo que está perguntando. Jeongguk já nos deu um pequeno resumo do que precisamos saber. Estamos indo lá para conhecer um caso de atrofia, não ficar de babá de uma criança que você precisa agradar a todo custo.

A última frase fez o Jeon ficar pensativo de novo. Lembrou-se de quando foi apresentado ao caso, assim como seus hyungs estavam sendo agora. Diferente de seus amigos, ele preferia, inicialmente, que fosse uma criança. Dava-se bem com elas e era bem mais agradável. Recordava-se da frase de sua mãe no dia. Ele é tão dependente quanto uma criança. Era uma sensação diferente tratar de alguém assim. É muito mais fácil ser responsável por aqueles que não alcançaram a fase de independência ainda.

— Devemos perguntar o que realmente importa, Hobi — a voz de Yoongi chamou sua atenção. — A gente já sabe que a atrofia é decorrente da lesão medular. Mas, por que ele teve essa lesão?

Jeongguk ficou sem reação por alguns segundos. Ele não sabia a resposta. Nunca havia perguntado. Talvez para não ser intrometido, talvez por não ter pensado em tal pergunta. Era tão comum atender as crianças com atrofia por lesão ou por alguma doença tratada nos estágios iniciais, que não estava acostumado a lidar com uma situação tão avançada.

— Eu não sei — disse por fim.

— Não sabe? — Hoseok soou um tanto surpreso. O moreno não o culpava.

— O passado não importa. O meu foco é o presente e o tudo que posso fazer para que ele tenha um futuro melhor.

Sentiu-se poético ao proferir tais palavras. Não deixava de ser verdade. Seu objetivo sempre era ajudar ao máximo que pudesse as pessoas. Não podia deixar de sentir uma pequena pontada de curiosidade. Será que ele nascera com alguma condição que contribuiu para a lesão? Descartou a possibilidade em seguida. Se esse fosse o caso, não estaria obtendo resultados tão satisfatórios.

O carro prosseguiu o caminho em silêncio. Um clima de reflexão havia se instalado. Cada um perdido em seu próprio mundo até chegarem à casa dos Kim. Jeongguk saiu do carro e caminhou na frente, guiando os novos visitantes. Tocou a campainha e sentiu seu estômago embrulhar. Estava nervoso e não sabia por quê.

— Olá, meninos! — Hyoji recepcionou-os. — Entrem, por favor, fiquem à vontade.

A mulher abraçou cada um deles, sempre atenciosa. Hoseok ficou extremamente contente com a receptividade. O menino realmente adorava conhecer pessoas novas, socializar, ser afetuoso. Yoongi ficou um pouco acuado, mas retribuiu o gesto mesmo assim. Apesar de não levar tanto jeito quanto o amigo para lidar com pessoas, o garoto sabia manter a educação.

— Tia Hyoji, esses são Min Yoongi e Jung Hoseok, meu amigos — ele apontou para o loiro e o castanho respectivamente.

— Muito prazer, queridos. Eu sou a Hyoji, mas podem me chamar de tia assim como Jeongguk. Agradeço por virem conhecer meu filho e contribuir com seus conhecimentos. — Os garotos retribuíram curvando o corpo. — Podem subir, Taehyung está no quarto. Ele estava tirando um cochilo.

Imediatamente, Jeongguk se virou para escada, esperando que seus amigos o seguissem. Guiou-os pelo corredor e não pôde deixar de observar os olhares impressionados. Sem nenhum comentário, os mais velhos analisavam cada detalhe da imensa casa. Pareciam tão abismados quanto ele se sentiu no primeiro dia. Seus olhos varriam cada detalhe.

A porta do quarto estava entreaberta. Ele logo avistou a cama e o menino adormecido. Surpreendia-se por Taehyung estar dormindo no meio da manhã. Talvez não tivesse dormido direito na noite anterior devido à ansiedade. Adentrou o local com cuidado para não assustá-lo. Seus hyung ficaram parados à porta, observando tudo. Jeongguk se sentiu atenuado perante uma cena tão bonita. A expressão angelical estava pacífica mergulhada na terra dos sonhos.

Aproximou-se com cautela. Sabia melhor do que ninguém quão ruim era acordar assustado. Taehyung não esboçou nenhum sinal de incômodo. Sua respiração prosseguia ritmada. Jeongguk encostou no braço do garoto deitado e sacudiu-o.

— Tae — chamou. — Taehyung, acorda.

O Kim resmungou. Com lentidão abriu os olhos. Suas íris estavam um pouco enevoadas, ajustando-se ao ambiente. Quando conseguiu compreender o que estava acontecendo, um sorriso de formato quadrado tomou conta de suas feições.

— Bom dia, dorminhoco — o fisioterapeuta brincou.

— Jeongguk-ah! Achei que você tinha desistido de vir, aí dormi.

O rosto de Taehyung se fechou em concentração e o mais novo apenas observou, esperando o que estava por vir. Os braços do castanho se ergueram um pouco da cama, como que pedindo colo, em direção ao outro. Jeongguk rapidamente entendeu a comunicação corporal. Aproximou-se do corpo deitado, enlaçou a cintura magra e sentiu as mãos enlaçando seu pescoço. Puxou o tronco para que ficasse perpendicular em relação à cama. Estava prestes a arrastar o menino para que ele pudesse recostar na cabeceira quando foi interrompido.

— Espere, espere — o Kim pediu. — Deixe-me te ajudar.

Os dedos entrelaçados no pescoço do fisioterapeuta se soltaram para repousar na cama novamente. Taehyung posicionou as mãos sobre o lençol da melhor maneira possível. Jeongguk sorriu ao notar que o braço dele já ficava em uma posição mais natural, quase normal. Observou a expressão de concentração surgir novamente, mas não soltou a cintura do garoto. Sabia que ele, provavelmente, precisaria de um apoio. Em seguida, o menino usou sua própria mão para impulsionar-se para trás. Mexeu alguns poucos centímetros, mas o suficiente para que ambos ficassem contentes.

— Muito bem! — Jeongguk incentivou.

O mais velho continuou a fazer os curtos movimentos. Pouco a pouco, aproximou-se do encosto. Quando atingiu seu objetivo, o Jeon soltou sua cintura e afagou-lhe os cabelos em forma de parabenizar. Já recostado, os olhos de Taehyung focaram na porta de seu quarto. Por um momento, o ambiente permaneceu silencioso. Jeongguk quase se esquecera de seus amigos ali.

— Taehyung, esses são meus amigos. Hoseok hyung e Yoongi hyung — pronunciou.

A expressão no rosto do menino ainda parecia assustada e o fisioterapeuta temeu pelo pior. Não conseguia imaginar o que se passava pela cabeça dele. Não precisou dizer nada, porém, já que seus amigos estavam acostumados a lidar com pacientes acuados e sabiam exatamente como agir.

— Oi, Taehyung. Estava curioso para te conhecer. Ouvimos tanto sobre você — Yoongi foi, surpreendentemente, o primeiro a falar.

— O menino que roubou todo o tempo livre de nosso amigo.

O rosto de Taehyung se iluminou. O que quer que estivesse lhe incomodando já havia sido esquecido. Ele fitou Jeongguk por um momento antes de retrucar os meninos.

— Não é verdade, hyung — a forma de tratamento saiu tão natural que ninguém foi capaz de dizer algo. — Jeongguk que não gosta de sair. Acho que ele não gosta muito de pessoas, sabe?

Hoseok gargalhou. Não esperava uma resposta tão sincera e inocente. O Jeon, contudo, ao ouvir as afirmações feitas sobre si, fingiu uma expressão de indignação.

— Taehyung! Você não pode falar esse tipo de coisa para os outros.

O tom de voz de Jeongguk pareceu assustar o castanho verdadeiramente. Ele parecia arrependido do que tinha dito. Sua expressão transparecia tristeza. Yoongi riu da cena e isso pareceu deixar o menino que estava na cama ainda mais confuso.

— Não brigue com ele, Jeongguk. Nós sabemos que é verdade. Você adora sua bolhinha.

Taehyung lhe acompanhou na risada, assim como Hoseok. O mais novo encarava os três incrédulos.

— Já terminaram de me utilizar como fonte de piadas?

Ele entrou no jogo. Realmente odiava ser o alvo de brincadeiras, mas parecia ter funcionado para descontrair o menino, portanto valeu à pena. Seus amigos mantinham um ar divertido, mas era possível notar o olhar de profissional curioso ainda presente. Eles aproveitavam o momento para analisar a situação.

— Você não se cansa dele, Taehyung? — Yoongi questionou.

— Não é como se eu tivesse companhia melhor — respondeu com tom de risada.

— Por que não sai de casa e conhece novas pessoas? — Hoseok perguntou. — Assim não precisa ficar com nosso amigo sem graça o tempo todo...

Por um instante, Jeongguk ficou com medo da reação do Kim. Ele podia não saber o que dizer ou se sentir incomodado. Queria esganar seu hyung por fazer uma pergunta tão invasiva.

— Eu não consigo — o tom de voz de Taehyung saiu mais frágil. — Não consigo andar e não dobro as pernas para ficar sentado.

Seu olhar se desviou para o rosto de Jeongguk, que sorriu pequeno para tranquilizá-lo. O mais novo sabia o quanto o garoto sempre detestou profissionais que vinham lhe tratar, sendo ele mesmo a exceção. Não queria que seus hyungs o acuassem.

— Mas nós estamos mudando isso, certo? — Jeongguk comentou para atenuar a situação.

— Sim, só que dói muito — Taehyung foi sincero.

Hoseok e Yoongi observavam tudo com atenção. Não pretendiam deixar o paciente mal, muito pelo contrário. Queriam ser capazes de ajudá-lo da melhor forma que pudessem. Hoseok resolveu então que deveria interferir.

— Eu conheço uma técnica para atenuar a dor. Se não se incomodar, posso lhe mostrar. Meus pacientes não costumam reclamar.

Incerteza cruzou o olhar de Taehyung. Suas mãos apertaram o lençol com força e os olhos se desviaram para Jeongguk em busca de apoio. O fisioterapeuta sacudiu a cabeça de forma discreta, incentivando-o. Por fim, o Kim acenou com a cabeça, concordando com a proposta. Hoseok aproximou-se da cama para demonstrar.

— Eu vou precisar deitar você, tudo bem?

Em resposta imediata, Taehyung esticou os braços para Jeongguk, pedindo ajuda. O mais novo ficou surpreso por um momento, mas não recusou o pedido. Ficou ao lado de seu hyung e enlaçou a cintura do menino recostado. Puxou sua cintura enquanto Taehyung tentava lhe auxiliar com bastante esforço utilizando os braços. Assim que estava deitado, virou seu rosto para encarar o Jung.

— Eu trouxe um aparelhinho que eu costumo usar em meus pacientes. Ele vai estimular seus músculos para que dobrem um pouco — veio a explicação.

Os olhos de Taehyung se arregalaram assustados. Para acalmá-lo, Jeongguk afagou seus cabelos de forma reconfortante. Hoseok pegou sua mochila, que estava próxima de Yoongi, e retirou um aparelho cinza com vários fios acoplados. Ligou o cabo principal à tomada mais próxima da cama e pediu ajuda ao Min para posicionar os eletrodos nas pernas do menino. O loiro veio com um tubo de gel em mãos, já preparado para auxiliar, e ajudou Hoseok a posicionar tudo no lugar correto. Eles já estavam acostumados a trabalhar juntos, então tinham uma boa dinâmica. Quando a perna de Taehyung estava tomada por peças pretas, os mais velhos puseram-se a explicar.

— Eles vão iniciar pequenos formigamentos na sua perna e, em resposta, vai ser mais fácil dobrar sua perna um pouco — um disse.

— Você precisa se concentrar para controlar o movimento e forçar sua perna ao máximo — o outro completou.

Taehyung não emitiu som algum, apenas concordou com um movimento de cabeça. Hoseok e Yoongi se aproximaram do aparelho e mexeram cautelosamente em um dos botões.

Jeongguk observou tudo apreensivo. Não conseguia dizer se os estímulos já tinham começado. A expressão de Taehyung permanecia do mesmo jeito, sem dar indício algum de que algo estava diferente. Sua dúvida foi sanada quando as pernas dele dobraram-se um pouco. Não muito, apenas o suficiente para que a parte de trás do joelho desencostasse da cama.

— Você precisa se esforçar para puxá-las na sua direção para que dobrem mais — Yoongi repetiu.

Quando o impulso seguinte veio, o movimento foi mais amplo. A perna formou quase um ângulo de 30° em resposta. Jeongguk não controlou o sorriso. Ele já havia trabalhado com esse tipo de máquina e sabia do diferencial que ela podia fazer. Não tinha uma para si, a fim de que pudesse utilizá-la no castanho, portanto precisava agradecer a Hoseok por trazer a sua.

Mais alguns impulsos elétricos vieram e Taehyung conseguiu manter o movimento na mesma medida. Era animador ver a cena. Depois de cerca de quinze minutos, Yoongi desligou o aparelho.

— Não podemos fazer por muito tempo, principalmente sendo a primeira vez, para evitar causar danos — justificou.

— E então, o que achou? — Hoseok questionou.

— Eu não consigo nem acreditar, hyungs! — Taehyung soava extremamente animado. — Muito obrigado. Minha perna realmente se moveu e a dor quase não incomodou.

Os dois fisioterapeutas estavam retirando e limpando os eletrodos conectados à perna do menino. O quarto permaneceu em silêncio durante o processo. Ninguém sentia a necessidade de proferir qualquer palavra. Estavam apenas desfrutando da aura contente do ambiente. Quando Hoseok terminou a limpeza do gel, deixou o aparelho em cima da mesa de cabeceira.

— Eu tenho outro desse no trabalho. Vou deixar esse com vocês. Quero que você melhore logo, Taehyung — explicou.

Jeongguk sorriu tão abertamente que pensou que seu rosto ia rasgar. Não se controlou e abraçou seu hyung, agradecendo incansavelmente. Ter um aparelho desse tipo seria de grande ajuda.

— Você só não pode se esquecer de comunicar qualquer incômodo, Taehyung. O objetivo não é te prejudicar. Seu fisioterapeuta não tem como adivinhar — Yoongi reforçou com seu tom sério.

— Não se preocupe, hyung. Eu confio no Jeongguk.

Se fosse possível, o sorriso do Jeon se alargou ainda mais. Era uma sensação imensamente prazerosa colher os frutos de uma relação de confiança tão simples. Ao mesmo tempo, o choque da responsabilidade era imensamente assustador. Estava feliz. Taehyung confiava em si e ele acreditava no potencial do garoto. O universo parecia estar a seu favor. Daria tudo certo.


✗✗✗


Yoongi e Hoseok ficaram ali, apenas conversando, por mais algum tempo. Taehyung parecia extremamente satisfeito com seus visitantes. Ele questionou como eram seus trabalhos e falou sobre como, quando fosse capaz de sair, iria visitá-los. Pediu que eles voltassem mais vezes, o que ambos prometeram que fariam quando pudessem.

A conversa desandou, porém, quando o Kim perguntou se eles gostavam de jogar vídeo games. Jeongguk e Yoongi ficaram assistindo por um bom tempo a competição de corrida e risadas entre Hoseok e Taehyung. O Jeon estava encantado com a aura pura e divertida que o castanho emanava. Sentia-se feliz apenas de observar a cena. O sorriso enorme em seus lábios, o brilho nos olhos, as mãos se movendo mais habilmente que da última vez.

Em pouco tempo, Hyoji chamou os quatro para almoçar. A casa já estava tomada pelo cheiro da comida de sábado. Os mais velhos tentaram recusar, mas a senhora Kim insistiu. Jeongguk riu com Taehyung ao assistir a mulher convencendo os garotos de que preparou a refeição especialmente para as visitas. Eles não foram capazes de recusar. Hyoji guiou os mais velhos na frente para a sala de jantar.

— Até que eu estou com muita fome... — Taehyung comentou ainda sentado. Jeongguk se aproximou para levá-lo para comerem. Um enorme sorriso estampava o rosto do castanho e o fisioterapeuta precisou parar para admirá-lo. Mantinha uma aura inocente e contente que fazia o coração do Jeon bater mais rápido.

— Você está tão feliz — Jeongguk retrucou.

Ergueu-o em seus braços para poderem se locomover. O Kim fez questão de mover seus braços, dessa vez com um pouco mais de facilidade, e forçá-los a se manter ao redor do pescoço do outro.

— Eu sei. Obrigado.

Seu corpo estava aninhado contra o corpo que o levava. Sua cabeça se apoiava confortavelmente sobre o peito do fisioterapeuta. A posição era bem aconchegante. Com o ouvido ali, conseguia ouvir os batimentos cardíacos calmos e ritmados de Jeongguk.

— Não me agradeça, por favor.

Ele fazia o caminho com cautela como sempre. Seguia atento para evitar acidentes. O menino que carregava já estava consideravelmente mais pesado do que na primeira vez que o carregou. Sua atenção precisava ser redobrada. Seu último objetivo era machucar a si ou ao mais velho.

— Mas nada disso teria acontecido se não fosse por você — foi a justificativa.

O aperto em seu pescoço se intensificou. Uma das mãos se soltou do enlace e realizou movimentos leves na região. Era como uma carícia. Jeongguk abriu um enorme sorriso com a ação e Taehyung retribuiu. Ele se sentia como uma criança dessa forma. Tudo parecia tão mais simples na companhia do Kim. Suas responsabilidades e problemas ficavam em outro ambiente que não ali. Seu corpo era preenchido pela mais pura forma de contentamento. Ele ficava feliz.

Hoseok, Yoongi e Hyoji já estavam sentados à mesa, com seus pratos cheios de uma comida com aparência apetitosa, quando os outros dois finalmente se aproximaram. Taehyung foi depositado em sua cadeira, na extremidade habitual. Sobre os olhares dos demais presentes, Jeongguk o ajudou a posicionar os pés sobre um apoio de pés que forçaria suas pernas a dobrarem apenas o suportável.

— Mãe, o cheiro está maravilhoso!

— O gosto também — Yoongi acrescentou.

— Você deveria nos levar para conhecer seus pacientes mais vezes, Jeongguk — Hoseok brincou com o menino que ainda estava de pé, colocando comida em seu prato. — Se a comida, no final, for tão boa assim, aceitarei sempre.

Todos riram do comentário, exceto Taehyung. Ele manteve a expressão séria e sua mente parecia estar em outro lugar. Seus pensamentos vagavam. Seu olhar ficou perdido, fitando a parte da mesa à sua frente. Parecia estar refletindo sobre algo. Despertou do transe quando Jeongguk depositou o prato que ambos dividiriam no espaço vazio perto de si.

— Guk, posso tentar comer sozinho? — seu tom saiu um pouco mais alto que um sussurro.

— Mas é claro, desde que me avise se estiver sentindo incômodo demais. Nada de forçar mais do que aguenta.

Taehyung assentiu em concordância e arrastou o braço para mais perto do corpo, flexionando um pouco mais o cotovelo. O fisioterapeuta entregou-lhe o garfo. Seus dedos estavam um pouco trêmulos ao redor do talher, mas ele não desistiu. Flexionou ainda mais os cotovelos e ergueu a mão para conseguir pegar a comida. Com certa dificuldade, levou o conteúdo até a própria boca, deixando parte cair de volta no prato pelo caminho. Jeongguk abriu um enorme sorriso em resposta com a realização da ação.

— Sentiu alguma dor? — perguntou por precaução.

As mãos do Jeon seguiram para o cabelo alheio, deixando um carinhoso afago para tranquilizá-lo. Assim que terminou de mastigar e engoliu, Taehyung respondeu:

— Não, não. Só é um pouco difícil.

— Isso é normal. Quanto mais você repetir essa ação, mais fácil ela vai se tornar — explicou.

O Kim esticou o garfo na direção de Jeongguk. Por um momento, o fisioterapeuta pensou que ele já tivesse desistido de tentar o novo movimento. Em seguida, entendeu que Taehyung estava entregando-lhe o talher para que também pudesse se alimentar, afinal, não sabia da mudança de planos e tinha colocado a quantidade dobrada no mesmo prato como de costume. Aceitou o objeto e se alimentou, devolvendo-o rapidamente para o mais velho.

Enquanto observava Taehyung desenvolver sua coordenação motora, Jeongguk estranhou o silêncio na mesa. Virou-se para fitar os outros três sentados na extremidade oposta da mesa. Diferente do que esperava, Yoongi, Hoseok e Hyoji estavam entretidos em uma conversa em tom baixo. Pareciam não querer atrapalhar a nova etapa do tratamento do castanho, apesar de manterem os olhos atentos nos dois meninos, observando cada detalhe do novo avanço.

Era um tanto incômodo sentir três pares de olhos assistindo a cada ação sua, mas o Jeon preferiu ignorar. Voltou sua atenção para Taehyung. Ele ainda parecia ter dificuldades em manter a mão estável durante o percurso até sua própria boca, mas já estava melhor do que na primeira vez. Seu rosto estava empolgado, apesar do ar de concentração. Quando conseguiu não derrubar nada da comida em seu garfo, abriu um enorme sorriso quadrado.

— Eu consegui, Guk! — comemorou afobado.

— Taehyung, meu filho, não fale de boca cheia. É feio — Hyoji corrigiu-lhe, mas logo diminuiu o tom para continuar conversando com Yoongi e Hoseok.

O menino imediatamente lançou um olhar de desculpas para Jeongguk, que deu de ombros. Não se incomodava com etiquetas naquele momento. O sorriso estampando o rosto alheio e a alegria exalada de cada poro eram mais importantes.

— Posso tentar fazer algo? — perguntou após engolir a comida.

Jeongguk fitou-o por um momento antes de acenar com a cabeça de modo relutante. O olhar pidão o convenceu. Taehyung encheu o garfo com comida sob o olhar questionador do mais novo. Levou, no entanto, o talher em direção à boca do fisioterapeuta.

— Diga "aah" — brincou perante a inércia do fisioterapeuta.

Jeongguk abriu a boca ao entender o que estava acontecendo e Taehyung alimentou-o com cuidado para não machucá-lo devido sua falta de coordenação motora.

— Agora eu também posso te dar comida — comemorou extremamente contente com a nova aquisição. O Kim soava com uma criança grande, o que arrancou sorrisos bobos do mais novo.

A partir de então, ele proibiu o Jeon de sequer tocar no talher. Estava determinado a ter autonomia no momento. Após alguns protestos em vão, Jeongguk desistiu de tentar contra-argumentar. Era bom receber um mimo de vez em quando, portanto permitiu o que a situação lhe oferecia. Sentiu-se como uma criança, mas não se importou.

— Meninos, eu vou me arrumar para encontrar com Yangwon. Comportem-se — Hyoji anunciou quando seu prato já se encontrava vazio.

A mulher retirou a louça suja da mesa, seguida de Hoseok e Yoongi com seus respectivos pratos. Taehyung e Jeongguk permaneciam imersos no processo de se alimentar, um pouco mais devagar que o normal já que estava sendo conduzido pelo Kim.

Assim que Taehyung alimentou-o com a última porção de comida do prato, o Jeon observou seus hyungs retornando e sentando-se mais próximo deles dois. Jeongguk se levantou para retirar seu prato sujo. Na cozinha, aproveitou para lavar a louça que havia utilizado. Não queria dar mais trabalho à senhora Kim. Ouviu um grito vindo da sala pedindo para que ele trouxesse suco e assim ele o fez.

Hoseok, Yoongi e Taehyung conversavam amigavelmente quando ele retornou. Risadas ecoavam por todo o ambiente.

— Hyungs, me passem os seus números de celular, por favor. Jeongguk é a única pessoa com quem converso e ele nem sempre me responde.

Yoongi já estava com o celular de Taehyung na mão, provavelmente, inserindo seu contato. O outro menino gargalhou ao ver a reação indignada de Jeongguk.

— Tenha paciência com seu fisioterapeuta, Taehyung. Ele pode ser meio antissocial e desligado, mas no fundo é uma boa pessoa — Hoseok falou, recebendo um tapa em resposta do Jeon. Seus amigos realmente não deixavam passar nada.

— Tae, você sabe que não te respondo o tempo todo porque tenho que trabalhar ou estou na aula — explicou ao entregar-lhe o copo com suco.

— Eu sei, mas aí eu fico entediado. Por isso preciso de novos amigos — respondeu.

— Yoongi hyung e Hoseok hyung também precisam trabalhar — Jeongguk retrucou.

A expressão de Taehyung se fechou em teimosia.

— Mas assim eu vou ter mais pessoas com quem conversar.

O Jeon estava prestes a respondê-lo quando percebeu a cena que estava protagonizando. Não havia por que agir dessa forma. O Kim queria novas amizades e essa era uma ótima oportunidade. Estava fazendo todo esse drama à toa. Não queria discutir com o menino. Fez o que sabia de melhor, deu de ombros.

— Pode enviar mensagens sempre que quiser, Taehyung — Hoseok falou perante o silêncio.

Yoongi acenou com a cabeça em concordância e acrescentou:

— Foi muito bom conhecer você, Taehyung. Assim que der, voltaremos para te visitar. Não se preocupe. Mas, agora, nós precisamos ir.

Os dois se levantaram para se despedirem do castanho, que tinha uma expressão triste. Ele realmente queria que seus hyungs ficassem mais. Estava sendo tão divertido. Quando Yoongi se aproximou, Taehyung puxou-lhe para um abraço de despedida. Desajeitado devido à fraqueza de seus braços e o não domínio total sobre seus movimentos, mas ainda assim afetuoso. Fez o mesmo com Hoseok.

— Vamos, Jeongguk? — Yoongi chamou quando todos se despediram.

— Na verdade, eu vou dormir aqui hoje, hyung. Não vou voltar com vocês, me esqueci de avisar.

Seus hyungs o encararam por um momento sem esboçar reação. Ambos acenaram com a cabeça, em forma de compreensão. Hoseok subiu as escadas para pegar os seus pertences que ficaram no quarto de Taehyung. Quando ele retornou, desceu as escadas acompanhado de Hyoji.

— Yoongi hyung — chamou. — Podemos levar tia Hyoji também? Ela queria uma carona até a zona leste da cidade. Pode ser?

O título carinhoso em relação à mulher soou tão natural na boca do garoto de cabelos castanhos claros que Jeongguk até se surpreendeu.

— Claro, claro. Sem problemas — o outro concordou.

Taehyung viu sua mãe se aproximar e elogiou sua aparência. Em seguida, foi envolvido em um momento de beijos, abraços e muitas recomendações típicas de mãe. Não era a primeira vez que ele ficaria sob os cuidados de Jeongguk, mas isso não deixava a senhora Kim menos preocupada. Ele sempre seria seu filhinho. Enquanto o momento familiar ocorria, os três amigos estavam se despedindo. Hoseok deu algumas últimas instruções sobre o aparelho emprestado antes de se afastar.

— Tenha cuidado, Jeongguk — Yoongi orientou antes de se juntar ao amigo.

Ele riu com a preocupação exagerada de seus hyungs. Yoongi, principalmente, sempre dava conselhos e orientações. Não que reclamasse. Era bom saber que alguém se importava o suficiente consigo para fazê-lo.

— Jeongguk querido, qualquer problema ligue para mim ou sua mãe — Hyoji pediu antes de abraçá-lo e seguir seus caronas para o lado de fora da casa. — Fiquem bem! — foi a última orientação antes de trancar a porta.

Os meninos assentiram, sem questioná-la.

— Ela podia se preocupar um pouco menos — Taehyung comentou assim que viram o carro sair.

— É normal que os pais se preocupem com os filhos, não a culpe. Ela só quer seu bem.

— Eu sei. Pelo menos, ela já confia o suficiente para ir se divertir sem surtar sobre como eu vou ficar nesse meio tempo — refletiu em voz alta.

O Kim realmente se sentia ótimo pela nova fase de sua mãe. Ela estava finalmente aproveitando a vida sem ficar presa a si.

Os dois permaneceram em silêncio por alguns minutos. Jeongguk estava projetando os novos exercícios que queria introduzir ao mais velho. Taehyung refletia sobre como sua vida familiar tinha mudado desde que conhecera o fisioterapeuta. Cada um perdido em seus próprios pensamentos.

Taehyung já estava cansado de permanecer na mesma posição por muito tempo, então voltou a prestar atenção ao seu redor.

— O que vamos fazer agora? — questionou na esperança de ir para outro cômodo.

— Temos que escovar os dentes, senhorzinho — Jeongguk respondeu em um tom brincalhão. Taehyung concordou em resposta. — Mas eu quero fazer um teste de força em suas pernas, tudo bem?

— Um teste de força? — perguntou receoso.

— Sim. Vamos subir e vou tentar te colocar em pé no banheiro — os olhos do mais velho se arregalaram. — Não se preocupe, eu não vou te soltar. Só quero ver se você consegue ficar nessa posição. Se não conseguir, não tem problema. Eu vou estar te segurando, ok?

Usou o seu tom mais calmo possível para tranquilizar Taehyung. Sabia que era um passo e tanto, mas queria tentar. Se conseguisse, já poderia começar novos tipos de estímulos. Se não obtivessem sucesso, já saberia quais músculos precisavam ser mais exercitados.

— Eu confio em você.

O coração de Jeongguk acelerou ao ouvir a frase, assim como mais cedo. Era um tanto assustador ser a pessoa em quem Taehyung depositava tamanha confiança. Não queria decepcioná-lo de jeito algum. Sentia-se feliz pela honra.

O Jeon pegou-o no colo para poderem se dirigir ao andar superior. Seguiu a passos lentos, prestando atenção para não tropeçar nos degraus. O mais velho segurava em seu pescoço com força, o que o fez questionar se aquilo deixaria marcas. Esperava que não.

Quando chegaram ao banheiro, ele parou em frente a enorme pia com um espelho gigantesco. Com muito cuidado, abaixou as pernas de Taehyung, deixando-o na posição vertical. Sentiu o aperto ao redor de si aumentar. Ele estava com medo. Quando seus pés encostaram ao chão, Jeongguk ainda segurava todo o peso.

— Agora, eu vou soltar só um pouco da força em sua cintura para que você tenha que suportar um pouco do próprio peso. Eu não vou largar você, não se preocupe.

Fazia questão de repetir que não o soltaria para confortá-lo.

Afrouxou um pouco da força que exercia sobre o quadril alheio, fazendo com que as pernas de Taehyung tivessem de se segurar. Eles estavam frente a frente. Os braços do Kim permaneciam firmemente enlaçados ao redor do pescoço do fisioterapeuta. Jeongguk tinha os braços circulando a cintura do castanho para ajudá-lo. Era possível sentir a respiração acelerada do menino.

Em um primeiro instante, os joelhos de Taehyung falharam em sustentá-lo. O fisioterapeuta puxou-o com cuidado para mais perto para que ele não caísse e tentou novamente.

Taehyung estava em pé.

— Eu consegui — sussurrou conforme uma lágrima escorria por sua bochecha.

Jeongguk findou o espaço entre os dois com um abraço apertado. Estava tão orgulhoso de Taehyung. A felicidade que tomava conta de si era imensa.

Foi só então que entendeu o que Yoongi quis dizer.

Tenha cuidado, Jeongguk.

Mas já era tarde demais.

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