A física entre nós [CONCLUÍDO]

By autora_verbena

167K 14.7K 3.6K

Rafael está ferrado. Perto de reprovar em física, se vê desesperado. A matéria parece não entrar na sua cabeç... More

Elenco e Informações
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capitulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete - BÔNUS
Capítulo Trinta e Oito
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo Vinte e Oito

3.3K 331 71
By autora_verbena


RAFAEL MONTERO

Mateus está fugindo de mim. Ele trocou de lugar com Amanda e sentou na frente da mesa dos professores, sumiu durante o intervalo, nem com Lúcia ele quis conversar. 

Duvidava muito que todo o afastamento fosse por causa de Elena. Tinha algo acontecendo e ele estava se esquivando de nós, e usando uma desculpa sem noção para justificar sua atitude. 

Mas agora ele não tinha para onde ir. A mãe ainda não tinha chegado e ele estava sozinho, apoiado no muro aguardando. Aviso Elena que vou falar com Mateus e peço para que me espere. 

Caminho até Mateus, reparando na minha aproximação, ele vira o rosto. Paro do seu lado e fico quieto, sem saber muito por onde começar.

— Seus pais ficaram bravos por causa da nota? — Opto pelo caminho mais fácil.

— Muito, os seus devem ter amado. — sua voz está desprovida de qualquer sarcasmo.

— Quem dera. — respondo, soltando uma risada descrente. 

— Não ficaram? — ele continua olhando para frente.

— Não. 

Ele balança a cabeça, entendendo o que quero dizer. Agradar pais como os nossos é difícil.

— Eu tô de recuperação, bem feito para mim né, falta de aviso não foi. 

Então é esse o motivo dele estar evitando.

Não sei o que dizer, porque eu avisei, Lúcia avisou, Clara avisou.

— Por isso mudou de lugar hoje? Fugiu da gente no intervalo? Sabe que foi besteira, não sabe?

Mateus encolhe os ombros, ele sabe que não tinha motivo para nos evitar. Lúcia faria um belo discurso sobre como ele foi irresponsável por deixar as coisas chegarem nesse ponto, mas depois respiraria fundo e começaria a buscar resoluções. Clara não faria um discurso, ela consolaria Mateus e ajudaria Lúcia a encontrar um caminho. E eu, bom, eu falaria algo como: que merda, né. Porque eu sou péssimo em usar palavras para fins motivadores.

— Não só por isso, eu fiquei puto com você. Você deu uma de talarico para cima de mim! 

— Você tá brincando, eu não fui talarico! 

Ele nem teve nada com Elena e agora vem com isso.

— Rafael…

— Mateus, para. Você tá com o ego ferido.

Ele finalmente me encara. Eu estou certo e Mateus sabe disso. 

— Tanto faz, você vacilou comigo. 

Indignado, escolho não respondê-lo.

— Você está fugindo do assunto. — acuso.

— O que mais tenho para falar? Escolhi bater de frente com meus pais, me revoltar, deixar o colégio de lado e me fudi… Me fudi, puta merda, não quero repetir. 

O peso da nota cai sobre seus ombros, a realidade é dura. Tudo que Mateus ouviu de mim, Lúcia e Clara recai sobre ele.

— Você não vai repetir se começar a estudar agora para a recuperação.

— Nem todos tem uma professora como você.

— Não precisa de uma. — E Mateus não precisava mesmo. Ele é bom com números, só é preguiçoso.

— Falta de vergonha na cara? 

— Falta de vergonha na cara.

E logo, estamos rindo e toda a tensão se dissipou. 

— Eu até te emprestaria os meus cadernos, mas entender a letra da Elena é quase impossível.

— Vou pedir para a Clara os resumos.

— Vai ganhar o resumo e de brinde um sermão da Lúcia. 

Rimos mais. Porque Lúcia vai pegá-lo para Cristo. Quase posso ver a cara de brava, amarrando as tranças no topo da cabeça e ajustando os óculos no rosto. 

— Porra, nem fala. Ela vai falar um monte na minha cabeça. E não vou poder falar nada.

Confirmo com a cabeça. Mateus vai escutar o sermão calado, porque se tentar se justificar, vai ser pior. 

Sua mãe chega um pouco e ele vai embora. 

Volto para o carro. 

— Como foi? 

— Ele me chamou de talarico. — falo para Elena. — Eu não sou talarico! 

— Sério? Foi só isso que conversaram? 

— Não, ele ficou de recuperação e se afastou para não lidar com a gente dizendo: eu avisei. 

Elena liga o carro e começa a manobrar para sair do estacionamento. 

— E depois me chamou de talarico. Eu sou talarico? — Pergunto. — Porque não me considero um.

— Você não é talarico. 

— De verdade? 

Elena não responde, apenas revira os olhos, entrando na avenida principal. 

*

Não quero ir embora. Contudo, são quase onze horas da noite e em algum momento Joana vai me procurar e não vai encontrar. Ela não tem o endereço de Elena e meus amigos também não. A última coisa que desejo é lidar com outra briga, por isso decidi ir embora. 

Elena me espera na sala com a chave do carro na mão, insisti em ir de uber, não gosto da ideia dela andando de noite na rua, mesmo os nossos bairros sendo "seguros", o carro dela e a própria Elena chamam muita atenção. Porém, fui ignorado completamente. 

Elena não só ignorou minha preocupação como disse que sabia se defender. Eu não duvido que saiba, mas a sua fala não inibe o meu receio.

Enquanto ela e Lucas conversam na sala, subo para pegar minha mochila e roupas no seu quarto. 

Guardo tudo e coloco a roupa de Heitor no cesto de roupa suja, quando estou para sair, Mariana entra no quarto.

— Posso falar contigo? É rapidinho. 

— Claro, o que foi? 

Mariana senta na beira da cama e bate no espaço ao seu lado, me convidando para ficar próximo a ela.

— Eu não sei, você chegou triste e machucado ontem, seus pais te agrediram? Eu e Lucas não ligamos de você ficar aqui. 

Ouvir suas palavras faz meus olhos encherem de lágrimas, não quero derramá-las. Não quero ser fraco, como Daniel me intitulou. 

— Não me agrediram, não fisicamente. Eu e Dan… Eu e meu pai temos uma relação difícil e ontem começamos a discutir por causa da prova. Eu falei umas coisas que estavam entaladas e ele também, foi isso. 

Mariana segura minhas mãos, as palmas para cima, permitindo ver os pequenos cortes feitos pelas minhas unhas. 

— E isso aqui? 

— Foi meu jeito de lidar. De não avançar. 

Ela parece compreender o significado das palavras.

— Pode ficar aqui o tempo que desejar. 

Minhas mãos ficam entre as suas, igual ontem. Elas são quentes e me passam conforto.

— Eu queria, mas não posso. Tenho que enfrentar isso né? — a afirmação sai com tom de pergunta.

— Enfrentar desconhecidos é difícil, enfrentar os pais é mais difícil ainda. Quando lutar a sua batalha, pode vir para cá, seja para curar os ferimentos quanto se vangloriar da vitória. 

Aceno concordando. E Mariana me surpreende novamente. Ela me abraça.

Sinto seus braços me acomodando contra seu peito. Correspondi ao abraço, ele é maternal e acolhedor. É bom. É o abraço de uma mãe. Senti falta da sensação.

Nos separamos e ela sorri para mim.

— Eu queria que meus pais fossem mais como você e Lucas. — As palavras escapam de minha boca, antes que possa impedi-las. 

— Lembre-se, Rafa, sempre terá apoio aqui. Indiferente do seu caminho com Elena. As portas da minha casa sempre estarão abertas. 

Mariana pega a alça da mochila e me entrega. Saímos do quarto e descemos juntos as escadas do seu lar.

Continue Reading

You'll Also Like

66.3K 15.2K 43
~ Sinopse e descrição em um capítulo a parte. ~ Esta a uma tradução da novel em português, todos os direitos são reservados para a novelvice.com.
958K 54.7K 92
EM PROCESSO DE MODIFICAÇÃO Revisão em breve Capa maravilhosa feita por: @cupidete O que fazer quando o destino uni duas pessoas opostas? Joyce sempr...
11.4K 1.3K 40
Após comprar o próprio marido, Lorena retorna do Rio de Janeiro para a pequena Jundiaí disposta a provar a todos de seu passado que estavam redondame...
304K 21.5K 122
Alex Fox é filha de um mafioso perdedor que acha que sua filha e irmãos devem a ele, Ele acha que eles tem que apanhar se acaso algo estiver errado...