Corte de Sombras e Marés

By barrowaquiles

23.5K 2.8K 1.8K

Thalassa desde cedo aprendeu a sobreviver sozinha, e isso era uma das suas melhores qualidades. Assim como no... More

dedicatória
disclaimer
parte um
prólogo
capítulo 01
capítulo 02
capítulo 03
capítulo 04
capítulo 06
capítulo 07
capítulo 08
capítulo 09
capítulo 10
capítulo 11
capítulo 12
capítulo 13
capítulo 14
capítulo 15
capítulo 16
capítulo 17
capítulo 18
capítulo 19
capítulo 20
capítulo 21

capítulo 05

1.1K 136 76
By barrowaquiles


———  died last night in my dreams
walking the streets
of some old ghost town

Faziam quatro horas que Thalassa estava na biblioteca, a noite já despontava pela grande janela e uma brisa calma e refrescante circulava por ali. Aquela era uma das maiores bibliotecas e uma das mais bem protegidas por feitiço, ninguém sem permissão do Grão-Senhor ou do dirigente poderia entrar no local. Ainda mais na seção restrita que era onde a feérica estava no momento. Apenas Thalassa restava na biblioteca, a maioria dos feéricos foram embora horas antes para aproveitar os prazeres da Corte e ela quase se sentia tentada a fazer o mesmo. 

Após passar o dia todo resolvendo os detalhes da viagem, Thalassa havia ido pesquisar sobre um antigo artefato nos preciosos livros de Boneville — a biblioteca carregava o nome de um antigo estudioso — e sua pesquisa estava indo de mal a pior. O problema não era a falta de informação mas certamente a forma rebuscada que o autor havia escrito os textos daquele livro, a boa escrita de algumas pessoas por vezes eram os pesadelos de outras. 

Os textos falavam sobre um artefato desaparecido éons antes que possuía diversos poderes, desde aumentar habilidades até abrir portais. As informações do tal objeto eram rasas e se não fosse as coisas que a garota já sabia seria muito difícil ligar os pontos. Só de pensar no que aconteceria se tal objeto caísse em mãos erradas Thalassa sentia calafrios. 

Tentou pela quarta vez ler o mesmo parágrafo sem cochilar, contudo as palavras pareciam funcionar como sonífero para a fêmea que não tinha pretensão de dormir naquela hora. E quando sua cabeça pendeu para frente e seus olhos pesaram, Thalassa decidiu que não tinha mais condições de continuar na desgastante leitura. Apagou o candelabro sobre a mesa e organizou os livros que havia pegado para levá-los novamente às prateleiras. 

A luz de todo ambiente era fraca e quando o brilho do candelabro se esvaiu a penumbra se tornou ainda maior, as luzes feéricas iluminavam precariamente o espaço e deixava muito para a imaginação dos medrosos. 
Makaela colocou quase todos os livros em seus devidos lugares, faltando apenas o exemplar que havia lhe causado tanto sono. Sua prateleira ficava no último piso este como consequência sendo o mais escuro. 

Subindo os últimos degraus para seu destino, a Capitã percebeu que toda a biblioteca estava em absoluto silêncio. Não o silêncio confortável de sua leitura. Não, aquele silêncio era do tipo que tremia as pernas, dava calafrios e fazia as pessoas paralisarem com medo de dar o próximo passo. Estancada na escada Thalassa se sentiu uma tola ao perguntar:
—  Olá? Tem alguém aí? 

Olhando ao redor e só encontrando os livros e a escuridão da biblioteca Thalassa agradeceu por ninguém ter respondido. Seus passos eram cada vez mais cautelosos em direção a última prateleira que era onde deveria deixar. Quão conveniente e assustador aquilo era? O último piso, a última prateleira e tudo mergulhado no mais puro negrume. 

Assim que chegou ao seu destino não perdeu tempo ao guardar o livro, mas foi enquanto voltava pelos corredores de páginas que ouviu um baque no chão perto das escadas, já saturada das paranoias que criava em sua cabeça Thalassa foi em direção ao barulho. Entrou pela passagem entre uma prateleira e outra e avistou a fonte do estrapido no chão, era apenas um livro pequeno e maltrapilho que tinha caído. O silêncio macabro ainda perpetuava por toda a biblioteca e depois de colocar o manuscrito em seu lugar a garota estava pronta para correr dali. 

Foi quando Thalassa começou a ouvir o maldito som. 

Os livros estavam mergulhados na escuridão noturna, e um arrepio percorreu seu corpo ao ouvir os pés se arrastando. Diferente da presença que havia sentido mais cedo — que lhe acalentava de certa forma —, dessa vez parecia que sua alma estava pronta para deixar seu corpo. O arrastar dos pés era cada vez mais audível e junto deles um ping ping incessante, como água pingando de uma torneira. 

De novo não. Era tudo que sua mente traiçoeira pensava enquanto o rastejar parecia cada vez mais próximo. Já deveria estar acostumada a situação mas sempre que aquilo acontecia a Capitã congelava e era cada vez mais difícil voltar a se mover. 

Thalassa paralisou em frente à estante, sozinha na biblioteca escura a feérica não tinha nem uma âncora a qual se agarrar. Seus braços começaram a tremer tal como suas pernas, grunhidos ininteligíveis saiam de seus lábios e se alguém estivesse com ela naquela biblioteca seria capaz de sentir sua tristeza e medos interligados de forma palpável. As lágrimas começaram a escorrer descontroladamente de seus olhos e ela desejou mais que tudo naquele momento que alguém viesse para lhe tirar daquele estupor. 

Seus olhos se desviaram dos livros e pelo canto da visão viu uma pequena poça d'água formada no chão onde a prateleira  começava — aquilo não estava ali antes.

Cada vez mais próximos, os barulhos tortuosos estavam cada vez mais próximos. 

A respiração da fêmea se tornou ainda mais precária quando os olhos chorosos se voltaram para os exemplares valiosos em sua frente. 

Os livros foram empurrados ao chão. 

O rastejar dos pés cessou.

O barulho de água gotejando também. 

E onde antes haviam raridades literárias, agora uma mão enrugada e trêmula se esticava pronta para alcançar o rosto pálido da Capitã. Quando os dedos negros ossudos lhe alcançaram as unhas lascada que apertavam suas bochechas cortaram seu rosto forte o suficiente para sangrar. 

Mas foi o cochicho dos lábios que há muito haviam sido doces sobre os seus que lhe despertaram. 

— Minha amada. 

O sussurro foi a âncora que Thalassa precisava, porque quando ela filtrou as palavras sentiu as pernas firmes o suficiente para correr. E ela correu. Como se sua vida dependesse daquilo, Makaela correu descendo as escadas e ouviu a entidade que a perseguia fazer o mesmo. 

Perdeu as contas de quantas vezes tropeçou na longa escadaria mas não poderia parar por nada, ou aquilo à alcançaria. 

Estava nos últimos degraus da escada quando as mãos tão familiares lhe agarraram pelo ombro cortando a pele de forma profunda fazendo Thalassa grunhir de dor. A fêmea começou a espernear para sair do aperto fazendo o máximo esforço para não encarar aquilo, conseguindo se soltar e rolando o resto dos degraus. Não deu tempo a sorte e se levantou voltando a correr com o dobro da velocidade. 

Quando finalmente alcançou o térreo o que antes eram sussurros apavorantes agora eram gritos macabros.

— Minha amada.

— Minha amada.

— Minha amada.

Sua respiração estava ofegante quando chegou às pesadas portas e não perdeu tempo ao sair e fechá-las atrás de si ouvindo um último lamento doloroso. Os gritos cessaram assim que pisou nas escadas da entrada. Mesmo que a perturbação tivesse parado em seus ouvidos, a respiração de Thalassa ainda era falha, tal como suas pernas.

Se sentou em um dos degraus da escadaria tentando apagar aqueles momentos da memória. Fazia meses que aquilo não acontecia, que ela não lhe perseguia. Apertando os punhos na saia, Thalassa tentava normalizar a respiração. 

Respirações profundas, era o que sussurrava a si mesma. 

Inspira, ela respirou lenta e profundamente colocando em prática todos os exercícios respiratórios que sabia. 

Expira, ela soprou forçando seu coração a desacelerar e apaziguando o pânico em sua cabeça. 

Repetiu os exercícios até que tudo estivesse normalizado e seus membros firmes o suficiente para andar. Ao passar as mãos no rosto tirando o excesso de lágrimas Thalassa percebeu que já não havia cortes ali e quando fez o mesmo nos ombros eles também se encontravam intactos — até mesmo os rasgos que as dolorosas unhas tinham feito em sua blusa não existiam mais. Soltou um suprir o trêmulo ao pensar no que isso significava. 

Olhando para sua esquerda ao longe pode ver o porto e o mar noturno e ao olhar para a direita pode ter vislumbres do Palácio branco e dourado. Thalassa sabia que se seguisse para o navio passaria a noite acordada repensando os momentos de terror que viveu, com essa linha de pensamento decidiu que iria para o Palácio e usaria a festa de Helion para espairecer. 

Saindo das escadarias Makaela logo se deu conta de todo barulho e movimento da cidade. As tavernas cheias e barulhentas com bandas pitorescas, as barracas de comida espalhadas pela rua principal, as casas noturnas que exalavam sensualidade. Tudo contribuiu para que Thalassa se situa-se e se sentisse viva. Ela estava ali, naquele momento viva e respirando e apreciando as coisas belas que o mundo tinha para lhe mostrar. E naquele instante aquilo era o suficiente para tirar sua mente da tristeza profunda em que havia se afundado. 

No caminho para o Palácio Dourado os pensamentos sombrios já estavam distantes de sua mente traidora, ela optou por seguir pelos becos e vielas para evitar as pessoas. Não queria que ninguém a visse naquela aparência decadente. Encontrou casais em situações realmente comprometedoras nos cantos mais escuros das ruelas mas preferiu ignorar para evitar constrangimentos. 

~o0o~

O Palácio Dourado era a moradia principal de Helion, ele tinha muitas casas e propriedades espalhadas pela Corte Diurna, mas seu lar era realmente ali na capital. Aethel era uma cidade portuária no norte da Corte e sendo a capital era o principal ponto de comércio dali. Thalassa se lembrava quando esse ainda não era seu nome e era apenas uma pirralha e colocou os pés ali pela primeira vez, para uma criança órfã que não comia há dias a cidade pareceu um oásis no deserto. 
Ela havia ficado embasbacada com toda 
cor e felicidade que o lugar parecia exalar e naquela época ela não pode deixar de pensar o quão injusto era que as pessoas naquele lindo paraíso fossem tão felizes e ela sendo tão triste tivesse que viver em florestas esperando a Mãe se compadecer para levar Thalassa para a eternidade de leite e mel. 

Toda a capital era sublime, mas o Palácio Dourado era simplesmente deslumbrante. Duas longas pontes ficavam sobre um lago e ligavam as ruas aos portões. Mesmo de noite a entrada ao Palácio parecia deslumbrante em seus tons de azul, creme e dourado. Os portões eram enormes estruturas douradas que quando lacradas era praticamente impossível ultrapassar. 

O Palácio estava ainda mais movimentado do que o esperado para o azar de Thalassa, empregados andavam pra lá e pra cá com bandejas cheias de taças vazias e cheias e todo o lugar parecia ainda mais iluminado. Os servos com que a Capitã encontrou no caminho lhe lançaram olhares estranhos e ela não queria pensar em quão ruim estava sua aparência para ele lhe olharem torto. 

O cheiro que exalava da cozinha era divino e se a garota não estivesse tão atrasada para a festa certamente teria ido perturbar os cozinheiros beliscando suas panelas. 

Com o seu quarto sendo no último andar do castelo Thalassa não tinha outra opção a não ser exercitar as pernas subindo todas as malditas escadas. Só de saber que os degraus estavam lhe aguardando lhe causavam um arrepio. Enquanto subia as escadas e passava pelos corredores a feérica encontrou um enorme espelho e ali se assustou com seu reflexo. 

Eufemismo seria dizer que Thalassa parecia um saco de merda. 

Ainda estava com a roupa da madrugada anterior e esta se encontrava extremamente amarrotada, as amarrações do corselet estavam frouxa e pendiam em sua cintura. A blusa branca estava encardida e rasgada, a saia parecia que havia saído de dentro de uma garrafa e Thalassa sabia que não tinha mais salvação para suas roupas. E o pior era o cheiro. A fêmea tinha um cheiro de medo e suor impregnado de forma enjoativa nas roupas e na pele que a fazia querer atear fogo nas peças imundas. Seus cabelos ainda estavam amarrados firmemente na trança que havia feito antes de sair do navio, aparentemente a única parte dela que não parecia um caos total. 

Ao ver seu estado de degradação a vontade de ficar de molho na água aumentou e a feérica acelerou o passo em direção ao seu quarto sem encontrar mais ninguém no caminho. 

Quando chegou no que poderia ser considerado uma pequena casa Thalassa estava ofegante e com as pernas cansadas mas não perdeu tempo ao tirar as roupas imundas e arremessá-las pela pequena porta que tinha no banheiro — esta levava diretamente a lavanderia mas a garota teve certeza que os servos colocariam suas peças no lixo. 

O banheiro era do tamanho de sua suíte no Nostradamus — que já era considerada maior que o comum! Com uma banheira espaçosa o suficiente capaz de acomodar boa parte do Círculo Íntimo de forma confortável, Thalassa não quis pensar em como Azriel ficaria dentro daquela banheira.

Toda sua suíte era em tons de creme, dourado e turquesa, não de forma brega mas de forma clássica. A casa de banho além da banheira ainda contava com um enorme vitral que dava uma das melhores vistas da cidade para quem ali banhava, na parede oposta sobre uma bancada ficavam dois lavabos de mãos e um enorme espelho que ocupava metade da parede. Alguns metros dali ficavam duas latrinas — tudo ali era tão elegante que Thalassa admirava até mesmo as latrinas — e pendurados na parede haviam roupões e toalhas. Em uma prateleira na parede adjacente a banheira ficavam seus sais de banho e produtos para higiene pessoal. A feérica os ignorou e logo foi encher a banheira que mesmo sendo absurdamente grande não demoraria tanto para encher com a quantidade de torneiras que haviam ali. 

Saiu da casa de banho e passando pelo enorme quarto entrou em uma sala adjacente. Ali era sua parte favorita. Enquanto suas roupas eram simplórias e guardadas em um baú e um pequeno armário no Nostradamus, ali suas vestimentas eram elegantes e ficavam em um closet. Tinha de tudo, desde jaquetas até as mais glamorosas lingeries — que eram seus mimos. Indo para a seção designadas para seus vestidos, Thalassa começou a procurar algo que lhe agradasse naquela noite e sem muita procura encontrou a peça perfeita. Fez uma nota mental de levar algumas peças para o Nostradamus, se iria conhecer um lugar novo com pessoas novas então faria isso na sua melhor aparência. 

Mas foi a gaveta que continha suas lingeries que a fez sorrir e dar pulinhos de alegria. Além do fabuloso mínimo pedaço de pano que usaria aquela noite, Thalassa também encontrou meia dúzia de cigarrilhas de Oscire e um punhado de raiz de Zotus ainda inteiras. A feérica não perdeu tempo em levá-las ao quarto, sabia que em algum lugar havia deixado um almofariz. 

Olhou na cômoda que ficava em seu quarto mas tudo que encontrou foram mais peças íntimas e alguns brinquedos adultos que não via há tempos — fez outra nota para se lembrar de levá-los para junto aos outros no barco — e foi procurar o pilão. Quando não o encontrou em nenhum canto do quarto desistiu da raiz e se contentou apenas com suas cigarrilhas — e assim era até melhor já que evitava ficar muito alta na frente de seu padrinho. Se jogando em uma das poltronas após acender o Oscire na perdeneira, Thalassa limpou a mente e se deixou contaminar pela sabor pecaminoso que a cigarrilha tinha tinha em seus lábios. Após alguns minutos sentiu o corpo relaxar e os olhos lacrimejar, era como se todos seus músculos tensos estivessem sendo massageados naquela hora. 

A decoração do quarto estava impecável como sempre, sua enorme cama redonda estava arrumada repleta de almofadas e colchas com detalhes em dourado. O dossel estava com suas cortinas amarradas por elegantes fitas e um cheiro gostoso de lavanda pairava no ar. Em cada lado da cama um pequeno móvel repousava com luminárias alimentadas por luzes feéricas e em frente a ela um espelho ocupava toda a parede, do teto ao chão. Ali perto duas enormes portas de vidro davam direto para sacada que por seu tamanho poderia ser considerada outra sala. 

Se manteve atenta ao som da banheira e quando estava na segunda cigarrilha a pequena piscina já havia enchido o suficiente. A Capitã foi até as estantes com seus produtos e escolheu sua fragrância favorita — favorita porque era o seu cheiro natural em forma de sais de banho, camélia e amêndoas —, após espalhar os sais e ver a espuma sobre a água, a feérica finalmente iria tomar banho. Mergulhou na banheira logo esfregando o corpo para tirar todo o suor, despejou uma quantidade razoável de sabão na esponja e não parou a limpeza até sentir que estava finalmente limpa e cheirando como nova. 

Soltou as voltas da trança de seu cabelo cheirando-o e graças a mãe ele não cheirava a suor ainda com o cheiro gostoso de amêndoas de seu shampoo — seu corpo estava relaxado demais para ficar esfregando o couro cabeludo. Amarrou os fios rubros novamente, dessa vez em um coque firme e se encostou na banheira acendendo outro cigarro. Apoiando uma mão na borda enquanto usava a outra para levar a cigarrilha aos lábios macios. 

Estava se sentindo completamente relaxada como há muito não se sentia, sorveu o fumo prendendo-o por alguns segundos antes de soltar a fumaça em uma nuvem afrodisíaca. Aquele era um detalhe que ela às vezes se esquecia — Oscire a relaxava de todos jeitos possíveis — e isso incluía aquele ponto entre suas pernas que começava a latejar. Thalassa apertou as pernas uma contra outra e quase gemeu com a pressão maravilhosa consequente em seu ventre. 

Seus pensamentos focaram em suas últimas relações sexuais, se lembrou do macho forte das mãos pesadas que lhe apertou a garganta enquanto lhe arremetava. Também se recordou da pequena feérica que sentou sobre seu rosto enquanto lhe estimulava entre as pernas. Viu a si mesma de quatro  na cama pelo espelho no quarto de Alek, enquanto o mesmo lhe fodia e beijava suas tatuagens. Logo depois a memória de si mesma de joelhos engolindo toda aquela glória que era o pau do Capitão pelos lábios serpenteou em sua mente. Quase pode sentir seu cabelo sendo puxado e enrolado em sua mão. 

Antes que Thalassa pudesse controlar a mão que antes estava apoiada na borda da banheira, agora apertava o seio esquerdo. Pressionou a joia que havia no mamilo ofegando alto ao sentir a deliciosa fricção que aquilo causou, apertando o mamilo entre os dedos a feérica logo sentiu a pressão na ponta da barriga ainda maior. 

Poderia ter voltado ao quarto para usar um de seus brinquedos mas o êxtase estava alto demais para sair dali agora. Puxando outra dose entorpecente para dentro, Thalassa desceu as mãos para o pequeno ponto latejante entre as coxas. Abrindo os lábios ela começou a esfregar seu clitóris já inchado de desejo e seus gemidos se fizeram audíveis. 

Seus olhos pesavam e ela estava encharcada, imaginou que fosse os dedos de outro alguém ali lhe masturbando. Aquele puxão estava crescente e logo que a cigarrilha acabou ela foi descartada para que a feérica fosse capaz de usar as duas mãos em seu corpo. Sua respiração se tornou mais ofegante quando dois de seus dedos penetraram sua buceta, os gemidos eram sons e ruídos ininteligíveis que juntos mostravam o tamanho de seu prazer. 

Quando um terceiro dedo a penetrou e a fricção em seus clitóris aumentou, Thalassa não pode se segurar. Os olhos da cor do oceano reviraram e um alto gemido lhe escapou pelos lábios, suas costas arquearam e seus membros tremiam quando ela tampou a boca com uma das mãos apoiando a testa na banheira e pressionou as pernas para tentar se manter firme. A sensação era como se fosse desmanchar e se dissolver junto a água se tornando parte das bolhas. 

Era sempre assim quando fumava Oscire. 

Seus movimentos ainda estavam lentos, com as pernas bambas e os olhos ainda pesados demais para sair da água. Se limpou e aguardou a estabilidade nas pernas voltar antes de ir se arrumar para a festa. 

Foi ao armário pegar as peças que haviam sido separadas para a noite. Vestiu o minúscula pedaço de pano que alguns poderiam chamar de calcinha, a peça era aveludada num tom de marfim puxando para o dourado. A forma que aquela pecinha se encaixou entre suas nádegas fez Thalassa ficar se admirando no espelho do quarto. 

A feérica ainda estava nos efeitos das cigarrilhas, mesmo que de forma mais fraca. Acariciando o traseiro, ela depositou um tapa ali logo exclamando um:
— Gostosa! 

As fêmeas feéricas tendiam a serem mais altas e esguias o que não se encaixava muito a ela. Não que fosse baixa demais mas sua altura era considerada inferior se comparada a outras mulheres, nem alta demais nem baixa demais — mas algo entre os dois. Algumas feéricas eram mais curvilíneas que outras mas Thalassa achava que estrapolava nessa parte, seus seios fartos demais, seu quadril largo demais e sua bunda volumosa demais. Thalassa não tinha problemas com isso até perceber que os feéricos tinham. 

Eles podem ser bem cruéis com seus comentários quando querem. E foi aí nesses comentários que ela percebeu que sua beleza não era aquela descrita em romances épicos e poesias apaixonadas, sua aparência não colocaria nenhum rei de joelhos. 
 No geral Thalassa se sentia comum, contudo quando estava chapada se sentia a mulher mais gostosa do mundo. E esse sentimento apenas cresceu quando ela viu quão fabuloso o vestido ficou em seu corpo. O dourado claro fazia parecer que ela brilhava. A peça era sustentada por duas alças finas e contava com um decote não muito profundo mas que deixou seus seios fenomenais ali dentro mostrando levemente a mancha avermelhada que havia em seu peito, mas o que faltava de profundidade na frente era compensado atrás. As costas ficavam completamente à mostra ali, dos ombros a lombar mostrando toda a glórias de suas tatuagens. A tinta era interrompida apenas pelas duas fitas da alça que se entrelaçavam sobre seus dorso. A extensão de seu vestido se agarrava até os quadris se tornando mais solto conforme chegava aos pés. O tecido sedoso era grosso o suficiente para não transparecer nada pela falta de sutiã. 

Nos pés uma sandália dourada era presa ao seus tornozelos de forma elegante. Thalassa encheu suas orelhas pontudas com joias negras e colocou peças parecidas na sobrancelha e no nariz. Com um pincel aplicou ruge nas bochechas assim como um pó iluminado que havia comprado na Corte Estival, finalizando tudo delineando os olhos com kohl. A cereja do bolo foi a fragrância que espirrou no pescoço, assim como os produtos no banheiro ela também foi pensada especialmente para ela. 

Naquela noite a Capitã se sentiu deslumbrante, com as tatuagens nas costas e nos braços à mostra e parecendo brilhar. Ela tinha uma quantia considerável de tinta espalhada no corpo, mas suas duas favoritas eram aquelas formas — que para muitos não faziam sentido — estampando suas costas em toda glória pelo vestido aberto. A outra não estava a vista, mas as flores brancas feitas por nanquim que lhe pintavam o pé da barriga eram as que lhe mais causavam sentimentos conflitantes. 
 

 Tirou os pensamentos da tinta eternizada em seu corpo quando soltou os cabelos do coque que por terem ficado de trança o dia todo estavam com ondas bonitas e brilhantes que chegavam a sua cintura — sabia que deveria cortar as pontas das madeixas mas nunca achava tempo para tal. Se olhando no espelho e finalmente pronta, Thalassa sentia que a noite seria uma daquelas para serem lembradas. 

Com esse pensamento em mente a feérica saiu do quarto. 
.

Continue Reading

You'll Also Like

312K 20.9K 80
Nosso caos se transformou em calmaria. Plágio é crime!!
67.1K 10.8K 68
criado para que você possa imaginar cenas fictícias com Flávia Saraiva. Tudo o que será escrito é fruto da minha imaginação, logo, peço que não leve...
565K 37.9K 54
Onde o capitão do BOPE Roberto Nascimento é obcecado por Hayla Almeida uma estudante de psicologia e fará de tudo para que ela seja sua. perfil da fa...
1.8M 110K 91
Pra ela o pai da sua filha era um estranho... até um certo dia