Apenas Um Conto

By MilllyQ

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E se você pudesse mudar algo em sua vida que te incomoda? Ah, e se alguém te incomoda profundamente? Naquele... More

Prólogo
Mais Um Primeiro Dia de Aula
Amor e Sexo
Doces Azuis?
Plans
Dia de folga
Family
De Volta ao Acampamento!
Ganhei Uma Caneta
Finalmente Em Casa
Conversa Interessante
Ah, não.
Reunião Caótica
E lá Vamos Nós!
Highway To Hell
A Queda de Dionisio
Preparativos Para a Guerra
Verão Intenso
Esses Faunos...
Mais um dia no acampamento
Feliz Aniversário!
Último dia no Acampamento
As Reuniões
Uma Visita Inesperada
Noite de Jogos
Namorados?
Os Egípcios
Ela e eu
Aliados?
O Pesadelo

De Volta a Estrada

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By MilllyQ

Percy Jackson

Estava em uma caminhonete azul, do ano de 1989, com Annabeth ao meu lado e Grover na outra ponta. Eu tamborilava os dedos no volante ao som de uma música qualquer que tocava no velho rádio que por milagre ainda funcionava, o que deixou a viagem um tanto mais agradável, já que a deusa menor mal olhava na minha cara, muito menos falava comigo.

Mas como conseguimos o carro? Bom, meio que pegamos emprestado sem avisar ao dono e com muita probabilidade de não devolvermos. Há algumas horas atrás demos uma rápida passada numa lanchonete, que apesar de simples e com uma decoração retrô tinha um ótimo atendimento, já que era comandada por uma mesma família composta apenas por mulheres, muito simpáticas por sinal, foi lá que descobrimos que nessa cidade tinha um ferro velho com vários carros antigos, o que atraía várias pessoas que vinham comprar os carros para reformar e vendê-los mais caros. Um ótimo negócio na minha opinião, já que eu era apaixonado pelos modelos antigos.

Então o nosso trio andou até lá para tentar negociar um carro, esperávamos que os donos se apiedassem de pobres e inocentes semideuses que só estavam tentando salvar o mundo, mas quando chegamos não tinha ninguém. O lugar era grande e em volta tinha uma grade de proteção, aparentemente tinha apenas uma entrada e saída, que ficava perto de uma pequena construção parecida com uma venda. Era feito de madeira e nas paredes pintadas de branco podíamos ver vários pôsteres de fotos com carros antigos, mas feitos na época em que eram novas. A mais antiga do ano de 1943, era em preto e branco e era a primeira, já que aparentemente estavam organizadas em ordem cronológica.

Esperamos algum tempo para ver se alguém aparecia, afinal estava tudo aberto e havia uma pequena televisão ligada, mas nenhuma alma viva apareceu.

- Não podemos mais esperar. - Falei olhando para os meus companheiros de missão, que estavam sentados no banco enquanto eu estava em pé na frente deles.

- E o que você quer fazer, gênio? - Perguntou Annabeth, finalmente olhando para mim, já que parecia determinada a não fazê-lo desde que descemos do táxi.

- Bom... - Sorri malicioso, o que a fez perder o sorriso sarcástico que tinha no rosto. - Eu sei fazer ligação direta.

- Você quer roubar um carro? - Perguntou Grover alarmado. Seus olhos estavam levemente arregalados.

- Não vamos roubar, apenas pegar emprestado sem comunicar ao dono. - Levantei os ombros e aumentei o sorriso. Annabeth me olhava como se eu tivesse sugerido que fossemos no asilo e espancássemos os velhinhos.

- Não podemos roubar um carro. - Afirmou convicta, endireitando sua postura.

- E por que não? - Questionei cruzando os braços.

- Primeiro é errado. - Disse Grover, o que me fez revirar os olhos com o quão puritanamente eles estavam agindo. Tinha vários carros ali, ninguém ia perceber. - Segundo seriamos pegos!

- Não estou vendo nenhuma câmera. - Olhei em volta mais uma vez conferindo se não tinha deixado passar nada. - E se o problema é o dano que causaríamos podemos deixar um dinheiro no caixa. - Apontei para o mesmo, eles pareceram começar a pensar na ideia.

- Mesmo assim, se a polícia nos parasse poderíamos ser presos e aí não finalizaremos a missão. - Disse Annabeth. Olhei com uma sobrancelha erguida, ela estava mais preocupada em terminar a missão do que passar uma temporada na cadeia?

- Você precisa rever suas prioridades. - Murmurei. Ela revirou as orbes cinzas, um hábito comum quando ela estava comigo. - Não temos muito tempo e só precisaremos do carro para chegar até Ariadne, depois o deixamos e você pode fazer uma denúncia anônima.

- Tudo bem. - Ela suspirou se levantando e caminhando para um dos vários corredores de carros, apontou para um carro, aquele que estávamos agora, e eu fui logo praticar a habilidade que aprendi para o caso de emergências, tipo um apocalipse zumbi. Annabeth deixou uns trocados em cima de um balcão que tinha lá e partimos de volta para a estrada.

E, voilà! Ali estávamos nós, na caminhonete azul. Eu tive que passar a viagem toda contendo o meu sorriso vitorioso ao ganhar uma discussão com Annabeth. A viagem correu tranquila, e com tranquila quero dizer sem mais discussões nem aparições de monstros. Umas quatro horas da tarde, quando o sol estava mais frio, cansei do silêncio que se instaurou no carro após o rádio parar de funcionar. Minha sorte é uma droga.

- Então, qual o filme preferido de vocês? - Perguntei, não olhando para eles, mas com a visão periférica pude ver Annabeth piscando como se tivesse sido puxada de seus pensamentos.

- O quê? - Perguntou confusa. Grover desencostou a cabeça da janela e pareceu pensar.

- Acho que Rio. - O sátiro falou ainda pensativo.

- Não é aquele das araras azuis? - Perguntei, puxando na minha memória. Fui assistir com Helena, ela meio que me obrigou, mas eu gostei e até fui na pré-estreia do segundo.

- Esse mesmo. Jorge ama aquele passarinho amarelo. - Grover sorria com a lembrança do filho, o que me fez sorrir também.

- E você, Annabeth? - Dei uma breve olhada para ela, que encarava a estrada, mas me olhou de relance. - Qual seu filme preferido?

- Hum. - Ela olhou para cima e eu tive que voltar a olhar para a estrada, mesmo achando a sua expressão fofa. - Diário de uma paixão.

- Um filme de romance? - Perguntei sorrindo, eu achei que seria um daqueles filmes cabeça como Matrix. - Sério?

- Por que a surpresa? - Me olhou desconfiada. - Os atores são ótimos, tem uma boa narrativa e o final é emocionante. Mas ainda assim prefiro o livro. - Os olhos dela pareciam brilhar ao falar dessa história. Quis perguntar se a parte que ela mais gostou foi quando o cara reformou a casa, mas me contive.

- E o seu, Percy? - Perguntou Grover, que pareceu se interessar pelo assunto.

- Anaconda 2. - Falei sem pensar muito. Essa resposta já estava na ponta da língua.

- E ainda fala da minha escolha... - Annabeth riu um pouco, a olhei irritado, ela levantou a mão e alargou o sorriso. - O que tem demais em uma cobra gigante matando humanos?

- Qualquer coisa que mate humanos merece o meu respeito. - Disse, dando de ombros, recebi olhares chocados, o que me fez dar uma gargalhada. - O que? Nós estamos acabando com o planeta e tudo o que vive nele, acho que merecemos sofrer um pouco.

- Não vou discordar. - Disse Grover, o que me surpreendeu, Annabeth ficou calada até que eu iniciasse outra rodada de perguntas. Quando finalmente paramos em Hinckley, Ohio para descansar eu já sabia de todos os gostos pessoais dos meus companheiros de viagem.

- Não tinha lugar pior? - Perguntei para Grover, olhando o motel em que paramos, parecia que o lugar tinha sido abandonado. Se não fosse pela grande placa iluminada dizendo "aberto" e alguns poucos carros parados no estacionamento.

- Tinha o necrotério. - Respondeu Annabeth do meu lado esquerdo. Levantei uma sobrancelha a encarando. - O que? Você estava quase desmaiando em cima do volante.

- Eu estou ótimo. - Protestei um pouco irritado.

- Ela tem razão, Percy. - Disse Grover, já andando para dentro do lugar. Bufei seguindo-o. Chegamos na recepção. Olhei em volta e pela decoração parecia que eu tinha voltado para a década de 70. As paredes tinham tons pastéis, tinha duas poltronas marrons no lado esquerdo, com uma mesa de centro com algumas revistas em cima. Algumas plantas estavam distribuídas pelo lugar, não sabia se plantas podiam se comunicar, mas se pudessem aquelas estariam implorando por água. Alguns quadros estavam espalhados pelas paredes a maioria já descascando. A única coisa agradável naquela recepção era a moça atrás do balcão.

Ela era linda, tinha a pele escura, olhos castanhos brilhantes, seu cabelo preto encaracolado e volumoso. Não tinha mais que 20 anos e nos recebeu com um sorriso tão caloroso que quase consegui ignorar o estado do lugar.

- Boa noite. - Cumprimentei com meu melhor sorriso. Todo o "suposto" sono tinha ido embora e o cansaço da longa viagem diminuiu consideravelmente.

- Boa noite. - Devolveu o cumprimento olhando para cada um de nós, demorando um pouco mais em mim, o que fez minha autoestima melhorar consideravelmente. - Vão querer quantos quartos?

- Acho que dois. - Annabeth se adiantou antes que eu pudesse falar. - Um com duas camas de solteiro e um com uma cama de casal.

- Desculpe-me, Srta. mas só temos camas de casal. - A moça parou de sorrir como se esperasse que fossemos embora por causa desse pequeno detalhe, o que fez minha irritação com a deusa da arquitetura aumentar.

- Tudo bem. - Eu disse, antes que Annabeth ou Grover pudessem reclamar. - Eu divido minha cama com o Grover. - O olhei esperando ele me contradizer, mas ele apenas deu de ombros.

- Nesse caso então, tudo certo. - Ela anotou algo em um livro grande, já que percebi que ali não tinha um computador. Depois foi até um mural de madeira que estava com as chaves e apresentava numerações de 1 a 15. Ela pegou a 7 e a 8 e as colocou em cima do balcão. - Cada quarto custa 50 dólares, vocês pagam a metade hoje e metade amanhã.

- Ok. - Falei, tirando a carteira do bolso e entregando o dinheiro, peguei as chaves dando uma para Annabeth.

- Você não precisa pagar a minha. - Ela falou, pegando a chave. Ela estava irritada e um pouco cansada, mas nunca iria admitir.

- Não seja tão orgulhosa, querida. - Dei um falso sorriso. Ela revirou os olhos e foi para o corredor em que ficavam os quartos. Dei a outra chave ao Grover e pedi que ele fosse na frente e levasse a minha mochila, que eu ia comprar algo para comermos. Ele não discutiu, apenas pediu que não fosse algo gorduroso. Me voltei para a atendente que olhava a cena sorrindo divertida. - Então, você sabe onde tem uma lanchonete por aqui?

- Tem uma virando a esquina. - Respondeu, gesticulando com a mão.

- Obrigado de novo. - Falei e me virei parar ir à lanchonete, que não ficava muito longe e parecia razoavelmente limpa. Pedi um sanduiche de bacon para Annabeth, um natural para o Grover e um hambúrguer para mim, além de três latas de coca.

Foi rápido e em menos de meia hora eu estava voltando para o motel quase abandonado, nome que dei ao mesmo, pois o verdadeiro estava muito desgastado para ser lido. Entrei na recepção colocando as coisas no balcão e verificando se minha carteira estava lá, hábito comum de uma pessoa esquecida.

- Achou a lanchonete, afinal. - Ouvi a doce voz da recepcionista.

- Não foi tão difícil. - Falei sorrindo.

- Certeza? - Disse me olhando. - Vocês da cidade só sabem chegar nos lugares seguindo o gps.

- Ok. Você me descobriu. - Respondi, levantando as mãos. - Eu tive que me render a essa tecnologia ou teria me perdido.

- Eu não duvido. - Ela falou soltando uma melodiosa risada, que eu acabei acompanhando.

- Qual seu nome? - Perguntei me apoiando no balcão.

- Samantha Fux. - Respondeu, também se apoiando no balcão, ficando a poucos centímetros de mim. - Mas pode me chamar de Sam.

- Prazer, Sam. - Sorri. - Sou Percy Jackson.

- O prazer é todo meu. - Ela deu um sorriso malicioso. A encarei pensando se eu estava vendo demais e ela estava apenas sendo educada. - Então, Percy, o que faz aqui nesse fim de mundo?

- Estou de passagem, vou para a Califórnia. - Respondi voltando, me afastando um pouco, não queria invadir o espaço dela, ou queria? - Mas se eu soubesse que teria você aqui teria vindo especificamente para isso. - Ela desviou o olhar, se afastando um pouco, parecia envergonhada.

- Bom, agora já sabe. - Ela disse, cruzando os braços abaixo dos seios, o que fez meu olhar se voltar para lá. Ouvi sua risada de novo. - Meus olhos estão aqui em cima.

- Hum. Desculpe. - Desviei o olhar e cocei a nuca constrangido. - Só acho que o que é bonito é para ser visto. - Peguei as coisas do balcão e desejei uma boa noite. Fui em direção ao corredor dos quartos, quando ouvi ela me chamar.

- Eu saio daqui há duas horas, se quiser me acompanhar até em casa. - Ela disse. Eu concordei e fui em direção ao quarto de Annabeth chamando-a. A loira apareceu na porta, um tanto mal humorada, e achei que ela fosse me matar ali mesmo.

- O que você quer? - Perguntou, passando as mãos nos cabelos que estavam presos em um rabo de cavalo, percebi que ela tinha trocado de roupa.

- Boa noite para você também. - Respondi, com um bom humor que nem ela iria tirar. - Vim trazer seu jantar, não sei o que deuses comem, mas espero que goste disso. - Entreguei a sacola com o sanduíche e a coca, que por milagre ainda estava gelada. Ela me olhou espantada, acho que não estava esperando.

- Obrigada. - Falou pegando as coisas. - Não precisava.

- Tudo bem. - Respondi sorrindo. - Tenha uma boa noite. - Saí sem esperar a resposta e fui para o meu quarto, dei a comida do Grover e fui tomar banho. Quando saí do banho fui comer, enquanto conversava com Grover. Quando terminei ele foi dormir, enquanto eu continuei acordando esperando a hora para encontrar Sam, afinal a noite só estava começando.

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