Pov Marina
Abri os olhos aos poucos tentando me acostumar com a claridade. Senti um braço firme na minha cintura e sorri olhando para Miguel, que ainda estava dormindo
Tão lindo, mesmo com alguns leves arranhões de ontem, dormindo tão tranquilamente
E... Por que ele tinha que ser TÃO bonito? Mesmo de manhã, mesmo dormindo... com aquele corpo sem camisa. Droga. Ele é perfeito?
Hoje é sábado, ainda precisávamos conversar com os policiais sobre mais algumas coisas, e depois esse pesadelo finalmente fica para trás
E essa casa também, já que o amigo do Heitor volta para a cidade no meio dessa semana e nós não temos mais motivos para ficar aqui
Fiz um carinho leve com as unhas no braço do Miguel, e ele se mexeu um pouco, se aproximando de mim enroscando a perna na minha
Safado. Até mesmo dormindo. E sim, dessa vez ele estava dormindo de verdade, um sono leve, mas não estava acordado
Direcionei o carinho para o seu peitoral e me aproximei dele, dando um beijo suave em seu pescoço. E depois outro. Mais um no maxilar
Ainda com os olhos fechados, um sorriso preguiçoso se formava em seus lábios. Eu sorri e esbarrei meu nariz no dele, em um movimento carinhoso
Bom, era para ser apenas carinhoso, mas as mãos dele rapidamente foram para minha coxa e me puxaram, me colocando sentada em seu colo
Mari: Bom dia para você também- Falei beijando o espaço entre o pescoço e o maxilar algumas vezes
Miguel: Bom dia- A voz ainda um pouco baixa e rouca de sono perto do meu ouvido me fez arrepiar, e ele deu uma risada fraca percebendo
A risada rouca perto do meu pescoço também me distraiu um pouco. O que esse cara tem? Não é possível
Miguel: Desculpa- Falou baixo, mordendo o lóbulo da minha orelha, apenas para me provocar e eu suspirei
Beijei um canto de seu pescoço, e depois mordi com menos delicadeza do que normalmente, como um aviso, e ele apertou minha coxa como resposta
Mari: Não esqueça de quem está por cima- Ele sorriu olhando para mim, mesmo sabendo que em alguns segundos ele poderia inverter as posições com facilidade
Fiz um carinho suave contornando as linhas do rosto dele, agora sim apenas sendo carinhosa e não provocando
As mãos do Miguel apoiadas na minha cintura também eram apenas carinhosa, sorri para ele porque por apenas alguns minutos era como se pudéssemos esquecer tudo o que aconteceu ontem a noite, e apenas aproveitar o momento, com Miguel vivo do meu lado
Ele olhou nos meus olhos por um tempo e sorriu, eu ainda estava sentada no colo de e também sorri. Não tinha exatamente um motivo, apenas era inevitável
Minha mão estava na lateral do rosto dele, o polegar acariciando sua bochecha. Eu senti a antiga memória quando ele segurou minha mão delicadamente e a beijou, da mesma forma que fez tantas vezes antes, tanto tempo atrás.
Naquele momento uma resposta para algo que eu nem lembro de ter perguntado para mim mesma surgiu em algum lugar bem no fundo do meu peito, mas eu não tinha coragem para admitir. Ainda não.
Miguel: O que foi?- Perguntou com um sorriso fraco acariciando minhas costas por baixo da blusa
Mari: Nada- Falei sorrindo e saí do colo dele, ouvindo alguns comentários de reclamação
Revirei os olhos e deitei abraçando o corpo do Miguel, ele parou de reclamar e sorriu envolvendo minha cintura com os braços. Segurei o maxilar dele com a minha mão e virei seu rosto um pouco para o lado enquanto me aproximava da lateral
Mari: Eu amo você, Miguel- Sussurrei perto da orelha dele, sentindo o braço dele me envolver com mais força por um segundo
Miguel: Isso é golpe baixo- Murmurou virando o rosto e se aproximando da minha orelha- E eu amo você, Marina- Confessou baixo como se fosse um segredo e eu sorri
Ele sorria enquanto acariciava meu braço e minha perna, mas o olhar estava um pouco distante, como se também estivesse pensando em outras coisas. Quando percebi que Miguel ia começar a falar interrompi
Mari: Aqui não... agora não- Ele me olhou confuso- Eu sei que temos muita coisa pra resolver, mas agora não- Falei calma e ele assentiu
Miguel: Tudo bem- Foi sincero e deitou a cabeça entre meu ombro e meu peito
Enfiei a mão no cabelo que eu tanto gostava para fazer cafuné.
Eu queria que as coisas fossem fáceis, eu amo a Itália, mas também amo o Miguel. Eu não quero que ele largue o trabalho para ir comigo, principalmente agora tão perto de se tornar promotor, e eu sei que ele ofereceria isso.
Eu... eu poderia fazer como o Heitor, ir frequentemente para lá, para a Itália, e continuar morando aqui. Essa foi a melhor coisa que eu consegui pensar, mas... por que o Miguel não pede para eu ficar?
Me distraí dos meus próprios pensamentos quando a mão do Miguel fez carinho perto da lateral da barriga, onde eu tenho cócegas.
Mari: Miguel!- Reclamei e ele riu
Miguel: Foi sem querer, dessa vez- Ele me olhou sorrindo e eu dei um empurrão nele
Mari: Aham- Falei irônica levantando da cama
Eu nem tinha terminado de virar de costas para ele quando Miguel sentou na beira da cama e segurou minha mão, virando meu corpo e me puxando rapidamente de forma que eu acabei sentando no colo dele, com uma perna dobrada de cada lado do seu corpo
Quase que sem perceber eu apoiei minhas mãos na nuca dele, e Miguel não quebrou o contato visual nem por um segundo, o que me arrancou um sorrisinho
Mari: Eu estava planejando levantar agora, sabia?- Falei sarcástica
Miguel: Jura?- Respondeu com um sorriso irônico
Mari: Sim, temos que sair desse quarto em algum momento- O resto da casa já deveria estar acordado
Ele resmungou me soltando e eu quase caí no chão, quase mesmo, Miguel deu risada e eu dei um empurrão nele enquanto levantava
Mari: Você quase me derrubou!- Reclamei e ele levantou segurando a risada
Levantou e... Agradeci mentalmente por Miguel estar se acostumando com a mesma mania que eu, e agora ele também dorme apenas de roupa íntima. Foco. Foco no rosto.
Miguel: Eu só te soltei, você ia cair sozinha- Deu de ombros e eu cruzei os braços
Mari: Idiota- Falei olhando nos olhos dele escondendo meu sorriso
Miguel: Desequilibrada- Falou igual, também escondendo um sorriso e cruzando os braços dando um passo em minha direção
Mari: Sem noção. Você foi bruto, eu poderia muito bem ter caído- Arqueei uma sobrancelha, óbvio que eu estava exagerando
Miguel: Não poderia não, eu teria te segurado- Deu mais um passo, me colocando com as costas encostadas na parede- E não fui bruto, mas hoje a noite, quando você estiver no meu apartamento, na minha cama, eu posso te mostrar o que é bruto- Falou com divertimento nos olhos e com o rosto próximo demais do meu
Não consegui conter um sorriso de lado quando ele falou isso e apoiou uma das mãos na parede ao lado da minha cabeça, enquanto a outra parou minha cintura. Senti algo se acender dentro de mim e inclinei levemente a cabeça para cima, aproximando minha boca ainda mais da dele
Mari: Acho bom você cumprir isso mais tarde, advogado- Falei baixo, olhando nos olhos dele que brilharam levemente, revezando entre focar na minha boca e nos meus olhos
Antes que Miguel tivesse a chance de responder puxei ele para perto e juntei nossos lábios em um beijo intenso, fazendo os dois emitirem um gemido abafado quando nossas línguas se encostaram.
Sem separar o beijo ele entrelaçou nossas mãos, elevando meus braços para cima da minha cabeça, onde eles foram mantidos na parede por apenas uma das mãos do Miguel, enquanto a outra deslizava pelo meu corpo
Emiti mais um gemido e passei uma das pernas por trás do Miguel, puxando ele mais para perto de mim, encostando completamente nossos corpos. A mão livre dele segurou e deslizou a minha perna levantada.
Eu sentia que minha respiração ficaria ofegante quando nos afastássemos, mas não conseguia separar nossas bocas. Cada carícia da língua do Miguel contra a minha era uma promessa silenciosa do que ele faria mais tarde, quando estivéssemos a sós no apartamento dele.
Devagar, Miguel separou o beijo, mas manteve as mãos onde estavam e continuou com o rosto perto do meu, um sorrisinho -aquele sorrisinho- estampava seus lábios, um pouco mais vermelhos do que o normal
Eu sorri tentando disfarçar minha respiração falhada e Miguel afastou as mãos lentamente, me soltando
Mari: Ok, já entendi que você vai cumprir muito bem a promessa mais tarde- Comentei prendendo o cabelo em um coque e ele deu risada me abraçando pela cintura
Miguel: Você é perfeita- Eu sorri um pouco confusa, desnorteada
Mari: Você não pode me prender na parede, me deixar sem ar, e depois agir todo fofo em menos de 2 minutos. Eu não consigo acompanhar isso- Tagarelei um pouco e ele deu uma risada que me fez rir junto
Miguel: Acho bom você se acostumar- Arqueei a sobrancelha e ele imitou minha expressão
Mari: Insuportável- Reclamei sorrindo e indo para o banheiro
Miguel: Aprendi com você- Falou em tom infantil e eu dei risada mostrando o dedo do meio antes de fechar a porta do banheiro para tomar banho
Mais tarde, quando eu e Miguel finalmente saímos do quarto conversando, encontramos meus pais, o pai dele e tio Nath na sala
Luan: Bom dia- Foi o primeiro a nos ver, cumprimentamos todos eles, Miguel continuou em pé e eu sentei no sofá ao lado do meu pai
Bru: Luan estava nos contando o que você disse para o Yuri- Falou para Miguel e eu olhei para meu pai, não consegui decifrar o tom de voz dela
Luan: O Yuri que me contou- Explicou sorrindo para mim
Miguel: Alguma opinião sobre?- Perguntou para a minha mãe, que olhou para ele por alguns segundos e depois sorriu com um pouco de maldade
Bru: Eu teria feito exatamente o mesmo, ou pior- Miguel sorriu de volta para minha mãe
Luan: Ignorem a rivalidade idiota do Yuri, ele pode ser bem irritante de vez em quando- Falou encostando as costas no sofá
Mari: De vez em quando?- Falei sarcástica e Caio deu uma risada concordando
Caio: Eu teria resolvido isso batendo nele, de novo- Falou dando de ombros e minha mãe revirou os olhos. Eu tinha que concordar, já que minha vontade no momento era ter batido no delegado
Miguel: Acho que não teria sido muito útil, pai- Falou com divertimento e minha mãe assentiu
Mari: Engravatados são sem graça- Olhei para minha mãe e Miguel com um sorriso sarcástico- Eu adoraria ter batido no Yuri ontem- Completei olhando para o Caio
Caio: Pelo menos uma pessoa sensata como eu nessa sala- Falou apontando para mim, Miguel e minha mãe se entreolharam com deboche
Miguel: Marina? Sensata?- Falou irônico e eu olhei brava para ele
Bru: E você Caio? É a pessoa menos sensata que eu conheço- Completou e Caio fez cara de tédio para ela
Caio: Você deveria ter batido no Yuri- Ignorou os dois e falou para mim com um sorriso sarcástico
Miguel: Eu pensei que vocês fossem amigos- Falou meio confuso
Nath: A amizade dos dois é... sensível- Caio riu fraco
Mari: Minha mão já estava doendo depois de desfigurar a cara do David, mas na próxima vez quem sabe- Dei de ombros sorrindo com humor respondendo o Caio
Meu pai me olhou e negou com a cabeça rindo fraco, Caio também deu risada e olhou para Miguel sorrindo. Miguel apenas sorriu de volta, uma comunicação de pai e filho que eu não conseguia traduzir
Bru: Como está seu pescoço?- Falou olhando para mim. O corte só doía quando eu movimentava o pescoço rapidamente
Mari: Marcas de guerra- Falei sarcástica jogando o cabelo para trás e mostrando o corte que já havia começado a cicatrizar
Bru: Onde está seu curativo?- Falou em tom de "mãe brava"
Mari: Isso não é nada- Dei de ombros
Bru: Definitivamente sua filha- Reclamou olhando para o meu pai, que raramente usava curativo quando se machucava, por pura preguiça. Ele riu me olhando
Caio: Provavelmente vai ficar com uma marca - Falou sem divertimento dessa vez, sorrindo fraco
Mari: Eu não ligo- Dei de ombros- Ontem foi horrível, mas nós conseguimos fazer o que precisávamos e tiramos pessoas horríveis das ruas. Fizemos isso juntos, como família, e se eu ficar com uma cicatriz por isso vai ser disso que eu vou me lembrar- Falei sincera
Meu pai me abraçou de lado e beijou o tipo da minha cabeça, eu vi orgulho no sorriso da minha mãe e no olhar de Caio e Tio Nath. Mesmo assim, era nos olhos do Miguel que eu olhava, e eles nos meus, com um sorriso sincero
Nath: Definitivamente sua filha- Falou olhando para minha mãe, que assentiu me olhando
Caio: Da próxima vez que eu planejar bater no Yuri vou te convidar- Falou para mim descontraindo e eu ri
Bru: Ei!- Minha mãe alertou
Mari: Combinado- Fiz um toque com o Caio, que estava no sofá da frente
Bru: Não faça isso de tentar roubar minha filha- Falou "brava" apontando para mim e para Caio
Caio: Você transformou meu filho em advogado!- Reclamou e agora quem disparou um "Ei!" foi Miguel
Mari: Engravatado- Falei provocando Miguel
Miguel: Briguenta- Rebateu
Caio: Chata- Xingou minha mãe gratuitamente e ela arremessou uma almofada nele
Bru: Idiota- Caio arremessou a almofada na minha mãe, que se abaixou, fazendo a mesma pegar no Miguel
Miguel arregalou os olhos e mirou a almofada em mim, eu segurei antes que atingisse meu rosto, mas forcei uma cara de dor e coloquei a mão no pescoço encarando o chão
Todos, repito: todos, arregalaram os olhos com medo de algo ter acontecido com o meu corte. Miguel foi o primeiro a reagir e parar na minha frente, preocupado. Eu sorri para ele antes de bater a almofada com força em seu rosto
Minha mãe suspirou aliviada, ouvi meu tio gargalhar junto com meu pai quando Miguel olhou chocado para mim
Caio: Isso foi cruel- Falou rindo e eu dei de ombros
Miguel: Eu odeio você, sinceramente- Falou sorrindo segurando a almofada e eu sorri de volta
Levantei para deixar todos na sala enquanto ia para a cozinha comer alguma coisa. Encontrei Henrique, Heitor, Duda e Lucas na cozinha
Mari: Bom dia- Cumprimentei
Duda: Que merda estava acontecendo na sala? Ouvimos as risadas- Eu ri
Mari: Uma guerra de almofada- Dei de ombros xeretando por cima do ombro da Duda o que ela e Heitor estavam cozinhando
Perdi um pouco da minha animação quando meu olhar parou no rasgo no braço do Heitor, bem pior do que o meu, com alguns pontos.
Henrique: Megan pediu para avisar que vai passar o dia dormindo, e que ela vai bater na pessoa que ousar entrar no quarto dela- Falou para mim e eu ri assentindo
Sentei na cadeira ao lado do Henrique deixando Heitor e Duda cuidarem da comida. Lucas saiu da cozinha para atender o celular
Henrique: Quer conhecer o apartamento amanhã?- Arregalei os olhos e assenti animada para conhecer a futura casa dele com a Duda
Mari: Sim, claro! Deu tudo certo?- Ele assentiu
Duda: O almoço fica pronto em uns 15 minutos, vou terminar de arrumar minhas coisas- Avisou saindo da cozinha
Henrique: E eu vou garantir que aquela cabeça de vento não vai esquecer nada- Falou levantando e indo atrás dela, eu ri
Heitor puxou uma cadeira e também sentou na mesa terminando de digitar algo no celular
Mari: Eu ainda quero dar um tapa na sua cara por ontem- Falei cruzando os braços
Heitor: Megan já fez isso- Lembrei da cena e sorri
Por um momento algumas memórias de ontem a noite surgiram na minha mente, apagando meu sorriso
Mari: Eu... eu teria atirado no Arthur ontem. Eu poderia ter matado uma pessoa, eu nem estava raciocinando- Falei baixo olhando para a mesa
Heitor: Não teria não- Olhei para ele
Mari: Eu não sei, a única coisa na minha cabeça era ódio na hora- Confessei
Heitor: Você não teria atirado, você só teria feito isso se fosse necessário para salvar um de nós. Você tinha a arma na mão, Arthur derrubado na mira, e mesmo com o ódio você não atirou. Você já estava hesitando antes do Miguel encostar em você- Eu engoli em seco- Você é boa, Magalhães- Sorriu fraco e eu assenti respirando fundo
Mari: Obrigada- Ele assentiu
Heitor: Vou para o Rio amanhã para resolver aqueles problemas da minha mãe, eu devo voltar na semana que vem- Assenti
Mari: Na outra semana, você vai voltar para a Itália comigo?- Ele me olhou por alguns segundos
Heitor: Desde que minha avó faleceu volto para a minha casa no Rio pouquíssimas vezes no ano- Heitor foi criado de verdade pela avó, eu já sabia disso- Eu amo minha mãe, mas nós não somos tão próximos. Meu ponto é, eu não tenho um motivo para ficar lá- Olhou para mim por alguns segundos- Você tem um motivo aqui, Magalhães- Completou
Ele não falava só sobre Miguel, mas sobre tudo, sobre todos, sobre minha família e meus amigos
Mari: Eu sei-Falei baixo- Mas eu tenho o trabalho e...- Ele me interrompeu
Heitor: Trabalho é trabalho- Deu de ombros- Você pode ir para lá de vez em quando, igual eu faço, para uma corrida ou outra, e continuar aqui- Eu respirei fundo e ele me olhou- Desculpa por me meter- Dei de ombros
Mari: Não tem problema- Garanti- Eu vou pensar- Ele assentiu e antes que eu pudesse continuar a falar o resto do grupo começou a entrar na cozinha para almoçar
Afastei esses pensamentos e foquei na comida e nas risadas enquanto comíamos todos juntos na grande mesa de madeira
✨✨✨
Marina volta para a Itália ou fica no Brasil?
Até a próxima🤍