Herdeira da Lua

By loveslouise

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A muitos anos atrás, o sol e sua amante lua criaram Lourien, a terra iluminada e próspera. E para povoar as t... More

Avisos
Prólogo
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By loveslouise

Não revisado. 

Ao chegar na cela, seus joelhos falharam e ela desabou sobre o chão gélido. Asterin sentiu as mãos macias de Louvis a envolverem ao tentar acalmá-la, mas tudo continuava a doer. A dor da traição estava pesando. Seu pai, o rei, a pessoa que ela passara a vida inteira tentando se convencer de que não era ruim. Agora ela percebeu como estava errada. Ele era o pior tipo. O rei havia colocado seu orgulho e sua coroa a frente de seu primogênita. Os sentimentos confusos a derrubavam nesse momento, a raiva vibrava dentro dela. Tão tola. Ela estava cega esse tempo todo, acreditando na piedade do pai. Raiva por ser tão tola, ao ponto de nunca ter percebido os planos do pai. O mar de sentimentos movia-se agitado em seu peito.

 As lágrimas passeavam pelo seu rosto. As palavras reconfortantes de Louvis sobrepunham aos soluços, que saiam da garganta da garota. Aster estava acabada. Os destroços do seu trono inalcançável se encontravam vívidos em sua mente. Ela perdera o direito sobre o seu reino. Seu povo acreditava que ela estava morta e não era digna do poder de Lourien. A promessa que havia feito para mãe, parecia-se com uma promessa perdida. Não havia mais nada. 

Aster encaixou a cabeça no peito de Louvis. Seus cabelos cinzentos e bagunçados, se enroscaram nos dedos do garoto, quando ele a puxou para mais perto. O mundo foi desacelerando. Ela respirou profundamente, na tentativa de se acalmar. Seu poder vibrou pela sua pele, pelas suas emoções. Ele suspirou. Os soluços foram se acalmando. Sua cabeça doía, seus olhos se tornaram pesados.

-Vai ficar tudo bem. – A voz rouca de Louvis disse, seu polegar acariciava o ombro da garota, em um carinho afetuoso.

-Eu...Eu não tenho tanta certeza. -Sussurrou Aster, por um fio de voz. Os dedos das mãos se esfregavam um no outro em uma tentativa de afastar o desespero. Um gesto de ansiedade.

Se aconchegando nos braços do garoto, os olhos violetas se fecharam, e ela caiu em um sono profundo. Sem pesadelos e sem sonhos. Apenas a calmaria de uma alma sem esperança.

...

Sua pele quente estava acolhida por um lençol macio e fino. Suas mãos tatearam o material confortável. Sua cabeça não doía; E como um estalo ela se lembrou. Se lembrou de quem ela era, e o que ela havia perdido. Os olhos violetas abriram com rapidez. A luminosidade a atacou, e ela piscou os olhos repetidamente, na tentativa de se acostumar com a luz. Ao olhar para o corpo. Ela notou suas mãos, antes ásperas e sujas, agora estavam lisas e limpas. Da janela uma brisa reconfortante entrava. O tronco da garota se ergueu, e ela se sentou na cama.

-Ei, calma.

A cabeça de Aster se virou em um susto, e ela notou o garoto loiro sentado ao lado da cama. Louvis exibia um sorriso de canto, e um olhar receoso. Seu semblante parecia cansado e suas roupas amassadas.

-O que aconteceu? -Aster questionou, ao examinar as roupas limpas que usava, e o quarto onde estava.

-Kahed mandou eu te trazer aqui. Então uma das ajudantes te banhou, e você nem acordou. Então te colocamos aqui para você conseguir descansar.

Um momento de silêncio se seguiu, e antes que pudesse se controlar Aster perguntou;

-Estou livre, agora?

-Ah, -Louvis exclamou decepcionado, como se ele não esperasse por essa pergunta. - É... Kahed quer conversar com você... Depois dele te contar ele queria falar com você, mas...- Gaguejou perdido em palavras.

-Onde ele está?

-Eu vou chamar ele agora. -Louvis se levantou da poltrona, se afastou em direção a bancada, que estava encostada na parede, e voltou segundo um prato. -Vou chamar ela, e equanto isso você come. -Ele estendeu o prato, e Aster franziu o senho em curiosidade. -É macarronada.

A garota assentiu com a cabeça e umedeceu os lábios, nem se dera conta de que estava morrendo de fome. Pegando o prato e enrolando o macarrão no talher ela começou a comer. Louvis a encarou por alguns segundos, e quando ela voltou a olhar para ele, o garoto balançou a cabeça e fez um breve aceno ao sair pela porta.

Ao notar que estava sozinha, Aster examinou o lugar, seus olhos percorreram o pequeno quarto. Havia apenas uma cama, a poltrona escura encostada ao lado dela, uma estante de livros e plantas por todos os cantos. O quarto tinha um cheiro refrescante e apimentado. Quase como menta. Então, Aster reconheceu como o frescor de Louvis. Suas sobrancelhas arquearam em confusão. Aquele era o quarto de Louvis? Ao constatar isso, ela reprendeu a vontade de bisbilhotar as gavetas da cômoda, e sair para olhar o resto da casa.

A porta rangeu, e os olhos da garota se voltaram para a madeira. Aster esperava ver a figura alta de Kahed, mas apenas a pequena figura do gato laranja atravessou o cômodo. O animal se espreguiçou e pulou na cama com um miado. Asterin pousou o prato na cômoda, e esticou a mão para o animal, que se esfregou alegremente, em busca de carinho. Um ronronar saiu do gato, e ele fechou os olhos, apreciando o afeto.

A escada rangeu ao lado de fora, e o gato pulou assustado, se movendo para de baixo da cama. Asterin tornou a olhar para a porta. Kahed, com um semblante risonho, passou por ela, e logo atras vinha Louvis, com o rosto ruborizado.

-Que bom que acordou. -Kahed disse, seus passos ecoando por todo o quarto, conforme ele se aproximava da poltrona ao lado da cama.

Um meio sorriso preencheu os lábios de Aster, diante dos comprimentos.

-Como você está? – Perguntou, se sentando confortavelmente.

-Eu...- Ela começou, mas as palavras lhe fugiram. -Não sei.

Kahed acenou com a cabeça, e cruzou os braços pensativo.

-Bom, o que você fará agora?

-Estou livre? – devolveu com outra pergunta.

Os olhos astutos de Kahed examinaram a garota. E ele sondou;

-Sobre isso que eu queria falar. -respondeu. – Você vai para onde agora? Acredito, que você não possa voltar ao castelo...

-Eu vou...-Aster começou, e seus lábios se franziram. Ela não tinha nada. Claro, ela tinha Eyra, mas ela não podia simplesmente aparecer no castelo atrás da amiga. O que o rei faria ao descobrir que ela está viva?

-Você pode ficar aqui. – Kahed anunciou. E um silêncio de surpresa se seguiu. Os olhos de Louvis se esbugalharam em choque. E a boca de Aster se escancarou. Diante da confusão no rosto dela, ele continuou. – Pode continuar na vila. E no futuro pode nos ajudar.

A primeira questão de desconfiança se estalou na mente de garota.

-Vocês querem algo em troca? -Questionou ríspida.

-No futuro, queremos a sua ajuda.

-O que vocês vão querer? – Indagou, suas sobrancelhas se levantando em desconfiança.

-Você quer derrubar seu pai? – Soltou em uma lufada.

Choque percorreu o corpo de Aster com a pergunta, e ela abriu a boca para respondeu, entretanto nada saiu. Ela começou a gaguejar.;

-O que?! Mas eu...

-Precisamos de ajudar para derrubar o império de seu pai. E você pode nos ajudar. Seu pai não está do seu lado, você também pode ficar contra ele.

-Vocês querem destruir o meu trono?

-Seu? Seu pai nunca vai deixar você chegar ao seu trono. Meu povo só quer restabelecer o deus Sol, só queremos as nossas terras novamente. E para isso é necessário a queda de seu pai.

O quarto voltou a ficar em silêncio. Os pensamentos de Aster estavam turbulentos. Então ela se lembrou, o por quê nunca deveria se aliar a aquele povo. E tudo o que eles haviam feito. Ela considerou, e por fim falou;

-Não. – Cuspiu, uma pontada de ódio transparecendo.

Louvis arquejou, e tristeza passou pelos seus olhos. Kahed se manteve em silêncio, na expectativa de que ela tivesse dito impulsivamente, mas a garota não falou mais nada. Ele se levantou, seus ombros abaixaram em desamino. Ele concordou com a cabeça, mas antes de sair pela porta, suas palavras flutuaram pelo cômodo.

-Pense melhor sobre isso. -Kahed afirmou. -Você pode ficar um tempo aqui, considere seu futuro.

O corpo esgueito de Louvis apareceu na frente da garota. Uma nuvem desconfortável preencheu o ambiente, e Louvis perguntou, com a voz desaminada e triste;

-Por que?

As alternativas passavam pela mente do garoto. Por que ela não havia aceitado?

-Jamais me aliaria ao seu povo.

As palavras atingiram Louvis e ele recuou atordoado.

-Você pensa igual o seu pai? Eu.. eu pensei que você pensasse de forma diferente... – A última parte saiu como um sussurro pelos lábios do garoto.

-Depois do que seu povo fez é difícil pensar de forma diferente. -Soltou as palavras, enquanto afastava os lençóis na tentativa de sair da cama.

-Depois do que meu povo fez? Nós apenas atacamos na guerra, porque o seu pai avançou primeiro.

-Seu rei atacou primeiro. Meu pai apenas se vingou. – A voz da garota saiu destemida, e sem fraquejar. - Seu povo, seu rei, estragou minha vida. As ações do meu pai só foram as consequências pelo que o seu povo fez.

-Ah, e o que foi isso? Seu pai é apenas um arrogante de merda. – Louvis retrucou, a discussão tornando sue sangue mais quente, pelas palavras afiadas que ela disparava. Ela estava zombando de seu povo. Ela estava concordando com o massacre que Caelum havia feito.

-Seu povo mereceu.

As palavras tiveram o efeito desejado, assim que a garota as proferiu. Louvis se encolheu como se tivesse sido atacado. O povo solar não havia merecido. Os pais de Louvis não haviam merecido aquela morte. O massacre de dourados era uma coisa cruel e impiedosa. Os dourados tinham sido caçados e executados por vinte anos. Tudo por causa do orgulho de um rei sem alma.

-E eu jamais me aliaria a aqueles responsáveis pela morte da minha mãe. -Aster completou diante do silêncio perturbado de Louvis.

-O que?! – Perguntou incrédulo, e enrugou o nariz em confusão. Esquecendo da ofensa que ela havia feito.

Os pés descalços de Aster, pousaram no chão, e ela começou a caminhar em direção a porta. Não acreditava que ele iria se fazer de desentendido.

-Ah, não venha se fazer de inocente. Seu povo assassinou minha mãe. -Aster confessou novamente. – Eu me lembro do sangue e do cheiro, eu me lembro do medo... eu jamais me aliaria aos responsáveis por isso. – Terminou ríspida, as lembranças ainda frescas em sua cabeça.

-Isso...Não faz sentido...

-Eu não ligo. Não me importo com a mentira que você vai contar. Eu estou indo embora. -A garota acatou uma jaqueta jogada no cabideiro, sem dono, e se dirigiu a porta. -E diga a Kahed para ir se foder.

Louvis ao se dar conta dos movimentos da garota, se apressou a se mexer e a puxar pelos braços.

-Calma. Eu...é... isso não faz sentido...

-O que você vai dizer? Ela não foi assassinada? Ela teve um ataque do coração? Ah, cale a boca, minha infância inteira me encheram com essas mentiras. Mas eu vi... Eu lembro...

-O que seu pai te contou? – Louvis perguntou depois da surpresa.

Aster voltou a olhar para o garoto, e notou a ingenuidade verdadeira. Ele estava sendo sincero?

Sua boca se transformou em uma linha dura, quando ela respondeu com repulsa.

-Que ele iria matar Melion pela morte da minha mãe, e por isso a guerra se tornaria verdadeira.

Os olhos do garoto brilharam com a confissão, e ele exclamou;

-Isso é mentira.

Aster revirou os olhos, e voltou a caminhar na direção da porta. Sempre a mesma história.

-Kahed pode te contar a verdade. Eu não sei muito da história, mas seu pai matou sua mãe.

As palavras congelaram os pés da herdeira no chão, sua coluna se arrepiou. E ela ameaçou;

-Não ouse me dizer essas mentiras.

-Estou falando a verdade. Seu pai matou sua mãe, porque ela estava o traindo. -Lovuis respondeu franco. – Então ele colocou a culpa do assassinato nas mãos de Melion e esse foi o estopim da guerra.

-Cala a boca. -Aster avançou com raiva em direção ao corpo do garoto. Ela não gostava do pai, mas não deixaria ele falar aquelas coisas sobre sua família, sobre sua mãe.

Antes que ela pudesse acertá-lo o garoto a agarrou pelos pulsos e a segurou. A herdeira puxou o braço com força e ele a soltou. A garota grunhiu de raiva.

-Kahed sabe. Ele pode te contar.

-Por que eu deveria acreditar em você?

-Porque eu jamais mentiria para você. E agora você sabe do que seu pai é capaz. -Louvis soltou as palavras, e ao notar a hesitação da garota ele completou com desespero. – Vou chamar Kahed. Ouça ele. Por favor.

-Eu não quero ouvir.

-Por favor. – suplicou.

Aster hesitou, e Louvis correu pela porta atrás de Kahed. A herdeira decidiu que esperaria cinco segundos, e então iria embora. Não queria ouvir daquelas mentiras.

Um segundo.

Ela ainda podia ouvir os ruídos de Lovuis deixando a casa.

Dois.

Ela ouviu um passarinho cantar ao lado de fora da janela.

Três.

Começou a caminhar em para fora do quarto.

Quatro.

Dois passos.

Cinco.

O primeiro degrau.

E Kahed apareceu no final da escada. Louvis atrás dele.

Antes que a garota pudesse se dar conta, Kahed já havia começado a contar a história, e um dos maiores segredos do rei.

-Você se lembra de Jones? -Kahed perguntou, e Aster mordeu os lábios em dúvida. – A dama de companhia de sua mãe. -Aster assentiu, e se lembrou da mulher de cabelos escuros que sempre estava com a rainha. – Jones era minha irmã. -Um suspiro de surpresa saiu pela boca de Aster. – Muito antes de você nascer, e seu pai casar com sua mãe, Jones e Devika eram amigas. Devika era nossa vizinha na vila, e as duas andavam juntas sempre. Então Devika foi prometida ao seu pai, eles se cassaram, e para a amizade entre as duas não acabar, sua mãe pediu para Jones ser sua dama de companhia, o rei aceitou e não ligou muito, na época. Mas o que ele não sabia, era que elas eram apaixonadas, e se amavam. Eu me lembro de ver a minha irmã definhar por esse amor, ver ela sofre pelo casamento de seus pais. Jones sofreu a vida inteira com isso.

''Elas mantiveram o relacionamento delas em segredo. Escondido de todos. O rei jamais poderia saber. As duas tinham planos de fugir juntas. Mas, então você nasceu. E Devika jamais te abandonaria. Elas continuaram a namorar no castelo, as escondidas. Até o rei descobrir. Ele encontrou as duas se beijando. Seu pai e sua mão discutiram, se xingaram e Jones apenas assistiu em choque. E em um movimento de raiva ele matou Devika. Bom, nessa época uma guerra silênciosa já havia sido trava e a tensão rolava solta. Seu pai assassinou sua mãe. E colocou a culpa no rei do império Solar. O povo lunar estava enlouquecido pela perda de sua rainha. Foi ai que a guerra começou de verdade...''

-E como você espera que eu acredite nisso? -Indagou com a voz fraca. Aster não conseguia acreditar. Sua mãe..

-Jones fugiu naquela noite, na hora que o rei matou a rainha, ele ficou atordoado, Jones aproveitou a brecha e fugiu. O rei tentou ir atrás dela depois. Mas Jones se escondeu sobre a minha guarda e de Melion. Eu vi minha irmã em estado de choque por meses, não falava e mal comia. Ninguém sabia o que tinha ocorrido. Durante a guerra, um pouco antes de morrer ela confessou tudo. Me mostrou as fotos e cartas, que ela tinha com Devika. Eu tentei contar ao povo de forma secreta, mas o rei controlou a situação, e com isso o império solar caiu. 

Eu não sei se ficou confuso esse capítulo, mas se ficou me avisaa.

Volto no sábado beijoss 

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