Things We Lost In The Fire ──...

By swchors

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Ao encontrar uma antiga e misteriosa espada nórdica, a qual faz com que o pai que nunca conheceu, venha até s... More

𝐂𝐎𝐈𝐒𝐀𝐒 𝐐𝐔𝐄 𝐏𝐄𝐑𝐃𝐄𝐌𝐎𝐒 𝐍𝐎 𝐅𝐎𝐆𝐎
𝐆𝐑𝐀𝐏𝐇𝐈𝐂𝐒
━━━━━━ ✦ 𝗔 𝗘𝗦𝗣𝗔𝗗𝗔 𝗗𝗘 𝗩𝗘𝗥𝗔̃𝗢
1. Ninguém escapa dos meus louboutins ninjas-voadores.
2. Levo o mendigato para almoçar.
4. Meu acerto de contas com o passado.
5. Meu pai é o próprio Satanás de terno.
6. Eu sempre quis incendiar uma escola.
7. Espera! Valhala... É um hotel?!
8. Nada como um jantar viking e um sutiã de metal
9. A má fama dos meus pais, destroem minha popularidade.

3. Dou vida à uma espada sinistra

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By swchors










Dou vida à uma espada sinistra.








LOS ANGELES REALMENTE não era uma droga absoluta.

Eu particularmente gostava da cidade dos anjos, assim como sei que meu irmão também gostava dela. Esse era o nosso verdadeiro lar depois do Brasil. Aqui era quase o epicentro de todos os artistas, inclusive os de ruas com seus talentos natos e preciosos, isso me dava à sensação de estar em casa.

Eu era obcecada com arte. Desenhos, pinturas, dança, teatro e música. Esses eram meus hobbies quando não estava fazendo algo ilegal ou criminoso. Acho que em grande parte essa minha "obsessão" vinha da minha mãe, que assim como eu, também amava arte. Era como se isso estivesse enraizado inexplicavelmente em nosso DNA.

Grande parte dos grafites nas ruas de Los Angeles foram feitos por mim e minhas preciosas latas de spray de tinta infinita. Eu assinava como "estrela", pois esse era o apelido que minha mãe me deu: estrelinha, sempre dizendo que eu era a luz que nunca se apaga na vida obscura dela. Larissa Castro era uma mulher incrível, gentil, amorosa e sempre, sempre positiva e sorridente. Eu lembrava bastante dela quando era jovem. A mesma cor de cabelo e olhos, a mesma altura e os mesmos traços faciais.

Ela sempre arrumava um jeito de trazer a arte para minha vida e de Carlos. Sempre nos levava em teatros e exposições, quando esses eram gratuitos. Uma vez ela chegou a trabalhar em um studio de dança onde tinha aulas de balé para garotas e ela me incentivou a fazer um teste para concorrer a uma bolsa. Não estava confiante, afinal, todas as minhas concorrentes pareciam bem mais preparadas do que eu, mas minha mãe me incentivou e me deu confiança o suficiente para que eu conseguisse passar no teste.

Fiz o balé por alguns meses até o dia em que Phil matou minha mãe.

— Vamos apostar! Quem ficar com o cérebro congelado primeiro, perde! — Carlos diz alegremente enquanto toma seu milk-shake de nutella e morango.

O encaro com uma sobrancelha arqueada e um olhar de puro desafio, com o meu milk-shake de ferreiro rocher com blue ice completamente gelado em minhas mãos.

— Você vai perder, seu merdinha. — Digo ameaçadoramente.

— É o que veremos, sua merdinha. — Carlos devolve me olhando presunçosamente, como se já estivesse cantando a vitória antes do tempo.

— Então começaremos em um... dois... TRÊS! — Grito a última palavra antes de enfiar o canudo do milk-shake na minha boca e começar a sugá-lo de uma só vez, sem pausa. Carlos faz o mesmo e depois de dois minutos, ele para fazendo uma careta desagradável e elevando a mão direita até a testa, massageando-a.

— Ai! — Reclamou. — Meu cérebro congelou e está doendo.

Afasto minha boca do canudo do meu milk-shake com um sorriso vitorioso.

— Venci, seu perdedor. — Mostro minha língua completamente tingida de corante azul para Carlos, em um ato totalmente infantil.

— Sabe que a maioria das irmãs mais velhas deixam os irmãos caçulas ganharem de propósito, certo?

Dou de ombros.

— Eu não sou todo mundo. — Carlos faz uma careta com a minha resposta e me chama resmungando de: chata. Apenas reviro os olhos, antes de dar um sorriso de canto e uma brisa refrescante surgir ao ponto de acariciar meu rosto e balançar um pouco dos meus longos fios.

Estávamos fazendo certa hora, antes de levar Carlos para a sua escola e ele começar a ser torturado por inúmeras equações bizarras e assustadoras de física, da qual ele amava incondicionalmente. Realmente, meu irmão era adotado, porque eu era pouco inteligente quando o assunto era números assustadores e equações.

Nesse momento estávamos perto da placa de Hollywood, sentados no capô da BMW preta, a qual roubei de um cara essa manhã do estacionamento de um restaurante chique qualquer tomando cuidado redobrado para não ser pega pelas câmeras de segurança.

Claro que por ali, tinha alguns turistas idiotas que viviam tirando foto por toda parte do Mount Lee. Mas decidi ignorá-los, mesmo sendo alguns brasileiros. Não estava a fim de conversar com outras pessoas que não fosse Carlos ou Júlia nessa manhã. Geralmente eu fico com um humor péssimo quando sou obrigada a acordar cedo, como hoje era o caso.

Sério, eu não entendo como as pessoas conseguem ser feliz ou positivas às seis da manhã de uma segunda feira. Segunda-feira não é dia de ser feliz, é o dia em que choramos em posição fetal, porque iniciamos mais uma semana entediante e que fará questão de demorar para o final de semana chegar. Às vezes queria ter um pouco do positivismo de Carlos e Júlia, mas acho que já aceitei e abracei completamente meu papel de pessimista-realista com traços marcantes de pura raiva e ódio do, qual me colocaram.

Dali do alto do Mount Lee dava para avistar completamente Los Angeles. As casas e os prédios pareciam tão pequenos vistos dali de cima, que chegava a brincar com meu irmão ao dizer que eles eram as casinhas das formigas. Ouvia-se claramente as buzinas altas do turbulento e estressante trânsito das ruas problemáticas da cidade, às vezes as sirenes de carros da policia e de ambulâncias também eram ouvidas, algo que realmente me fazia duvidar que aquela realmente era a cidade dos anjos, devido à alta quantidade e indicies de crimes que só subiam, em parte por culpa minha e da minha gangue.

Eu tinha um lema próprio: se o mundo é injusto com você, você deve ser um baita filha da puta com ele. E era assim que levava minha vida.

Em Los Angeles, sempre é quente. Não importa se estamos oficialmente no inverno, aqui continuava tão quente que era claro o mormaço que saia dos asfaltos que eram tão quente que você poderia facilmente cozinhar um ovo numa frigideira nele, que você sequer vai ver a diferença de um fogão. Sabe por quê? Porque eu já fiz isso uma vez e acreditem ou não, deu certo.

O calor não me incomodava, pelo contrário, eu me sentia bem com ele e muito confortável. Amava o calor de alguma forma inexplicável. E por algum mistério do destino, eu nunca me queimava. Uma vez, fiz uma aposta com o pessoal da gangue, na qual eu dizia que conseguia deixar minha mão cinco minutos no fogo e ela não queimaria, obviamente ninguém acreditou que isso era possível e apostaram muito dinheiro, acreditando que eu ia perder e que eu era insana por colocar minha mão literalmente no fogo.

Resultado: fiquei com a minha mão cinco minutos no fogo da fogueira e depois que a retirei de lá, minha pele ainda permanecia intacta. Ganhei uma bolada e diversos xingamentos dizendo que o que tinha feito era uma trapaça. Um truque barato. Mas não me importei, afinal eu tinha ganhado um bom dinheiro fácil e isso me bastava.

Meus olhos vagam pela paisagem de Los Angeles, até que eles se fixam completamente em um ponto especifico.

Cutuco Carlos, que me olha imediatamente.

— Está vendo Bel Air daqui? — Apontei em direção as gigantescas mansões e casas dos super milionários que moravam naquele bairro. Carlos apenas emite um som em concordância. — Um dia vou comprar uma daquelas mansões gigantes e vamos morar lá. Um dia serei a pessoa mais rica que essa cidade já viu. — Digo confiante deixando me levar pela minha ambição interna.

Um dia vou ter a vida regada a muito luxo que sempre quis. Penso enquanto encaro as gigantes mansões de Bel Air, com um brilho inexplicável em meus olhos.





***





Assim que deixo Carlos na escola na BMW que roubei, logo volto a dirigir rapidamente até a oficina do Bruno, que carinhosamente o chamamos de Bob, por ele nos lembrar do próprio Bob esponja calça quadrada. Sim, ele também faz parte da nossa gangue exclusiva de brasileiros, mexicanos e argentinos, que assim como eu, estavam ilegais no país.

Mistura perigosa, eu sei. Principalmente na copa do mundo, quando as três nacionalidades se dividem em pequenos grupos e trocamos alguns socos e tiros para defender nossos queridíssimos times de futebol. Em tempos de copa do mundo, a gangue praticamente vira uma verdadeira chacina e faz os filmes de faroeste de bang-bang norte-americanos parecer uma verdadeira piada. É tipo uma versão realista e mais assustadora do próprio Tropa de Elite.

Nossa gangue é como uma grande família, amamos uns aos outros em grande parte do tempo, mas na outra pequena parte do tempo a gente às vezes tenta se matar. Algo normal como em toda família que deixa as famílias e casas de Game Of Thrones no chinelo, literalmente. A gangue é uma selva, apesar de sempre ajudarmos um ao outro, é necessário ser independente e lutar para ter ser merecedor do seu lugar aqui.

— Ora, o que temos aqui. — Bob anuncia em português totalmente sorridente quando entro com a BMW dentro da oficina e a estaciono, antes de sair do veículo. — Quem foi sua pobre vítima dessa vez?

— Uma BMW i8. E respondendo sua pergunta; foi uma megera oxigenada cheia de silicone e botox. — Digo simplesmente. — Acha que pode desmontar e revender as peças pelo triplo do valor original?

— Gata, o que você está me perguntando é quase o mesmo que perguntar a um peixe se ele pode nadar. — Bob brinca sorriso, exibindo os dois dentes da frente que eram desregulares e um pouco grandes, dentões assim como os do Bob esponja. — Acho que consigo um bom comprador para amanhã mesmo. Depois você vem aqui e dividimos os lucros assim como já é de costume.

Concordo com a cabeça, o analisando.

Bruno não era muito alto. Era baixo, mas em compensação era muito musculoso, cheio de tatuagens nos braços e piercings no rosto. Tinha o cabelo escuro, mas era ralo e tinha a pele era morena. Ele usava um dos macacões azuis sujos de graxa preta, que eram o uniforme oficial da oficina que tinha um crachá com seu nome preso ao tecido. E na parte detrás do macacão, tinha o logotipo da oficina que foi criado e desenhado por mim mesma.

Subitamente me assusto quando sinto meu pescoço ser envolvido por trás e logo sinto minha bochecha ser beijada, por ambos os lados, ao mesmo tempo. Reviro os olhos e suspiro, já sabendo quem era os dois atrás de mim.

— Quem é vivo sempre aparece, pelo visto. — Fernando cantarola alegremente.

— Você anda sumida demais, Dodô. Nem parece que gosta mais da gente. — Fernanda diz.

Viro-me para encarar os gêmeos loiros que estavam atrás de mim, que por coincidência ambos eram meus dois exs. Sim, eu sou bi e antes que me julgue por me envolver com os dois gêmeos ao mesmo tempo, saibam que ambos tinha o conhecimento de que eu namorava os dois ao mesmo tempo e aceitavam numa boa dizendo que eles sabiam dividir e que cresceram dividindo tudo, então porque não dividirem a mesma namorada?

Tanto Fernando, quanto Fernanda continuavam ainda mais bonitos do que já eram. Ambos tinham a pele tão clara quanto porcelana, o que me faz lembrar que já deixei marcas visíveis de incontáveis chupões em suas peles. Ambos eram altos e tinham olhos azuis intensos. Fernando tinha ombros largos e músculos bem definidos e que eram totalmente salientes pela camisa preta que estava usando de mangas curtas que exibia a tatuagem de cobra que tinha no braço esquerdo e ele ainda era muito gostoso. Droga.

Já Fernanda, tinha suas curvas volumosas e perfeitas evidenciadas pelo cropped curto que usava e exibia sua barriga lisa com uma borboleta ali e uma calça jeans skinny que só serviam para marcar ainda mais suas curvas naturais de darem inveja em qualquer garota. E assim como o irmão, continuava bastante linda, com seu longo cabelo loiro brilhante ondulado.

Eu cheguei a mencionar que tenho certa queda por loiros? Se não, estou falando agora. E não é uma queda qualquer na verdade, estava mais para um precipício gigante por gente que tem o cabelo loiro. Não sei por que eu tenho essa tara, mas sempre me sentia inexplicavelmente mais atraída por eles.

Fernando, Fernanda e eu, namoramos desde os treze anos, até que decidi que era melhor por um fim nisso, ano passado. Não brigamos, nem nada demais, era só que de repente eu quis ser solteira quando percebi que nunca tive esse momento, já que começamos a namorar muito novos. Sentia que nossa relação já tinha se saturado demais e que estava na hora de me abrir para novas coisas. Por incrível que parecesse, os gêmeos aceitaram isso numa boa e terminamos bem ainda sendo amigos.

Mas não importasse o que acontecesse, quando nós três estávamos perto um do outro, nós sempre tínhamos recaídas frequentes e quando menos esperassem, eu estava beijando um dos dois. E no dia seguinte eu acordava sempre ou na cama de Fernando ou na cama da Fernanda, minha consciência sempre pesava e me sentia completamente culpada, porque eu sabia que tinha feito merda ao me deixar levar.

Entretanto, um relacionamento tão longo quanto ao que tivemos, não é tão fácil assim de superar e seguir em frente como eu pensava quando terminei tudo. Bom pelo menos comigo era assim, não sei como era com os dois.

Todo mundo tinha seus pinguins. Alguém que simplesmente não conseguia esquecer e deixar no passado, por isso sempre os traziam de volta para o presente. E os meus pinguins eram Fernando e Fernanda.

— Vocês não estavam em Nova York? — Pergunto, arqueando a sobrancelha e tentando segurar o máximo possível da minha surpresa ao verem que eles estavam de volta e sequer cheguei a saber disso.

Bob parece se divertir as minhas custas atrás de mim, porque ele sabe de toda confusão entre nós três e como fico quando parecendo uma verdadeira idiota quando estou perto deles. Juro que ainda mato o Bob esponja, o estrangulando com a alça da minha Chanel.

— Chegamos ontem à de manhã. Fomos na sua casa te procurar, mas Júlia disse que você tinha ido para Boston com Carlos. — Fernanda faz um bico infantil, que particularmente eu achava adorável e senti uma vontade gigante de beijá-la naquele momento.

Droga.

Segura a onda, Doraalice! Eles são seus exs. Exs! E pessoas normais e psicologicamente saudáveis não ficam mais com os exs!

— A propósito, como Carlos está? — Fernando pergunta, enfiando suas mãos em seus bolsos.

— Muito bem. — Engulo o seco com dificuldade, os dois percebem meu nervosismo e sorriem ainda mais, se divertindo as minhas custas assim como Bob fazia.

— Temos uma novidade para você. — Fernanda sorri alegremente.

— Têm? — Questiono.

— Mamãe quer que você corra no racha dessa noite. — Fernando diz e pisco totalmente atônica, quase sem acreditar.

— Como é?

— Hoje é dia da nosso racha contra as outras gangues da cidade. O prêmio dessa vez é de cem mil dólares. E nossa mãe escolheu você para nos representar e vencer a corrida. — Fernando esclarece.

Então Fernanda passa o braço por cima do meu ombro e puxa para próximo dela.

— Sabe que nossa mãe sempre te amou. Até hoje não superou o fato que terminamos, Dodô.

É, Mônica queria realmente me ferrar. E a pior parte é que já estou me vendo beijando um dos gêmeos essa noite e fazendo muita besteira de uma só vez.





***





Mônica Ferreira é a verdadeira chefona da gangue. Ela manda em tudo e controla tudo. É a responsável pela boate que temos, pelas brigas clandestinas que lucramos alto, pelos rachas, pelas mesas de jogo de pôquer clandestinas, pelos produtos que contrabandeamos e pelos produtos que importamos sem sequer pagar os altos impostos e revendemos pelas ruas da cidade. Resumindo: é ela que manda em tudo.

Quando eu tinha nove anos, morando nas ruas com Carlos e Júlia, eu tentei roubar a bolsa dela. O que foi algo realmente estupido, mas não comíamos há dias e estávamos famintos, situações extremas pedem medidas desesperadas. Mônica logo percebeu minhas intenções e me imobilizou de uma forma, que ela poderia quebrar meu braço e todos meus ossos. No momento fiquei com muito medo de ser levada para um abrigo e me separar de meu irmão e amiga.

Mas para minha surpresa, Mônica apenas perguntou meu nome em português e eu a respondi, porque estava completamente quase urinando nas minhas próprias roupas de tanto medo. Aquela mulher era totalmente aterrorizante, mas tinha um coração generoso. Você tem muito futuro, garota. O que me diz de me deixar levar você para minha casa? Ela perguntou e fiquei com mais medo. Quando se está morando nas ruas você escuta todo tipo de história assustadoras sobre adultos que fazem coisas muito ruins com crianças como eu era no passado.

Logo comecei a chorar, totalmente assustada. Mas Mônica percebeu imediatamente o medo que sentia e tratou logo de me acalmar, dizendo que não era o que eu pensava. Que ela queria me adotar, pois ela tinha um casal de gêmeos da minha idade e acreditava que os filhos dela iriam me adorar. Ainda meio desconfiada, disse que só iria se ela também levasse meu irmão e minha amiga, Júlia, junto com ela. E assim Mônica fez. Nós, latinos, temos que cuidar uns dos outros nesse país que odeia imigrantes ilegais como somos. Foi o que ela me disse e estava certa.

Norte-americanos odeiam pessoas como nós. Nós tratam feito lixo. Torcem os narizes quando estamos perto e nos encaram como se fossem superiores. Não é fácil tentar levar uma vida justa e honesta sendo um imigrante ilegal, então a forma mais fácil de lidar com isso é a vida no crime. Não fazemos isso porque podemos escolher, na verdade, o crime é a nossa única opção para sobreviver.

Mônica era como minha segunda mãe. Ela cuidou muito bem de mim, Carlos e Júlia como se fossemos seus próprios filhos. E ensinou para mim e Júlia como sobreviver, a roubar, a criar esquemas ardilosos, como evitar a polícia e nunca ser pego, como usar uma arma, a dirigir, a lutar e outros importantes ensinamentos para que conseguirmos sobreviver a cruel e dura vida que nós esperava. Uma mulher despreparada nesse mundo machista, não dura muito, por isso precisamos apoiar uma as outras, se quisermos sobreviver. Era o que ela sempre dizia. Ela era uma mãe solteira que conseguiu criar seu próprio império sozinha e sempre iria a respeitar por isso.

Tudo que sou hoje, foi ela que me fez e acredito que nunca seria capaz de agradecê-la por me tirar das ruas e me dá um motivo para continuar a lutar. Todos na gangue diziam que eu realmente parecia a Mônica e isso me deixava orgulhosa, lutei muito para conseguir a posição de braço direito dela na gangue e ser respeitada mesmo tendo apenas dezessete anos.

Foi inevitável, eu não me aproximar de Fernando e Fernanda e logo começar um relacionamento sério com eles. Mônica aprovava e ficava radiante quando nos via junto. Mesmo eu sendo a responsável por dar um fim no namoro, ela não guardava nenhum remorso de mim, pois ela mesmo dizia que era como se eu fosse sua filha de verdade e tinha muito orgulho da mulher que estava me tornando ao seguir veemente seus passos.

Lembram que mencionei que era a terceira pessoa mais perigosa na gangue? Porque o posto de segundo lugar eram dos gêmeos e o primeiro era de Mônica.

Quando completei dezesseis anos decidi comprar uma casa para Carlos, Júlia e eu morarmos e saímos definitivamente da casa de Mônica e começamos ser um pouco mais independentes e ter mais responsabilidade. Não era que eu fosse ingrata por tudo que Mônica fez por nós, mas só que queria ter um pouco mais de independência e ser mais adulta. E acho que jamais iria conseguir isso se continuasse morando de favor com Mônica.

Estou de frente para minha casa.

Ela era uma casa normal de um único andar, mas era moderna e muito bonita com direito a ter uma garagem enorme, uma piscina nos fundos e um gramado totalmente verde com algumas flores na frente, mas infelizmente, não era uma mansão em Bel Air. Minha ambição praticamente gritou dentro de mim, agonizando e alimentando ainda mais minha vontade de ganhar dinheiro fácil.

O racha era uma boa oportunidade. Seria minha primeira vez participando de um e não apenas assistindo como era de costume, mas eu acreditava que o venceria de qualquer jeito. Cem mil dólares não aparecem facilmente todo dia na minha vida e eu precisava de muito dinheiro se quisesse enriquecer rapidamente, o qual era meu objetivo principal de vida.

Estava prestes a enfiar a chave na tranca e entrar na minha casa. Quando abro a porta, vejo Júlia sentada no sofá assistindo friends na TV e acreditem se quiser, ela estava comendo sorvete com ketchup. A olhei totalmente horrorizada e ao fechar a porta atrás de mim,  fiz menção de ir até ela e tirar aquela tigela dali, das suas mãos irresponsáveis antes que ela envenenar ainda mais meus afilhados que cresciam na sua barriga de cinco meses.

A morena logo percebe o que estou prestes a fazer e se encolhe no sofá afastando o máximo possível a tigela das minhas mãos malignas que queriam jogá-la para longe daquela maluca.

— Não. Não, não, Dora! — Ela diz completamente alarmada, segurando sua tigela como se fosse a coisa mais preciosa de toda sua vida, ou como se sua vida realmente dependesse dela, porque acreditem, depende mesmo.

— Que droga você tá comendo?! Quer envenenar meus afilhados com isso?!

— Eu estava com desejo! — Se defendeu.

— Sério? Soverte com ketchup? — Questiono sem acreditar que aquilo realmente estava acontecendo e era real. Júlia desde que ficou grávida, tinha esses desejos estranhos e que faziam meu estômago revirar. Porque raios ela não poderia ser normal? E agir normalmente! Era tão difícil assim?!

— Eu não controlo meus desejos de grávida! — Se defendeu.

— Eu mereço... — Bufo impacientemente e me viro indo para o banheiro me prepara para depois que buscar Carlos na escola, eu teria que me arrumar para o racha.

Júlia Souza é minha melhor amiga. Conhecemos-nos quando Carlos e eu fomos morar nas ruas e ela se ofereceu para dividir seu único cobertor conosco, desde então vivíamos grudadas. Ela era dois anos mais nova que eu, tendo apenas quinze anos e sim ela estava grávida de cinco meses de gêmeos que seriam meus afilhados. O pai deles é um imenso babaca, viciado em drogas, chamado: David Smith, ele era quase que uma versão do Phil, chegava agredir Júlia e o relacionamento deles era horrível, ele era totalmente abusivo. Confesso que já cheguei a bater diversas vezes nele para defender minha amiga e tirá-la de perto dele.

Até mesmo quase cheguei a matá-lo com minha arma, mas por muito pouco eu não fiz, já que ele morreu de overdose jogado em uma sarjeta qualquer e semanas depois, Júlia descobriu que estava grávida aos quinze anos. Eu não podia falar muito, minha mãe me teve com quatorze anos, mas fiz o possível e farei o máximo de mim para dar o melhor para meus afilhados. Jamais abandonaria Júlia, ela faz parte da minha família.

Diferente de mim, Júlia era baixinha, tinha pele negra, cabelos crespos cacheados volumosos incríveis, olhos castanhos e era muito magra como uma modelo da Victoria Secrets, sem mencionar o quão bonita ela era naturalmente, sem usar nenhuma maquiagem.





***





Após buscar Carlos na escola, no jantar fiz meu famoso strogonoff de frango e todos comeram demais até quase não restar nada na panela. Geralmente, era eu quem cozinhava e também fazia as tarefas de casa, claro que Júlia e Carlos às vezes me ajudavam, mas como minha amiga estava grávida, eu fazia o possível para ela não ter que fazer nenhum esforço e na maioria das vezes Júlia rebatia dizendo: eu estou grávida, Dora, não doente.

Mas não importava, eu não a deixaria fazer nenhum esforço que podia prejudicar meus afilhados queridos, porque querendo ou não, minha amiga não conseguia parar quieta. Ela sempre tinha que fazer algo. E isso me deixava louca de preocupação, ao ponto de querer bancar a mãe superprotetora dela, afinal Júlia era órfã.

Minha amiga raramente falava sobre seus pais, mesmo ela sabendo da triste história de Carlos e minha, Júlia apenas se limitava a dizer que seus pais morreram em um acidente de carro, logo depois ela foi levada para um orfanato, mas fugiu de lá e passou a viver nas ruas até nos encontrar. Eu não a pressionava sobre esse assunto, apenas respeitava seu silêncio e mudava rapidamente para outro assunto.

Dez anos se passaram desde que vivemos nas ruas e agora temos uma vida quase decente. Mas pelo menos temos um teto para morar e não precisamos mais ter que caçar ratos para assarmos e comermos para não morremos de fome.

Logo me levantei da mesa, sem lavar a louça, dizendo que o faria amanhã e fui começar a me preparar para o racha de hoje mais tarde. Eu precisava vencer a qualquer custo.





***





Os rachas eram tão comuns quanto o calor infernal que fazia em Los Angeles. Uma vez por mês as gangues da cidade se reuniam para disputar um racha como se isso fosse uma competição amistosa de qual gangue era a melhor de LA. Basicamente, ou era isso ou um tiroteio entre as gangues. Júlia e Carlos estavam em casa e agradecia ao universo por isso. Rachas não são o tipo de lugar que gostaria de Carlos frequentasse, pois era sempre cheio de gente de moral duvidosa ou muito perigosos.

A Mulholland Drive estava cheia de pessoas pertencentes as diferentes gangues da cidade. Muitas delas tinham ou uma garrafa de alguma bebida alcoólica ou um cigarro entre os dedos. O lugar estava barulhento, um carro cheio de caixas de som tocava uma musica alta de Hip Hop, que continha mais palavrões do que música mesmo e as pessoas pareciam gostar daquilo. Tinha diversos carros de variados modelos pelo lugar. Alguns tinham a lataria com pinturas e desenhos extravagantes que sinceramente, me causaram incomodo só de olhar.

Os chefes das gangues estavam juntos em um determinado canto e pareciam conversarem entre si. Mônica estava entre eles, e quando me viu ela apenas me olhou com aquele olhar que conhecia muito bem: estou contando com você, então não me decepcione. Eu não era louca o suficiente para decepcioná-la de verdade.

Alguns rostos familiares da minha gangue foram vistos por mim, acenei e cumprimentei alguns ainda estando dentro do meu carro, que era um Ford Mustang preto, o primeiro carro que roubei na vida e era meu preciso, se é que me entendem.

Eu estava vestindo um vestido de paetês chamativo e usava meus saltos agulha que tanto amava. Nos olhos tinha uma forte maquiagem preta e nos lábios um batom claro. Sempre soube que após o racha cada racha, todos sempre iam invadir alguma mansão vazia em Bel Air e fazer a própria festa por lá. Eu só tinha que garantir que a festa seria exclusivamente para mim, porquê eu precisava da grana, mas também precisava não decepcionar a Mônica.

Liguei o carro no momento em que ouvi que estavam chamando os competidores para se posicionarem em seus respectivos lugares, porque a corrida iria começar logo. Vi drones sendo lançados no ar com câmeras para que todos pudessem acompanhar a corrida de seus respectivos celulares. Fiquei um pouco tensa, por ser minha primeira corrida e ainda ter que disputar com outros concorrentes que já tinham uma grande experiência nisso, do que eu. Mas então fechei os olhos e me lembrei da minha mãe me incentivando e me passando confiança no meu primeiro teste de balé, e isso me relaxou e me deixou tranquila.

Vejo o cara que estava organizando o racha pedir para as pessoas se afastarem e abrir caminho, pois caso contrário elas seriam atropeladas sem nenhuma piedade. Quando as pessoas abrem o caminho, vejo uma garota usando um cropped, uma mini saia e botas over com saltos agulha caminhar para a linha de frente dos carros. Ela começou a fazer os gestos de espera e com isso os motores dos outros carros, incluído o do meu soaram alto o suficiente para deixar qualquer pessoa surda.

Mãe, eu vou ganhar esse dinheiro por você. Penso e logo piso no acelerador com força quando vejo o sinal para seguir em frente feito pela garota.





***





Na festa da vitória, sou recebida por diversos olhares que não sabia distinguir, se eram olhares de respeito, admiração, orgulho ou até mesmo raiva ou inveja por ter vencido o racha e ganhado o dinheiro que Mônica levaria para mim amanhã, após me parabenizar pelo meu feito. Acho que os olhares era uma mistura de todos esses sentimentos citados por mim. Muitos me cumprimentam, parabenizam pelo feito dessa noite e a única coisa que faço é responder um: Obrigada.

Bem na fachada da mansão que invadimos, é decorada por diversos rolos de papel higiênico que estão por toda parte, assim como os copos de plástico vermelhos. A música ressoa alto e bem no hall de entrada vejo muita gente dançando, outras pessoas estão apenas de pé na escada de mármore branco conversando e vejo alguns casais subirem para o andar de cima, enquanto se agarraram ferozmente à medida em que sobem as escadas como adolescentes hormonais irritantes.

Saio dali imediatamente indo para sala enorme que aquela casa possuía, mas os sofás estavam todos ocupados por gente se pegando. Reviro meus olhos e vou rapidamente para a cozinha em busca de bebida, mas rapidamente encontro Fernanda e Fernando por lá, ambos estavam devorando um pedaço generoso de pizza. E meu olhar rapidamente vai para as duas colunas gigantes de caixas de pizzas que está sob o balcão da cozinha e vejo as pessoas pegando-as despreocupadamente.

— Ai está ela! — Fernanda vem alegremente até mim, um pouco tropeçando em seus próprios pés e antes que tivesse qualquer reação ela me beija e logo sinto o gosto forte de álcool em sua boca. Ela está completamente bêbada e fora de controle. — A nossa querida campeã! — Ela me abraça e ergue seu copo de bebida para o alto antes de entrega-lo a mim. — Bebe comigo, Dodô. — Implora.

Eu olho imediatamente para Fernando que parece estar se divertindo com a cena e reviro os olhos, antes de pegar o copo da mão de Fernanda e virá-lo de uma só vez na minha boca, ouvindo-a comemorar ao meu lado. A bebida tinha um gosto muito forte e rapidamente subiu de uma só vez, me fazendo ter que lutar para permanecer de pé. Parecia ser uma mistura de várias bebidas juntas de uma só vez. Algumas consegui identificar como uísque e tequila, mas outras não fazia sequer ideia do que eram, mas de qualquer forma já era tarde: eu tinha já beijado minha ex e só faltava eu beijar Fernando para minha noite ser destruída.

Ouço o barulho de água e imediatamente me viro para a origem do som. Vejo que muitas pessoas decidiram se jogar na piscina gigante de roupa, mas algumas pessoas tiraram as roupas e estavam de roupas intimas, algumas estavam tão loucas que estavam nuas na piscina. Aquela festa realmente estava indo de mal a pior e não sei o que estava acontecendo comigo que sequer estava animada para festa. Geralmente eu sou festeira e gosto de bagunça, mas hoje não estava no clima. Na verdade, apenas queria ir para minha casa e dormir.

Que grande motivação estava. Mas decidi permanecer na festa só mais um pouco, afinal eu tinha levado horas para me arrumar e me maquiar, e não poderia desperdiçar isso, jogando no lixo tão facilmente ao ir embora cedo. Eu precisava ficar só um pouco e me manter sob controle para não beijar nenhum dos meus exs que me encaravam cheios de segundas intenções e a pior parte era que eu também os olhava com segundas intenções.

Bebi mais uns quatro copos daquela mistura louca de bebida que Fernanda fez e já começava me sentir um pouco embriagada. Dancei um pouco com ela e Fernando, mas quando vi que estava prestes a me agarrar ao meu ex, decidi usar o pouco de senso que me restava e me afastei deles dizendo que iria ao banheiro, desculpa clichê e típica que sempre funcionava pelo visto.

Ainda no andar debaixo andei abrindo diversas portas repetidas, tentando encontrar um lugar onde ninguém estaria e estaria o mais afastado possível da festa. Vou abrindo caminho pelo corredor lotado, empurrando algumas pessoas e sendo xingada por isso. Tento algumas outras portas e elas estão trancadas e emitem alguns sons que me obrigam fazer uma careta e tentar não pensar no que estão fazendo dentro daqueles cômodos.

Quando finalmente abro uma porta, entro para dentro sem ao menos pensar ou respirar direito. Respiro um pouco aliviada por saber que eu era a única ali, a música alta estava distante e era abafada. Todo o recinto estava escuro e então rapidamente meus dedos vagam pela parede ao meu lado a procura do interruptor de luz e quando o acho, imediatamente as luzes se acendem em conjunto de uma só vez e é quase inevitável que um "uau" não fosse emitido pela minha boca embriagada e cheirando a puro álcool.

A sala era gigante e se assemelhava muito a um museu histórico, pois tinha diversos itens antigos e até mesmo estatuas em tamanho realistas de vikings lutando entre si próprios. O lugar era praticamente decorado por escudos, lanças, machados e espadas vikings. Existia bandeiras enormes verticais com diversas runas e símbolos nórdicos. Também tinha muitas pedras com o alfabeto viking pressionado sob ela. Existia também um gigante navio nórdico no centro da sala, ele tinha o tamanho real de um e as mesmas características dos originais que via desenhados nos livros de mitologia Nórdica que minha mãe contava para mim. Tinha até mesmo moedas e anéis vikings da era comum.

Eu não sabia quem era o dono dessa mansão, mas muito provavelmente deveria ser um daqueles ricaços colecionadores de artefatos antigos.

Para alguns naquela festa aquele lugar poderia ser entediante ou até mesmo sem graça, mas para mim, era realmente fascinante.

Um item em especial me chamou a atenção.

Era uma espada. Bom ou pelo foi alguma vez. Ela tinha o cabo, mas se aquilo teve alguma vez uma extremidade pontuda ou afiada, já se passou muito tempo. Era realmente uma espada, mas estava completamente corroída, esburacada, coberta de craca, lama e limo, algo que impedia ter a certeza do que o metal era exatamente feito. Para alguns aquilo era só um lixo miserável, mas para mim não. Tinha alguma coisa naquela espada que estava me atraindo para ela como um verdadeiro imã.

Doraalice. Ouvi meu nome ser chamado e ecoar constantemente na minha cabeça, imediatamente olhei para todas as direções buscando por alguém que poderia ter me chamado, mas não encontrei ninguém, então achei que deveria ser coisa da minha mente totalmente bêbada que estava me pregando peça.

Instintivamente eu segurei o cabo da espada. Um calor súbito apareceu quase tomando conta do meu corpo inteiro, como se ele estivesse ardendo em chamas puras. E então algo muito estranho aconteceu: eu ouvi um ruído muito semelhante aos batimentos cardíacos e a um motor de um carro. Eu poderia estar louca, mas uma parte de mim acreditava que aquela espada estava ganhando vida própria, apenas com o meu toque. De repente ela começou a brilhar em um brilho vermelho intenso, ao mesmo tempo em que a corrosão, os buracos e a cobertura de craca, lama e limo desapareciam lentamente, revelando a mais bela espada que já tinha visto.

O punho era confortável, quente e de alguma forma eu me sentia invencível enquanto a segurava. Era como se eu pudesse ser capaz de cortar um mundo inteiro só com aquela espada. Sua lâmina era um tipo de aço completamente negro e com desenhos de runas vinkings incrustadas no metal e uma linha horizontal no meio que era completamente vermelha brilhante. A lâmina deveria ter no mínimo noventa centímetros e por mais que aparentasse ser pesada, ela era incrivelmente leve, tinha fio duplo e ponta completamente pontuda e afiada como uma agulha.

Eu sei que deveria estar surtando ou assustada por ver uma espada estranha se renovar magicamente diante dos meus olhos, mas eu estava calma. Assustadoramente calma, como se aquilo fosse comum e acontecesse a todo instante e foi isso que me fez ter medo.

E então algo muito mais estranho aconteceu: diante dos meus olhos eu tive uma visão muito assustadora de um homem negro em um terno escuro em meio a diversas labaredas de fogo, que me fizeram questionar se eu realmente tivesse morrido e parado no inferno por engano e aquele homem fosse o próprio diabo a minha espera.

Quando digo negro, quero dizer que a pele daquele homem era o mais puro e lindo tom de preto que já tinha visto em toda minha vida. Era um preto tinta de lula. As roupas daquele homem também eram pretas, paletó e calça feitos sob medida, uma camisa de botão e gravata vermelha, parecendo que foram feitos por uma estrela de nêutrons. O rosto era absurdamente bonito, como se ele tivesse sido esculpido por algum artista famoso. O calo comprido estava penteado para trás e completamente encharcado por gel e as pupilas brilhavam na minha direção como pequenos anéis de fogo.

— Doraalice Castro. — Ele me chamou, sua voz ríspida e sombria, me fizeram tremer. Como aquele cara sabia meu nome?! — Eu encontrei você. — Ele dá um sorriso diabólico, que me faz sentir medo.

Mas antes que algo pudesse acontecer de verdade, eu pisco meus olhos e estou novamente na sala viking na mansão do ricaço desconhecido, mas meu corpo parece estar entrando em colapso, pois estou tremendo involuntariamente sem ao menos pensar direito. Minha respiração começa acelerar freneticamente quando consto que a espada magica que estava segurando tinha desaparecido. Como se estivesse evaporado.

Que merda está acontecendo?!

Me perguntei se realmente eu tinha bebido demais ou se naquela bebida que Fernanda me deu tinha alguma droga ou cogumelo alucinógeno que tinha ali.

Mas antes que pudesse pensar qualquer outra coisa ou formular alguma teoria conspiratória, eu percebo que a musica da festa tinha parado e todos haviam começado a gritarem. A porta da ala viking é aberta de supetão e vejo um Fernando bufando me encarando um pouco atordoado.

— Dora precisamos ir, agora! — Ele diz. — A polícia chegou!

Oi, oi! Como vão?! :3

Aqui está o capítulo e o que acharam? Quis dar uma pequena introduçãozinha em como era a vida da Dora antes dela ir realmente para Valhala. No próximo capítulo ela já deve morrer.

Espero que tenham gostado! :3

Não se esqueçam de votar e comentar <3

Beijos e até a próxima! ;)

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