ilvermorny girl | sirius black

By padfootxxx

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. š“‚ƒ ILVERMORNY GIRL | a sirius black fanfiction Criada por uma mulher louca e cruel, Rhea di Salles tinha um... More

ā”ā”ā”ā” Parte I
Capƭtulo 1 - O trem e o chapƩu seletor
CapĆ­tulo 2 - Aluado
CapĆ­tulo 3 - A Sala Precisa
CapĆ­tulo 4 - A Festa de Boas Vindas
CapĆ­tulo 5 - Encarando as ConsequĆŖncias
CapĆ­tulo 6 - A Primeira DetenĆ§Ć£o
CapĆ­tulo 7 - Pontas
CapĆ­tulo 8 - Lobisomem
CapĆ­tulo 9 - O Teste de Quadribol
CapĆ­tulo 10 - DetenĆ§Ć£o em grupo
Capƭtulo 11 - Senhora das poƧƵes
CapĆ­tulo 12 - A primeira aula de voo
CapĆ­tulo 13 - ManhĆ£ de Natal
CapĆ­tulo 14 - Hogsmeade - parte 1
CapĆ­tulo 15 - Hogsmeade - parte 2
CapĆ­tulo 16 - Efeito bombom
CapĆ­tulo 17 - Desencanto
Capƭtulo 18 - Outra de muitas detenƧƵes
CapĆ­tulo 19 - Precisamos conversar
Capƭtulo 20 - Querido diƔrio
CapĆ­tulo 21 - Angela Cardenas
CapĆ­tulo 22 - A melhor festa do ano
CapĆ­tulo 23 - Primeiro encontro
CapĆ­tulo 24 - Rumores
CapĆ­tulo 25 - Duelo
CapĆ­tulo 26 - Regulus Black
CapĆ­tulo 27 - Semifinal
CapĆ­tulo 28 - Surpresa!
CapĆ­tulo 29 - O fim do 6Āŗ ano
CapĆ­tulo 30 - O segredo dos di Salles
ā”ā”ā”ā” Parte II
CapĆ­tulo 31 - SĆ©timo ano
CapĆ­tulo 32 - D.C.A.T
CapĆ­tulo 33 - SolidĆ£o
Capƭtulo 35 - ConfissƵes
CapĆ­tulo 36 - Assassina!
CapĆ­tulo 37 - 13 de Agosto de 1976
CapĆ­tulo 38 - Ordem da Fenix
CapĆ­tulo 39 - Encontro triplo
CapĆ­tulo 40 - Juntos
CapĆ­tulo 41 - Especial 50K
CapĆ­tulo 42 - O Ćŗltimo prĆ©-recesso
Capƭtulo 43 - Outros tipos de confissƵes

CapĆ­tulo 34 - The Prank

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By padfootxxx

┏•━•━•━ ◎ ━•━•━•┓
Trinta e quatro.

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ERAM TRÊS AS MALDIÇÕES IMPERDOÁVEIS. Rhea sabia-as de cor. Imperius. Cruciatus. Avada Kedavra.

O relógio marcava oito horas da noite, mas ela não tinha certeza se os ponteiros funcionavam corretamente. Podia ver o céu escuro do lado de fora e tentou se localizar através da coloração da lua. Era uma noite estrelada. Não sabia se isso era bom.

Sentindo-se esquisita, pensou em Angie e suspirou com saudades. A melhor amiga era a única coisa que conseguia fazer Rhea sorrir — não era exatamente engraçada, mas exalava vida. Sorria muito e absolutamente nada conseguia abalar seu humor. Teve saudades de poder explicar pra ela o que sentia e ouvir a respeito por horas.

Sorrindo para si mesma, sonhando acordada com o final daquele verão e o início do sexto ano letivo em Ilvermorny, Rhea baixou o olhar para seu caldeirão e suspirou. Não queria fazer barulho — Antonella estava dormindo —, então precisava ser o mais cautelosa possível em seu projeto. Era um tanto maldoso e cruel, Angie dissera quando Rhea contara a ela, e Rhea até tentou parar, mas não conseguiu. Simplesmente não via o que havia fora do normal naquilo. Além disso, sabia que não iria realmente usar aquilo algum dia — mas Antonella havia lhe ensinado que precisava sempre estar pronta para se proteger, e já que não tinha uma varinha para se proteger com magia, teria que se virar com poções.

— Avada Kedavra... — repetiu ela baixinho para si mesma, puxando o livro sobre magia negra para si. Leu mais uma vez a essência do feitiço e empertigou-se para olhar o caldeirão, o líquido esverdeado e borbulhante rodopiando no fundo. Sentiu um embrulho no estômago e olhou para a barata no canto do sótão — O que você acha, Gary? Será que funciona?

Avada Kedravra liquido era um projeto de meses, desde que terminara a crucio liquida e dera-se conta de que era capaz de qualquer coisa. Além disso, não era como se fosse difícil, tampouco. Qualquer veneno poderia causar a morte. Rhea usara Actaea pachypoda colhida nos jardins de Ilvermorny no quarto ano. Naquela época, colheu para uso próprio. Não suportaria voltar para Antonella. Mas Angie a encontrou antes, e Rhea, tomada pelo amor da melhor amiga, decidiu que ainda não era hora de morrer.

Agora não restava um único pedaço da frutinha em sua poção. Havia usado tudo. Fervera a poção na noite passada, escondida de Antonella, e, quando acordara, encontrou o chão do sótão coberto de aranhas e insetos caídos. O vapor havia matado todos eles. Rhea se sentiu sortuda e burra, porque, se não tivesse tão próxima a janela, talvez tivesse morrido também.

Era certo de que a poção era venenosa. Mas para ser uma Avada Kedrava liquida deveria ser imediata e irreversível. Era o que faltava descobrir.

Rhea olhou para Gary, e como se ela lesse a mente de Rhea, a barata fugiu para dentro do buraco na parede. Rhea bufou, pescando um frasco com toda a poção de dentro do caldeirão e jogando-o vazio debaixo da torneira para limpeza. Um vapor denso subiu e Rhea se jogou no chão de susto.

Engatinhando, levantou o assoalho solto e escondeu sua nova invenção. A hora de testa-la chegaria logo.

Talvez mais logo do que esperava.

— Você precisa parar com isso, Regulus — disse Rhea com irritação, após ser puxada repentinamente pelo garoto para trás de um pilar nos jardins — Já sabem que somos amigos, não precisa mostrar pra todo mundo que estamos escondendo alguma coisa.

— Não precisaria se não estivesse me evitando! — sussurrou Regulus, exasperado — Estou dizendo que preciso falar com você há meses.

Era verdade, Rhea vinha o evitando. Estava irritada com ele desde que descobrira que Regulus havia contado seu segredo a Sirius. Sabia que o erro era seu por ter aberto a boca a qualquer um apenas por pena, ou por ter se identificado com ele, mas todas as vezes que via Sirius grudado a uma garota pelos corredores, ou passando reto por ela, Rhea sentia uma raiva tão grande de Regulus que chegou a desejar, por um mísero segundo, que ele nunca conseguisse se livrar de Voldemort como queria — sentiu-se péssima depois disso, porque não deveria desejar aquilo a ninguém.

— Então desembucha. — culpar a si mesma mais do que a ele não significava que precisava ser educada com o rapaz.

Regulus piscou — talvez não esperasse que Rhea fosse direto ao ponto. Rhea quis dar uma risada malvada de satisfação ao perceber que ele pensava que eram amigos. Não eram! Talvez pudessem ter sido. Rhea valorizava demais os próprios segredos e jamais cometeria o erro de confiar de novo em alguém. Confiara em Regulus e quebrara a cara. Confiara em Sirius e quebrara o coração. Não queria mais saber daquela porcaria.

Regulus ainda a olhava pasmo e hesitante. Abriu a boca para dizer algo, mas a fechou em seguida. Observou Rhea com cautela antes de levar vagarosamente a mão ao braço esquerdo por cima da manga da capa.

Rhea perdeu o ar.

Não...

Regulus piscou mais uma vez. Rhea pensou ter visto um pouco de medo em seus olhos por alguns segundos, antes de voltar àquele brilho confiante típico dos Black.

— Quando?

— Durante o verão. — Regulus balançou a cabeça como se não fizesse diferença — Se também tem uma — continuou, soando imperativo — é a hora de dizer.

Rhea balançou a cabeça muito devagar. Qualquer raiva que tivesse sentido de Regulus dissipando-se.

— Não tenho.

— Me mostra!

— Não tenho! — a voz saiu muito alta, e ela se conteve, olhando para os lados antes de acrescentar — Não sou marcada, Regulus. Sinto muito.

De certo modo, Rhea sabia que Regulus já esperava aquela resposta. Sentiu uma pontada de pena. Lembrou-se de que não era culpa de Regulus, e sentiu seu rosto se torcer ao ver os flashes do que ela própria havia feito para escapar de seu destino. Regulus podia ser quem era marcado, mas Rhea garantia que o garoto era uma pessoa melhor do que ela.

— Isso não muda nada — suspirou, passando as mãos nos cabelos ao ancorar-de na pilastra da frente —, seguimos o plano.

Rhea queria dizer a ele que não tinham plano nenhum. Não eram aliados ou amigos, Rhea não estava mais do seu lado.

Por alguma razão idiota e asquerosa, ela não conseguiu.

— Andei pesquisando sobre o que me contou no verão. — ela falou baixinho, esforçando-se para fingir que tudo estava bem — Eu já desconfiava. Agora tenho certeza. Você estava certo sobre as Horcruxes.

Regulus cruzou os braços.

— Está mais perto do que imagina. Ouvi-o mandar meu pai manter algo bem guardado até que ele encontrasse um lugar melhor para esconder.

— Eu sei o que é — garantiu Rhea — minha mãe a escondia antes, e agora que está morta Voldemort deve ter passado ao seu pai.

— Você já a viu?

— Não. — balançou a cabeça — Mas tenho certeza de que era a Horcrux.

Os olhos de Regulus se arregalaram, parecendo ver esperança.

— Então posso rouba-la de meu pai se me dizer o que é! Vamos destruí-la.

Rhea hesitou. Não, não podia confiar em Regulus e contar a ele sobre o diário. Regulus já mostrara que não era de confiança. Agora que estava mercado, talvez estivesse a serviço de Voldemort para descobrir o que Rhea sabia sobre ele. Dumbledore mesmo a havia alertado de que ela não era grande coisa e que Voldemort enviaria algum Comensal atrás dela. E se o Comensal enviado fosse Regulus?

Por sorte, não precisou retirar nada do que havia falado. Uma sombra gigantesca surgiu de trás de uma pilastra, esvoaçando até eles com uma carranca enviesada.

— Estou atrapalhando os pombinhos? — perguntou Severus Snape com certa ironia. Rhea nem se moveu. Era melhor que Snape pensasse que estavam flertando do que saber sobre o que realmente falavam.

Regulus, no entanto, pareceu extremamente incomodado. Lançou um último olhar suplicante a Rhea, deixando um pedido que Rhea não pretendia cumprir, antes de murmurar algo sobre aula de Transfiguração e sair andando.

— Ele te contou?

Rhea franziu as sobrancelhas.

— Contou o que?

— Que foi marcado — respondeu Snape. Rhea sentiu um embrulho no estômago ao notar a admiração e inveja no olhar do colega.

— Contou. — então viu uma ótima oportunidade de espionar — Maldito sortudo. Ele te deixou ver?

— Deixou. Não que eu já não soubesse como ela é.

Rhea levantou as sobrancelhas com falsa surpresa. Os dois caminhavam lado a lado pelo corredor, em direção às masmorras para a aula avançada de poções.

— Cala a boca! — exclamou, fingindo surpresa e inveja — Você também...

Snape ficou sério e torceu o nariz com desdém.

— Ainda não. Deve ser porque sou mestiço. Mas quem é você para dizer alguma coisa? É sangue puro e nunca nem foi convidada a uma reunião.

Rhea se admirava muito por conseguir fingir suportar Snape. Era uma tarefa que ficava mais difícil a cada dia.

— Já disse que quero impressiona-lo primeiro.

— Ninguém impressiona o Lorde das Trevas.

— Só quero que ele não duvide de minha capacidade quando eu aparecer.

Severo a olhou de canto do olho.

— Acha que pode sentar de seu lado direito só por ser uma di Salles.

— O que estou ouvindo em sua voz é inveja, Ranhoso?

Snape entortou o rosto com desgosto, e Rhea reprimiu uma risada.

— Não comece. Esse apelido termina hoje, estou te dizendo.

Rhea levantou as sobrancelhas.

— Acaba, é?

Snape assentiu.

— Black armou alguma armadilha para mim hoje a noite. — Rhea tentou não fraquejar ao ouvir o nome de Sirius, mas não conseguia evitar o disparo em seu peito — Inventou que farão alguma coisa essa noite no Salgueiro Lutador.

— Bem, se ele inventou é porque não vai encontrar nada lá. Ele não seria burro de te entregar de bandeja o que estão tramando.

— Obviamente — retrucou com desdém —, por isso eu disse armadilha. Estou preparado para revidar e pega-los antes de me pegarem.

Rhea se conteve para não revirar os olhos. Snape às vezes era tão burro.

— Boa sorte — limitou-se a dizer.

Snape sorriu torto.

— Me encontre no hall de entrada às onze e meia da noite. Hoje é nós quem vamos pega-los! — disse Snape, e, antes que Rhea pudesse dizer que não tinha nenhum interesse em descobrir o que é que os marotos estavam planejando, Snape se adiantou pela porta da sala de Slughorn e desapareceu atrás de seu caldeirão.

Não é que ela não se importava. Claro que se importava. Todas as vezes que via um dos marotos sussurrando no corredor, Rhea se perguntava o que é que eles andavam tramando. Desejava poder perguntar a Sirius para que os dois rissem juntos enquanto ele lhe contava empolgado.

Entretanto, estava muito claro que Sirius já havia superado Rhea. Rhea não era estúpida para não ter notado isso, mas ela se orgulhava de não ter chorado. Às vezes, quando parava pra pensar sobre isso, sobre o fato de que Sirius Black nunca mais quereria beija-la, sentia-se tão triste que os olhos ardiam. Mas chorar, não, ainda não. Desejava que ele pegasse herpes de tantas garotas que ele saía agora. Todos os boatos sobre Sirius Black haviam retornado, e tinha escutado até que ele nem se lembrava mais do nome das garotas com quem saía. Rhea ouvira, durante o jantar a algumas semanas atrás, uma garota da Grifinória dizer que Sirius havia errado seu nome bem na hora H. Perdeu a fome no mesmo instante, certa de que, àquela altura, Sirius talvez sequer se lembrasse do nome de Rhea. Não seria uma surpresa se Sirius a chamasse de Penelope ou coisa assim.

Bem, na realidade, seria, sim. Seria uma surpresa se Sirius a chamasse de qualquer coisa, já que nem mesmo olhava para ela mais.

Mas Rhea tinha seguido a promessa que havia feito no começo do semestre — ficara triste por alguns dias, depois sacudiu a poeira e levantou o queixo de novo. Rhea não podia negar que haviam crescido os boatos acerca dela também, mas agora nada tinha a ver com os garotos com quem saía. Primeiramente, passou a ser difícil ver Rhea sozinha. Ela sempre estava cercada de um grupo volumoso de alunos, atento a cada um de seus passos. Riam de suas piadas mesmo quando não tinham graça e traziam coisas para ela sem que ela pedisse. Não se lembrava da última vez que havia pagado por sua cerveja amanteigada.

Tottenwall havia ajudado nesse quesito. Rhea havia espalhado que sabia segredos sobre Tottenwall que faria qualquer um com bom senso quere-lo longe. Não precisou detalhar nada — Mulciber, Avery e Snape acataram a ideia rapidamente, afinal não era necessário muito para eles irem contra um professor de Defesa Contra Arte das Trevas. Regulus também, apesar de Rhea ter a impressão de que ele não era tão cego quantos os outros, mas o seu novo melhor amigo, Bartô Crunch Jr., era tão fã de Rhea que não largava o seu pé, e Regulus havia se juntado por tabela.

Apesar de sua fama, ela sentia falta da fama antiga. O mesmo tipo de fama que os marotos tinham, de serem divertidos e engraçados, de serem populares porque todos queriam ser como eles e amigo deles. Rhea experimentara aquilo em Ilvermorny e era incrível. Em Hogwarts, ninguém queria ser amigo dela. Queriam sua aprovação. Era muito diferente. Sentia falta das pegadinhas, do frio na barriga e de rir até a barriga doer. Daria tudo pela energia de uma boa trama.

E talvez tenha sido isso que a levou ao hall de entrada às onze e meia.

Snape parecia ainda mais um morcego do que de costume. Rhea se perguntou o motivo pelo qual ele ainda vestia a capa do uniforme de Hogwarts, mas não demorou para concluir que ele apenas ainda não tinha tomado banho. Quis rir. Inutilmente, pensou que Sirius estaria rindo também.

Repreendeu-se pelo pensamento, e focou sua atenção em Severus.

— E agora?

— Vem comigo — ele disse.

Rhea e Snape esgueiraram-se para fora do Castelo por uma das janelas, contornando algumas ruínas de uma escada antiga e saindo nos jardins. Rhea não queria admitir, mas já estava sentindo aquele friozinho na barriga que antecedia uma missão com Angie. Exceto que era Snape quem estava com ela, o que acabava com toda a magia.

Esconderam-se nas sombras e observaram. Snape cutucou Rhea muito entusiasticamente quando duas figuras surgiram na escuridão, uma aparentemente feminina, a outra masculina, esguia e alta, descendo em direção ao Salgueiro Lutador. Não conseguiam ver de quem se tratavam, mesmo espremendo os olhos e tentando se aproximar um bocado. A mulher murmurou um feitiço e os galhos pararam de se mover. Assistiram à figura mais alta sumir pelo tronco, e então a outra retornou morro acima para o castelo.

— Vamos — sussurrou Rhea, tomando a dianteira. Ela podia não ter querido estar ali em primeiro lugar, mas estava animada com a ideia — Vamos ver o que tem no Salgueiro. Acho que os marotos não estão aqui. Querem encrencar você.

Snape seguiu Rhea por entre as pedras.

— Você acha que é algum professor?

— Talvez — ponderou, balançando a cabeça e colocando seus neurônios para funcionar —, mas era tão magro.

— Pode ser Tottenwall. Rhea! — disse ele, colocando a mão em frente ao corpo dela. O impacto foi como um soco no estômago — O segredo que disse que Tottenwall escondia...

Rhea arqueou as sobrancelhas.

— Que é que tem?

Snape olhou para cima.

— Hoje é lua cheia...

Franzindo o rosto, Rhea olhou para o céu. Estava limpo, uma nuvem aqui e outra ali, deixando a mostra a circunferência brilhante da lua.

Rhea observou, achando-a linda.

— E daí que é lua cheia?

— O segredo do Professor Tottenwall... ele é um lobisomem! Foi isso que descobriu sobre ele, não foi? Deve estar se transformando agora mesmo onde for que essa passagem leve!

— Oi? — perguntou, querendo rir — Quem foi que disse que descobri que Tottenwall é um lobisomem?

Snape olhou para ela com desdém, como se Rhea fosse burra.

— Ora, vamos, pode admitir para mim. Disse que Tottenwall tinha um segredo. O Potter e seus amigos têm investigado o Professor tanto quanto você...

Rhea quis rir. Parecia uma teoria absurda. Snape era um aluno realmente muito inteligente, mas tinha um raciocínio prático tão burro que incrivelmente sempre chegava à conclusão errada, mesmo que todas as ideias estivessem certas. Quer dizer, não haveria como Tottenwall ser um lobisomem. Chegava a beirar o ridículo da coincidência. Havia ouvido aquela palavra praticamente todos os dias desde que chegara, fosse por ser acusada de ser um, fosse para criar a poção. E Sirius conhecia um, que de forma alguma poderia der Tottenwall, porque o professor só havia começado em Hogwarts naquele ano. O que significava que, se Snape estivesse certo, teriam dois lobisomens em Hogwarts, o que seria coincidência demais.

— ... Então Black me manda até aqui, em plena lua cheia, e vemos um homem desaparecer por uma passagem...

E ainda tinha essa! Tottenwall podia ser alto como a sombra que sumiu pelo Sangueiro Lutador, mas de certo não tinham o mesmo volume. O professor era muitíssimo troncudo. A figura não. Era fina e um tanto magricela, como R...

Ah.

Ah, Sirius...

Bom, agora não preciso mais esconder — mentiu Rhea a Snape, vendo-o oberva-la com espanto —, vi Tottenwall matar um bicho papão da Sala dos Professores. Era uma lua cheia.

Snape arregalou os olhos.

— Merlim! Rhea, você precisa contar isso para os outros! — exclamou, tão enojado quanto surpreso — Não podemos continuar a ter aulas com ele! Esse tempo todo... que horror. Que desgosto.

Rhea desviou o olhar.

— É melhor irmos embora.

Snape segurou seu braço.

— Está brincando? Precisamos ver com nossos próprios olhos.

Rhea tirou violentamente a mão de Severo de sua pele.

— É perigoso, seu idiota! — não, Snape, você não pode ver com seus próprios olhos — Se soubesse que era isso, sequer teria vindo.

— Está com medo? — debochou Severo.

Ah, que boçal...

— Claro que não — rebateu —, mas também não sou burra.

— Acha que o Lorde das Trevas quer covardes com ele? — perguntou, provocativo. Snape adorava apontar o porquê seria um servo melhor que Rhea — Volte para a segurança do Castelo se quiser. Eu vou entrar — continuou, puxando a varinha e aquietando os galhos com um feitiço.

Rhea segurou Snape pela capa.

Não — retrucou, firme. Tão firme que viu Snape tremer por um instante — Eu vou.

Não que ela quisesse ir. Não planejava ser atacada por um lobisomem quando encontrou Snape
no hall de entrada. Mas, se Rhea estivesse certa, a última coisa que poderia acontecer naquela noite era Snape descobrir a verdade. Se a transformação ainda não tivesse acontecido, e ele o visse... Rhea não podia deixar aquilo acontecer. Além do mais, mesmo que odiasse Snape, não queria ser parte culpada caso o pior acontecesse com ele.

— Fique de guarda. — pediu, esgueirando-de pela passagem do Salgueiro Lutador — Lembre-se que isso ainda pode ser uma pegadinha dos marotos, grite se acontecer alguma coisa.

Snape sorriu maldosamente.

— Certo.

Com um novo sentimento crescendo em seu estômago, Rhea entrou no túnel.

Estava totalmente escuro, e ela precisou sacar a varinha para enxergar alguma coisa. Nunca tinha estado ali antes, mas se recordou de já ter visto o túnel uma vez, quando Sirius lhe mostrara o Mapa do Maroto. Fazia sentido agora. O túnel levava à Casa dos Gritos, o edifício mais mal assombrado da Grã Bretanha, onde se ouvia gritos e uivos.

Bem...

Rhea talvez estivesse com um pouco de medo agora.

— Argh!

Rhea se assustou com o grito de Snape, olhando para trás com o coração disparado. O sonserino ajeitou a capa com uma dignidade forçada e resmungou.

— Um rato. — rangeu. Rhea bufou. Já havia avançado alguns bons metros no túnel.

— Céus, Severus! Quase me mata de susto!

Mas Snape parecia ainda mais acovardado que ela. Rhea o viu olhar para ambos os lados antes de precipitar-se pela entrada também.

— Está maluco?

— Não vou ficar lá fora sozinho, se...

A distância, uma terceira figura surgiu pelo buraco do túnel, e Rhea lançou-se imediatamente para trás de uma rocha presa à parede. Severus pareceu confuso ao vê-la se esconder, olhando para trás com a varinha levantada.

— O que está fazendo aqui? — Rhea reconheceu a voz de James Potter. Saiu de trás de seu esconderijo cheia de alívio, mas James não chegou a vê-la, ocupado em arrastar Snape pelo buraco.

— Vim ver o lobisomem que essa escola esconde. — Rhea ouviu Snape cuspir. Já tinham subido pela passagem e Rhea não podia mais vê-los. Começou a correr de volta para alcançar a entrada.

Mas as vozes não foram tudo que ouviu.

Um uivo afiado fez tremem cada partícula arenosa daquele subsolo, enchendo o corpo de Rhea com a sensação gelada do pavor. O caminho de volta de repente pareceu muito longe a medida que Rhea torcia o pescoço para trás.

Então ela o viu.

A criatura era gigantesca. Ainda maior do que os lobos que viviam pela Floresta Proibida, mais humanoide e mais musculosa. O focinho era ligeiramente mais curto, mas os olhos eram tão assustadores quanto um bicho papão. Rhea deu um passo para trás ao se ver a apenas alguns metros de distância dele. Sabia que podia ouvir seu coração batendo, cada vez mais acelerado.

— Vamos! — James gritou do lado de fora — Vamos, Severus!

Silêncio.

Severus...

— Rhea está lá dentro.

Ouviu-se um latido. As pernas de Rhea tremiam, ela apontou a varinha cautelosamente para o lobisomem.

— Como é? — James perguntou, ofegante.

— Rhea está no túnel. Entrou antes de mim, deve...

Rhea parou de ouvir.

O lobisomem avançou em sua direção.

Seu primeiro instinto foi correr, mesmo sabendo que não ganharia do animal em uma corrida. Não importava, suas pernas funcionaram mais que seu cérebro.

Bombardia! — exclamou, fazendo algumas pedras caírem — Reducto!

Talvez o tenha atrasado — não se virou para olhar. As pernas e os pulmões queimaram. Estava perto, estava tão perto...

Algo atingiu suas costas e ela caiu no chão, esforçando-se para se virar. Sentiu as patas dianteiras pressionarem seus ombros. Os olhos eram ainda mais aterrorizantes quando vistos de baixo, com o animal sobre ela. Todo o ar foi embora.

— S-sou eu — tentou falar, e saiu como uma lufada —, por favor, sou eu, Rhea...

Mas claro que o lobo não a conhecia. Seu instinto era para matar.

Ela apertou os olhos. Não sentia a dor devido à adrenalina, mas tinha consciência da posição esquisita de seu braço em meio aos pedregulhos. Quis chorar, o bafo quente da criatura próximo demais de seu rosto.

Por favor...

Então outro barulho muito alto rosnou pelo túnel, e de repente o lobo não estava mais sobre ela. Rhea abriu os olhos, arfando. O lobo agora lutava contra outro animal.

— Levanta — disse alguém, puxando-a pelo ombro. Rhea se assustou e tentou levantar a varinha, mas seu braço não obedeceu. Finalmente gritou de dor, vendo seu cotovelo torcido — Sou eu, Rhea. Vamos!

James praticamente a levantou do chão sozinho. Uma queimação excruciante subiu pela panturrilha, e Rhea não conseguiu se manter em pé, caindo mais uma vez. Dessa vez sequer conseguiu por o braço na frente, batendo a testa nas rochas. Tudo ficou muito embaçado e escuro, como se visse através de uma fotografia. O mundo girou quando foi puxada por James mais uma vez, e algo muito quente escorreu por seu rosto, pingando sob o cílios. Conseguia ouvir os sons da briga atrás de si.

— Ajud... — Rhea não conseguia falar, mas estava angustiada. Preocupada. Devia fazer alguma coisa...

— Só mais um pouco — James respondeu, mas soou como um grito, e Rhea ficou muito tonta.

Não consigo, queria dizer, mas não disse, porque não conseguiu.

Pensou que fosse vomitar quando James a empurrou passagem afora, e Peter agarrou seu braço torcido para tira-la de lá.

Ouviu-se o barulho nauseante de seus ossos. Rhea pensou ter ouvido um grito, que podia ter sido o seu. Alguém a deitou na grama.

Então as estrelas se apagaram, e Rhea caiu na inconsciência.

—————————————-
Demorou, mas saiu! A pegadinha, senhoras e senhores...

Desculpem pela demora. Primeiro que eu to com um bloqueio criativo horrivel, depois q eu comecei a estagiar e ficou um pouco mais dificil de arranjar tempo. De qualquer forma, fiquem tranquiles que NÃO VOU ABANDONAR!!! Pode demorar, mas o cap vai sair!!

Enfim, espero que tenham gostado! Talvez o prox saia semana que vem.

xoxoo

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