A física entre nós [CONCLUÍDO]

By autora_verbena

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Rafael está ferrado. Perto de reprovar em física, se vê desesperado. A matéria parece não entrar na sua cabeç... More

Elenco e Informações
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capitulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete - BÔNUS
Capítulo Trinta e Oito
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo Dezessete

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By autora_verbena

ELENA ANDRADE 

Em algum momento da noite de terça-feira, eu tinha aceitado que seria impossível ficar longe de Rafael. Por isso, aceitei a queda e decidi que daqui para frente não reprimiria mais nada, deixaria as coisas rolarem entre a gente, sem pressão. 

O que eu não aceitava era ouvir piadinhas de Renan e Nabim às 07:30 da manhã, por causa do fofoqueiro do meu irmão. Eu esperava a vingança de Heitor, tudo isso porque chamei a namorada dele de abraçadora de árvores, só não imaginava que seria tão baixa. Enquanto levava Rafael para casa, o ridículo do meu irmão foi correndo contar sobre o jantar e para ajudar, Renan contou sobre o que aconteceu no laboratório. 

Assim que entrei no meu quarto, meio zonza dos últimos momentos no carro, me deparei com meu irmão com um sorriso de quem ia infernizar a minha vida. A promessa do seu sorriso foi cumprida com êxito. No café da manhã, ele fez questão de contar para mamãe e papai sobre segunda e ontem. Fui obrigada a ouvir um puta sermão sobre perder aula e ficar com pessoas nas dependências do colégio.

Heitor fez a sua jogada, aceitei o sermão quieta. Mas não deixaria passar. 

— Vê, Nabim, Elena foi acertada pela flecha do cupido. 

— Quase posso ver os coraçõezinhos nos seus olhos. 

É bom rirem agora, seus filhos da puta. Vai ter volta. 

— Tá bravinha, Elena de Tróia? — pergunta Renan, apertando as minhas bochechas e forçando um sorriso no meu rosto. 

Bato na sua mão, com força. 

— Para, porra! 

Os dois riram ainda mais com a minha resposta.  Fazendo as pessoas em volta olharem na nossa direção, porém, ao notarem a minha expressão fechada, passiva- agressiva, voltam-se para suas conversas. 

— Não seja chata, Elena. A gente só tá brincando. — Nabim fala, meio se desculpando, mas não deixa de rir. 

— Brincando, acredito — Renan e Nabim se deliciavam em poder fazer a minha vida amorosa de pauta. Ri mesmo, Renan. Deixa a Livia te dar mais um não e vamos ver quem vai estar rindo.

Renan parece saber o que estou pensando e seu riso morre. Mas como ele não podia perder a chance de me provocar, diz: 

— Olha lá, Elena, senão é o seu Paris. 

Estou virada de costas para a entrada, e mesmo não querendo dar a satisfação para Renan, me volto para a entrada, a tempo de ver Rafael passar pela catraca. Percebo que acatou meu pedido de ontem, os óculos emolduravam seu rosto. 

Nunca imaginei que me sentiria atraída por homem de óculos, mas ontem ao ver Rafael puxá-los da mochila e colocar no rosto. Senti um calor subir. Fiquei excitada por causa de um óculos. Ontem, quando pedi para usar mais vezes, não esperava que aceitasse a minha sugestão. 

Rafael me encara ao passar próximo da mesa que estamos sentados. Não consigo frear o sorriso de canto. Rafael, em contrapartida, cora um pouco. 

— Que fofo! Você fez o Paris corar, imagina como ele vai ficar quando te ver pelada. 

No exato momento que Renan fala isso, um garoto do sexto ano passa pela nossa mesa e derruba os livros que levava na mão. Quando olha para nós três e principalmente para mim suas bochechas ficam tão vermelhas, quase penso que vai explodir.

O menino começa a balbuciar desculpas apressadas, Nabim, querendo livrar o menino de maiores constrangimentos, pega os livros e entrega para o garoto. 

— Olha o que você fez, achei que o menino fosse morrer na nossa frente. 

Renan dá de ombros, não se compadecendo da situação do menino. 

— Quando vai fazer a peregrinação até Meca? — pergunto para Nabim, mudando de assunto.

— Ano que vem, meus pais querem esperar o colégio acabar.

Nabim já tinha explicado melhor sobre o Haje, a peregrinação até a cidade santa de Meca. E sobre os outros pilares do Islã, contudo, eu não conseguia entender muito bem. Não via sentido em ir à uma cidade para rezar. 

— Você está fazendo aquela cara de confusão. — avisa Renan.

— É que para mim, não faz sentido. — digo meio me desculpando com Nabim, sei o quanto a fé é importante para ele. 

— Eu sei, Elena. Nem todo mundo entende porque não bebo, não fico com outras pessoas ou vou me casar virgem. E tudo bem, você foi criada de uma forma completamente diferente da minha. Para você, a religião pode ser limitante, mas para mim não. Por que cristãos vão à Jerusalém? Para se conectar com o Deus deles, eu vou para Meca pelo mesmo motivo. Não porque preciso reafirmar a minha fé para alguém, mas porque para mim, é um sinal da minha própria fé.

Reflito sobre as palavras de Nabim. Por sempre ter sido tão ligada à física e teorias que buscavam entender a origem do universo, nunca fui muito crente. A ideia de um criador divino que criou tudo e tem poder sobre a minha vida, destino em vida e em morte, nunca me agradou. Apesar de não descartar a hipótese do criador divino, não é a minha primeira opção de crença.

O sinal bate antes que possa responder Nabim. Sorrindo tranquilo, ele me chama para subir para sala. Não esperando resposta, ele sabe que não precisa de uma. 

Eu respeito as suas escolhas e eles as minhas. Simples assim. 

*

No meio da aula de história, Fernando coloca a cabeça para dentro da sala, falando que precisa falar com Milena. O rosto de Milena não parece dos melhores, as mãos apertam os braços, ela era uma das que estava por um fio na matéria dele. Por algum motivo a lembrança da nossa conversa volta na minha cabeça. Toque no pescoço e à proximidade desnecessária.

A sensação ruim que se alastrou como fogo através das minhas veias. E me deixou mal o resto do dia.

Maurício a libera, ela sai pela porta e Fernando a fecha. 

— Hoje eu quero trazer uma proposta diferente. Vamos fazer um trabalho em sala, vou colocar os temas na lousa e escolher as duplas...

A fala é interrompida pelas negativas. A minha sala é composta por panelinhas, as únicas atividades que unificam a turma é o interclasse e festas. 

— Não quero saber de reclamação. Fazer o trabalho com outras pessoas vai ajudar vocês e nem sempre estarão rodeados de amigos. Levem isso como aprendizado.

Renan olhou para mim com a cara fechada. Nenhum de nós três gosta de trabalhar separado. Os professores por saberem que muitos alunos evitam Nabim, nunca nos separam. Pelo visto, Maurício quer mudar isso.

— Agnes e Nabim. 

Nabim emite um suspiro baixo e vai até a sua par. 

— Clara e Elena. 

Pego o material e vou para sentar próxima de Clara. Conforme as duplas são anunciadas, a configuração da sala muda. Com a carteira encostada na de Clara organizo o material necessário para a pesquisa. 

— Lúcia e Diego, Mateus e Milena…

— Rafael e Renan.

 Puta. Que. Pariu. 

Do outro lado da sala, o sorriso maldoso de Renan se expande. Posso ouvir a sua voz na minha cabeça: 

Vou ser a dupla do seu Paris, Elena de Tróia. 

Nabim olha para mim, disfarçando a risada com uma tosse falsa.

— Seus amigos parecem se divertir com as escolhas de duplas. 

Volto a atenção para a minha dupla ao ouvir sua voz. 

— Eles estão se divertindo mesmo. Mas, não vai durar muito. 

— Prefere qual tema? 

Na lousa estão inscritos todos os acontecimentos da Guerra Fria. Desde a construção do muro à Primavera de Praga. 

— Guerra do Vietnã, pode ser? 

Clara confirma e passamos o tema escolhido para o professor. Ficamos os primeiros minutos em silêncio, colhendo as informações e referências. Escolho o filme: The Post - A Guerra Secreta como opção de filme. 

— Então… — Clara começa, dando a entender que suas próximas palavras não vão ser sobre o trabalho. — Ele está melhorando? 

— Sim, está sim. 

Clara fica aliviada ao ouvir.

— Ele me contou das aulas e como você tem ajudado, muito obrigada. 

Fico sem graça, sem saber como responder.

— Não foi nada. — dou de ombros, sem dar muita importância. 

— Ele me contou sobre a segunda. 

— Imaginei.

— E vocês estão ficando? 

— Não sei. 

Decido ser sincera. Não sei se estamos na mesma página. Eu posso ter cedido as minhas vontades e estar disposta a dar continuidade no seja lá o que temos. Contudo, não posso escolher por ele. 

— Sei como é — tiro os olhos das minhas anotações. E olho para Clara, suas bochechas estão vermelhas de vergonha. Seu foco, ao contrário do meu que está nela, são as traças rosas da namorada sentada um pouco mais a frente. — Vou te contar uma coisa que nem Rafael sabe. 

Perplexa pela confiança depositada em mim. Arrumo a melhor postura na cadeira.

— Eu sempre fui muito tímida, Rafael era meu único amigo até Lúcia e Mateus chegarem. Por sermos as únicas meninas do grupo, nos aproximamos naturalmente. Fui ficando cada vez mais encantada por ela, achava que era admiração, mas com o tempo os sentimentos foram ficando mais nítidos. Até que um dia, ela me chamou para dormir na sua casa e rolou…

Suas bochechas avermelharam ainda mais no final da fala, deixando implícito o significado de rolou.

— No outro dia, não sabia como lidar com Lúcia, meus sentimentos conflitantes. Ela não foi a primeira pessoa com quem transei, mas, com certeza, foi a primeira que fiz amor. Tentei fingir que tudo estava bem, tentava passar uma imagem confiante enquanto chorava sozinha sem conseguir me entender, não era capaz de olhar para Lúcia, nem mesmo para o Rafael. Eu me isolei. E quando tudo passou, os sentimentos tornaram-se claros e eu fui capaz de chegar em Lúcia e dizer que era e sou apaixonada por ela. 

Clara puxa uma respiração antes de continuar. 

— O ponto é: dê tempo ao tempo. Não corram, curtam seja lá o que tem no momento. Evitem o futuro, aproveitem o presente. 

Sem saber o que responder. Concordo com ela. 

— Agora, vamos passar isso a limpo, porque a sua letra é um pouco difícil de entender. 

Dou risada da sua fala e olho para as minhas anotações. Realmente, minha letra é pequena, eu misturo duas letras transformando-as em uma só.

Com o tempo pode ser que ela melhore. Como tudo melhora. 

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