A física entre nós [CONCLUÍDO]

By autora_verbena

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Rafael está ferrado. Perto de reprovar em física, se vê desesperado. A matéria parece não entrar na sua cabeç... More

Elenco e Informações
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capitulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete - BÔNUS
Capítulo Trinta e Oito
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo Dezesseis

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By autora_verbena


RAFAEL MONTEIRO. 

Certas decisões parecem ser as melhores no momento de empolgação e desejo de agradar os outros. Porém, quando a euforia passa e você percebe que está sentado ao lado da sua professora particular com os pais dela e o irmão num jantar que lembra muito a apresentação de um namorado a família, a decisão não é lá tão boa assim.

Sentia na pele os sentimentos de Elena no dia do jantar em minha casa. Mesmo sua família sendo bem divertida, é inevitável não sentir uma pressão.

— E você, Rafael, quais são seus gostos? — questiona Lucas, pai de Elena e Heitor, ele sorri leve, pronunciando o nervo morto da boca. Ele tinha comentado mais cedo sobre ele. Segundo Mariana, o seu sorriso torto é seu charme. 

— Eu gosto de séries policiais e investigativas, e desenho de vez em quando. 

— Desenha? — confirmo. — Animais, pessoas? 

— Um pouco de tudo, normalmente paisagens e pessoas, agora estou arriscando nos animais, mas não estão bons. 

— É prática. Finalmente tenho alguém que gosta de desenhar, porque esses dois — faz um gesto indicando Heitor e Elena — não desenham nada. Nem parece que são meus filhos. Não puxaram nada meu. 

— Não é assim também, Lucas. Eles puxaram você sim. 

— Onde? Só por serem bons em exatas já é um contraponto na sua fala. 

— Eles puxaram seu gosto por mitologia. 

Como se para confirmar a fala da mãe, Heitor e Elena mostram as tatuagens do antebraço. Um guerreiro espartano e a Medusa. 

— Pelo menos isso. Sabe, Rafael, ter três pessoas que são de exatas em casa não é fácil. Elena com 9 anos vinha falar de teoria do big bang e buracos negros por causa de documentários, Heitor vinha falar sobre as pirâmides do Egito, torre de babel. E eu entendo disso? Não.

Estamos todos rindo da forma que Lucas expõe seu ponto de vista. 

— Eles ligavam nos documentários e eu voltava à época da escola. O professor de física ou de matemática entrava na sala para dar aula, a minha cabeça viajava automaticamente. Era instantâneo, começava a aula, a minha cabeça ia longe pensando em música ou cores. 

— Eu sei como é. Luis fala: A aula de hoje será sobre… Eu já estou pensando no próximo desenho. 

A tensão que estava sentindo foi embora, agora me sentia confortável entre eles. Lucas tinha um magnetismo natural, chamava todos para a sua bolha alegre e extrovertida. Elena também tem o magnetismo do pai, apesar de passar a mensagem passiva-agressiva, é difícil não notar quando chega. Ela atrai a todos com seu charme rude. 

— Rafael por causa do arcanjo Rafael? — pergunta Mariana. Não entendo muito bem o porquê da pergunta. Entretanto, respondo da mesma forma. 

— Não sei, acho que meus pais só acharam bonito mesmo.

— Você sabia que os nomes deles são inspirados em Tróia? 

— Ela vai contar a história de novo. — Elena fala para Heitor, fingindo que ninguém está ouvindo. 

— Vai, dessa vez é por sua causa. — A resposta de Heitor faz Elena revirar os olhos. 

— Você conhece a história de Tróia? — concordo com a cabeça. 

— Eu e Lucas estávamos na Grécia, fazendo um mochilão, a gente ainda não se conhecia nessa época. Éramos dois jovens pelo mundo. Nos esbarramos no Parthenon e logo rolou uma identificação, ficamos conversando enquanto exploramos as ruínas do templo. Durante o passeio conhecemos um senhor, grego, setenta e poucos anos, ele contava as histórias de Homero.

"Chegamos bem na hora que ele inicia a narrativa de Tróia, então, eu e Lucas cansados de olhar as ruínas paramos para ouvir o senhor. Seu inglês era carregado e às vezes não entendíamos muito bem. Ele contou as duas versões, a primeira: Helena era sequestrada por Paris e levada à força para Tróia e a Grécia inteira se unia para salvar a rainha de Esparta.  E a segunda: Helena fugia de Menelau para Tróia com o príncipe Paris. E depois vem toda a guerra."

Todos nós ouvíamos com atenção. Elena e Heitor mesmo tendo provocado a mãe antes dela começar a história, observavam Mariana com carinho. Sabem aquela história de cor, mas ouviam como se fosse a primeira vez. E Lucas… Lucas tinha os olhos brilhando e um sorriso leve no rosto enquanto ouvia sua mulher contar.

"O ponto é. Eu e Lucas ficamos horas e horas debatendo as versões. Eu prefiro a segunda. Helena era uma mulher e rainha num tempo difícil, direito de escolhas nulas. Sua beleza era o principal e por isso não viram o que demais ela tinha. Então, ela escolheu por si e teve que lidar com as consequências. O foco aqui não é a guerra em si. Não vou falar sobre Paris porque ele não merece. Ai vem Heitor e Aquiles dois heróis com propósitos diferentes. Se de um lado temos o Príncipe Heitor, do outro temos Aquiles, o grande semideus banhado no rio Estige. Imbatível, imortal a não ser um ponto vulnerável, o calcanhar."

Mariana pausa e toma um gole de vinho. 

"Eu prefiro Heitor, ele tinha um filho e uma esposa e mesmo assim foi para o campo de batalha. Lutou contra Aquiles, morreu pela espada do semideus. Pode-se pensar que ele não foi herói. Heitor lutou contra quem sabia que não tinha chances. Lutou pelo seu filho, esposa, irmão e povo. Já Aquiles lutava por fama e honra, ele é um guerreiro e morreu por uma flechada como soldados morrem. Depois de horas de discussão foi nessa análise que chegamos. Lucas e eu começamos a namorar três dias depois de nos esbarramos no Parthenon. Heitor é em homenagem ao príncipe da Ilíada de Homero. E Elena é Elena porque tem a beleza da de Tróia e capacidade de decidir o próprio destino igual aquela que inspirou seu nome." 

*

Depois da finalização da história, comemos a sobremesa e eu me preparei para ir embora. Elena iria me levar para casa, sem Heitor dessa vez. 

O trajeto foi feito num silêncio confortável. As palavras de Mariana continuavam rondando por meus pensamentos. Nunca tinha pensado pelo o ponto de vista que apresentou. Tróia para mim, é luta e conquista, mas, depois de escutar sobre o símbolo de herói que Heitor representa, entendo a razão de dar a seu filho esse nome. 

E Elena, linda como a Tróia e decidida igual aquela que também é a razão de seu nome. 

Parados na frente da minha casa espero a vontade de sair vir, contudo, ela não vem. Quero continuar sentado no banco do carro. 

— Elena de Tróia? — chamo-a. 

— Você não começa. 

Virados um para o outro com a cabeça apoiada no encosto do banco. 

— Sua mãe está certa, você é como ela. 

Forte, decidida e linda.

Suas bochechas coram. Deve ser a primeira vez que vejo suas bochechas adquirirem o tom avermelhado. A luz amarelada do poste ilumina seu rosto. Ela me lembra uma ninfa. Bonita e sedutora. 

Nos aproximamos de forma inconsciente. Sua respiração faz cócegas no meu rosto. Sem aguentar nem mais um minuto, a puxo para um beijo. 

Suas mãos se embrenham no meu cabelo, e as minhas mãos buscam seus fios, também. 

Sua língua e a minha conectam-se. Seus dentes mordem e puxam meus lábios. Desço a mão pelo seu corpo, apertando e segurando. Nosso beijo é quente e íntimo, dançamos uma coreografia conhecida. 

Estou perdendo a cabeça. 

Cada movimento da sua língua gera um arrepio. Mordo seu lábio inferior. Aperto sua bunda. 

Elena me enlouquece. Me tira do eixo.

Nos afastamos para respirar. 

Ela passa a unha pela armação do óculos, contorna meu maxilar e passa o dedo indicador pela minha boca. 

— Usa óculos mais vezes. 

Com um último selinho, ela se afasta. Entendendo a deixa, saio do carro. E da porta de casa, vejo a rainha dominar um pouco mais do território do meu coração.

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