Muita coisa havia acontecido em Beacon Hills nos últimos tempos, o mais impactante até agora foi chamado de Sacrifícios humanos.
Depois de seguirem o conselho de Deaton, um veterinário local e grande conhecedor do mundo sobrenatural. Scott McCall, Allison Argent e Stiles Stilinski mergulharam em banheiras de gelo com apenas um propósito, Achar seus pais, que haviam sido sequestrados por um Druida negro.
Mas o que nenhum deles sabia, era que fazer isso traria grandes consequências para suas já complicadas vidas.
Allison não conseguiu mais ficar firme em sua posição de caçadora e Scott se transformava em lobisomem sem a sua vontade.
Mas parece que o pior havia caído sobre Stiles. O garoto não conseguiu mais distinguir a fantasia da realidade, não tinha mais a capacidade de ler e tinha sonhos estranhos e assustadores todas as noites.
Não deixe eles entrarem. Era o que ficava repetindo enquanto dormia. Os sonhos sempre terminavam da mesma forma, com o Nemetom e uma garota.
Agora. Naquele exato momento sentado junto aos amigos em uma mesa ao ar livre, so o que ele conseguia pensar era nela.
Quem era ela? Porque ela sempre aparecia em seus sonhos? Ela era real.
Perguntas como essas ficaram o atormentando o dia todo. Ele já estava começando a pensar que estava ficando louco.
— O que acontece com uma pessoa que passou por uma experiência de quase morte e volta vendo coisas? — A voz de Scott tirou Stiles de seus pensamentos.
O humano virou a cabeça na direção do amigo e complementou sua pergunta.
— E que é incapaz de dizer se essas coisas são reais ou não.
— E é assombrado pelas visões de um familiar morto. — Completou Allison se referindo a sua tia psicotica chamada Kate.
— Os três estão aprisionados por que estão loucos. — Isaac Lahey respondeu.
— Será que dá pra você pelo menos tentar ajudar? Por favor? — Stiles revirou os olhos.
— Eu passei metade da minha infância preso em um freezer. Ajudar é algo novo pra mim, então... — Isaac retrucou.
— É serio? Você ainda usa essa história?
— Sim, eu uso.
Não muito longe dali, Kira Yukimura, uma aluna novato, observava o grupo de amigos a algum tempo. Ouvindo tudo que eles diziam.
Certa de que poderia ajudar, a asiática respirou fundo, ajeitou suas roupas e cabelo e caminhou na direção do grupo.
— Oie, desculpa eu estava ouvindo o que vocês estavam falando e talvez eu saiba sobre o que se trata. — A garota se atrapalhou nas palavras. Suas bochechas coraram com a quantidade de olhares curiosos sobre ela. — Tem uma palavra atibetana pra isso e se chama Bardo. Significa literalmente estado intermediário. É o estágio entre a vida e a morte.
— E como você se chama? — Lydia Martin perguntou olhando curiosa para a garota.
— Kira. — Scott respondeu por ela.
Todos os olhares se voltaram para o lobisomem se perguntando como ele sabia disso.
— Ela faz história conosco. — Respondeu.
— Você está falando de Bardo no budismo tibetano ou indiano, Kira? - Lydia pergunta.
— Ambos. — Respondeu se sentando ao lado de Stiles. — Tudo que vocês estavam falando, tudo isso acontece no Bardo. Existem diferentes estados progressivos onde possam haver alucinações, podem ver ou ouvir e podem receber visitas de divindades coléricas.
— Divindades Coléricas. — Isaac repetiu pensativo. — E o que é isso, exatamente?
— Demônios
— Demônios. — Stiles repetiu em um tom irônico. — Obvio. Por que não, né?
Ele não admitiria pra ninguém, mas ele estava com medo. Medo da garota em seus sonhos ser um demônio, mesmo parecendo um anjo.
– Se existem estados progressivos diferentes, qual o último? — Allison pergunta.
— A morte. Você morre. — Responde Kira.
Todos se entreolharam assustados. O silêncio na mesa disse a Kira que aquela era a hora de sair.
— Ei, Kira! — Stiles chamou pela garota.
A asiática se virou com um sorriso gentil.
— As divindades coléricas elas...podem ser outra coisa além de Demônios?
— Eu não sei responder a isso corretamente.
Stiles acentiu abaixando a cabeça.
Ela não era um demônio, não pudia ser. Ele repetiu essas palavras em sua cabeça varias vezes.
Depois da conversa estranha com a novata na escola. O grupo se dirigiu até a clínica veterinária onde encontrariam Deaton.
Eles contaram a ele tudo o que Kira havia contado a eles sobre o Bardo. O veterinário, graças a suas habilidades de Druida e seu vasto conhecimento sobre o mundo sobrenatural, ele já sabia o que tudo aquilo significava.
— Parece que o subconsciente está tentando entrar em contato com vocês.
— Ok, e como eu digo pro meu adorável subconsciente usar uma língua que eu entenda? — Stiles perguntou.
— Se lembra como eram os gestos?
Stiles levantou as duas mãos no ar e fez alguns movimentos que tinha visto o Treinador Finstok e seus colegas de classe fazerem em seu sonho.
— Era mais ou menos assim.
— Quando uma porta não é uma porta?
— Quando uma porta não é uma porta? — Stiles repetiu sem entender nada.
Aquilo era uma charada? Por que se fosse, Stiles não tinha ideia de qual era a resposta. Mas por conhecidencia ou não, Scott tinha a resposta.
— Quando está entreaberta.
— É uma charada. Meu subconsciente está querendo me mandar uma charada? Muito legal. — Disse Stiles sendo sarcástico.
— Não necessariamente. — Disse Deaton dando a volta na mesa. — Quando vocês três mergulharam na água. Quando sairam da inconconsciência para a consciência, abriram uma porta em suas mentes.
— O que isso quer dizer? A porta ainda está aberta? — Scott perguntou receoso.
— Entreaberta. — Respondeu Deaton.
— Uma porta nas nossas mentes. — Stiles repetiu mais para si mesmo do que para os outros. O medo era evidente em seu olhar.
— Eu avisei que fazer aquilo traria consequências.
— O que faremos? — Scott perguntou.
— É difícil responder. — Disse Deaton.
— Eu conheço esse olhar. — Stiles interferiu apontando o dedo na cara de Deaton. — Significa: eu sei muito bem o que está acontecendo mas não tenho ideia de como ajudar.
— Mas eu sei de uma coisa. Ter uma abertura dessa na mente não é nada bom. Vocês precisam fechar essa porta, o mais rápido possível. — Disse o veterinário olhando de um para o outro.
Stiles colocou as mãos na cintura e começou a pensar sobre o que fazer. Como diabos ele iria fechar essa maldita porta em sua mente? O que aconteceria se não conseguisse fechar? Ela sumiria quando a porta se fechasse?
Havia várias perguntas que precisavam de resposta mas infelizmente ele não tinha essas respostas e isso estava o deixando louco.
Mas havia uma pergunta que talvez Deaton pudesse responder e Stiles estava ansioso para saber a resposta.
— Nos meus sonhos existe uma garota...
Deaton e Scott se viraram pra ele esperando que ele confusos e esperando que ele completasse a frase.
— E-eu nunca a vi antes, ela simplesmente aparece e some do nada e tem o Nemetom. Meu sonho ou pesadelo sempre acaba com ela sentada em cima do Nemetom como se estivesse esperando por alguma coisa ou por alguém.
Stiles finalmente levantou a cabeça e olhou pros amigos ali presentes. Scott o encarava de boca aberta e com um pouco de decepção no olhar. Ele queria que o amigo tivesse contado isso a ele antes.
Deaton encarava o chão e parecia pensativo. Stiles levou uma das mãos até a boca roendo algumas unhas enquanto esperava ansiosamente pela resposta do veterinário.
— Você disse que nunca a viu, certo?
Stiles acentiu.
— Uh... — Deaton se afastou ainda pensativo. — Há quem diga, que se você alguma vez sonhar com o rosto de alguém que não conhece, essa pessoa está destinada a ser sua alma gêmea.
— Alma gêmea. — Stiles repetiu confuso.
— Espera aí... — Scott balançou a cabeça olhando para o amigo. — Você disse que o sonho sempre termina com ela no Nemetom, certo?
Stiles acentiu sem entender. Scott se virou para Deaton com preocupação.
— Isso pode significar que ela, seja lá quem for, é uma de nós? Uma sobrenatural?
— Talvez. — Respondeu. — Até onde sabemos essa garota pode ser só uma criação do subconsciente do Stiles.
Ela é real. Pensou Stiles. Ela tem que ser.