Doce Viagem

By dioautora

3M 279K 963K

Colegial, último ano, descobertas, festas, bebidas, drogas e sexo. Um garoto lindo, popular, pegador, capitão... More

BOOKTRAILER - Epígrafe
One
Two
Three
Four
Five
Six
Seven
Eight
Nine
Ten
Eleven
Twelve
Thirteen
Fourteen
Fifteen
Sixteen
Seventeen
Eighteen
Nineteen
Twenty
Twenty One
Twenty Two
Twenty Three
Twenty Four
Twenty Five
Twenty Six
Twenty Seven
Twenty Eigth
Twenty Nine
Thirty
Thirty One
Thirty Two
Thirty Three
Thirty Four
Thirty Five
Thirty Six
Thirty Seven
Thirty Eigth
Thirty Nine
Forty
Forty One
Forty Two
Forty Three
Forty Four
Forty Five
Forty Six
Forty Seven
Forty Eigth
Forty Nine
Fifty
Fifty One
Fifty Two
Fifty Three
Fifty Four
Fifty Five
Fifty Six
Fifty Eigth
Fifty Nine
Sixty
Sixty One
Sixty Two
Sixty Trhee
Sixty Four
Sixty Five
Sixty Six
Sixty Seven
Sixty Eigth
End
Agradecimentos e aviso!

Fifty Seven

23.5K 2.2K 12.1K
By dioautora

"Te querer me faz andar
equilibrando numa linha entre
a compreensão e a loucura,
o desejo e a desesperança

uma parte minha quer
se entregar sem pedir licença
outra parte respeita suas limitações
e as suas condições atuais

e pareço sem atitude
mas pondero sem conclusão
te querer é tão intenso
que eu não quero abrir mão."

Zach Miller (bônus)

— Tem horário pra amanhã? – A mulher peeguntou me olhando.

— Desculpe... O próximo horário apenas na próxima quinta-feira.

— Ah... – Murmurou desanimada – Pode ser então.

— Prefere a tarde?

— Sim, mais próximo do por do sol. – Ela sorriu.

— Então espero você as seis e quinze. – Sorri lhe entregando o cartão.

Seriam fotos de gestante, mesmo mais de dois anos depois as fotos de Mellory e Andrew ainda faziam sucesso, eu gosto muito de tirar fotos de família, me deixavam extremamente confortáveis.

Marcus, dono do estúdio e meu chefe fazia de tudo, festas, formaturas, ensaios sensuais, aniversários... Tudo. E eu quem o ajudava, ou ma maioria das vezes assumia tudo sozinho.

Ele se tornou um grande amigo nesse período, todas as vezes que pensei em desistir ele me manteve no caminho certo. Mas confesso que sinto saudades de ter meu próprio estúdio, apesar dele ser bem parceiro para tudo que eu precisava, e nem parece ser chefe na maior parte do tempo.

Os últimos dois anos se resumiram basicamente a trabalho, e não tinha como achar ruim passar o dia todo fazendo o que eu mais amava.

A formatura iria acontecer em poucas semanas, e eu estava em completa exitação, sem falar da ansiedade que tomava conta de mim. Finalmente estava chegando ao fim, e eu estou extremamente grato e aliviado por ter conseguido.

Além de uma confusão sem tamanho do que eu faria dali pra frente, inúmeras questões e dúvidas assombravam meus pensamentos, e finalmente tudo que tanto quis estava virando realidade e se quer sei o que fazer diante de tudo isso. 

Cheguei em casa já era tarde, Claire estava deitada em um sofá e Sabrina sentada no outro enquanto um filme qualquer de comédia passava na grande televisão.

— Vem assistir – Sabrina sorriu.

— Vou tomar um banho primeiro. – Respondi e subi até meu quarto.

O banho gelado e demorado me fez recuperar parte da energia, mas ainda preciso comer, estou faminto, vesti um calção de moletom e fiquei sem camisa, apesar de ser tarde ainda estava um calor insuportável.

— Tem o que de bom pra comer? – Falei parando na entrada da sala.

— Nada, Sabrina comeu até as paredes – Claire rolou os olhos.

Quando elas vão parar de implicar uma com a outra?

— Posso fazer panqueca se você quiser – Sabrina sorriu, simpática como sempre.

— Não precisa – Sentei ao seu lado – Vou pedir uma pizza.

— Não esquece do meu sabor favorito. – Sabrina falou e eu concordei.

— Se quer escolher os sabores paga você – Claire falou irritada e Sa soltou uma risada debochada.

No auge dos seus doze anos Claire não tem paciência pra nada e nem pra ninguém, mas ainda continua sendo um amor comigo, quer dizer, quase sempre.

Ela ainda não acostumou a morar aqui, não a julgo, isso também não aconteceu comigo. Nossa mãe está feliz, o casamento fez mais do que bem pra ela, mas eu me sinto completamente deslocado. Algo em mim não está certo.

Rainbown apareceu miando e eu o peguei no colo fazendo carinho em sua cabeça, e toda vez que eu fazia isso ele ronronava em resposta.

— Como foi o trabalho hoje?

— Cansativo, como sempre.

— Não vejo a hora de você se formar, vou comprar meu vestido essa semana, posso te mandar foto dos modelos? Você vai saber qual vai ficar melhor nas fotos.

— Pode sim, Sa. – Sorri olhando para a tela do celular enquanto fazia o pedido pelo aplicativo.

— Podemos ir a praia amanhã? – Claire perguntou sem tirar os olhos da televisão.

— Só se você não implicar com a Sabrina mais.

— Vai a merda – Disse bufando.

— Podemos sim. – Falei antes que deixasse ela ainda mais irritada.

Finalmente a empresa responsável me mandou os convites digitais, e meu corpo tremeu ao ver o fundo preto com detalhes dourado, um desenho de câmera e o nome dela no canto.

A empresa apenas tinha mandado os convites impressos, mas precisava da mídia pra mandar para meus amigos, meu pai e... Jasmine.

Eu sentia falta de todos, e o pouco tempo livre me manteve afastado de todo mundo, e é difícil pra mim.

Se Jasmine vai vir é uma incógnita, mas nunca deixaria de convida-la para um momento tão importante.

Não nos falamos muito nos últimos tempos, é tudo tão confuso e complicado, não sei explicar... A única coisa que eu sinto, é que nos afastamos.

Sem ao menos pestanejar enviei pra ela e fiquei na expectativa de uma resposta.

Jasmine Ward

Quase dois anos desde aquela ligação, um reencontro confuso e dolorido depois disso foram poucas palavras, poucas mensagens, poucas ligações e muita saudade, sentimento de impotência.

Eu já estou morando em meu apartamento a mais de um ano, tentei argumentar com meu pai, mas ele ignorou falando que já tinha feito a minha vontade por tempo demais, agora era hora dele agir por vontade própria, então quando vi me despedi do campus e vim parar aqui.

Não posso reclamar, estar no meu cantinho é ótimo.

Agora finalmente foi boa parte da faculdade, ainda falta bastante, e continua cansativo, mas tão gratificante que nem sei como explicar.

— Zach está quase se formando... – Mellory sorriu para mim enquanto a pequena escalava o meu sofá. – Chloe se você cair eu vou dar risada.

— Vem comigo. – Estendi meus braços para a pequena que pulou em meu colo. – Sua mãe é chata.

— Mãe tata – Ela concordou e eu gargalhei.

— Jasmine linda.

— Mine lina – Repetiu e eu lhe dei um beijo estalado na bochecha.

Ela tinha acabado de completar dois anos, eu ficava cada vez mais apaixonada por ela, mas passava tudo tão de pressa que as vezes parecia tão difícil acompanhar seu desenvolvimento.

— Quando você estiver dodói vai com a Jasmine linda. – Mellory olhou para Chloe com olhar intimidador. – Ouviu o que eu falei sobre Zach?

— Ouvi e estou ignorando, obrigada.

— Andrew quer ir pra lá... Você quer ir junto?

— Sim Mellory, vou tirar um convite do cu e vou ir. – A encarei irritada.

— Não fala palavrão perto dela!

— Desculpa – Falei assustada tapando a boca com a palma da minha própria mão enquanto Chloe nem prestava atenção em nós.

Ok, talvez dizer que foram poucas palavras é exagero, ele me liga pelo menos uma vez ao mês pra conversar, mas só serve pra eu sentir mais e mais saudade, já que não conversamos sobre nós dois, apenas o que cada um está fazendo da vida e se estamos bem, parece que existe um abismo entre nós dois.

— Queria ter ido junto ontem – Mel murmurou sobre uma festa.

— Não foi porque não quis, Andrew ia ficar cuidando dela pra você.

— Eu não sei como faz pra ficar longe desse ser. – Mel ainda não tinha retornado a faculdade, enquanto Andrew estava quase finalizando a dele. – Ficou com alguém?

— Sim – Murmurei sem animação.

— Isso é tudo? Você nunca vai a nenhuma das festas e quando vai fica assim?

— Me deixa – Rolei os olhos.

Eu tinha tido alguns rolos durante esse tempo, nada importante e nada forte o suficiente pra diminuir pelo menos um pouco desse sentimento.

Eu sinto tanta falta dele que dói pra respirar, como explicar isso? Namoramos pouco mais de dois meses, fomos responsáveis por machucar tanto um ao outro, e mesmo assim. Eu penso nele tanto que chego a ficar irritada.

Como eu queria que as coisas tivessem tomado um rumo diferente, que nós não tivemos nos afastado tanto, que ele não estivesse morando a quilômetros de distância, a vida e seus caminhos machucam tanto as vezes.

O pior disso tudo que eu não faço ideia de qual seja o sentimento dele por mim, pelo que eu sei ele pode estar apaixonado por alguém, construindo uma casa e pensando em nunca mais voltar.

Ok, isso só faz sentido na minha cabeça. Já que Andrew é tão insuportável quando a Mellory, ele tem mais contato com Zach e faz questão de me falar tudo que sabe, o que não me deixa menos paranoica e perdida.

Zach está quase concluindo a faculdade, de quebra fez mais um curso de edição e cada foto que ele postava era maravilhosa e não posso negar o tamanho do meu orgulho.

Mel foi pra casa pouco tempo depois, era domingo a tarde e eu suspirei me jogando no sofá.

Encarei a gata que estava ao meu lado e sorri lembrando de Rainbown. Eu adotei ela no exato dia em que me mudei.

— Você adoraria conhece-lo, Panqueca. – Ok, não sou muito criativa com nomes.

Mexi em coisas aleatórias em meu instagram, algumas fotos da noite anterior resultou em alguns flahsbacks, confusos e vergonhosos.

"— Eu não vou mais deixar você beber – Amanda resmungou tirando a garrafa de cerveja da minha mão.

— Você não precisa deixar nada, eu faço o que eu quiser – Mostrei a língua feito uma garota mimada. – Cadê aquele cara? Aquele do cabelo preto que beijava bem?

— No banheiro, ele te falou.

— Ah sim...

— Viu? Chega de beber.

— É só assim pra eu conseguir beijar outras bocas, me deixa.

— Desisto de você – Ela rolou os olhos e saiu quando o cara voltou.

— Quer que eu te leve pra casa? – Ele sussurou em meu ouvido e eu tive um momento de clareza e sensatez para negar com a cabeça.

— A festa é aqui. – Sorri e ele passou a mão pelo meu rosto segurando meu queixo em seguida uma mordida em meu lábio.

— Mas pode ser no teu quarto...

— Acho que pode... – O encarei e ele sorriu – Quando eu estiver sóbria. – Sussurei no seu ouvido e ele soltou um riso abafado balançando sua cabeça em negação.

— Então outro dia?

— Quem sabe. – Dei os ombros antes de lhe beijar."

Depois disso não lembro de quase nada, apenas de vomitar no carro enquanto Amanda me levava pra casa. Depois disso ela me dando banho enquanto eu chorava e falava sobre Zach.

Eu me odeio. Odeio por não esquecer. Me odeio por nem se quer tentar esquecer.

(...)

— Eu não sei, realmente, eu não sei. – Falei para Amanda enquanto encarava a foto do convite na tela do meu celular.

— O que te impede?

— Final de semestre? Milhares de coisas pra ler e estudar? Inúmeras provas?

— É... Todos esses são argumentos válidos, mas você não parece querer usar nenhum deles como desculpa.

— Vou pensar – Falei guardando o celular no meu bolso.

— Vai pensar no que? Você já sabe o que quer, para de fazer drama Jasmine. É só deixar algumas coisas de lado e ir, é só um final de semana e eu sei o quanto significa pra você e pra ele.

Não preciso mencionar que Amanda é uma amiga maravilhosa, apesar de não passarmos tanto tempo juntas já que ela continua no campus, ela ainda me ajuda muito, em tudo, e sempre que pode fica enfiada no meu apartamento.

(...)

Como Amanda disse, não precisei pensar muito pra decidir que eu iria sim, apesar de ter um sentimento estranho sobre tudo isso. Algo que me impedia de ficar feliz ou confortável com essa situação.

— Esse vestido é maravilhoso – Mel falava a mesma coisa sobre cada peça que eu vestia.

— Não sei... Não gostei.

— Você tem certeza que quer ir? A formatura é em dois dias e você ainda não escolheu nada. – Me olhou compreensiva, o que era estranho.

Normalmente ela falaria algo como "ou você vai ou vou te bater".

— Não sei Mel, estou com um mal pressentimento.

— Sobre o que? Sobre Zach? Sobre a formatura? Sobre a viagem?

— Sobre... Eu não sei explicar Mel, algo não está certo, um sentimento estranho.

— Ele ainda te ama.

— Não estou com medo de encontrar com ele, é só que...

Meu celular começou a vibrar em meu bolso, era meu pai.

— Alô meu bem – Falei feliz ao atender – Posso te ligar dep...

— Jasmine? Você consegue vir pra cá hoje?

— Pai? Porque?

— Sua mãe sofreu um acidente em casa, está no hospital.

Meu coração parou, meu corpo travou, e eu senti que iria desmaiar.

— Ela... Está tudo bem?

Eu acho que sim, mas Ainda não tenho respostas dos médicos Mine – Suspirou, parecia tão preocupado. – Não fica nervosa, só vem.

Como não ficar nervosa? Me diz?

— Ta bom pai. – Falei com a voz trêmula enquanto segurava o choro.

Não precisei falar nada para Mel, a mesma me ajudou a tirar o vestido, me vesti com pressa e saímos andando rapidamente até meu carro, ela dirigiu até meu apartamento enquanto eu falei o que sabia, sentindo minha garganta travar.

— Checa os voos. – Falei indo até meu quarto enfiando um monte de roupas dentro da mala.

— Calma Jasmine.

— Tem passagem pro próximo?

— Sai daqui uma hora, estou tentando finalizar a compra. Fica calma.

— Só me diz se deu certo – A encarei.

— Tudo certo, Jasmine calma por favor.

— Você me leva até o aeroporto? Depois passa aqui dar comida pra Panqueca?

— Lógico.

O trajeto foi silencioso, eu não conseguia falar, não conseguia pensar e nem respirar.

Antes de embarcar liguei para o meu pai, ele parecia estar mais tranquilo e de desculpou pela ligação tensa de antes, mas ainda não tinha nenhuma notícia.

Péssima hora que decidi ir morar tão longe, aquele voo parecia estar durante uma eternidade, e eu nem conseguia dormir ao menos um pouco.

Tentei ouvir música pra distrair meus pensamentos e toda a preocupação que passava pelo meu corpo como uma corrente elétrica me deixando mais tensa e cada vez mais nervosa.

Andei pelo aeroporto rapidamente, Addie estava me esperando.

— Oi – Lhe dei um abraço rápido – Você sabe o que aconteceu?

— Ela caiu enquanto guardava algumas coisas no sótão, na hora que foi descer desequilibrou, bateu as costas e a cabeça... Eles acharam um coágulo, um hematoma subdural crônico e vai precisar de cirurgia pra drenar o sangue e...

— Puta merda! – Falei nervosa antes de começar a chorar. – Eu não entendi nada.

— Mine, ela vai ficar bem, não é tão grave. Ela já está no centro cirurgico, vai dar tudo certo, respira. – Me abraçou.

— Addie, vamos – Falei me soltando de seus braços e tentando ficar mais calma.

Como uma queda em casa resulta em tudo isso?

Chegamos no hospital pouco tempo depois, meu pai estava na recepção ao lado da minha tia e Cristina.

Andei até ele em passos largos e o abracei.

— Fica calma, esta tudo bem. – Ele sussurou – Desculpa ter te assustado.

— Como ela está?

— Ainda não tenho notícias, mas acho que deve estar acabando. – Falou me soltando e fez carinho em meu cabelo.

— Jas, eu preciso ir. – Addie falou baixinho, eu estava com a cabeça em seu ombro segurando firme em sua mão. – Me liga quando acabar, vou ficar esperando.

— Tudo bem – Sorri sentindo um beijo em minha testa.

Minha tia e Cristina também foram pra casa, ficou apenas eu e meu pai ali sem falar nada. Apesar de tudo, ele estava ali por ela e eu admiro isso.

Seu olhar era tranquilo, ele estava confiante e eu tentava estar assim também.

Era quase meia noite quando o médico apareceu.

— Deu tudo certo – Falou de imediato e senti um peso sair das minhas costas. – Conseguimos drenar todo o sangue aliviar a pressão do hematoma. Ela vai ficar em observação por alguns dias pra ver como vai ser sua recuperação. Também houve fratura em uma costela e no braço direito, vai precisar de ajuda em algumas tarefas.

Meu pai agradeceu o médico enquanto eu respirava fundo, sem reação. Ela estava bem, e eu finalmente deixei as lágrimas rolarem, mas elas indicavam puro alívio.

Eu não quis ir pra casa, queria ficar ali até poder entrar pra vê-la, o que seria apenas pela manhã.

— Quer comer alguma coisa?

— Não pai... Só o café está bom. – Sorri e ele assentiu saindo pra comprar um café.

Em meio a toda essa confusão esqueci de avisar Zach que não poderia ir, já era tarde mas mesmo assim resolvi mandar uma mensagem avisando.

Bom, era pouco mais de três da madrugada, e para minha surpresa a resposta veio logo.

"Tudo bem... Desejo melhoras pra ela, qualquer coisa me avisa, tá? Fica bem"

Eu sentia falta de algo em nossas conversas, parecia tudo tão superficial, obrigatório. Nada era como antes, também pudera, olha a quanto tempo estamos sem nos ver.

(...)

— Jasmine...

— Eu não vou ir.

— Você já perdeu dois dias de aula. Eu tô bem. – Minha mãe me encarou, suas olheiras marcadas e a faixa enrolada na cabeça não me deixava confortável em ir embora.

— Nós vamos cuidar bem dela. – Minha tia sorriu de lado tentando me tranquilizar.

— Qualquer coisa eu te ligo e você volta.

— É muito longe – Bufei – Acho melhor eu ficar mais um ou dois dias.

— Uma hora você vai ter que ir – Minha mãe resmungou – Jasmine, você não pode mais perder as aulas. Estou bem, você estava aqui no momento que eu precisei, logo você estará livre e pode vir passar um tempo aqui. Eu estou bem. – Ok, seu tom de voz não era dos melhores, ela estava me expulsando dali.

— Vocês tem certeza? – Encarei meu pai e minha tia.

— Sim Mine. – Ele sorriu.

Bufei e me sentei ao lado da minha mãe, realmente queria ficar por ali, não queria voltar pra rotina cansativa.

Minha vó se prontificou de vir ajudar ela nas tarefas da casa, mas mesmo assim, eu sentia que deveria ficar ali com ela.

Eu estava tão admirada com meu pai, ele não saiu nenhum minuto do seu lado, ajudou em tudo que pode, e ainda estava ali. Eu podia ver no rosto da minha mãe o quanto ela ainda gostava dele, mas não posso dizer o mesmo do meu pai, ele estava ali apenas como um amigo.

Eu realmente espero que eles encontrem pessoas maravilhosas, ambos precisam de uma nova etapa em suas vidas.

(...)

Cheguei pela manhã e Mellory me buscou no aeroporto, resolvi ficar o resto do dia na casa dela, já tinha perdido mais um dia de aula mesmo.

— Como ela está?

— Ainda se recuperando, principalmente do susto, mas está bem.

— Como foi a formatura?

— Você não acompanha as redes sociais? Nós não fomos.

— Por que?

— Chloe pegou uma virose.

— Ninguém foi? – Meu coração ficou apertado imaginando que nem o melhor amigo dele estava lá.

— Não... – Ela suspirou – Andrew ligou pra ele umas quatorze vezes pedindo desculpas e ele entendeu.

Ele postou algumas fotos da formatura, e foi marcado em outras, inclusive uma com uma garota, Sabrina, muito linda por sinal, ele estava abraçando ela de lado e a legenda dizia "Estou tão orgulhosa de você! Merece toda a felicidade do mundo, eu te amo."

Ok.

Respira.

Inspira.

Não pira.

Zach ainda não tinha comentado nada naquela foto, mas eu estava tremendo tanto que parecia que iria vomitar a qualquer momento.

Ele seguiu em frente? É isso? Se sim, porque me convidou pra ir na sua formatura?

— O que foi? – Mellory me encarou.

— Nada. – Murmurei largando meu celular.

— Ela é filha do padrasto dele, são como irmãos. – Andrew me encarou antes que eu falasse qualquer coisa – Eu sei que está preocupada com a foto.

— Não é da minha conta.

— Ela é tipo uma melhor amiga pra ele, não precisa se estressar por isso. – Sorriu pegando Chloe no colo e levando ela pra tomar banho.

— Mine... – Mel me encarou – Não fica preocupada com isso.

— Não estou.

— Está sim.

— Sabia que nas fanfics existem histórias onde os irmãos postiços se apaixonam?

— Jasmine – Ela rolou os olhos. – Ele não vai se apaixonar por ela e nem por ninguém.

— Como você pode ter tanta certeza?

— Porque se passaram quase quatro anos, e eu vi o jeito que ele te olhou a última vez que esteve aqui. Eu vejo o jeito que você fica toda vez que mencionamos ele, isso não vai passar nunca, vocês são almas gêmeas.

— Isso nem existe.

— Existe, e vocês são a prova disso. Pode passar o tempo que for, acontecer o que acontecer, vocês se amam.

Aquilo não era o suficiente, palavras ditas por ela, lembranças, nada disso era suficiente para que eu me sentisse bem, confiante, realmente não sei o que iria acontecer, e sinceramente, estou cansada de esperar por algo... Que nem sei o que é.

(...)

Final de semestre é um porre, cansativo, insuportável e só quero que acabe, eu preciso tanto de férias que estou cogitando por fogo na faculdade pra que tudo acabe antes.

— Eu só quero beber e fumar até desmaiar! – Amanda bufou levantando da cama. – Respira Amanda, só mais alguns dias e então uma festa de fazer você se arrepender de tanto beber!

Amanda dormia comigo algumas vezes na semana, sim, ela não aguenta a saudade. Mentira, a realidade é que ela não aguenta mais morar no campus.

Ri dela e levantei com preguiça, olhei meu celular pra receber notícias da minha mãe, minha avó ainda estava cuidando dela, estava melhorando bem.

Nenhuma mensagem de Zach, e o orgulho que eu costumava sentir estava voltando com tudo, eu também me negava a mandar qualquer coisa que fosse.

Por que eu sou assim?

Resolvi que iria somente estudar pelos próximos dias, não quero nem pensar como vai ser o próximo ano aqui, provavelmente vai ser mais conturbado do que nunca, o que me consola é que estou quase no fim, e uma ponta em mim começa a ficar orgulhosa de tudo que passei.

(...)

— Eu quero beber, eu só quero beber...

— Amanda, cala a boca. – Rolei os olhos enquanto ajudava ela a fechar o vestido preto e apertado.

— Vamos combinar, você pode beber, mas não muito ok? Preciso que seja responsável por mim essa noite, se precisar você cuida de mim igual fiz com você na outra noite.

— Ok – Resmunguei – Você está linda.

— Eu sou linda – Mandou beijo no ar.

A festa era na casa de Charlie, ele iria se formar em breve e já estava começando a comemoração. Ainda tinha um pequeno vínculo com ele, já que Amanda sempre estava com o mesmo, mas nunca mais tivemos nada.

Andei sozinha pela casa cumprimentando algumas pessoas conhecidas, tentando achar Clara por ali, viramos boas amigas também.

— Você quer beber o que? – Ela perguntou me puxando até a cozinha.

— Qualquer coisa. – Dei os ombros.

— Tequila?

— Sim – Sorri estendendo a mão.

— Quer limão? Sal?

— Não – Murmurei virando o copo e sentindo a garganta arder em resposta.

— Mais? – Ela perguntou e eu assenti com a cabeça.

Duas doses, três, quatro, cinco.

Outra bebida amarga.

Outra doce.

Não sei quanto eu bebi, nem quanto Clara bebeu. Só percebi que estava tudo girando quando Charlie parou em minha frente falando algo que eu se quer entendia.

— Quanto vocês beberam? – Encarou a garrafa ao meu lado.

— Não sei... Culpa da Jas – Ela falou enrolada e ele deu risada.

— Cadê a Amanda? – Perguntou me olhando.

— Não sei – Falei tomando um gole de alguma bebida aleatória – Eu preciso cuidar dela hoje e nem sei onde ela está.

— Você não vai conseguir cuidar de ninguém nesse estado. Vai é precisar de alguém pra te cuidar.

— Você? – O encarei.

— Eu o que?

— Você quer cuidar de mim?

— Só se você não beber mais.

— Não gostei. – Reclamei tomando o restante do líquido e colocando o copo sobre o balcão.

— Vou achar a Amanda, vem comigo. – Falou pegando na minha mão.

— Cadê a Clara?

— Não sei – Deu os ombros e começou a andar me puxando com ele.

Chegamos próximo da piscina, estava tudo cheio, todo mundo feliz, exceto eu que queria beber mais ou chorar.

— Posso entrar na piscina? – Questionei parando de andar.

— Não, você vai se afogar.

— Não vou – Falei tentando tirar meu vestido mas ele segurou em meus pulsos.

— O que é isso?

— Oi Amanda, diz pra ele me soltar, quero entrar na piscina mas antes preciso tirar meu vestido.

— Você está sóbria? – Ele encarou Amanda que ignorou tudo que eu tinha falado.

— Não muito, mas não estou no nível da Jasmine.– Me encarou. – Pode ir, eu cuido dela.

— Me liga, se precisar me liga. – Falou e me encarou também.

Enquanto os dois falavam alguma coisa que eu não entendia devido ao som alto e o excesso de pessoas fazendo barulho resolvi mexer no celular, sentei no chão e comecei a visitar o perfil de quem marcava Zach nas fotos, que decadência.

— O que você está fazendo? – Amanda me encarou enquanto eu ria olhando pra tela do celular.

— Você é tão linda sabia? – O batom vermelho ainda estava intacto e se destacava na pele negra dela.

— Não vou te beijar – Me encarou e eu rolei os olhos.

— Olha, a irmã postiça do Zach tem namorada – Falei soltando uma gargalhada.

— E daí?

— E daí que eu pensei que eles fossem se apaixonar, igual acontece nas fanfic.

— Por Deus Jasmine, para de beber.

— Sabe o que eu vou fazer?

— Nada, você vai ficar sentada até estar menos bêbada, e então vamos embora. – Me puxou pela mão e eu levantei me sentando no banco.

— Eu vou ligar pra ele, falar que ele não pode se apaixonar ninguém, sabe por que? Porque ele tem que ser só meu, por que eu que amo ele, eu que perdoei as duas vezes que ele foi embora. – Falei sentindo as lágrimas escorrerem, a garganta travar. Por que eu bebi desse jeito? – Eu vou ligar e falar tudo isso, e vou falar pra ele voltar pra mim, vou falar que não vivo sem ele. Vou falar que mesmo ele se afastando eu ainda não o esqueci, e nem vou. Vou dizer que penso em nós e no nosso sexo gostoso.

— Me da o celular. – Me encarou séria e eu bufei segurando ele com força.

— Não, eu vou ligar pra ele. Eu preciso falar tudo, está tudo aqui. – Apontei para o meu pescoço – Está tudo trancado, eu quero falar Amanda, eu preciso... – Solucei.

— Eu sei que precisa, mas não vai fazer isso bêbada. Me da o celular.

— Não vou – A encarei e enfiei o celular entre meus peitos.

— Não me importo de tirar o celular daí, já vi eles mil vezes.

— Vai cagar. – Bufei – Vai beber alguma coisa Amanda, depois eu te encontro.

— Não vou sair de perto de você.

— Procura Zach gostoso aqui na agenda de contatos – Falei pegando o celular e entregando na sua mão – Sabia que foi ele quem salvou o número assim? No primeiro dia que conversamos, e sabe por que? Porque ele é gostoso. – Falei limpando as lágrimas que não paravam de cair.

— Você não vai ter acesso ao celular até estar sóbria. – Amanda falou sentando ao meu lado – Agora para de chorar, por favor. – Me abraçou de lado.

— Não seja carinhosa, se não eu nunca vou parar de chorar – Resmunguei. – Não acredito que te entreguei o celular, que burra.

— Sim, você é bem burra. – Ela soltou uma risada baixa.

Minha cabeça girava, o choro excessivo começava a resultar em dor de cabeça, mas, ainda assim se não fosse por Amanda eu estaria bebendo mais alguma coisa.

— Jasmine, se você dormir te jogo na piscina. – Eu estava com a cabeça deitada em seu ombro.

— Quero água – Resmunguei me levantando.

Acho que estava menos bêbada, mas ainda assim precisei da sua ajuda até chegar na cozinha.

Fiquei observando um pessoal dançar animado enquanto esperava Amanda pegar a garrafa d'água.

— Aqui – Falou e eu bebi praticamente tudo.

— Posso ir dançar?

— Se você prometer que não vai cair de cara no chão.

— Não posso prometer nada – Lhe mostrei a língua e andei até a sala.

A música alta esta contagiante, e sem ao menos perceber eu estava dançando entre uma garota e um garoto, ele estava de frente pra mim e ela segurava firme em minha cintura.

Ok, isso é legal e com certeza ainda estou bêbada.

— Você quer subir pro quarto com nós? – Ela falou em meu ouvido e eu neguei com a cabeça.

— Só quero dançar. – Virei ficando de frente pra ela, que me encarava com desejo.

— Tem certeza? – Pressionou ambas as mãos em minha cintura e eu desviei o olhar para pensar com clareza.

Mas não consegui.

Não consegui me mover.

Não consegui respirar.

— Eu preciso sair daqui – Olhei pra ela que franziu a sobrancelha confusa.

Olhei ao redor procurando Amanda, e como um anjo ela estava parada perto da parede me olhando.

Andei rapidamente até ela e a puxei até sairmos da casa.

— O que foi? – Ela pegou na minha mão com força me fazendo parar.

— Eu o vi.

— Quem? Viu quem?

— Ele. – Falei tentando voltar a andar

— Ele quem Jasmine? Para de andar.

— Zach.

Eu estou bêbada, mas tenho certeza que era ele.

— Ta maluca? Como assim? – Ela me segurou de novo.

— Amanda, me solta, preciso acha-lo.

— Mesmo se for ele, não vai falar com ele nesse estado.

— E por que não?

— Você está bêbada, não vai resultar em nada bom.

— Amanda, me deixa, já cuidou de mim, chega. Vai achar o que fazer.

— Pode falar o que quiser Jasmine, não vou te deixar sozinha e nem vou deixar você fazer alguma merda de qual vai se arrepender.

Ela estava certa, provavelmente estou bêbada a ponto de estar imaginando coisas.

— Desculpa – Falei sentando no gramado.

— Jasmim?

Meu coração estremeceu, disparou e então parou. Era a voz dele, tão linda e suave como sempre, tanto depois depois e ainda mexia comigo, tanto tempo depois e eu ainda estava completamente e perdidamente apaixonada, só que, eu não conseguia olhar pra ele, algo em mim estava resultando em uma raiva anormal.

O que está acontecendo?

~~~~~

Cheguei já pedindo desculpas pelo capítulo mais ou menos de hoje

Gente, se quiserem dar uma olhada na sinopse e epígrafe da nova história já está disponível aqui no meu perfil, ainda não sei quando vou começar a publicar, já que quero finalizar Doce Viagem antes.

Se quiserem também me sigam no instagram, o link tá no perfil

Logo volto com mais um capítulo, o fim está próximo aaaaa

Amo vocês e beijo na bunda ❤

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