Hot Girls - Kakegurui

By HeyyCatra_

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Nesta história, você é S/n. Uma garota que se muda para o Japão em busca de oportunidades após estudar sozinh... More

Minha Chegada
A Garota das Unhas
Roleta Russa
Será que?...
Dona da Pupila Dilatada
Três é Demais
Coque Despojado e Banho
Flash de Câmera
Meninas Super Poderosas
Cortes Na Pele
Farsa Veste Faixa
A Tal da Fotógrafa
Seguir o Coração
Despedida
Bye Bye

Aposta de Cartas

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By HeyyCatra_

Boa leitura, pessoal. E não se esqueçam que comentários são importantes para incentivar o autor❤️///

Acordei com o despertador tocando pela terceira vez. Vesti meu uniforme do colégio, escovei meus dentes e meus cabelos naturais, e tomei um copo de leite. Me despedi de Meire e me pus a caminhar para a escola. Hoje era o dia da aposta...

Ansiosa, acabei roendo minhas unhas durante o trajeto. Ao chegar, vi Suzui e Yumeko conversando, ela sorria como sempre, toda animada e simpática. Fingi não olha-los e iria passar reto, mas parei ao escutar Jabami dizer "Boa sorte na partida de hoje, S/n".

— Vou precisar mesmo. — sorri — Mas vou dar o meu melhor.— Obrigada.

Dito isso, entrei. Torci para que Itsuki tivesse esquecido do nosso jogo, afinal, ela devia ser uma pessoa ocupada. Talvez tivesse tanta gente para cobrar, que se esquecesse de mim.

— Bom dia, querida. — ela parou a minha frente, cruzando os braços com um sorriso — Preparada para o jogo na hora do almoço?

— Bom dia, Itsuki Sumeragi. Sim, estou preparada. E você? — menti.

— Sempre estou. Trouxe dinheiro?

— Peguei o que eu tinha, espero que seja suficiente.

— Veremos então. — ela piscou.

— Olá. — disse outra voz. Eu e Itsuki nos viramos para olhar. — A presidente quer falar com você.

— Deve estar reconsiderando a minha volta para o Grêmio. — falou Sumeragi, abrindo um sorriso largo.

— Não, senhorita Sumeragi. — Sayaka franziu o cenho — A presidente quer conhecer a aluna estrangeira.

Meu queixo caiu. O de Sumeragi também.

— Do que vai adiantar conhece-la agora se no almoço eu ganharei o jogo e a estrangeira será triturada?  — se zangou, apontando para mim com aquela unha bem pintada e cheia de glitter.

— Você teve a sua chance de se provar útil no Grêmio, Sumeragi. Não posso fazer nada se você desperdiçou isso quando perdeu para a Jabami.

Sumeragi corou, parecendo levemente chateada.

— Me acompanhe, certo? — perguntou Sayaka, e eu assenti.

Começamos a andar lado a lado, ela não olhava na minha cara de jeito nenhum.

— Obrigada por ter me passado o número da Midari ontem. — agradeci, puxando assunto.

— Certo.

— Você é quietinha ou só não vai com a minha cara? Foi porque eu esbarrei em você no meu segundo dia de aula?

— Não tenho nada contra você. Chegamos. — ela abriu a porta, dando passagem para que eu entrasse, e entrou também. — Presidente Kirari, aqui está a aluna estrangeira.

Kirari estava sentada em uma cadeira, de costas para mim. Pude ver suas tranças.

— Ótimo, Sayaka, obrigada. Agora, por gentileza, nos deixe a sós.

Meu coração quase saiu pela boca, e o de Sayaka também. Pela cara dela, ficou nítido que estava incomodada com a ideia. Mas, mesmo assim, ela assentiu e saiu, me lançando um olhar mortal.

— Bom dia... — falei, totalmente travada.

Kirari girou a cadeira, pousando os olhos em mim.

— Vai ficar aí parada ao lado da porta? — ela riu baixinho — Se aproxime, sente-se comigo a mesa.

Caminhei e me sentei em uma cadeira não tão próxima a ela, pois a simples ideia de encara-la muito de perto, me dava tontura.

— Bem vinda ao colégio, primeiramente. Espero que os alunos estejam te recebendo direitinho.

—Bom, não fiz muitos amigos. Na verdade, só a Ikishima Midari.

— Hum. — ela murmurou pensativa, me penetrando com aqueles olhos claros e intimidadores. — Fez amizade com ela? Entendo. Sabe, a maioria das pessoas foge da Midari.

— É, eu sei...

— E ela é completamente obcecada por mim e pela Yumeko. Eu quero que saiba, porque não é saudável. A Midari se acha parecida comigo e com a Jabami porque somos boas apostadoras e arriscamos tudo. Mas, na verdade, acho que a Midari não enxerga o ponto real.

— Como assim?

— Pessoas como eu e a Yumeko, nascemos assim. Nós somos seres humanos que nasceram para liderar, e por isso, ficamos no topo da cadeia alimentar. Já a Midari...Bom, ela teve a personalidade moldada com o passar dos anos, simplesmente por ter crescido muito sozinha e triste. Ela é vazia. Alguém como ela nunca ficaria no topo do cadeia. Ela gosta de idolatrar alguém, de seguir alguém, de ver alguém como um deus.
Ela chama sim a atenção por ter vários requisitos importantes na personalidade, requisitos que fazem com que ela seja do grêmio. Eu a quis aqui por isso.

— Entendi. — respondi, chocada demais para pronunciar qualquer outra coisa.

— Não é sempre que uma estrangeira vem passar o ano no colégio. — ela sorriu — Então quero que você se sinta em casa.

— Obrigada.

— Se você ganhar da Sumeragi no jogo de hoje, será ótimo para você e para a imagem do colégio. — ela se levantou, vindo em minha direção. — Imagina se uma estrangeira ganha? Os coordenadores que investem no colégio, ficarão surpresos e farão uma reportagem. Logo, o nome do colégio estará em alguns jornais e na tv. Seria bom para a nossa imagem, já que não aparecemos na mídia há algum tempo.

— Queria poder ajudar, mas não tenho como garantir que irei ganhar.

— Eu sei. — Kirari parou em frente a minha cadeira, seus joelhos estavam encostados nas minhas pernas. — Talvez uma amostra grátis de algo, possa te deixar mais excitada para vencer o jogo.

Meu rosto ferveu. Kirari levou uma das mãos até as costas da cadeira, ficando com o braço envolta de mim. A outra mão ela usou para colocar uma madeixa do meu cabelo atrás da minha orelha. Onde ela queria chegar?

— Que tal se esforçar e vencer, hm? Para o colégio. — ela disse, levando a mão livre até meu rosto e pousando-a ali. — Vença por você, pelo colégio...e por mim.

Eu nem a conhecia, então talvez não faria muito sentido ela me mandar vencer por ela. Mas, na verdade, fazia sim. Kirari Momobami sabia que  era o ser mais desejado e invejado daquele colégio. Por isso, pedir para que eu vença o jogo por ela, foi uma jogada de mestre para que eu me sentisse privilegiada e querida.

— Eu vou tentar… — respirei fundo, me sentindo tonta. Seu perfume invadiu minhas narinas. Eu queria cheirar mais de perto, eu queria toca-la.

— Tentar não é o bastante, você precisa conseguir. — ela murmurou próxima aos meus lábios, deslizando a mão que estava em meu rosto, para os meus cabelos. E puxando minha cabeça para a frente, ela repousou-a em seu pescoço. — Você queria sentir o meu cheiro, não queria?

Respirei fundo, apreciando o aroma. Era tão bom, tão único. Aquela fragrância combinava com a presidente, a deixava tão mais atraente e elegante…

— É um perfume muito caro. Quer um desse? — ela perguntou, acariciando as minhas costas com as duas mãos. — Pode ter, mas só se ganhar o jogo de hoje. E, para você ver que realmente estou ao seu lado e quero que você ganhe...vou te dar uma ajudinha.

Afastei o rosto de seu pescoço, olhando em sua face pálida e fria. Seus olhos sorriram com interesse. Ela só estava pensando no colégio e nos benefícios que eu traria para ele e para ela mesma.

— E qual seria a ajuda?

Ela se curvou, levando os lábios até o meu ouvido esquerdo e começando a falar. Meus pelos se eriçaram ao ouvir sua voz tão de perto. Quando ela terminou de falar, eu arregalei os olhos. Kirari sorriu e olhou em meus olhos antes de simplesmente selar nossos lábios.

Um pouco em choque e ainda surpresa, demorei um pouco para entender o que estava acontecendo ali. Sua língua pediu passagem e eu quase não abri a boca por conta disso, mas voltei a realidade quando ela fez movimentos rápidos e fortes com a língua. Senti ela pegando uma das minhas mãos e guiando até outro lugar. Abri os olhos para espiar, notando que minha mão estava em um de seus fartos seios. Kirari notou e afastou nossos lábios, ainda segurando minha mão ali.

Se eu já havia entrado em gay panic depois do beijo com a Sumeragi…imagina depois desse.

— Ficou surpresa com o beijo? — ela perguntou de forma monótona. — Não gostou?

— Gostei, claro. — respondi, corando extremamente.

Ela sorriu mínimo, apertando minha mão em seu seio.

— Espero que esteja animada para vencer o jogo após esse prévia de algo que você pode vir a ter depois.

— Está dizendo que se eu ganhar o jogo, você e eu …

— Vamos transar. Não é isso que você quer? É isso que todos do colégio querem. E eu vi como você estava me olhando no seu primeiro dia de aula, quando eu passei por você no corredor. Qualquer um pode ver que você se atraí por mim.

— Você é realmente atrativa e chama a atenção, presidente. Afinal, você é bonita e é a líder de tudo isso. Mas eu nunca disse que queria transar. — falei, ouvindo batidas na porta e tirando rapidamente a mão de seu seio.

— Então você não quer?

Eu queria. Eu estava excitada desde que me sentei naquela cadeira. Kirari era simplesmente fabulosa. Mas eu não podia deixar que ela me usasse para seus jogos dessa forma. Não ainda. Eu tinha que parecer no comando, ou ela não se interessaria em mim por muito mais tempo. Assim como aconteceu com a Midari, Kirari perdeu o interesse nela quando notou que ela era uma seguidora obvessiva, e não uma líder nata.

— Não, eu não quero fazer sexo. Mas, não me leve a mal, presidente... Eu gostei do nosso beijo...e vai ser um segredinho nosso.

As batidas na porta continuaram, mais forte.

— Não vai atender?

— Deve ser a Sayaka. Mas ainda não terminamos a conversa...

E com um estrondo, a porta se abriu. Era realmente Sayaka. Sayaka e Midari.

— Não sabem esperar eu mandar abrir? Já saem entrando sem permissão. — reclamou a presidente, se afastando de mim.

— Por que estavam assim tão próximas? — perguntou Sayaka, com os olhos arregalados.

—  Nada, Sayaka. É impressão sua. — respondeu, caminhando até um enorme aquário que tinha na sala e observando os peixes. — Agora podem sair, vocês três. Tenho coisas para resolver.

— Até mais. — falei, me levantando depressa e passando por entre Sayaka e Midari para sair da sala. Comecei a caminhar depressa.

Senti passos rápidos vindo atrás de mim. Meu braço direito foi puxado. Era Sayaka.

— O que aconteceu lá? O que você fez para a presidente? Por que vocês estavam tão perto?

Continuei andando, apressando o passo, mas Sayaka vinha ao lado. E pelo visto, Midari do meu outro lado. Abaixei a cabeça, não queria olhar para elas agora. Meus batimentos ainda estavam acelerados e eu só queria ir para a sala de aula.

— Nada, Sayaka! Ou pergunte para a sua presidente! — berrei.

— Fui atrás de você porque o sinal para a primeira aula tocou e você não estava na sala. — disse Midari.

— se vcê fez alguma coisa com a presidente… — ia dizendo Sayaka.

— É mais fácil a Presidente ter feito algo a ela. — disse Midari. — Nós conhecemos bem a Kirari, Sayaka. Não seja ingênua.

Elas puxaram meus braços, uma de cada lado. E eu fui obrigada a parar de andar.

— Qual o problema de vocês? São loucas? AH...nem sei porque pergunto, já sei a resposta.

Quem não era louco naquela escola?

— Eu avisei a presidente que seria inútil conversar com você. Sinceramente? Não sei o que ela viu em você! É só uma estrangeira…não tem muita coisa a oferecer.

— Não seja preconceituosa só porque está com ciúmes, Igarashi Sayaka. — falei, encarando ela. — Posso ter vindo de outro país, mas estudei muito para chegar aqui.

— A presidente me disse...disse que você é parecida comigo. — Sayaka falou, abaixando a cabeça. — Mas eu não sei porque ela disse isso...Olha, eu vou voltar para os meus afazeres. Só deixe a presidente em paz.

Sayaka se afastou, parecendo abalada.

— Olha, não esquenta com a Sayaka, tá? Ela só é…apaixonada pela presidente. — disse Midari, ainda segurando meu braço.

— É, deu para ver.

— Está tudo bem? — perguntou Yumeko Jabami, parando ao meu lado. — Fui ao banheiro e vi quando aquelas duas garotas correram atrás de você e te puxaram.

"Aquela duas garotas"? Como se Midari não estivesse mais perto?

— Estou bem. — respondi, ajeitando o cabelo. — Não aconteceu nada, orbigada por se preocupar.

Yumeko sorriu, olhando fixamente para mim. Dei uma espiada em Midari, ela estava com a boca entre aberta, e olhava Yumeko como um cachorro que olha um osso.

— Você parece ser legal, então eu vou te dar uma dica. Não seja tão próxima daquela garota de tapa olho, ela pode te sequestrar para um jogo idiota ou ficar obcecada por você de uma forma totalmente não saudável. — ela disse e sorriu simpática.

Já era a segunda pessoa naquele dia que me falava isso da Midari.

— Yumeko! — esperneou ela, fazendo um biquinho sem querer. — Por que isso?

— Enfim, espero que você tome boas decisões e faça amigos decentes. — Yumeko sorriu, se afastando e acenando para mim.

— Yumeko! — Midari berrou, chorando.

Chorando? Ela estava chorando por causa de uma garota???

— Eu não entendo porque ela me trata assim! Fui bacana com ela quando ela era bichana! Eu só a sequestrei para termos uma partida emocionante! — Midari levantou a blusa do uniforme para assoar o nariz. Seu sutiã preto ficou totalmente à mostra.

— Midari! Não sobe tanto essa blusa! — falei preocupada, abaixando depressa.

— Ela finge que sou uma mosca! Ela já disse que ouve um zumbido quando eu falo!

— Você vai ficar chorando assim por uma garota que te menospreza? Olha, eu sei que ela é linda e joga muito bem, mas não chore por ela. Midari, você anda armada, você é super foda.

— Eu sei que sou. — ela disse, ajeitando a blusa toda amassada e melecada. — Ah, olha meu uniforme todo fodido agora!

— Você não tem nenhuma outra blusa do uniforme? — perguntei.

— Tenho só a jaqueta vermelha padrão, mas eu nunca uso essa parte do uniforme. Está na mochila, e é melhor que continue lá.

— A sua camiseta tá toda suja e amassada. Você não quer mesmo colocar a jaqueta por cima? Pelo menos vai cobrir isso — apontei para a blusa.

— Ah, eu já vim com o uniforme sujo outras vezes. E sempre derrubo comida.

— Vai lá pegar a jaqueta. Te espero no banheiro. — mandei, dando de ombros e seguindo para tal. Ouvi Midari xingar baixinho e se afastar.

Abri a porta do banheiro. Estava vazio. Fui até as pias, me olhando no enorme espelho. Hoje eu teria uma partida...hoje eu ganharia dinheiro ou perderia o dinheiro que havia trazido. Suspirei, abrindo a torneira mais próxima e enchendo as mãos d'água. Lavei o rosto e fechei a torneira. As coisas estavam tão estranhas ultimamente…

— Olha, já logo te aviso! Vou ficar ridícula com o uniforme completo. — Midari entrou no banheiro, trazendo a bolsa consigo.

Jogou-a em cima da pia e cruzou os braços, me encarando.

— Que foi? — perguntei.

— Não vai mesmo me dizer o que rolou na sala com a presidente?

— Então me diga... — cruzei os braços também. — Porque esse tapa olho?

Ela riu e eu não entendi.

— Não tenho um olho.

— Achei que você só não enxergasse ou...sei lá...

— Arranquei meu olho com uma caneta. Quer dar uma olhada? — ela se animou, erguendo o tapa olho.

Era horrível. A pele estava cicatrizada, o que indicava que já fazia um bom tempo desde o acontecido, mas ainda era feio. Fechei os olhos com força.

— É de boa ver isso nos filmes, mas na vida real? — falei. — É bizarro. Por que você fez isso?

— Me responde primeiro.

— Ah...a presidente queria que eu ganhasse o jogo. E então ela me contou a trapaça da Sumeragi.

— Que? — Midari ficou pasma.

— Exatamente, ela me disse tudo sobre as cartas e as marcas que somem. Agora eu sei como a Sumeragi rouba e eu soube sem a sua ajuda. — sorri vitoriosa, indo até a bolsa de Midari e abrindo o zíper.

— Por que a Kirari te contaria isso?

— Eu acho que ela quer me usar. Quer que eu seja alguma peça do jogo dela, sabe?

Abri a bolsa de Midari, encontrando alguns chicletes, e uma foto...da Yumeko.

— Sério que você guarda uma foto dela aqui? Pra que?

— Pra nada! Esquece.

Revirei os olhos e peguei a jaqueta, olhando dois pinos que estavam em baixo.

— Isso é droga? — perguntei surpresa. — Você tá usando pino, Midari?

— Eu não uso com frequência não! Só experimentei umas quatro vezes e aí guardo esses pra quando precisar.

— Por que você precisaria disso?

— Quando estou sozinha e sei lá, não tem nada para fazer. Sabe, quando se está entediada e chateada.

— Isso é pior que ter uma foto da Yumeko. Posso jogar essas coisas fora? Os pinos e a foto. São inúteis. A foto de alguém que te odeia e pinos que vão te fazer virar uma viciada?

— Ei, garota! Eu posso precisar da droga! E eu uso a foto!

— Usa? Como assim "usa"? Usa pra que ?

— Eu...eu uso a merda da foto! Não faz pergunta idiota. — ela pareceu irritada, mas corou.

Eu corei também.

— Entendi... Você se masturba com isso. Isso é tão errado, Midari.

— Não importa! Olha, já pegou a jaqueta? — ela fechou a bolsa depressa e puxou a jaqueta de mim, vestindo. — Pronto.

Midari havia ficado mais séria e atrativa com o uniforme completo.

— Ficou bom, viu? — sorri. — Não tem nada de ridículo em você. Exceto por você se masturbar vendo uma foto de uma garota que te odeia e que não ficaria feliz em saber disso!

— AHH! — ela revirou os olhos, abrindo a bolsa e tirando a foto de lá. — Já entendi. — Midari levou a foto até a privada e atirou-a lá, dando descarga. — Não preciso da foto, eu tenho criatividade mesmo.

Meu deus. Ela realmente não tinha jeito.

Midari se olhou no espelho, coçou a cabeça, virou de costas e analisou seu corpo no uniforme.

— Essa roupa faz parecer que eu não tenho peito. E é ridícula essa jaqueta.

— Você parece uma criança de cinco anos reclamando o tempo todo de algo, Midari. — ri.

Ela me olhou, pensativa.

— Você ficou...bonita, tá?

— Você acha? — ela se aproximou, colocando as mãos na minha cintura. — Fiquei elegante como a presidente e a Yumeko?

— Você não é elas, Midari. — respondi, chateada. — E nem precisa ser. Você pode ser incrível do seu jeito...basta melhorar em algumas coisas que te fazem ser uma babaca de vez em quando.

— Ah, todo mundo diz que sou babaca. — ela bufou, tirando as mãos da minha cintura, mas eu as segurei para que continuassem ali.

— Todo mundo precisa melhorar em algo. Todo mundo tem defeitos, sabia? Até mesmo a Kirari e a Yumeko. Elas não são perfeitas, e você deveria enxergar que não depende delas.

O olho dela brilhou, ela pareceu pensativa e confusa, e então sorriu. Dessa vez não era um sorriso medonho ou exagerado, era um sorriso meigo e sincero.

— É…eu posso depender de você! Te fazer a minha dominadora! Você nunca foi ruim pra mim! E você aceitou jogar comigo roleta russa! Você também é insana no fundo e ainda vai descobrir isso!

— Midari, você não entendeu nada do meu discurso. — me irritei, tirando suas mãos de mim e me virando para sair do banheiro.

Midari puxou meu braço direito e colou seu corpo ao meu. Naquele momento, senti toda uma tensão no meu corpo. Tensão que eu nunca havia sentido antes na vida...

Meus olhos olhavam diretamente para o dela. Sentir seu corpo tão próximo ao meu me proporcionou um choque...meu rosto estava quente e vi os lábios dela tremendo enquanto seu olho olhava a minha boca. Mas, por incrível que pareça, ela não fez nada...

O sinal tocou e eu me assustei, dando um pulinho e saindo de perto dela. Midari estava tão desnorteada quanto eu. Essa tensão era esquisita.

— Perdemos uma aula toda. Eu vou...vou pra sala. — e sai apressada.

Durante as duas aulas seguintes, fiz minhas anotações em silêncio. Não sei porque Midari não havia entrado na sala, já que hoje ela tinha aula comigo. E, para piorar, Itsuki estava naquela sala. Ela ficou me encarando mortalmente diversas vezes. E, quando o sinal para o almoço tocou, ela levantou com graciosidade e foi até a minha carteira.

— Te espero lá perto do refeitório onde eu jogo. — ela disse, saindo da sala em seguida.

Afundei o rosto na carteira, quase a beijando. Resmunguei.

— Oi.

— Quem é? Ah, nem fala. Me deixa um pouco em paz.

— Você é uma idiota.

Ergui o rosto, pronta para xingar.

— Saotome Mary...por que sou idiota? E o que você está fazendo nessa sala se você nem teve aula aqui hoje?

Ela corou e franziu o cenho.

— Eu te disse pra tomar cuidado com a Midari e com a Yumeko. E você está fazendo o contrário. Só pode ser uma idiota.

— Por que você se importa? — levantei, ficando frente a frente com ela. — Já não estou em um bom dia, então...me diz logo.

— Porque você vai arruinar a própria vida. Vem aqui — ela me puxou pela jaqueta até o corredor e apontou para uma menina agachada no chão. — Aquela garota está catando migalhas do chão! Migalhas que outras garotas jogaram só pra ela pegar.

— Que horrível...

— Isso vai acontecer com você! Afinal, hoje mesmo você vai jogar com a Sumeragi. Aquilo ali é uma bichana! Bichanas sofrem assédio e humilhação.

— Isso não vai acontecer comigo!

— Não? Já está acontecendo! — Mary apontou para o meu ombro — Estava enfaixado ontem, ainda está, né? Você fez o que? Jogou com a Midari? E ontem estava de papo com a Yumeko...você quer mesmo se ferrar, não é? Então é mais fácil se jogar de uma ponte logo.

— Você já foi bichana?…

— Eu... — Mary abaixou a cabeça. — Já sim...E não é legal.

— Eu sinto muito que você tenha passado por isso, Saotome, mas...eu preciso jogar hoje, já não tenho como escapar. E sobre a Midari, foi a única que realmente quis se aproximar de mim. Não tenho amigos aqui.

— Entendi...então, boa sorte no jogo... é só o que posso fazer por você.

— Obrigada. — sorri. — Você parece ser bem tímida, Saotome. Obrigada por vir tentar me ajudar mesmo com vergonha.

— Eu não sou tímida. — ela resmungou, corando. — Vá logo para o jogo, já vai começar...

Assenti e sorri, me afastando depressa.

Encontrei Itsuki com o baralho em mãos. Ela me explicou sobre o jogo da memória e eu entendi. Alguns alunos estavam em volta, espiando. Ouvi alguns apostando que eu perderia só por ser estrangeira.

— Quanto vamos apostar? — ela perguntou.

— Eu só tenho dez mil.

— Dez mil? — Sumeragi riu. — Eu só consigo comprar uma bolsa de marca com isso. Olha, vamos fazer assim, te empresto mais quarenta mil, tá ?

— Então serão cinquenta. Mas eu não posso te pagar se eu perder...

— Aí você vai ter que virar bichana, querida. E também vou querer alguma coisa, já que não vou ter o dinheiro.

Assenti, com um pouco de medo. O jogo começou e eu lembrei da trapaça dela. Era só olhar as marcas e ganhar dela. Pronto.

Kirari e Sayaka estavam atrás de um grupo de garotos, olhando a partida. Meu deus...A presidente veio pessoalmente olhar.

"Se a Itsuki perder essa partida, o pai dela vai tirar ela do colégio e mandar pra casa da tia. Ele disse que não aceita se ela perder para uma estrangeira" Ouvi um garoto dizer.

Itsuki...teria a vida arruinada...mais do que eu.

— Pode começar. — ela sorriu.

Comecei a jogar. Acertei os três primeiros pares, fazendo as pessoas ficarem surpresas. Midari chegou nessa hora e parou ao meu lado, observando.

— Cheguei a tempo. Três à zero já? — ela se animou.

E então eu decidi que faria algo que talvez eu me arrependeria mais tarde.

Errei na quarta tentativa. Foi a vez da Sumeragi, ela acertou cinco e depois foi a minha vez novamente…mas  fiquei errando e errando até que...

— Eu tenho mais da metade dos pares formados. Eu venci. — Sumeragi sorriu.

Midari deixou o queixo cair. Sayaka permaneceu séria. Kirari me olhou com dúvida e recentimento, e então se afastou.

— Deixe-me olhar as suas unhas. — Sumeragi pegou minhas mãos, analisando. — Ah, nada que me interesse. Vou ter que escolher outra coisa.

Naquele dia eu havia roído as unhas por causa da ansiedade.

— Você já será a bichana...não sei o que pedir. Qual parte de você, você mais gosta?

— Meus cabelos? — falei a primeira coisa que me veio a mente.

— Ótimo. Então vamos apara-lo um pouco e pintar.

Era isso...eu me tornaria uma bichana.

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