A física entre nós [CONCLUÍDO]

By autora_verbena

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Rafael está ferrado. Perto de reprovar em física, se vê desesperado. A matéria parece não entrar na sua cabeç... More

Elenco e Informações
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capitulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete - BÔNUS
Capítulo Trinta e Oito
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo Nove

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By autora_verbena

RAFAEL MONTEIRO

Estamos todos na sala como uma família feliz. Toda quinta à noite, minha mãe nos faz assistir um filme. Hoje, vemos uma comédia romântica água com açúcar e completamente previsível.  

Dona Joana está sempre inventando programas em família. Jantares, sessões de filmes, cafés da manhã especiais, mesmo que não exista nenhum motivo. É a forma que ela encontrou para manter todos juntos. E como nem eu nem meu pai queremos deixá-la triste, participamos e mantemos o mínimo de civilidade.  

Entediado, resisto à vontade de mexer no celular, me esforçando para agradar a minha mãe. Esses programas, mesmo que entediantes, a deixam feliz. Por isso, deixo o celular quieto e assisto os protagonistas se beijando sob uma tempestade.  

Clássico.  

Analisando o filme, noto o quanto as comédias românticas são chatas. Todos sempre acabam felizes, um ou outro filme foge do clichê, mas grande parte é como esse.  

O casal se conhece, se apaixona, um deles faz merda e quando tudo parece pronto para dar errado e eles ficam separados, tem a grande cena. Uma corrida para o aeroporto, a procura por um táxi e toda essa ladainha.  

Chato e previsível.  

Tiro a atenção do filme e a desvio para meus pais. Não compreendo a dinâmica deles. Não compreendo como interessarem-se um pelo outro. Não compreendo como ainda estão casados.  

Meu pai é a pessoa mais fria que conheço. E minha mãe é calorosa. São uma junção estranha que, para mim, não faz sentido. Mas, agora, sentados juntos vendo um filme como um casal adolescente, exceto por mim atrapalhando, quase vejo o que foram no passado.  

Minha mãe percebe que estou olhando e diz:  

— Queria saber quando vai trazer a menina que está te ajudando aqui em casa, estou querendo conhecê-la.  

Antes mesmo que ela possa terminar de dizer, levo um punhado de pipoca à boca. Deus me livre de tomar outra decisão envolvendo Elena antes de perguntar. Ela já foi gentil demais aceitando a imposição das aulas. Contudo, se eu fizer isso novamente, ela não hesita em passar com o carro por cima de mim.

Meus pais sabem que Elena tem vindo aqui em casa dar as aulas. Porém, minha mãe quer Elena aqui em casa em um horário que esteja ela e o meu pai.  

— Também quero conhecer a boa alma que resolveu te ajudar. — Reforça meu pai, dando corda para a ideia da minha mãe. Da forma que ele fala, parece que é um milagre a minha melhora em física.

Tudo graças a Santa Elena.

— Quero agradecer por ela ter aberto um espaço no tempo dela para te ajudar. Como é mesmo o nome dela?  

— O nome dela é Elena.  

— E a Elena é bonita? — pergunta dona Joana, em um tom romântico. Assistir comédias românticas não está fazendo bem a ela.

Meu rosto cora com uma velocidade impressionante. Não sou de ficar comentando sobre garotas com minha mãe e muito menos com o meu pai. Eles sabem de um casinho ou outro, mas nunca falei abertamente sobre uma menina. E, pensando bem, nem tem motivo o constrangimento. A Elena é só minha "professora" e não tem nada entre nós, além de teorias físicas e cálculos matemáticos.  

Claro que na festa, eu tive uma reação diferente quando fomos tomar aquela dose de tequila, mas, com certeza, foi momentâneo. Totalmente ligada ao ambiente que estávamos, depois disso não teve mais nada.  

— É sim, eu acho. — Respondo constrangido, mesmo não existindo motivo.  

Os dois me olhando em expectativa, sabendo que minha mãe não vai mudar ideia, ainda mais agora que teve o apoio do meu pai, pego o celular e mando uma mensagem para Elena.  

— Fala que estamos chamando-a para jantar, amanhã. — diz minha mãe, empolgada.  

RAFAEL: Boa noite, Elena

RAFAEL: Tudo bem?  

RAFAEL: Então, meus pais querem te conhecer, pode jantar aqui, amanhã?  

Aviso que mandei a mensagem e estou esperando a resposta dela.  

Voltamos a ver o filme e a minha ansiedade é crescente. A cada cinco minutos checo o celular e nenhuma notificação aparece. Quando estou pronto para falar que é melhor esquecer o jantar, o celular apita.  

ELENA: Nem fodendo.  

Direta e educada.  

Minha mãe me olha em expectativa, crente que vai ouvir uma resposta positiva. Dou um sorriso para ela, fingindo que Elena aceitou vir jantar aqui.  

RAFAEL: Por favor, Elena.  

RAFAEL: Meus pais querem conhecer a boa alma que está me ajudando, palavras deles.  

RAFAEL: Faz só mais essa por mim, prometo não te pedir mais nada.  

RAFAEL: Nunca mais.  

— Ela disse que vai perguntar aos pais. — Digo aos meus pais. Mentindo de novo para eles.  

Primeiro foram as aulas, e agora o jantar.  

ELENA: Eu tenho a sensação que você disse que eu iria.  

RAFAEL: A sua sensação está mais ou menos certa.  

Quase podia vê-la na minha frente, brava e com a sobrancelha arqueada dizendo: Puta que pariu, Rafael.

ELENA: É a última vez que aceito um pedido seu.  

— Ela vem. — Aviso meus pais.  

Minha mãe sorri, empolgada, e meu pai apenas confirma com a cabeça.  

Volto atenção para a tela, preocupado com o jantar de amanhã.  

*

Eu podia sentir a raiva de Elena emanando. Mesmo estando do outro lado da sala.  

Assim que a vi de manhã, notei a sua fúria. Não que ela estivesse tentando disfarçar. Seus olhos castanhos escuros refletiam a sua vontade de me matar.  

Não entendi qual a motivação dos meus pais, se queriam agradecê-la, podiam ter comprado um cartão e pedido para eu entregar. Muito mais fácil. Mas, não, eles precisavam conhecê-la pessoalmente. De minha mãe até esperava essa ideia, mas do meu pai, nunca.  

— Rafael? — chama Lúcia, estalando o dedo na frente do meu rosto.  

Desvio a atenção de Elena e me volto para Lúcia.  

— Vocês estão sabendo que os pais da Clara me convidaram para jantar lá amanhã né. — Apesar de ter sido uma afirmação, confirmo com um movimento.  

— E qual o problema? — perguntou Mateus. — Não é uma coisa boa?  

— É uma coisa boa, mas, eu tô com medo, é a primeira vez que vou conhecer meus sogros e a aceitação deles não foi muito boa.  

— Os pais da Clara não vão te tratar mal, mas eles vão estranhar, porque para eles foi muito diferente do que esperavam. — Falo. — Não quero justificar o preconceito deles, mas nunca deve ter passado pela cabeça deles uma situação dessa.  

— Eu sei, mas mesmo assim não quero chegar lá e sentir que sou a causadora de um mal-estar. Clara ficou tão abalada com a reação deles.  

— Lúcia — começa Mateus. — Você não é a causadora de nada. Estando namorando com você ou não, a Clara ia se assumir. Eu acho que o sentimento dela por você impulsionou a decisão.  

— Estou me dando muita importância.

— Não disse isso. — Mateus é rápido. — A Clara teria que assumir em algum momento e estar namorando com você, ajudou.  

— O conselho de quem conhece os pais da Clara desde sempre. Seja você mesma, não tente agradá-los fingindo ser uma Lúcia que não é.  

— Tá, mais alguma dica?  

Penso um pouco antes de responder.  

— Não, acho que não. Eles vão gostar de você, Lúcia. Principalmente, quando verem como a Clara fica feliz com você.  

— Logo isso vai ser apenas uma lembrança. — Fala Mateus, olhando para lousa e usando um tom nostálgico.  

Fazemos um momento de silêncio, apreciando a reflexão e então, começamos a rir.  

— Você é muito besta! — exclama Lúcia, batendo de leve no ombro de Mateus.  

Clara escolhe esse momento para voltar da mesa da professora e encontra nós três rindo.  

— Do que estão rindo? — pergunta com um sorriso leve. As lágrimas de segunda foram deixadas para trás.  

— Das futuras lembranças. — Responde Lúcia.

*

Nunca deixaria de ficar impressionado com o quarto de Elena. São mais de seis horas da tarde e o céu começa a alaranjar deixando a vista ainda mais bonita.  

Encarando o entardecer da sua cama esperava Elena sair do banho. Para quem não queria ir de jeito nenhum jantar com meus pais, ela está preocupada demais com a aparência. A única coisa que desejava era que meu pai mantivesse a compostura e não falasse nada ofensivo para mim na frente de Elena.

Com a bateria do celular no fim, decidi procurar um carregador compatível nas coisas de Elena. Abro a primeira gaveta do aparador que fica ao lado da cama. Pego o carregador, feliz por Elena usar um celular de modelo parecido com o meu. Antes de fechar noto um álbum de fotos, mesmo com a consciência dizendo para não olhar, pego.

O álbum tem fotos dela na infância e pré-adolescência. Com Renan, com o menino que imagino ser seu irmão mais velho, com seus pais e outros parentes. Já estava quase no final do álbum, quando uma foto me chamou atenção. Elena estava com uma menina loira, que percebo ser Livia, prima de Renan, em uma estreia de filme. Não acredito.

High School Musical 3: O ano da formatura.

É no momento que encaro a Elena da foto com uma camiseta do Troy Bolton vestido com o uniforme dos wildcats que vejo a Elena de verdade saindo do banheiro com um vestido preto de alcinha e all star nos pés. A sua expressão relaxada do pós banho é mudada rapidamente quando ela percebe, finalmente, o objeto nas minhas mãos.  

Seu movimento é tão rápido que nem tenho tempo de me mover antes que ela se lance em cima de mim, tentando pegar o álbum. O corpo de Elena pousa em cima do meu e nós começamos uma pequena luta pelas suas recordações. Estico o braço para fora de seu alcance, balançando o caderno, atiçando ainda mais sua vontade de reaver o caderno.

— Rafael, solta o caderno. — Sua voz sai dura, ignoro e continuo balançando o caderno.

— Rafael, me devolve esse caderno, agora!  

— Agora, porra!

Elena perde a paciência e senta em cima do meu quadril.  

— Esse aqui? — pergunto, atiçando. — Acho que não, descobri muitas coisas interessantes sobre você, mas sério, High School Musical? Não esperava.

— Rafael, agora!  

As bochechas de Elena estavam coradas e os castanhos de seus olhos faiscavam de raiva. Só então percebo a posição que estamos, ela sentada no meu quadril, o vestido subiu até o topo das coxas e o cabelo um pouco desgrenhado.  

Distraído com ela em cima de mim, não consigo antecipar o movimento. Sinto a dor no meu antebraço antes de qualquer coisa e logo em seguida a imagem de uma Elena vitoriosa configura-se na minha frente, ela ainda não parece notar a posição que estamos.

Com o caderno em mãos, ela sorri vitoriosa, como se tivesse de ganhar uma guerra.  

— Você me arranhou? — pergunto o óbvio ao ver meu antebraço direito marcado pelas unhas afiadas de Elena.

— Não precisaria se tivesse me devolvido o caderno quando pedi.

Chocado, apoio as mãos na sua cintura.

— Pensei que essa postura passiva-agressiva fosse brincadeira.  

— Passiva-agressiva?

— Sim, nunca reparou no jeito que anda pelo colégio? Parece que vai chutar a primeira pessoa que falar contigo.

Elena parece pronta para negar o que disse, então é a minha vez de erguer a sobrancelha para ela, adotando a mesma expressão que a sua.

O som de notificação do celular rompe a pequena bolha que estávamos, nos jogando de volta para a realidade. Elena sai de cima de mim e ajeita o vestido e o cabelo. Pego minhas coisas e começo a segui-la para fora do quarto.

— Mas sério, High School Musical?  

Ela não me responde, apenas me olha brava, por causa da minha fala e continua seguindo pelo corredor.  

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