A física entre nós [CONCLUÍDO]

Af autora_verbena

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Rafael está ferrado. Perto de reprovar em física, se vê desesperado. A matéria parece não entrar na sua cabeç... Mere

Elenco e Informações
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capitulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Catorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Capítulo Vinte Cinco
Capítulo Vinte e Seis
Capítulo Vinte e Sete
Capítulo Vinte e Oito
Capítulo Vinte e Nove
Capítulo Trinta
Capítulo Trinta e Um
Capítulo Trinta e Dois
Capítulo Trinta e Três
Capítulo Trinta e Quatro
Capítulo Trinta e Cinco
Capítulo Trinta e Seis
Capítulo Trinta e Sete - BÔNUS
Capítulo Trinta e Oito
Epílogo
Agradecimentos

Capítulo Oito

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Af autora_verbena

ELENA ANDRADE  

Eu gosto de física, da teoria e das contas.  

Poderia ficar horas tendo aula de física, o terror de muitos alunos é o meu paraíso. Não sei quando o meu interesse surgiu, mas quando meus pais perceberam a minha aptidão e a do meu irmão para contas matemáticas, estimularam ao máximo o nosso talento.  

A pequena Elena de nove anos, fascinada pelo cosmo e pelo Big Bang, nunca imaginaria os feitos que a Elena adolescente poderia alcançar.  

O meu caminho para as Olimpíadas de matemática e física começou a ser trilhado por meio da OBMEP. Mesmo sendo uma Olimpíada para as escolas públicas, o conselho estudantil do meu antigo colégio achou que seria uma boa ideia promover a prova, o resultado não foi o esperado, a nota dos alunos foi alta, em sua maioria, mas poucos quiseram ir para a segunda fase.  

Eu estava entre esses poucos, foi a primeira medalha que conquistei em uma Olimpíada, uma medalha de prata. E a partir desse momento, tudo mudou.  

Meus pais me mudaram de colégio e me matricularam no Álvares de Azevedo, referência quando se trata de vestibulares voltado para exatas e comecei a participar de Olimpíadas de matemática e física.  

Até que ano passado, conquistei um dos maiores prêmios que poderia imaginar: A Olimpíada Internacional de Física.  

As eliminatórias, semifinais e as finais, nenhuma delas foi fácil e não me refiro apenas ao conteúdo. Poucas meninas compunham as equipes, para onde olhava via homens, compondo equipes, avaliando, julgando e determinando os vencedores.  

Muitas vezes fui questionada por meus colegas de equipe, para Pedro, um dos meus pares na competição, eu era muito emotiva para ficar à frente na final, meus hormônios poderiam atrapalhar. Nada foi tão bom quanto ver sua cara de incredulidade e raiva quando fomos anunciados vencedores graças a minha resposta.  

A medalha de prata e ouro, as mais importantes da minha coleção. A primeira que me fez entrar nesse mundo e a segunda que foi a concretização do sonho da pequena Elena de nove anos.  

Enfim, eu gosto de física, da teoria e das contas.  

Mas, eu não gosto do Fernando. E isso, transforma o meu paraíso num inferno.  

A diretoria me liberou das aulas de física e matemática, contudo eu gosto de assistir as aulas e ajudar Renan e Nabim nos exercícios. Mas a cada aula, tenho mais vontade de fazer valer meu privilégio e ficar de fora das aulas.  

Arrogante, prepotente e dono da razão, é assim que o professor Fernando é, e não sou apenas eu que penso assim. Vários alunos e de anos diferentes não gostam dele.  

Se você vai bem, ele te trata com educação. Senão, deboche e condescendência é o que ele tem para você.  

A lousa com os enunciados dos exercícios deixava claro qual era sua intenção. Outra prática de Fernando é fazer os alunos com dificuldade irem resolver os exercícios na frente de todos.

— Rafael, Mateus, Carla e Milena, na lousa.  

Observei cada um deles tomarem seus postos frente à lousa. Meu coração estava acelerado, ver Rafael na frente da sala me deixava nervosa, era o momento de ver se as aulas estavam tendo resultado.  

— Será que seu aluno vai acertar? — pergunta Renan

— Lógico que vai, sou eu que estou dando a aula.  

O meu tom saiu calmo, contrastando com a velocidade que meu coração bate. Analiso cada movimento da sua mão, fazendo a conta mentalmente e conferindo a resposta de Rafael, antes que possa ver o seu resultado, Fernando entra na frente bloqueando a minha visão.  

O movimento da sua mão indicava o acerto de Rafael, sem dizer nada, Fernando foi corrigir os outros exercícios.  

Solto a respiração, nem percebi que estava prendendo. A satisfação em ver Rafael acertar me preenche, acalmando os meus batimentos.

Ele sorri discreto para mim, feliz pelo resultado, de imediato sorrio discreto de volta.  

— E não é que seu aluno acertou. — Fala Renan.  

Nabim observa tudo quieto, estranho. Normalmente, ele é o primeiro a fazer comentários e piadas, mas hoje, ele apenas observa.

Antes que possa responder Renan, sou interrompida pela fala de Fernando:  

— Elena, gostaria de falar com você, me espere do lado de fora da sala e em um minuto, sairei.  

Sem entender o propósito da conversa, faço meu caminho para fora da sala, todos os olhares e especulações recaem sobre mim.

Do lado de fora, o espero. Me questiono qual a motivação da conversa, o único acontecimento recente foi os dois décimos retirados por causa do seu ego ferido.

Fernando abre a porta da sala e coloca-se ao meu lado. Não falo nada, ele queria falar comigo, então, ele que inicie a conversa.  

— Sabe, Elena, refleti bastante sobre a minha decisão da quarta passada e cheguei à conclusão que não fui justo com você.  

Jura? Nem percebi o quanto a porra do seu ego é frágil a ponto de não aceitar uma simples correção.  

Aproximando-se mais de mim, ele apoia a mão na base do meu pescoço e retoma a fala:  

— Entendo que foi apenas um apontamento sobre a constante de eletrostática, sei que devido ao seu histórico nem precisaria estar presente nas aulas.  

Sua mão continua no meu pescoço, gerando um calor desconfortável, queimando toda a região. A área onde sua mão está encostando rejeita o calor, e ele corre por todo meu corpo me fazendo mal.  

Não sei o que dizer, deveria agradecer por ele ter enxergado seu erro?  

— E mais uma coisa, arrumei a sua nota de volta para dez, afinal você não errou nada.  

Com essa última fala, sou dispensada. O caminho de volta para o meu lugar é igual o de saída, os olhares e especulações sobre mim.  

Renan e Nabim me esperam com rostos ansiosos.  

— O que ele queria falar contigo? — questiona Nabim, seus olhos castanhos expressam uma curiosidade que beira a infantil.  

— Ele pediu e não pediu desculpas, falou que foi injusto tirar nota por causa da correção da constante de eletrostática.  

Deixo de fora o toque no pescoço, não foi nada demais né?  

Não, não foi, a reação foi apenas produto do susto do momento.  

— Impressionante, ele finalmente fez o mínimo, devemos bater palmas? — fala Renan num tom debochado. —  Arrumou sua nota?  

— Arrumou sim.  

Após isso, voltamos às nossas posições nas carteiras e prestamos atenção na aula, eles mais que eu.  

Por mais que tentasse ignorar, a base do meu pescoço ainda queimava.  

   *

Minha mesa de estudos está uma bagunça, deixando a confusão de livros, cadernos e canetas de lado, pego o celular e me sento de frente para a janela panorâmica que tem no meu quarto.  

O sol se põe lentamente, manchando o céu de tons de vermelho e laranja. A quarta-feira passou rápido, como todos os outros dias, o tempo parece voar, por mais não aconteça, é essa sensação que sinto, que cada dia vai ficando mais curto e mais rápido.  

As responsabilidades da vida adulta aproximam-se mais e mais. E, mesmo confiante sobre as minhas decisões, pensamentos questionadores continuam infiltrando- se na minha cabeça.  

Antes que possa cair no ciclo de: Estudar no ITA ou estudar fora, sou despertada pelo som do celular.  

RAFAEL: Oi.

RAFAEL: Oq o Fernando queria?  

Além de folgado, Rafael é curioso também.  

ELENA: Ele arrumou a minha nota.  

RAFAEL: Não acredito! Eu daria qualquer coisa para ver a cara dele.

RAFAEL: O dia dos humilhados serem exaltados está chegando.  

Elena: Ainda admitiu que errou.  

RAFAEL: Eu daria mais que qualquer coisa para ver isso.  

Quando percebo, estou rindo para a tela do celular.

RAFAEL: Como é saber que fez o insuportável do Fernando admitir um erro?

ELENA: É muito bom, me sinto adorável.  

Apesar da resposta que dou para Rafael, não me sinto adorável. Preferia ficar com o 9,8 e não ter tido que falar com Fernando.  

Aguardo a resposta, mas ela não vem. Bloqueio o celular e encaro a vista da janela, o escuro da noite tomou conta do alaranjado do fim da tarde, marcando o fim de mais um dia.

Fortsæt med at læse

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