Uma missão de Hermione Granger

By OliversLestrange

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Tudo deveria ter acabado com a queda de Voldemort. Mas não foi o que aconteceu. E de repente ela estava alter... More

Capítulo 1: O início
Capítulo 2: O primeiro passo
Capítulo 3: A Ordem da Fênix
Capítulo 4: Novas Alianças
Capítulo 5: O plano
Capítulo 6: A Câmara Secreta
Capítulo 7: A descoberta de Sirius
Capítulo 8: Severus Snape
Capítulo 9: O encontro
Capítulo 10: Regulus Black
Capítulo 11: A cabana dos Gaunt
Capítulo 12: O natal
Capítulo 13: O vínculo de almas gêmeas
Capítulo 14: O diário de Tom Riddle
Capítulo 15: A Caverna de Cristal (Parte I)
Capítulo 16: A Caverna de Cristal (Parte II)
Capítulo 17: Perdas
Capítulo 18: os Prewett
Capítulo 19: Aniversários
Capítulo 20: Especulações
Capítulo 21: Fenrir Greyback
Capítulo 22: O Ministério da Magia
Capítulo 23: A eleita
Capítulo 24: A verdade para os Potter
Capítulo 25: Travessuras
Capítulo 27: Legilimência
Capítulo 28: O Diadema (Parte I)
Capítulo 29: O Diadema (Parte II)
Capítulo 30: O Diadema (Parte III)
Capítulo 31: Sem mentiras
Capítulo 32: Decisões estúpidas
Capítulo 33: A instauração do caos

Capítulo 26: A garota Amaldiçoada

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By OliversLestrange

O céu do entardecer acima da tenda que os quatro viajantes ocupavam apresentava tons avermelhados serpenteados com nuvens brancas, o sol se escondendo preguiçosamente atrás das copas das longas árvores, enquanto Remus e Sirius se preparavam para a longa noite de lua cheia.

Contando com o auxílio da poção mata-cão e algumas outras poções de revitalização, Remus estava tão bem quanto poderia ficar, mas mesmo assim o homem se encontrava agitado, suado e irritado, andando inquieto de um lado para o outro, farejando o ar de modo bastante obtuso. Enquanto, o jovem Sirius parecia nervoso por motivos distintos à licantropia, também andando de um lado para o outro, tentando realizar feitiços sem varinha imaginando as possíveis situações que poderiam acontecer. Como alguém os encurralar na floresta, visto que por mais idiota e difícil que seja alvejar um lobisomem, não era impossível matar um. Ou alguém aproveitar da ausência deles para atacar a tenda com Regulus e Hermione dentro. Sirius sabia o quão poderosa sua bruxinha era, mas também sabia que o próprio Voldemort estava atrás dela, e que aquilo já era o suficiente para quase impedi-lo de acompanhar Remus em sua transformação mensal.

Ele não contou para Hermione, mas depois da noite em que eles tiveram sua primeira vez, o vínculo de almas gêmeas estava finalmente instaurado, ele podia sentir, a magia fluindo como um rio por seu corpo, ligado diretamente à magia dela, ao corpo dela. Se algo estivesse errado, ele sentiria e, provavelmente, ela sentia o quão ansioso ele estava naquele momento, visto o olhar preocupado que a castanha, parada diante da entrada da tenda, direcionava a ele. Ele sorriu para ela. Sirius poderia se considerar o homem mais feliz do mundo, se não fosse a guerra os rodeando por todos os lados e, mesmo que jamais dissesse isso a ela, o Black cogitou seriamente sequestra-la e leva-la para o outro lado do mundo, bem longe da Grã-Bretanha, para mantê-la segura e ao lado dele. Mas Sirius não era estúpido, ele sabia que logo após enfeitiça-lo, ela voltaria imediatamente para o olho da tempestade. Era a natureza de Hermione Granger, era o destino dela.

- Já está na hora de vocês irem. – disse Hermione verificando seu relógio de bolso - A lua aparecerá em cerca de meia hora.

- Querendo se livrar de mim, passarinho? – disse Sirius segurando o rosto dela em suas mãos, fitando cada detalhe de seu rosto, seu nariz fino, seus olhos grandes, brilhosos e castanhos, seus lábios levemente cheios e rosados, suas pequenas cicatrizes que tingiam a pele leitosa, sua bochecha que se corava toda vez que ele fazia isso. Sua namorada era adorável.

- Você diz isso como uma possibilidade. – ela riu revirando seus belos olhos para ele.

- Você tem um ponto. – ele beijou suavemente seus lábios, seu corpo doendo por ter de se afastar e ir para longe dela – Me prometa que ficará bem.

- Eu sou a eleita, Sirius Black, eles é quem deveriam ter medo de mim. – disse a castanha forçando um tom falsamente arrogante. Ambos sabiam que ainda era cedo demais para fazer aquela piada – Por mais que prometer algo assim seja impossível, eu juro que estarei intacta para quando você voltar, está bem?

- Certo. – ele murmurou em um muxoxo triste enquanto a abraçava e inalava seu cheiro, o melhor perfume que já sentiu em sua vida.

- Agora vá, vocês têm apenas 27 minutos. – Hermione considerou ao se afastar dele e fitar o relógio mais uma vez. Sirius concordou e ajudou Aluado a se levantar, o lobisomem parecendo subitamente mais doente conforme a lua se aproximava do céu.

Hermione os viu atravessar a barreira de proteção e seguirem adiante, se embrenhando na floresta, até que ela não ouvisse mais nada a não ser o silêncio inquietante do lado de fora. Quando retornou para dentro da tenda, Regulus estava mexendo lentamente um caldeirão borbulhando com uma mistura rósea que tinha um dos piores cheiros que ela já sentiu.

- Merlim, Regulus, o que há nesse caldeirão? – Hermione segurou o nariz em pinça com os dedos enquanto olhava por cima do ombro do sonserino, se esgueirando em direção ao caldeirão.

- Eu não faria isso se fosse você. – Regulus estendeu o braço a puxou para trás dele novamente – Snape me disse que essa poção é venenosa e, que uma leve inspiração dela durante seu preparo, tem uma alta incidência na morte de bruxos. – ele arqueou a sobrancelha para ela e quase riu dos olhos arregalados e passo rápido para trás que Hermione deu.

- Qual poção é essa exatamente? – ela perguntou ainda segurando o nariz, mantendo uma distância segura do caldeirão dessa vez.

- É realmente um veneno, na verdade. – foi a vez de Hermione arquear a sobrancelha – Snape me disse que é sempre bom andar com uma boa quantidade de veneno, você pode fazer com que tomem ou aspirem isso durante a batalha, se você não conseguir mata-lo, no mínimo irá enfraquece-lo.

- Isso é incrivelmente obscuro. Snape me assusta as vezes. – Hermione foi até o armário de poções que eles haviam montado, repleto de poções polissuco, poções de revitalização, poções Wiggenweld (inúteis, uma vez que até o momento não utilizaram um frasco sequer) e poções de cura rápida, muito práticas para os machucados de batalha com os quais Hermione estava habituada. – Vou preparar Volubilis.

- Volubilis? – Regulus perguntou desconfiado – Por que você gostaria de alterar a voz?

- Para Gringotes, por exemplo. – Hermione levitou os ingredientes necessários para a mistura para a longa mesa que Regulus ocupava.

- Gringotes? O Banco Gringotes? Como o local em que está a taça de Olga Hufflepuff? – Regulus apontou sua varinha para que a colher mexesse o caldeirão sozinha – Hermione, você não está pensando em invadir o banco bruxo novamente, está? Se passando por...

- Bellatrix Lestrange? – ela sequer olhava para ele, cortando cuidadosamente os ingredientes e adicionando em seu próprio caldeirão – Não vejo outro meio de conseguir acesso ao cofre dela e, de qualquer forma, já deu certo antes.

- Vocês saíram voando de lá em um dragão. – disse Regulus cético – De que maneira isso é dar certo? Vocês poderiam ter morrido.

- Mas não morremos e eu já me machuquei muito mais do que naquele dia. – ela parou de cortar os ingredientes e o olhou com impaciência – Eu posso odiar voar, mas para acessar aquele cofre não me importaria de subir nas costas de uma dragão novamente.

- Não, você não pode. – disse Regulus com teimosia – Você está tentando se matar, Hermione? Porque para mim isso é um plano suicida.

- Me matar? – ela quase riu dele, retornando para sua poção, adicionando água-mel a mistura – Regulus Black, se você considera isso uma tentativa de suicídio, eu acredito que esteja tentando me matar desde os onze anos de idade. Você sabe do que eu sou capaz, eu posso muito bem suportar uma ou mais viagens sob um dragão enlouquecido que guarda o cofre do Gringotes.

- Ótimo e como você pretende fazer a polissuco? Pedir um fio de cabelo da minha querida prima? – ele cruzou os braços com uma postura bastante prepotente, o que só deixou Hermione mais empertigada.

- Por acaso haviam muitos fios na sua roupa quando chegou à minha casa naquele dia, foi bastante conveniente. – ela deixou de misturar no caldeirão para encara-lo, os dois estavam claramente irritados um com o outro. Regulus porque ela estava sendo irresponsável e teimosa, e Hermione, porque Regulus estava sendo irritantemente protetor e mandão.

- Eu não posso deixar que faça isso. – Hermione soltou uma risada nasalada.

- E o que você sugere? Que eu vá até a mansão Lestrange e peça, gentilmente, que ela me dê a chave, ou sei lá, que ela me entregue a taça roubada de Olga que, ironicamente, carrega a parte da alma de seu querido lorde das trevas, para que possamos destruí-la? – Hermione caminhou até ele, ficando próxima o suficiente para encarar as órbes cinzentas semelhantes ao de seu irmão – Acho que você sabe bem o que ela faria comigo. De qualquer forma, isso não é uma discussão, eu não pedi sua opinião. - Regulus engoliu em seco subitamente irritado e querendo a chacoalhar pelos ombros até que recobrasse a lucidez – Sirius...

- Sirius sabe disso? – o sonserino estava começando a ficar furioso, como o irmão dele sabia disso e não fazer nada? Sabia que ela pretendia colocar sua vida em risco mais uma vez e não tentou impedi-la? Ele era louco?

- Ele sabe, ele me apoiou, porque não há possibilidade melhor para nós. Entenda isso Reg, por favor.

- Desculpe Hermione, mas eu não posso entender. – Regulus bagunçou seus cabelos exasperado.

- Eu não me importo em me machucar, contato que ele seja destruído... Eu retornei com esse propósito.

- Seu propósito era se machucar? Esse é o problema, Hermione! – disse Regulus se aproximando dela – Você não se importa de se machuca... Mas sabe como eu me sentirei? – ele olhou diretamente em seus olhos castanhos levemente arregalados de surpresa – Eu me sentirei devastado. E se você morrer eu sinto que ficaria... literalmente louco. – ele respirou fundo, fechando os olhos por um momento antes de prosseguir – A morte não acontece para você, acontece para quem fica... Para quem... ama você... Pessoas que estarão no seu funeral tentando entender como droga vão fazer para prosseguirem sem você... como...

- Shh... – Hermione colocou seus dedos sobre os lábios dele e Regulus a encarou, notando somente agora que seus olhos haviam se marejado – Eu te entendo Regulus, eu te entendo perfeitamente, eu sempre observei Harry por anos, não sendo a figura principal da ação, temendo pela segurança dele, de Ron... Minha própria segurança, eu entendo o que você está sentindo e sinto muito que não possa fazer nada em relação a isso. – ela se aproximou dele, circundado o corpo magro com seus pequenos braços, sua bochecha descansando sobre o peito firme – Eu estou indo para a batalha final, é inevitável que eu me machuque, você sabe que é preciso e eu... Eu gostaria que você estivesse preparado para a possibilidade de...

Regulus a puxou mais para ele, abraçando fortemente o pequeno corpo em seus braços, seus batimentos acelerados retumbando sobre a pele lisa de sua bochecha.

- Eu sei que tenho que aceitar, Mione. Mas é mais difícil do que pensei que fosse... – ela passou por braços por sua cintura e esperou que ele se acalmasse.

- Você ouviu isso? – ela disse depois de um tempo, Regulus a soltou sem entender, ainda entorpecido pelo momento.

- O que? – ela levou o dedo aos lábios pedindo silêncio. Então correu para pegar sua varinha, Regulus ainda desnorteado fez o mesmo e seguiu a castanha enquanto ela se esgueirava pela abertura da tenda.

- Derrubaram a barreira. – ela engoliu em seco olhando alarmada para Regulus. O farfalhar de folhas secas do lado de fora fez Hermione respirar fundo – Parece ser apenas uma pessoa... Mas é alguém poderoso o suficiente.

- Quem poderia ser?

- Eu só conheço duas pessoas que derrubariam essa barreira com tamanha facilidade...

- Boa noite, senhorita Granger. – Hermione saiu para fora da tenda, a brisa suave balançando alguns fios de seu cabelo.

Dumbledore estava trajado com roupas azuis celeste, como o habitual, os óculos de meia lua pendendo frouxamente em seu nariz e a varinha presente elegantemente entre seus dedos.

- Diretor Dumbledore? – Regulus apareceu ao lado dela, tão surpreso quanto a própria Hermione estava.

- Boa noite, senhor Black. – o velho sorriu de um jeito afetado. – Creio que vocês gostariam de uma confirmação sobre a minha identidade.

- Acredito que seria bom, senhor. – disse Hermione olhando desconfiada para ele – Qual foi o código que utilizei para que o senhor me identificasse em nosso primeiro encontro?

Dumbledore sorriu antes de responder.

- Creio que seja "É engraçado o quão longe alguém pode chegar para encontrar o que procura, não acha?". – Hermione abaixou sua varinha e olhou para o espaço além dele. – Não se preocupe, senhorita Granger, assim que passei, ergui as barreiras novamente. Inclusive, devo-lhe felicitar, elas eram quase impenetráveis.

- O quase pode ser considerado meu túmulo. – ela suspirou e olhou rapidamente para Regulus – Vamos entrar, acredito que um chá ao anoitecer seria muito bem-vindo.

Os três adentraram a tenda e, consideravelmente nervosa e desconfortável, Hermione começou a preparar o chá para servir ao diretor. Os dois homens se sentaram na mesinha precária que eles utilizavam para as refeições e pesquisas, o diretor analisando o ambiente a sua volta com olhos azuis intensos.

- Excelente feitiço de expansão. – reconheceu ele encarando com curiosidade o espaço – Creio que tenha sido ótima na disciplina de transfiguração.

- A melhor de meu ano. – reconhecer Hermione servindo as xícaras com o chá fumegante – Mas creio, diretor Dumbledore, que não tenha vindo até aqui falar sobre o quão bom são minhas habilidades em feitiços de transfiguração e ilusão espacial, não é?

Dumbledore tomou calmamente seu chá, um longo gole que fez Hermione querer acertar o punho na mesa com impaciência. Regulus o encarava do mesmo modo, mas não tão indiferente quanto ela, que mantinha o semblante rígido.

- Eu imaginei, senhorita Granger, que você viria me procurar após a sua invasão ao Ministério. – disse o diretor de Hogwarts abaixando cuidadosamente o chá em direção à mesa – Mas então considerei que você não se arriscaria a ir para Hogwarts, uma vez que o próprio Tom já sabe da profecia e quer chegar o mais rápido possível até você.

- Como nos localizou? – questionou Regulus impetuosamente – Nem sequer mandamos cartas desde que saímos.

- Eu tenho meus meios. – os olhos sábios se fixaram nos de Hermione por um momento e se desviaram para o líquido que compunha a xícara mais uma vez – Então resolvi que ao invés de esperar uma oportunidade em que a senhorita viesse até a mim, eu vim até a senhorita.

A calma do professor fazia Hermione querer gritar, como ele poderia estar tão calmo quando sabia o quanto ela havia mudado o passado, o quanto estava em jogo naquele momento?

- O que exatamente o senhor quer debater, diretor? – ela questionou.

- Assustada, senhorita Granger? – o tom que Dumbledore utilizou não parecia nada com ele, Regulus o encarou e levou sua própria mão até a de Hermione por baixo da mesa, em sinal de apoio – Eu avisei sobre como os feitiços do tempo poderiam ser perigosos, assim que a senhorita chegou até esse período, não avisei? A linha era tênue, que um fato diferente, por mais insignificante que fosse, poderia modificar drasticamente todo o passado. Mas você foi longe demais, não foi?

Hermione se pegou encarando o professor com raiva, uma raiva infundada, se ele achava que ela havia ido longe demais, porque raios ele não a impediu? Porque só assistiu?

- Eu confiei em você. – ela acusou apertando a mão de Regulus, desejando possuir um maior autocontrole de suas emoções, mas parecia que tudo estava caindo sobre sua cabeça de repente. – A quanto tempo você sabia? A quanto tempo você presenciou a visão de Sibila? – ela apertou os olhos fitando o diretor – A quanto tempo sabia que eu viria para modificar tudo? – questionou tentando esconder a surpresa em sua voz, era óbvio, Dumbledore sabia da vinda dela a muito tempo. Ele sabia que haveria uma viajante do tempo.

Regulus observou a interação dos dois com curiosidade, Hermione tremia em seu lugar, lutando com todas as forças para ser corajosa suficiente para encarar o lendário Albus Dumbledore. O mago, entretanto, parecia calmo, como se esperasse uma explosão dela, como se nada pudesse o surpreender.

- Uma semana após a sua chegada, Sibila me procurou. – confessou Dumbledore, tomando um longo gole inquietante de chá antes de prosseguir – Ela havia tido uma visão, uma profecia, em que ela viu seu rosto, o descreveu muito bem para mim, então quando você apareceu na taberna de Madam Rosmerta, eu não fiquei tão surpreso quanto deveria. A vidente disse que a viajante do tempo era uma garota amaldiçoada, que jamais encontraria a felicidade, porque jamais se contentaria com uma, sempre buscando melhorar as coisas e que isso a levaria a ruina. – o lábio inferior de Hermione tremeu enquanto Dumbledore a encarava – Em uma guerra como essa, senhorita Hermione, não há como salvar a todos, haverá perdas e você terá de suporta-las, se você houvesse suportado talvez tivesse encontrado a felicidade em sua própria realidade. – disse o diretor fazendo Hermione ofegar, Regulus se aproximou mais dela tentando conforta-la - Você está na situação que está, porque retornou em busca de sua própria felicidade. Mas foi em vão, você pode perder muito mais agora, e terá de aceitar isso, porque dessa vez é definitivo. - Hermione estremeceu colocando a mão livre sob o peito, seu coração bombeando forte – Foi isso que você fez, não é? Você nunca se contentou em sobreviver, se sacrificou, dia após dia, em sua outra vida e agora, porque você quer salvar a todos. Mas eu tenho algo a dizer para você, senhorita Granger, algo que eu aprendi a muito tempo, quando tive de lutar contra um dos maiores afetos – ele encarou profundamente os radiantes olhos castanhos com os seus azuis gélidos e, pela primeira vez, Hermione viu a dor nos olhos do diretor – Em guerras há perdas, muitas perdas, não há o que fazer. Como disse, essa é a sua última chance, senhorita Granger, se você não vencer essa guerra, irá morrer, porque você decidiu que não estava feliz o suficiente na outra realidade. Então o desequilíbrio foi originado por você, você desistiu daquela realidade, você desistiu dos sacrifícios que tantas outras pessoas fizeram porque você decidiu fazer o seu, e a que custo? Você não tem ideia de quem irá morrer nessa guerra, se serão as mesmas pessoas, se serão mais pessoas... Mas você fez sua escolha e agora terá de lidar com as consequências. E no fim, se você não ganhar, tudo será pior.

O silêncio pesou e Hermione se sentiu incrivelmente egoísta, retornar ao passado, antes visto como um sacrifício pessoal dela para originar felicidade aos amigos, agora era visto como um ato extremamente egoísta e burro, sob uma perspectiva totalmente nova, Hermione se viu retornando ao passado porque ela estava infeliz, porque ela queria procurar sua felicidade, esta que estava no futuro que ela deixou para trás. E então ela chegou a conclusão de que, em seu coração, ela sabia que queria morrer na guerra, assim como seus amigos fizeram, ela queria simplesmente voltar e, se não conseguisse salva-los, ela morreria, no campo de batalha, no local que pareceu sua casa por longos anos. Ela então se deu conta que o verdadeiro impulso para aquela missão não foi salvar os amigos, mas salvar a si mesma.

Como ela pode ser tão egoísta?

- Eu não levei a visão sobre você para o Ministério, mas senti necessidade de levar a segunda, a que você viu sobre o destino da guerra. Riddle precisava saber de você. – Hermione estremeceu e fixou seus olhos arregalados ainda mais no diretor, seus lábios se separando em choque, soltando lufadas de ar intensas enquanto sua mão ia até seu ventre, sentindo seu estômago se revirar, se sentindo capaz de devolver o chá que acabara de beber. Dumbledore a traiu? Ele a traiu como traiu Harry no futuro? A criando como seu novo porco para o abate? – Sem essa profecia, Tom jamais saberia sobre você, senhorita Granger. E ele precisava saber.

- Você simplesmente colocou um alvo nas minhas costas? – Hermione se sentia sem fôlego – Você simplesmente... Meu Deus, você simplesmente quis adiantar essa batalha?

- Não podemos ter uma guerra bruxa por anos, senhorita Granger, eu vi o futuro, e não foi nada bonito. Nós precisávamos...

- Você me acusou de mudar o futuro, mas você fez o mesmo! – Hermione se levantou estarrecida – Você divulgou meu nome para o próprio lorde das trevas apenas para adiantar a guerra? O quão egoísta isso foi? Eu sequer sei como posso ganhar essa batalha.

- Você tem algo que Voldemort não tem, senhorita Granger, algo que ele procurou através das décadas. – Hermione se deu conta que aquela parte estava na profecia.

- Do que ele está falando? – Regulus tentou chamar sua atenção para o rosto dele, mas Hermione estava chocada demais para se desviar de Dumbledore.

- Você achou que eu não descobriria? Incrivelmente, a minha varinha se mostrou bastante disfuncional desde o nosso primeiro encontro, senhorita Granger, como se ela possuísse uma irmã gêmea. Mas devo dizer que é impossível a varinha das varinhas possuir uma gêmea... A não ser que a outra tenha sido trazida por uma viajante do tempo.

- A varinha das varinhas? Como a lenda dos três irmãos? – Regulus disse assustado – Eu já ouvi falar disso, mas jamais de fato ouvi o conto.

Hermione respirou fundo, apertando levemente seus dedos sobre a mão pálida de Regulus.

- Era uma vez três irmãos que estavam viajando por uma estrada deserta e tortuosa ao anoitecer – começou Hermione olhando entre os dois homens - Depois de algum tempo, os irmãos chegaram a um rio muito perigoso para atravessar. Os irmãos, porém, eram versados em magia, então balançaram suas varinhas e fizeram uma ponte, mas antes que pudessem atravessar, seu caminho foi bloqueado por uma figura encapuzada. Era a Morte. Ela se sentiu traída, porque o normal seriam os viajantes se afogarem no rio, mas sendo perspicaz, ela fingiu parabenizar os três irmãos por sua magia e disse que cada um ganharia um prêmio por sua inteligência em terem conseguido evita-la. O mais velho, pediu a varinha mais poderosa que existisse e a Morte lhe deu uma varinha feita da árvore de sabugueiro. O segundo irmão, resolveu humilhar a Morte ainda mais, e pediu o poder de ressuscitar os entes já falecidos. Então a Morte apanhou uma pedra da margem do rio e a entregou a ele. E finalmente a Morte perguntou ao terceiro irmão, um homem humilde, então ele lhe pediu algo que permitisse sair daquele lugar sem ser seguido pela Morte, e ela de má vontade, lhe entregou sua própria capa da invisibilidade. O primeiro irmão foi para uma aldeia distante, e com a varinha de sabugueiro na mão, assassinou um bruxo que sequer teve oportunidade de lutar. E tomado pelo poder que a varinha das varinhas havia lhe dado, ele seguiu para uma estalagem onde se gabou por sua invencibilidade. Mas naquela mesma noite, outro bruxo roubou a varinha e, por segurança, cortou a garganta do mais velho dos irmãos. E assim a morte levou o primeiro irmão. Enquanto isso, o segundo irmão viajou para a casa, onde pegou a pedra e virou-a três vezes na mão, e para sua alegria, a moça que um dia desejara desposar, antes de sua morte precoce, apareceu diante dele. – Regulus olhou fixamente para Hermione, de repente, se sentindo bastante representado pelo segundo irmão do conto - Contudo, ela estava triste e fria, já não pertencia mais ao mundo dos mortais. Enlouquecido pelo desesperado desejo, o segundo irmão se matou para poder unir-se a ela. Assim a morte levou o segundo irmão. Já o terceiro irmão, foi procurado pela Morte por muitos anos, mas ela jamais conseguiu encontra-lo. E somente quando atingiu uma idade avançada, foi que o irmão mais novo despiu a capa da invisibilidade e deu-a para seu filho. E então, ele acolheu a morte como uma velha amiga e a acompanhou de bom grado e, como iguais, partiram dessa vida.

Quando terminou os olhos de Regulus fixados nos de Hermione, a encarando com incredulidade, certamente ele ouviu sobre o conto, mas queria ter certeza de que era o mesmo de sua infância.

- O que isso quer dizer, Mione? – ele piscou rapidamente, tentando desanuviar os pensamentos, não podia ser possível... Hermione não...

- Revele, senhorita Granger. – disse Albus a olhando por detrás de seus óculos de meia lua.

Hermione relutantemente se levantou e buscou bolsinha extensível, ela a abriu e colocou a mão em seu interior, buscando com cuidado o objeto. Quando retirou a peça fálica e fina diante dos dois pares olhos, seus dedos tremiam levemente, a mente borbulhando enquanto se lembrava de como conseguiu aquela varinha, de como ela a pegou de Harry, em seu enterro, sem que ninguém tocasse a troca. Ela já tinha grandes planos em mente desde aquele período e achou que ter as relíquias da morte em seu domínio seria uma ótima vantagem.

- Eu ainda não compreendo, senhor... – ela disse encarando a varinha nas mãos dela e nas mãos de Dumbledore.

- Conforme o que a senhorita me mostrou, Harry e Voldemort possuíam varinhas gêmeas. Foi um dos motivos pelo qual seu amigo conseguiu vencer o lorde das trevas. – explicou Dumbledore, retomando a sua calma habitual – Sua varinha original não é gêmea de Voldemort, correto? – ela balançou a cabeça lentamente em concordância – Então, acho que o único modo de Voldemort ter uma varinha parecida com a sua para a batalha final é...

- Matar o senhor. – disse Hermione levando as mãos a boca. Dumbledore não os traiu, como ela pensou momentos atrás. Ele se sacrificou, mais uma vez, para que eles pudessem ganhar. Ele sabia que Hermione estava com a varinha das varinhas em sua posse, e que para eles equipararem seus poderes, Hermione tinha de ter uma varinha igual a dele. – Mas... mas senhor...

- Já está decidido, senhorita Granger. Eu não sei quando, nem como, mas ele vai me derrotar. E você deverá estar pronta quando isso acontecer. 

Ps da autora: olá meus queridos leitores, venho por meio desta notinha de rodapé, avisar a vocês que os capítulos serão postados em um intervalo de tempo maior, uma vez que minhas aulas da faculdade retornaram e isso acaba sugando tanto o meu tempo quanto a minha capacidade de imaginar adequadamente alguns desfechos. Mas não se preocupem, eu já tenho muitos planos para a história e a prosseguirei. Tenham paciência, por favor, um beijo! Muito obrigado pela leitura de vocês, seus lindos <3

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