Empresário • jikook

By callmeikus

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☆CONCLUÍDA☆ longfic • boss x secretary Jimin lia muitas fanfics, talvez até demais. Então, na cabeça dele, to... More

00. Avisos, o que você tem que saber
01. Jimin, a máquina de vergonha alheia
02. UP2U, a empresa dos loucos
03. Namjoon, o plano B
04. Ups, o cenário do desastre
05. Up, o cenário do desastre ainda maior
06. Yoonji, a atenta
07. Taehyung, o Chicken Little
08. Eunha, a subutilizada
09. Mesa de vidro, a catastrófica
10. Yeonjun, o envergonhado
11. Seunghyun, o invejoso
12. Banheiro, a testemunha
14. Woohyun, a opção que dói
15. Passado, o corruptor
16. Culpa, a disputada
#ikusweek2021 crossover | parte 2
17. Continuação, a estranha
18. Apartamento, a nova casa
19. Melancia, a nova face
20. Cama, a aproveitada
21. Panquequinhas, as abaladoras
22. Minnie, o recém-chegado
23. Batatinhas, as quentinhas
24. Sono, o compartilhado
25. Café, o apaziguador
26. Calça, a arrebatadora
27. Troca, a interessante
28. Chope, o estopim
29. Beijo, o agridoce
30. Silêncio, o necessário
31. Karaokê, o encontro
32. Decisão, a derradeira
33. Pranto, o premeditado
34. Armadilha, a ardilosa
35. Busão, o deslumbrante
36. Cafeteria, a decisória
37. Carimbo, o dispensável
38. Cor de burro quando foge, a combinação
39. Bolinho, o peladinho
40. Bueiro, o imundo
41. Hoseok, o outro
42. Muralha, a gigante
43. Ser, o ser
44. Final | Jimin, o Empresário
45. Epílogo | Começo, o novo

13. Seokjin, o pilar

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By callmeikus

Oi, upinhos!! Feliz Ano Novo! Espero que o 2021 de vocês seja repleto de coisinhas que façam vocês bem! Porque acho que a vida é isso, né? Tentar se cercar de coisas boas para que faça sentido.

Resumo do capítulo passado pra quem pulou: Jimin sofreu uma tentativa de estupro pelo Seunghyun, mas foi encontrado pelo Seokjin antes de "piorar". Jungkook quase caiu na porrada com o cara, mas Namjoon segurou e chamou a polícia. O Jin convenceu o Jimin a denunciar e ir pra terapia.

Boa leitura!

#JKNãoUsaGravata

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Jin manteve sua promessa e esteve ao lado do Jimin em todos os momentos dentro da viatura - diferente da que levava Seunghyun - e da delegacia, atento a qualquer problema de conduta que os oficiais poderiam apresentar. O psicólogo não sabia muito bem como Jimin seria tratado. Por ser homem, teoricamente sofreria menos descaso do que mulheres no mesmo tipo de situação porque normalmente palavras vindas de um locutor masculino valiam mais, mas tinha dúvidas sobre denúncia de um assédio que um homem sofreu por outro. Afinal, misturava dois tópicos sociais sensíveis: homofobia e o conceito tóxico de masculinidade. Não duvidava nada da possibilidade de falarem alguma besteira como Jimin precisar ser homem o suficiente para se defender.

Seja por causa da cara de pouco amigos de Seokjin ou porque os funcionários da delegacia realmente eram comprometidos o suficiente com seu trabalho para não envolver preconceito no meio, o boletim de ocorrência foi aberto rapidamente. Jimin foi encaminhado para o IML, onde Seokjin infelizmente não pôde acompanhar, esperando aflito na sala de espera.

Foi um processo um tanto quanto cansativo para o estagiário, que nem queria estar lá em primeiro lugar. Muitos trâmites, muita burocracia e muita espera, tudo isso com o corpo dolorido e violado, clamando por um banho, implorando que esfregasse as digitais transgressoras da sua pele com sabonete. Pior ainda era saber que o traste estava na mesma delegacia que ele, mas evitou o tempo inteiro olhar onde sabia que o homem estava, com medo demais das próprias reações. Mas passou, com o apoio do mais velho e uma barra de chocolate.

- Muito bem, Jimin, mais um passo concluído - Jin falou ao entrar no carro junto com o estagiário. Pegou o automóvel na casa do Jungkook quando Jimin foi encaminhado ao IML, achando que seria mais prático e confortável pro estagiário do que um transporte público ou qualquer tipo de Uber. - Vamos pro hospital agora, onde seu plano de saúde atende?

- Só me leva pra casa... - Jimin murmurou sem forças, exausto. Apoiou a cabeça no vidro do carro, parecendo cansado demais até para colocar o cinto. Preocupado, o próprio psicólogo colocou.

- Não, Jimin, você tem que cuidar desses machucados. E se infeccionar? E se tiver uma fratura?

- Acho que eu teria notado uma fratura... - retrucou com um biquinho. - O cara que mora comigo é enfermeiro, ele vai cuidar de mim. Por favor, eu não quero mais ficar esperando sentado em um lugar com um monte de gente olhando pra minha cara destruída.

Seokjin mordeu os lábios, um pouco em dúvida do que fazer. Resolveu confiar no Jimin e no tal amigo enfermeiro, entregando seu celular para que o estagiário digitasse o próprio endereço. Com a rota já pronta, prendeu o celular no suporte do painel do carro e deu partida, dirigindo com cuidado.

O céu já estava escuro. Jimin observou desanimado e um pouco longe de si os carros e as pessoas na calçada passando como um borrão ao seu lado. Os olhos encolheram-se um pouco com um farol mais alto, e sentia-se perdido na mistura de cores dos faróis dos carros e iluminação das propagandas poluindo o ambiente ao redor. Detestou viver na cidade grande naquele momento, irritado demais com o barulho horrível do trânsito, dos motores altos e buzinas ensurdecedoras.

Seokjin tentou colocar alguma música de pop pra tocar durante o sinal, para ver se animava o outro ao seu lado, mas nem Wrecking Ball pareceu fazer efeito em Jimin. Suspirou derrotado e começou a desejar tanto quanto o outro chegar na casa dele logo. De fato, passaram muito tempo na delegacia e o dia simplesmente correu por entre os dedos.

A sorte grande foi que havia vaga para estacionar bem na frente do prédio do Jimin, situado em uma rua felizmente pouco movimentada. Acompanhou o estagiário adentrando o prédio, sentindo-se um pouco intruso. Subiram dois lances de escada e pararam na porta do Jimin.

O estagiário suspirou frustrado ao meter a mão em sua mochila e sentir a chave sumir por entre seus dedos. Bateu na porta, desejando muito que Taehyung já tivesse voltado da faculdade, porque estava cansado demais para procurar as chaves. Só pensar em fazer aquilo parecia cansativo.

- Já vou! - Ouviu a voz grossa e abafada por trás da porta. Seokjin, distraído até então observando pesarosamente os vergões vermelhos no pescoço do Jimin, ficou confuso por um momento, achando que tinha ouvido algo familiar.

Ficou ainda mais perdido quando a porta abriu-se e revelou Kim Taehyung, os cabelos ruivos presos por presilhas como sempre, só que dessa vez porque a franja atrapalhava quando estudava, e vestido com seu blusão e bermuda de skatista, despojado apesar de não ter ido encontrar seus bros aquele dia. O enfermeiro não notou Seokjin de imediato, preocupado demais com Jimin.

- Caralho, o que rolou? - Os olhos de Taehyung estavam arregalados enquanto observava seu amigo. - Por Jeová, entra logo.

Taehyung abriu mais a porta e deu espaço para que Jimin, completamente calado, entrasse em casa, tirando os sapatos na entrada de qualquer jeito. E só aí Taehyung viu Seokjin, tão surpreso quanto o próprio psicólogo. Não falou nada, até porque o foco era Jimin, só indicou que o outro também entrasse com um menear da cabeça.

O enfermeiro puxou Jimin até o banheiro. Fez com que o colega de apartamento se despisse e sentasse em cima da tampa do vaso de cueca, observando os machucados com cuidado e pressionando levemente alguns pontos para verificar do jeito que era possível com os poucos recursos se havia alguma fratura. Não perguntou nada e Jimin apenas ficou grato por aquilo.

- Bro, toma um banho - orientou, recolhendo as roupas manchadas do Jimin para colocar para lavar. - Pode esfregar os machucados com sabão, quando terminar me chama que eu vou passar uns remédios e fazer uns curativos.

Jimin apenas assentiu com a cabeça, tirando a cueca e entrando no box inerte, mesmo que os dois homens ainda estivessem no banheiro junto com ele. Não ligava para mais nada além de seu banho, tinha esperado ansiosamente o dia inteiro por aquilo e era a permissão que mais aguardava vinda do enfermeiro.

Taehyung e Seokjin trataram de sair rápido do aposento para dar privacidade ao Jimin, mas antes o ruivo acabou vendo a bunda marcada dele e percebeu que também precisaria preparar uma compressa fria para aplicar no local. Seokjin seguiu Taehyung até a cozinha, observando em silêncio o enfermeiro pegar um saquinho e enchê-lo de gelo, guardando no freezer para quando Jimin saísse do banho.

- Então você divide apartamento com o Jimin, Chicken Little... - O psicólogo quebrou o silêncio, achando toda aquela situação meio estranha. Jimin e Taehyung definitivamente habitavam lugares bem diferentes em sua cabeça.

- Uhum, e quem é tu? - Taehyung perguntou informalmente como sua versão "normal" fazia, cruzando os braços enquanto apoiava-se na pia. Estava ressabiado, afinal, Seokjin simplesmente aparecera com Jimin completamente machucado em seu apartamento e a marca de mão nas nádegas dele... desconfiava.

- Diretor de RH da empresa que ele trabalha... - Jin explicou, entendendo o que a pergunta do ruivo queria dizer.

- Da UP2U? - Taehyung perguntou surpreso e Jin confirmou com a cabeça, permitindo-se sentar em um dos bancos da cozinha. - Quer dizer que... a Yoonji e o Jungkook também são de lá?

- Sim... CTO e CEO - Jin respondeu, um tanto impassível, mas Taehyung cobriu a boca com a mão, os olhos completamente arregalados diante a revelação, afinal... o tanto que não ouviu sobre Jungkook, ou melhor, sobre o CEO da UP2U...

O cérebro do enfermeiro deu um completo nó, sem conseguir associar as imagens das pessoas que conhecia com aquelas que Jimin trazia para ele. Yoonji, sua doce e forte Yoonji, era a piranha magricela... Megera mal amada, ridícula. Mas o pior para ele era Jungkook. O CEO ambíguo que não sabia interpretar pelas coisas que ouviu se queria algo com Jimin ou não, que ignorou que Jimin cometeu um atentado ao pudor e beijou ele mesmo assim. Não fazia sentido, o Jungkook que conheceu parecia extremamente gentil e decidido.

Mas não importava. Jimin claramente tinha passado por algo horrível, e apesar de não saber o que era além das suas suposições, não pensaria em nada a não ser estar ao lado dele. Taehyung suspirou, estremecendo. A grande verdade é que tinha medo daquela revelação.

Tinha medo de perder a imagens das pessoas com as quais começou a se importar e interessar. Tinha medo das palavras do Jimin serem reais e realmente não existir pessoas bem intencionadas no mundo. Tinha medo de tudo e aquilo era vergonhoso, porque mostrava o quão egoísta era também. Jimin deveria ser sua única preocupação e estava lá, inundado com outras várias.

- Foi o Jungkook que... - Apontou a direção do banheiro com o queixo, querendo parecer firme, mas a verdade era que sentia-se completamente despedaçado com a possibilidade de ter enganado-se sobre a índole deles aquele tempo todo.

- Não! - Seokjin quase gritou e, ao perceber que exaltou-se, corou, relaxando novamente. - Desculpa, é que o Goo nunca faria algo assim... A ideia me deixou nervoso.

- O que aconteceu então?

- O Jimin te contou que esse final de semana tinha o UP4U?

- Sim - Taehyung confirmou, lembrando do tanto que o colega reclamou sobre ter organizado um monte de coisa para o evento, mas parecia até mesmo ter gostado de fazer o trabalho. Não parava de falar daquilo.

- Eu não vou dar muitos detalhes porque não sei até onde o Jimin quer que os outros saibam sobre isso. Mas um cara que se inscreveu na UP4U tentou estuprar o Jimin... Ele foi preso e a gente já abriu um boletim de ocorrência na delegacia, fez tudo que mandaram... Ah, e eu marquei uma consulta psicológica pra ele amanhã, se você puder garantir que ele vá, eu ficaria grato.

Taehyung não falou nada, ainda tentando processar tudo aquilo. O corpo arrepiou-se porque... uma tentativa de estupro era algo muito pesado e, sinceramente, juntar essa informação com os machucados que viu pelo corpo do Jimin fazia que um horror incrédulo tomasse e pesasse seu peito. É claro que já tinha presenciado vítimas de violências do tipo no hospital, mas... Jimin morava com ele, era algo muito próximo. Era como se a barreira que separava os Taehyungs dentro dele quebrasse e ele não sabia lidar com o encontro de dois lados que achava tão distantes.

Enquanto o ruivo tentava pensar se ele agia como Taehyung enfermeiro ou Taehyung que divide apartamento com Jimin, completamente agoniado e perdido, Jin tirou sua carteira do bolso e procurou algum papel solto por lá. Pegou uma caneta que carregava consigo e anotou o nome do psicólogo, o endereço da clínica e o horário da consulta, entregando para um Taehyung ainda inerte.

- Eu bem que podia ter te mandado por mensagem também, né? - Jin riu fraquinho ao perceber que tudo aquilo foi desnecessário. O dia tinha sido tão longo que não conseguia mais pensar direito. Tinha tomado decisões demais e seus olhos pesavam. Uma parte dele só queria que Jimin fosse dormir logo para poder fazer o mesmo em breve. Taehyung, mesmo com muita coisa na cabeça, foi capaz de dar um sorrisinho e, cansado da sua postura desconfiada, deixou os ombros caírem e também sentou em um dos bancos da cozinha.

- Que rolê brega, bro - respondeu enquanto olhava o cartão visitas de uma loja de sorvetes aleatória rabiscado com as informações. - Sabia que tu tinha certa idade, mas não desse jeito...

Apesar do tom do enfermeiro não ser tão bem humorado como deveria ter sido, Jin entendeu que ele queria estar brincando, então apenas sorriu fraquinho de volta, compreensivo. Ficaram quietos, encarando a mesa da cozinha até Jimin fechar o registro do chuveiro e Taehyung levantar-se prontamente e ir até ele. Jin esperou lá.

Enquanto Taehyung pegava o kit de primeiros socorros no gaveteiro da pia, Jimin enrolou-se na toalha e sentou novamente na tampa do vaso, esperando pacientemente ser atendido pelo amigo. No momento, o estudante de administração não sentia mais nada, apenas vazio e o abafamento do banho demasiadamente quente, um tanto quanto entorpecido. Talvez daquele jeito fosse melhor, porque toda vez que lembrava-se de algo doía demais.

Jin, por sua vez, finalmente retornou as quase trinta ligações perdidas do Jungkook. Tinha dado algumas atualizações enquanto esperava o Jimin sair do IML e buscou o carro, mas depois daquilo tinha deixado o celular de lado. O CEO realmente parecia desesperado, até mesmo Namjoon e Yoonji mandaram mensagem pedindo que falasse com Jungkook, de tão desestabilizado que ele estava com a falta de notícias.

- Jin? Jin? Alô, é você? - Jungkook atendeu, parecendo completamente nervoso. Na verdade, suas mãos tremiam tanto que o celular quase escapava delas e, apesar do primeiro dia de evento ter acabado há tempos, ele ainda não tinha conseguido descansar. Pelo menos estava em casa, mas foi graças à insistência do Namjoon e da Yoonji.

- Sim, Jungkook... - o psicólogo respondeu, preocupado. - Respira.

Imediatamente, ouviu uma inspiração funda e um tanto entrecortada pelo afobamento que Jungkook ainda sentia através da ligação. O CEO fechou os olhos, tentando lembrar das lições de meditação que fazia todas as manhãs, mas que agora pareciam longe. Expirou, um pouco mais controlado.

- Desculpa... Tô bem agora. - Voltou à ligação após alguns segundos. - Como o Jimin está? O que aconteceu?

- Acho que ele está bem dentro do possível... Como eu falei, a gente foi pra delegacia e, já que o crime foi flagrante, Seunghyun está preso por enquanto. Jimin fez o exame de corpo delito no IML e estou aqui na casa dele...

- Você falou antes que ele estava machucado... Vocês já foram pro hospital? Precisam de carona?

- Goo... - Jin acabou rindo, apesar de tudo. - Como você vai me dar carona se eu estou com o seu carro?

- Ah, é verdade... - O CEO finalmente pareceu lembrar-se daquele detalhe.

- Não fomos pro hospital porque o Jimin queria ir pra casa e me contou que o cara que mora com ele era enfermeiro.

- Sério? - Jungkook perguntou surpreso.

- Sim, ele mora com o Taehyung. Aliás, o Chicken Little tá cuidando dos machucados dele agora mesmo... - Seokjin largou a bomba de uma vez, sem saber como apresentá-la de outro jeito. Assim como ele mesmo, Jungkook ficou um tanto quanto em choque com a informação improvável.

- Quê? - Foi a única coisa que falou, um bom meio minuto depois. - Calma, o Taehyung dos eventos de caridade?

- Ele mesmo...

- Quê? - Jungkook perguntou novamente, ainda confuso. Jin acabou rindo um pouco, o jovem realmente era um tanto quanto fofo. - Ah... Jin, eu queria pedir desculpas para o Jimin cara a cara pelo que aconteceu.

- Acho que não é problema... Mas você precisa se controlar, estava muito nervoso antes.

- Eu vou - Jungkook respondeu decidido. - É só desculpas, juro que depois eu vou embora e deixo todo mundo em paz.

- Acho que não tem problema, mas tente não falar sobre o que aconteceu com ele ainda... Na verdade, talvez uma conversa normal seja melhor do que desculpas. Só mostre que também está ao lado dele, sabe? Vou te passar o endereço por mensagem - Jin respondeu logo antes de encerrar a ligação. Achava que não faria mal Jungkook ir mostrar apoio ao Jimin, afinal, pelo que sabia, os dois eram bem próximos no trabalho. Redes de apoio sempre eram boas.

Quando Taehyung voltou à cozinha para preparar alguma comida enquanto Jimin ia vestir-se em seu quarto, Seokjin avisou que Jungkook apareceria para conversar com o Jimin. O ruivo refletiu por um momento se o psicólogo sabia que Jimin e Jungkook já tinham ficado e de toda a problemática dos dois, mas resolveu ficar quieto, porque na verdade não sabia como lidar muito bem com aquela situação. Se todos trabalhavam juntos, Jin provavelmente sabia o que estava fazendo e, por fim, Taehyung inventou justificativas o suficiente para permitir-se ser calado pelo próprio medo e desconforto.

Jimin apareceu na cozinha uns cinco minutos depois, de pijama e com os cabelos negros úmidos do banho. Jin sorriu um pouco, porque ele parecia um pouco melhor daquele jeito apesar dos machucados pela pele ainda serem visíveis. No fim, ambos ficaram assistindo Taehyung terminar de preparar um mingau, que tinha esperanças de ser reconfortante.

Para o silêncio não ocupar completamente o aposento - nenhum deles estava falando nada -, Taehyung ligou a TV com o volume baixinho, só para fazer algum barulho, logo após servir Jimin com o mingau. O estudante de administração comeu devagarinho, a cabeça novamente vazia.

Como não tinha comido quase nada durante o dia, repetiu duas vezes antes de despedir-se para escovar os dentes e ir dormir. Ninguém contestou, apenas desejando boa noite a ele. Taehyung aproveitou o momento para dar a bolsa de gelo embrulhada em um pano de prato limpo para que Jimin pudesse aplicar nas nádegas. Seokjin, só por desencargo de consciência, mandou uma mensagem ao Jungkook avisando que Jimin foi dormir, mas provavelmente o CEO já estava a caminho.

- Então, como estão as coisas no hospital? - Jin falou, tentando puxar alguma conversa com Taehyung agora que estavam só os dois. Estava tão cansado que sua cabeça martelava desesperadamente a vontade de ir pra casa, e a cada segundo pensar em algo decente para falar ficava mais difícil.

- Ah, o de sempre... com pacientes - respondeu e acabou rindo baixinho.

- Deixa eu adivinhar... E com médicos, enfermeiros, equipamentos...?

- Comé que tu adivinhou? Brabo demais!

Os dois riram um pouquinho, aliviados que o clima ficou mais leve, apesar de ainda estar claramente regado de exaustão. Taehyung estava feliz que, apesar de tudo de ruim, o que poderia ter sido feito por Jimin, foi feito. E aliviado em saber que, afinal, seus amigos dos eventos de caridade não eram pessoas ruins, apesar de ainda estar confuso sobre quem eles eram quando estavam com ele e quando estavam com o Jimin.

- Sou um poço de sabedoria, Chicken Little. - Jin fez uma cara convencida.

- E na UP2U? Como tá?

- Ai, amado, o de sempre. Trabalho, tretas, felicidade e festinhas. - Jin ponderou por um momento. É claro que diariamente havia desafios e problemas a serem resolvidos na empresa, mas aquilo era um tanto quanto normal. Acharia estranho se não tivesse problemas.

- Tu tava na festa que o Jimin deu PT?

- Ah, não... Nesse dia eu tinha compromisso já, um cu... Eu amo assistir a galera ficando doida. - Seokjin riu, um pouco mais fraco, assim como Taehyung, porque era meio difícil mencionar Jimin com normalidade. - Quem acudiu ele foi o Goo mesmo.

- Tô ligado... - Taehyung lembrou-se da tristeza do Jimin na manhã seguinte ao ter vomitado na frente de seu CEO. O ruivo tentou encaixar o Jungkook que conhecia na cena... provavelmente preocupado e dedicado. Com certeza teria falado pro Jimin que ele nem se importava. Engoliu em seco, pensando se seria muito egocêntrico da sua parte colocar um novo assunto que veio em sua mente à tona. Mas Jin parecia aberto a ouvir... o primeiro em tempos. - E a Yoonji, tava lá?

- Ela não costuma a ir muito nas festas. - Jin apoiou o rosto na mão, refletindo no que falar com o raciocínio lento. - A gente sempre insiste pra que ela vá, porque é um momento importante pra aproximar a gente da galera, né, muitas vezes o pessoal tem medo da diretoria, mas ela é tímida demais pra isso.

- Ela tem problema com a diretoria dela?

- Até que não. Acho que como a maior parte da galera da TI é bem introvertida, todo mundo entende um pouco o sentimento apesar de alguns adorarem uma festa. Eles tentam fazer algumas coisas por fora, tipo jogar máfia.

- Programa bem família.

- Basicamente. - Jin riu.

- Então... A Yoonji realmente não sai muito, né?

- Por que a pergunta? - Jin, suspeitando de algo, resolveu questionar.

- Ah... É que eu convidei ela pra dar um rolê uma vez - Taehyung explicou tímido, mordendo os lábios e sentindo as bochechas queimarem um pouco. - Ela não quis, mas pegou meu número.

- E te mandou alguma mensagem?

- Essa que é a treta... Não. - Sentiu-se mais envergonhado ainda quando Seokjin começou a rir fraquinho.

- Ela provavelmente tá com vergonha... Não sabia que vocês, amados, estavam de rolo assim, a vida é mesmo uma caixinha de surpresas. - Pegou seu celular e mexeu em algo lá. - Te enviei o contato dela, manda uma mensagem, acho que ela vai gostar.

- Tu acha mesmo? - Taehyung lambeu os lábios, um pouco ansioso com a possibilidade de conversar com a mulher novamente. O coração acelerava no peito. - E se ela não tiver me mandado um oi só porque não queria?

- Ela nem teria pegado seu número se não quisesse, pode mandar a mensagem em paz, Chicken Little. - Jin riu novamente do desespero e da vergonha dele. Achou o possível casal um tanto inesperado, até porque nunca tinha visto a melhor amiga demonstrar interesse em ninguém. Sentiu-se imensamente traído pela Yoonji não ter contado sobre aquilo para ele, mas provavelmente estava envergonhada demais. Seu raciocínio se misturou de novo, zonzo. Falaria com ela depois. - Já sou Taeji shipper.

Taehyung deu um sorrisinho tímido e feliz só de pensar em falar com a Yoonji de novo. Claro que mal conhecia ela, mas... sentia-se tão cativado, ele realmente gostava muito dos poucos detalhes que tinha observado e estava doido para ser cativado por outros. Enterrou o conhecimento de que ela era uma "piranha magricela" no fundo de seu cérebro. Ele não deveria acreditar 100% na percepção de Jimin, principalmente quanto a mulheres, certo?

Começaram a conversar sobre os pacientes do hospital que começaram a se consultar com Jin e com os amigos dele, falando de progresso, da família e quaisquer outros fatos que poderiam ser tocados sem romper nenhuma barreira ética. Talvez Taehyung fosse um pouco apegado demais aos pacientes, porque sentia-se todo emocionado só de ouvir sobre eles.

Jungkook chegou uns quinze minutos depois, e a cena estranha de reconhecimento dele e do Taehyung repetiu-se, assim como foi com Seokjin. O ruivo encarou profundamente o CEO largado, com as mesmíssimas roupas que usava em qualquer ocasião, tentando projetar nele as histórias que Jimin contava. Riu de leve, entendendo por que o amigo reclamava tanto sobre a falta de seriedade do Jungkook; o CEO parecia mais um filhote de cachorro animado do que um executivo sério.

Bem, parecia nos encontros no evento de caridade pelo menos. Aquele dia Jungkook de fato estava bastante sério. Parecia o de sempre, falava como o de sempre, até a expressão corporal era a de sempre, mas algo no fundo de seu semblante indicava uma austeridade que não tinha conhecido até então.

- Ei, Tae, quanto tempo! - Sorriu, afável. Mas o sorriso não mascarava direito que tinha algo a mais lhe atormentando. - Desculpa aparecer do nada e...

- De boas, bro, entra aí...

- Vou aproveitar a porta aberta para me despedir então, já tá tarde... - Jin aproveitou, desesperado há tempos por uma deixa para finalmente caminhar em direção a um merecido descanso. Olhou o horário em seu celular e as inúmeras notificação que ainda deveria responder, dando um suspiro animado. - Se não se importarem...

Jungkook abraçou Seokjin com força, enterrando a cara no ombro do psicólogo, grato. Grato porque sabia que Jin, apesar de tudo, fez todas suas decisões baseado no que seria melhor para todos, grato porque sabia que ele fez seu melhor, grato porque o amigo ajudou Jimin, sendo que a culpa daquilo era toda sua. Parte de si, de fato, estava grata pelos motivos certos, mas outra agarrava-se em uma gratidão tóxica baseada em sua constante automartirização.

Foi Jin quem encerrou o contato um tanto quanto longo. Entregou as chaves do carro do CEO e passou a mão na cabeça do Jungkook, porque assim como todo o Conselho Administrativo, sentia-se como um pai babão. Confiava e se preocupava plenamente com aquele moleque que teve responsabilidades grandes demais rápido demais.

Abraçou Taehyung, dando uma piscadinha maliciosa para ele, claramente sobre o assunto "Yoonji" antes de ficar um pouco mais sério e reforçar que levasse Jimin para a terapia no dia seguinte. Lembrou o ruivo que poderia chamá-lo qualquer coisa, tentando dar algum tipo de conforto e, enfim, foi embora.

- O Jimin tá dormindo... - Taehyung virou-se para Jungkook depois da despedida do Seokjin, sem saber muito o que fazer.

- Eu sei... Vi a mensagenzinha do Jin avisando quando cheguei na portaria. - Riu com uma simpatia que não chegou aos olhos cheios de remorso. - Tenho um pedido pra fazer...

- Manda bala. - Taehyung indicou um banco da cozinha com a cabeça para que o CEO se sentasse.

- Queria poder esperar o Jimin acordar... - falou um tanto quanto hesitante, encarando as próprias mãos que apoiou na mesa da cozinha. Coçou uma de suas sobrancelhas. - Obviamente, ele não vai pra UP4U amanhã, mas eu queria muito me desculpar por... por...

- Pelo que aconteceu... - Taehyung completou, querendo ajudar Jungkook. Algo na postura do homem de cabelos longos fazia que seu peito pesasse um pouco também. Era agoniante observá-lo.

- Isso... Enfim... Aí eu queria esperar ele acordar pra falar com ele... Eu iria embora logo depois, juro.

- De boas, bro - o ruivo concordou, mas a verdade era que estava preocupado com aquilo. Se iria esperar Jimin acordar... quer dizer que ele pretendia virar a madrugada? Depois de trabalhar o dia inteiro? E sendo que iria trabalhar logo depois? - Tu já comeu?

- Ah... Acho que me esqueci. - Jungkook abriu um sorriso amarelo e envergonhado. Taehyung só sorriu compreensivo, porque na correria do dia a dia ele quase esquecia-se também, e levantou-se pra preparar algo. O visitante arregalou os olhos quando percebeu. - Não, Tae, não quero te dar trabalho!

- Fica de boa aí, bro, também tô doido por um rango.

- Deixa eu dar uma ajudinha pelo menos... - Jungkook reclamou com um leve biquinho, parecendo mais distraído, mais Jungkook propriamente dito.

Taehyung aceitou, afinal, não custava nada. Os dois lavaram as mãos e Jungkook ficou responsável por picar os legumes enquanto Taehyung descongelava e temperava um pouco de carne, colocando água pra ferver a fim de cozinhar um macarrão.

Apesar de nunca terem cozinhado juntos, até que foi um processo bem tranquilo. Talvez fosse familiaridade, porque dividiam várias tarefas nos eventos de caridade, ou só porque os temperamentos eram compatíveis mesmo. No final, não demorou muito para que estivessem comendo o macarrão salteado com as carnes e os legumes.

Normalmente ambos comiam algo mais leve de noite, mas o prato caiu muito bem naquele momento, já que comeram muito pouco durante o dia. Jungkook sentia-se até com mais energia, contudo não era algo tão impressionante visto que literalmente a única coisa que estava lhe mantendo em pé até então era a própria determinação.

O dia tinha triturado Jungkook. Organizar e trabalhar em eventos era, de longe, a coisa mais cansativa do mundo, ainda mais sob o estresse adicional de refletir se Jimin estava bem a cada minuto. Não lembrava-se de estar tão esgotado física, mentalmente e emocionalmente ao mesmo tempo antes.

Conversaram um pouco até depois de terem terminado de comer, mas estava realmente muito tarde e Jungkook insistiu para que Taehyung fosse dormir e não se preocupasse com ele. O ruivo mostrou rapidamente onde era o banheiro e seu próprio quarto, frisando que Jungkook ficasse à vontade e sugerindo que ele dormisse pelo menos um pouco no sofá antes de rumar para o próprio quarto.

Não que Kim Taehyung fosse dormir, claro, estava cheio de matéria acumulada e tinha prometido a ele mesmo que estudaria pelo menos até umas três da manhã... e aí dormiria umas três horinhas antes de ter que se arrumar para o trabalho. Estava um tanto quanto desesperado para as provas.

Jungkook arrumou a cozinha e lavou as louças antes de seguir o conselho do Taehyung e sentar no sofá. Não pretendia dormir, só queria um lugar mais macio para repousar os músculos tensos e fatigados de seu corpo, afinal, correu de um lado para o outro o evento inteiro. Sentiu as coxas reclamarem enquanto andava e refletiu que provavelmente foi porque ficou agachando ao lado dos convidados sentados na frente de computadores no momento que eles separavam para os staffs da UP2U ajudarem os pequenos empreendedores a configurar e tirar dúvidas sobre o Google Meu Negócio. Da próxima lembraria de apenas inclinar-se.

Sentou no móvel com um gemido baixinho de dor, tentando distrair-se com a TV ainda ligada, mas no mudo. Não reconhecia o que estava passando, mas ficou lá, encarando as imagens passarem sem ver de fato nenhuma. Não conseguia. Sua mente estava ocupada sendo anfitriã de um turbilhão avassalador de trabalho, remorso, preocupação, culpa e questionamentos sobre por que o mundo era daquele jeito.

Estava tão preocupado que realmente achou que ficaria a madrugada inteira acordado e alerta, como sempre acabava acontecendo quando ficava aflito demais. Queria que sua sessão com a Eunha chegasse logo, não sabia onde enfiar tantos pensamentos. Não conseguia lidar com eles e a culpa e os problemas acumulavam-se tanto que viravam uma muralha que, a cada momento, parecia maior. E a cada momento, tinha mais certeza que não conseguiria superá-la. Sentia-se fraco, impotente e não sabia o que fazer com aquilo.

Porém, mesmo mergulhado no próprio desespero potencializado pela sua mente e pela solidão que não o ajudava a distrair, o seu cansaço físico foi maior do que tudo. E Jungkook dormiu, um sono tortuoso embalado pelo remorso e nojo de considerar-se responsável por uma tentativa de estupro.

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Um agradecimento especial à knjtouch que tirou minhas dúvidas de como funcionava todo esse rolê de ir pra delegacia, abrir BO, IML etc! Se tiver um errinho é minha culpa por moscar e fiquem à vontade pra me avisar fdhasjlfdsk

Enfim, acho que o resumo do capítulo é CANSAÇO, né? Tá todo mundo mortinho, fico cheia de dó :( E vocês já devem ter percebido que, apesar de ser uma fic jikook, todos os "secundários" têm papéis importantes, aparecem bastante e vão continuar aparecendo.

Qual foi a parte mais marcante do capítulo para vocês? Acho que é minha é o Taehyung encontrando o Seokjin e tendo uma puta baque sobre no que deveria acreditar. O Teteco é um personagem bem complexo tbm (na vdd todos são kakaka eu devo me odiar pra ter criado tanto personagem complexo).

Muito obrigada mesmo a todo mundo que lê Empresário! Realmente muito obrigada pelos seus comentários e por terem compartilhado algumas experiências comigo no último capítulo! Sendo sincera, eu fico cagada de medo em postar cada um dos capítulos de Empresário, né, se dá pra entender as problemáticas, se está dando pra interpretar do jeito "certo", mas como eu disse antes, meio que vim postar preparada kakaka mas mesmo assim, ter apoio de verdade é mto gratificante!

Não se esqueçam de votar! Também fiquem à vontade pra me procurar no twitter, sou a @callmeikus e usar a #JKNãoUsaGravata pra falar da fic!

Ahhh, não posso esquecer o merchan! Ontem eu postei todos os 5 capítulos de Sugarstruck, uma história doidinha de um Jimin filho de Loki e Jungkook viajante do tempo que acabam sendo transportados para um mundo de doces e têm que descobrir como sair de lá!

Próxima semana tem att de O Cúmplice de Aldebaran, minha fantasia com Jimin elfinho e Jungkook com mãos de dragão viajando e descobrindo tretas entre dois reinos inimigos.

E também sexta que vem tem o último capítulo de (Não) Leia-me!, uma shortfic de comédia romântica bem intensa, em que os jikook são colegiais amigos de infância, apaixonados um pelo outro, mas em que o Jimin morre de medo de cagar tudo porque lê os pensamentos do Jungkook (que são mto fofinhos e engraçados!).

E junto com o último capítulo de NLM, vai ser postado o primeiro de Uma Suposta Facção de Balé, uma fic colegial também em que o Jimin é um encrenqueiro Kitty Gang e o Jungkook o típico cara quieto da escola, mas que tem uma paixão oculta em dançar balé!

Enfim, muita coisa, né? Hjdlahfadsljk desculpa, eu realmente amo muito escrever. Pra não perderem nenhuma atualização, me sigam aqui e no twitter (no @callmeikus só tenho postado coisas relacionadas a fanfics se quiserem ligar as nots, criei uma outra continha pra ser minha "pessoal"), prometo sempre trazer histórias diversas e com jikook cativantes!

ENFIM, JURO QUE ACABEI!! Beijinhos de luz e até dia 23/01, às 19:00!

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