Louis caminhava ao lado de Zayn pelo parque, o caminho até ali foi percorrido em quase completo silêncio, nenhum dos dois tinham a coragem de começar a conversa necessária.
-Esse lugar é bonito. – Zayn observou enquanto cruzavam um pequeno lago no centro do parque.
-É sim, Harry e eu viemos sempre aqui. – Louis apontou um banco ao lado e os dois foram se sentar lado a lado.
-O Harry não gosta muito de mim, né?! – Zayn comentou.
-Não o leve a mal, ele só está preocupado comigo. – Louis sorriu ao se lembrar da pequena carranca que o namorado estampava no lindo rosto quando ele e Zayn saíram de casa há alguns minutos.
-Eu entendo. – Zayn se apressou em dizer. –E fico feliz por você ter alguém como ele.
-Ele mudou a minha vida. – Louis admitiu.
Depois disso outro momento de silêncio os envolveu enquanto eles observavam dois garotinhos brincando ali perto, nenhum dos dois disse em voz alta, mas ambos pensavam se seriam assim caso tivessem sido criados juntos.
-Como está a situação do seu pai? – Zayn resolveu começar os assuntos difíceis, foi para isso que tinha ido até ali.
-Ruim para ele, melhor para mim. – Louis foi incrivelmente sincero. –Pelo jeito ele ficará preso por um bom tempo, eu estou livre dele.
-Isso é bom, é um alívio, né?!
-Muito, eu posso enfim seguir com a minha vida, as provas finais no colégio acabaram também e tenho certeza de que consegui passar, ano que vem Harry e eu estaremos na faculdade... – Louis começou a dizer e a sorrir porque tudo isso o deixava mesmo tão feliz. –Eu estou bem agora, melhor do que nunca.
-Eu queria muito que você fosse passar uns dias lá em casa agora nas férias, o meu pai também está louco para te conhecer. – Zayn sugeriu.
-Não sei, Zayn, eu...
-Não estou te pressionando nem nada. – Zayn disse com rapidez. –Olha, é melhor eu dizer primeiro o porquê realmente vim tão inesperadamente pra cá, depois você pensa com calma sobre passar uns dias lá em casa.
-Tudo bem. – Louis concordou, estava mesmo curioso com o motivo da visita dele assim sem aviso.
-Ontem eu e meu pai estávamos arrumando umas coisas da minha, quer dizer, da nossa mãe... – Zayn se corrigiu e continuou. –Eram umas coisas antigas que estavam em caixas no porão de casa, enfim, eu encontrei lá algo que é seu, ou melhor, que é para você e por isso não me aguentei e precisei vir aqui.
Toda essa explicação só serviu para deixar Louis ainda mais curioso e confuso.
-Não entendo, o que tinha lá nas coisas da Jay que poderia ser para mim? – ainda era difícil para ele se referir a ela como mãe depois de tudo o que soube e era mais estranho ainda quando Zayn dizia que ela era a mãe deles.
-Cartas... – Zayn começou a explicar. –Eu achei um bolo de cartas que ela tinha escrito para você.
-Cartas para mim? – Louis o olhou incrédulo.
-Sim, tinha o seu nome no envelope de todas e tinham datas também, a primeira ela escreveu pouco depois de ir morar com o meu pai... E a última, bem... A última foi escrita um dia antes do acidente que a matou. – Zayn desviou o olhar para o lago, ainda doía profundamente falar sobre a morte de Jay.
-Se ela escrevia para mim porque nunca me enviou essas cartas? – Louis sussurrou.
-Não sei, eu não li nenhuma, mas trouxe todas, você as quer? Eu acho que seria muito bom, isso talvez te traga algumas respostas.
-Você tem razão, mas eu não sei se quero lê-las agora, não... Eu não sei se estou pronto. – Louis admitiu e Zayn voltou a encará-lo.
-As cartas estão na minha mochila que ficou lá na casa do Harry, mas eu trouxe uma aqui comigo, a primeira. – Zayn tirou um envelope de dentro do bolso da sua jaqueta e o estendeu.
Louis encarou o envelope por um longo tempo, mas Zayn não disse nada e respeitou aquele momento, até que lentamente Louis segurou o envelope e o apertou com força em suas mãos, pensar que sua mãe tinha escrito aquilo para ele fez seu coração apertar e mesmo tentando segurar ele sentiu os olhos marejarem ao ler seu nome ali.
-Quer que eu dê uma volta para que você possa ler? – Zayn perguntou com delicadeza.
-Não, eu... – Louis ia dizer que nem sabia se leria mesmo, mas quando percebeu já estava abrindo o envelope. –Fica, está tudo bem.
Zayn apenas assentiu e chegou um pouco mais perto de Louis que tirou a carta do envelope e a desdobrou.
Ele olhou para a caligrafia desconhecida da mãe e respirou fundo ao começar a ler as primeiras frases.
Querido Louis,
Não sei se algum dia você irá ler essa carta, e todas as outras que pretendo escrever a partir de agora, mas se você estiver lendo essas palavras eu torço para eu esteja aí ao seu lado e que você tenha me perdoado pela minha covardia de ter ido embora e te deixado... Eu tenho tanto a te explicar que nem sei por onde começar, mas talvez deva começar pelo mais importante: eu te amo com todo o meu coração e te deixar foi a coisa mais difícil da minha vida, me fez perder uma parte minha e tenho medo de nunca mais recuperar.
A carta não parava aí, mas Louis não conseguiu seguir adiante, só aquelas linhas já foram o suficiente para fazer o menino chorar como há tempos não chorava.
Zayn se alarmou com o choro e sem sabe o que fazer passou os braços ao redor de Louis e o abraçou com força, abraço que foi imediatamente retribuído.
-Me desculpa, acho que eu não devia ter te incentivado a ler essa carta assim, eu...
-Não é isso. – Louis o interrompeu. –Não consegui nem ler tudo, eu só preciso estar mais preparado.
Louis tentou se acalmar enquanto ainda permanecia nos braços de Zayn. Os dois continuaram em silêncio, mas foi um silêncio reconfortante e com o tempo Louis conseguiu enfim recobrar a calma e parar de chorar.
-Tudo bem? – Zayn sussurrou quando eles se afastaram.
-Sim, não consegui segurar... – Louis disse um pouco envergonhado enquanto guardava a carta no envelope novamente e o dobrava no bolso da sua calça. –Acho que eu preciso de mais tempo para encarar isso.
-Claro, e você tem todo o tempo do mundo, não precisa se forçar a nada. – Zayn garantiu. –Não precisamos nem falar sobre isso agora, podemos conversar sobre outras coisas, nos conhecermos melhor.
-É uma boa ideia. – Louis sorriu. –E obrigado por tudo isso, Zayn.
-Pelo que?
-Por insistir nessa nossa aproximação, sei que eu fui um pouco difícil no começo, e ainda não é fácil pra mim, mas eu quero que isso dê certo, vai ser bom ter você na minha vida. – Louis foi sincero, apesar de no começo ele ter sido relutante em relação a proximidade de Zayn, era grato por isso agora.
-É o que eu mais quero. – Zayn passou um braço ao redor dos ombros dele e os dois sorriram.
-Vem, vou te levar para comer o melhor cachorro-quente daqui. – Louis se levantou e limpou os resquícios de lágrimas do seu rosto.
-Beleza e quando você for me visitar em Londres eu vou te levar para comer a melhor pizza de lá. – Zayn também se levantou.
-Fechado. – Louis assentiu e ambos sentiram que ali era realmente um começo para os dois na vida um do outro.
***
Zayn e Louis passaram mais tempo na rua do que tinham planejado, começaram a conversar sobre banalidades e descobriram o quanto tinham em comum nos gostos musicais, foi melhor do que as conversas por telefone e as mensagens trocadas, ali eles realmente começaram a se sentir mais próximos.
Mas enquanto isso acontecia, Harry ficava apreensivo em casa com a demora do namorado.
-Ele não gosta muito do Zayn, né?! – Liam perguntou aos sussurros para Anne enquanto eles estavam conversando na sala e observavam Harry zanzando pela casa.
-Não é isso, querido. – Anne sorriu com carinho. –Mas meu filho ama muito o Louis e se preocupa muito com ele, só quer protegê-lo.
-O Zayn só quer o bem do Louis também. – Liam afirmou.
-Eu sei, e assim que Harry perceber isso vai ficar tudo bem. – Anne assegurou. –E acho que ele sente um pouco de ciúmes também.
-Sério? – Liam riu, eles falavam baixinho para que Harry não os ouvissem, mas de qualquer forma Harry não estava prestando a menor atenção neles enquanto andava impacientemente de um lado para o outro.
-Sim, desde que eles se conheceram os dois são inseparáveis, acho que o Harry tem um pouco de receio do espaço que o Zayn possa vir a ocupar na vida do Louis. – Anne disse com sabedoria. –Mas vai ficar tudo bem, tudo o que eles precisam é de tempo, tenho certeza de que o tempo vai resolver tudo.
E ela tinha razão, eles precisavam mesmo é de tempo!
***
Harry ainda estava impaciente quando finalmente a porta se abriu e Louis e Zayn entraram dando algumas gargalhadas.
Harry soltou um suspiro de alívio ao vê-los, mesmo sentindo certo incômodo ao perceber como eles pareciam próximos e davam risadas.
-Pelo visto deu tudo certo, não é?! – Liam se levantou e sorriu largamente para o namorado que foi até ele e o cumprimentou com um breve beijo.
-Sim, Louis até me levou para comer o melhor cachorro-quente. – Zayn riu.
-E é mesmo uma delícia, não é?! – Louis sorriu indo até Harry que tinha a testa levemente franzida, mas o recebeu em seus braços.
-Ok, admito que é mesmo o melhor que já comi. – Zayn revirou os olhos.
-Lou, podemos conversar rapidinho? – Harry perguntou no ouvido dele.
-Claro. – Louis assentiu e se virou para os outros. –Harry e eu vamos lá em cima rapidinho, mas já voltamos.
-Eu ainda preciso te entregar o restante das cartas. – Zayn disse.
-Claro, volto logo. – Louis falou e segurou na mão de Harry levando-o para o quarto dos dois.
-Que cartas são essas? E porque vocês demoraram tanto? – Harry foi logo perguntando enquanto eles entravam no quarto, fechavam a porta e sentavam na cama.
-Nós demoramos porque conseguimos nos entender melhor agora. – Louis disse. –E as cartas são o motivo dele ter vindo até aqui assim sem nem avisar.
Harry continuava confuso, mas conforme Louis foi lhe contando tudo, ele compreendeu a situação e puxou o namorado para ficar em seus braços.
-Você não precisa ler essas cartas se não quiser, não quero te ver sofrendo mais.
-Eu sei amor... Mas Zayn tem razão quando disse que essas cartas podem me trazer algumas respostas. – Louis acariciou o rosto de Harry e o beijou delicadamente. –Eu tentei ler a primeira, mas foi uma emoção forte demais, então vou precisar de um tempinho para retomar a leitura, mas quero muito ler cada uma delas.
-Se é isso mesmo que você quer então é claro que vou te apoiar. – Harry disse.
-Você pode ficar ao meu lado quando eu for ler as cartas? – Louis pediu.
-Claro que sim, Lou. – Harry garantiu. –Eu sempre estarei ao seu lado... Mas e como foi o passeio com o Zayn?
-Muito bom, a gente se deu realmente bem, sabe?! Não falamos mais sobre a Jay depois da minha tentativa de ler a carta, ficamos conversando sobre nós, falando besteiras, foi divertido. – Louis sorriu, estava satisfeito com os avanços em sua relação com o Zayn, talvez um dia eles conseguissem mesmo ter uma relação de irmãos ou algo bem próximo a isso.
-Bom. – foi só o que Harry disse e Louis o olhou com curiosidade.
-O que foi? Você está estranho.
-Não estou não.
-Está sim, me diz o que aconteceu. – insistiu.
-Sei lá, vocês demoraram e eu fiquei um pouco preocupado.
-Não precisa se preocupar com isso. – Louis riu quando a carranca de Harry permaneceu em seu rosto. –Amor, você está com ciúmes?
-Não, claro que não, porque eu estaria?
-Harry...
-Tá, um pouquinho. – Harry admitiu e deitou na cama puxando Louis para deitar em seu peito.
-Deixa de besteira. – Louis colocou a mão por baixo da camisa de Harry e começou a acariciar o peito dele lentamente. –Aliás, ele me convidou para passar uns dias lá em Londres agora nas férias.
-E você aceitou? – Harry indagou tentando ao máximo conter o sentimento de ciúme que insistia em persistir.
-Eu disse que pensaria, mas estou com vontade de ir. – Louis disse.
-Pensei que aproveitaríamos juntos as férias antes da faculdade começar. – Harry murmurou.
-Não seja bobo, você iria comigo.
-Mesmo?
-Claro, eu não iria sem você. – Louis se sentou em cima de Harry colocando uma perna de cada lado do seu corpo e passou os dedos pelos cachos do namorado, que sorriu com o carinho e com as palavras de Louis.
-Bem, sendo assim então tudo bem.
-Você é inacreditável. – Louis riu do ciúme sem sentido e se debruçou sobre Harry até suas bocas estarem unidas em um beijo lento e demorado.
Mas assim que as mãos de Harry começaram a avançar pelo corpo de Louis ele riu e mordiscou de leve o lábio inferior do Styles.
-Não se anima muito, amor. – o repreendeu com divertimento. –Vamos descer, o Zayn ainda tem cartas para me entregar e eu quero que vocês se conheçam melhor porque assim você deixa de sentir esse ciúme bobo dele.
-Ah, Lou o que eu não faço por você, hein?!
-Deixa de drama. – Louis se levantou da cama e agarrou a mão de Harry puxando-o com certa dificuldade. –Vamos sair com o Zayn e o Liam amanhã para nos entrosarmos mais.
-Ok, mas podemos chamar Niall e Josh também? – Harry pediu sabendo que se sentiria melhor ao ter os amigos lá com eles.
-Claro, na verdade essa é uma ótima ideia. – Louis sorriu.
Mas antes deles saírem do quarto Harry puxou o corpo de Louis até grudá-lo no seu e o olhou com carinho.
-E quando você decidir ler as cartas da sua mãe eu estarei lá ao seu lado, ok?! Eu te amo.
-Eu te amo muito Harry, o nosso amor é o que tenho de mais importante e sólido na minha vida e isso nunca vai mudar. – Louis declarou fazendo Harry abrir um largo sorriso e beijá-lo intensamente.