Sentada sobre a cama eu permaneço calada olhando fixamente para o quadro na parede. Ontem a noite alguém chegou a mansão, uma mulher, era tarde da noite quando eu ouvi o som do carro estacionando, e dele saiu uma mulher que sem demora entrou na casa.
Sou tirada de meus pensamentos por Emma que entra pela porta com uma cesta de lençóis limpos.
— Bom dia Emma. - Olho para a garota.
— Bom dia Hana, dormiu bem? - Emma responde sorrindo.
— Até que sim. Emma, ontem a noite eu vi uma mulher chegando, ela parecia ser proxima da família, já que nem sequer bateu na porta. - Apoiei minhas duas mãos sobre a cama e a acompanhei com o olhar,
— Uma mulher chegando tarde da noite...Ela carregava alguma mala? - Emma pergunta pensativa.
— Sim. - Balanço a cabeça positivamente.
— Era a Sr.Charlotte, a irmã do seu pai. - A garota abriu um sorriso de orelha a orelha.
— Eu não sabia que meu pai tinha uma irmã. - Respondi.
— A Sr.Charlotte é a filha mais nova, ela sempre foi a aventureira da família, é uma talentosa pintora que ama viajar e curtir a vida, ela quase nunca esta na mansão. - Emma explica sorridente. - Eu sinto que vocês vão se dar muito bem.
— Você parece gostar muito dela, talvez ela seja diferente dos outros. - Ri vendo sua expressão animada.
— Acredite, ela é. Ela também é conhecida pelos seus grandes eventos, como festas e etc. A Sr.Margaret não a surporta. - Emma se aproxima, sentando ao meu lado na cama.
— Talvez as coisas deixem de ser tão entediantes nessa casa agora.- Rio colocando as mãos pro alto.
Me levantei e sai do quarto juntamente com Emma, ríamos enquanto andávamos pelo corredor, até que esbarramos com uma mulher. Ela tinha cabelos castanhos claro e curtos como os meus, e estava vestida com um vestido vinho, com sua meia calça combinando e em seu pescoço ela vestia um cachecol de pele.
— Emma! Como é bom te ver querida, como esta? - A mulher sorriu olhando para Emma.
— Estou bem Sr.Charlotte, e a senhora? - Emma sorriu.
— Senhora não por favor, não tem ninguém nos vendo. Estou bem também. - Riu olhando para os lados. - Aqui esta você, a pessoa que eu mais queria conhecer desde que volltei. - Olha para mim sorrindo.
— Você deve ser a Charlotte, minha tia. - Sorri sem mostrar os dentes, a observando.
— E você a Hana, minha sobrinha. Você se parece muito com a sua Mãe, espero que tenha puxado a energia boa dela também, e não a de meu irmão que é um completo chato. - Ela riu enquanto passava seu olhar por mim.
— Você conheceu a minha mãe? - Perguntei rapidamente.
— Tive a honra de conhecer sim, que tal conversamos mais enquanto tomamos café da manhã? - Ela disse apontando para o caminho.
— Ótima ideia. - Sorri.
A mesma me guiou até um local que eu não conhecia da casa, era uma mesa que ficava ao ar livre, no meio de um jardim lindo. Sentamos e Emma começou a servi o suco, logo depois nós insistimos para que a mesma se sentasse conosco.
— Como eu estava dizendo, eu tive a honra de conhecer a sua mãe. Ela com certeza tinha a voz mais linda que eu já ouvi em minha vida. - Continou a contar.
— Como vocês se conheceram? - Perguntei curiosa.
— A conheci em um restaurante, eu fiquei encatada pela voz dela e logo após a apresentação, fui atrás dela e começamos a conversar. Ficamos proximas e sempre que eu podia ia ve-la cantar, e foi em um dessas apresentações que por minha culpa ela acabou conhecendo o seu pai. - Conta com sua voz em um tom leve, um tanto pensativo.
— Então foi você que levou o meu pai ao restaurante naquele dia...Eu acredito que vocês tenham sido amigas, você me lembra um pouco ela.
— Ela foi minha única amiga verdadeira, eu nunca mais conheci alguém como ela. Mas, como você esta se adaptando em? - Charlotte diz enquanto toma seu suco.
— Estou tentando, não é nada fácil ficar aqui. Por sorte tenho Emma que esta me ajudando. - Bufo balançando a cabeça negativamente.
— Eu que o diga, sei que não é nada fácil morar aqui. Margaret vai surtar quando souber que estou de volta, e pelo que conheço de sua sobrinha Anne, a garota já deve estar implicando com você. - Riu colocando o copo sobre a mesa.
— E como ela estar, creio que ela me veja como uma ameaça, alguém que possa tirar a atenção que ela tanto recebe de todos. - Ri.
— Anne sempre foi a única criança da casa, sempre foi mimada como se fosse uma Cooper de sangue, e agora de repente você volta, uma verdadeira Cooper, ela deve estar surtando. - Minha tia explica.
Passamoa muito tempo ali conversando, desde o dia em que cheguei, essa foi a manhã mais feliz que tive aqui. Tomar café da manhã com minha tia Charlotte e Emma foi o que me distraiu depois de tanto tempo nessa casa, era inevitável não rir com Charlotte, ela era muito descontraida e parecia mesmo ser alguém muito viajada. Acabamos de comer e nos levantamos, começamos a andar pelo jardim.
— Um amigo me convidou para a corrida de Epsom, a corrida de Epsom Derby. Querem vir comigo meninas? - Charlotte pergunta.
— Nós adoraríamos. - Coloquei a mão no ombro de Emma sorrindo.
— Mas eu tenho que... - Emma diz, logo sendo interrompida.
— Não se preocupe Emma, eu assumo a responsabilidade. Agora vão se trocar, espero vocês na porta de entrada! - Minha tia diz sorrindo e logo segue sozinha.
Eu e Emma fomos para dentro e cada uma seguiu para seu quarto, entrando no meu quarto fui direto para o guarda-roupa e escolhi um vestido, me despi e logo vesti o vestido escolhido. Era um vestido cinza rodado, suas mangas vinham até a metade de meu braço e sua barra batia em minhas coxas, um pouco acima dos joelhos. Coloquei uma luva aveludada e calcei meus saltos, por fim peguei uma bolsa e sai do quarto.
Encontrei Emma de frente a escada e então descemos, chegando na grande porta principal vimos minha tia Charlotte nos esperando já dentro do carro, sem demora fomos até o mesmo e entramos. Não posso negar que estava animada, eu amava ir as corridas e dentro de mim havia uma esperança de encontrar algum Shelby por lá.
— Eu soube que você é bem próxima dos Peaky Blinders, dos Shelby, acho que tenho algo que pode de interessar. - Charlotte diz.
— São como família pra mim. - Respondo tirando minha atenção da janela.
— Ontem eu estava em um local aonde tem várias festas, é como um pub. E os três irmãos Shelby estavam lá, alguns homens presentes ficaram desconfortáveis com a presença deles e acharam que aquilo era uma afronta. Um garçom pediu para eles irem embora, mas um dos homens acabou dando um tiro em direção a mesa deles e os chamou de "Escória", e assim começou uma eterna briga. - Contou com todos os detalhes.
— Eles se machucaram? - Perguntei preocupada.
— Apenas alguns arranhões, eles são muito bons de briga pelo que vi, fazem jus ao nome. - Ela riu.
— Idiotas como eles querem aliados em Londres assim...Se eu estivesse lá nada disso teria acontecido! - Falei baixo para mim mesma, colocando uma das mãos na testa.
— Inclusive teve um que me chamou atenção...Ela tinha bigode e parecia ser o mais agressivo. - Ela disse abrindo um sorisso malicioso.
— É o Arthur, sinto em te dizer mas ele é casado tia, a esposa dele é um saco! - Ri.
— Que pena. - Riu.
— Quem sabe eles estejam lá Hana. - Emma disse.
— Estou contando com isso. - Sorri voltando a olhar para a janela.
[...]
Depois de algumas horas chegamos em Derby e descemos do carro, estava lotado, cheios de pessoas de todas as partes, bebendo, conversndo, apostando e etc, ouvi falar que até um rei estaria presente. Começamos a andar pela multidão e seguimos Charlotte que logo achou o seu conhecido.
— Peter! - A mesma abriu os braços.
— Que bom que veio Charlotte! Finalmente consegui me encontrar com você. - O homem a abraçou.
— Essa é Hana minha sobrinha e essa é Emma sua amiga. - Nos apresenta.
Apertamos a mão do homem que nos lançou um sorriso simpático e nós retribuímos. Minha tia ficou conversado com Peter seu amigo e eu e Emma ficamos ali perto vendo as barracas, enquanto eu mostrava e explicava cada coisa para Emma, avistei Thommy subindo escadas que dava para o local aonde os granfinos ficavam.
— Emma eu já volto. - Falei olhando para Emma e corri com pressa.
Corri para a escada e subi a mesma, adentrei no espaço aonde haviam várias mesas e homens que pareciam ser ricos e comecei a caminhar procurando por Thommy. Por um instante eu pensei ter me confundido, mas então o vi conversando com um homem.
— Thommy! - Gritei sorrindo.
O mesmo imediatamente olhou em minha direção e se despediu do homem com quem conversava.
Ele sorriu ao me ver e eu me aproximei, ele abriu os braços para um abraço e então eu o abracei feliz, nos seperamos e sentamos na mesa.
— Eu sabia que uma hora ou outra você apareceria. - Ele disse.
— Meu tio já deve ter contado tudo, assim como eu pedi. - Suspirei.
— Contou, e você poderia ter me contado também, eu poderia ter te ajudado Hana. - Thommy continua.
— Eu não queria colocar mais uma preocupação no nosso meio, os negócios já são demais, os meus problemas eu cuido sozinha. - Falei em um tom baixo.
— Teimosa como sempre, você é da família eu já falei, nós cuidamos um do outro. - Ele diz sério.
Começamos a conversar e eu contei tudo que tinha observado na mansão Cooper para Thommy, o que o deixou orgulhoso por ver que tinha me ensinado bem. Thommy me contou tudo que tinha acontecido desde que parti, e realmente tudo estava uma loucura. Saber que tinham explodido o pub me deixou triste, várias de minhas lembranças estavam ali e eo meu tio amava aquele lugar.
Thommy contou sobre a expansão em Londres e como os negócios estavam cada vez melhores, ele prometeu que reformanria o pub e o deixaria como antes.
— Aonde estão os outros? - Perguntei.
— Estão cuidando de umas coisas, vá por ali e talvez você os encontre. - Apontou para as barracas de apostas. - Se cuide Hana, e volte logo para nós. - Bateu em meu ombro.
— Pode deixar. - Sorri e segui.
Desci as escadas e caminhei em direção as barracas de apostas e logo de longe avistei alguns homens conhecidos, comecei a me aproximar até que uma cena me fez parar. A cena que me fez lembrar a primeira vez que eu percebi que estava apaixonada por ele, quando eu me dei conta dos meus sentimentos.
Era meu aniversário de 15 anos e eu tinha perdido minha mãe 2 meses atrás, Polly insistiu que eu deveria comemorar e todos fizeram uma festa pra mim. Polly me arrumou toda e me deu um vestido lindo para vestir, eu estava saindo na porta de casa para festa e todos estavam lá me esperando, era uma festa ao ar livre como de costume, e então o meu olhar parou sobre John, o meu então melhor amigo de infância.
Pois é, foi ai que o probelma começou. Aquele sorriso, aquela droga de sorisso!
Sai de minhas lembranças e voltei a olhar para frente, lá estava ele perto de uma das barracas brincando com Finn, com aquele mesmo sorriso.
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