ilvermorny girl | sirius black

By padfootxxx

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. š“‚ƒ ILVERMORNY GIRL | a sirius black fanfiction Criada por uma mulher louca e cruel, Rhea di Salles tinha um... More

ā”ā”ā”ā” Parte I
CapĆ­tulo 2 - Aluado
CapĆ­tulo 3 - A Sala Precisa
CapĆ­tulo 4 - A Festa de Boas Vindas
CapĆ­tulo 5 - Encarando as ConsequĆŖncias
CapĆ­tulo 6 - A Primeira DetenĆ§Ć£o
CapĆ­tulo 7 - Pontas
CapĆ­tulo 8 - Lobisomem
CapĆ­tulo 9 - O Teste de Quadribol
CapĆ­tulo 10 - DetenĆ§Ć£o em grupo
Capƭtulo 11 - Senhora das poƧƵes
CapĆ­tulo 12 - A primeira aula de voo
CapĆ­tulo 13 - ManhĆ£ de Natal
CapĆ­tulo 14 - Hogsmeade - parte 1
CapĆ­tulo 15 - Hogsmeade - parte 2
CapĆ­tulo 16 - Efeito bombom
CapĆ­tulo 17 - Desencanto
Capƭtulo 18 - Outra de muitas detenƧƵes
CapĆ­tulo 19 - Precisamos conversar
Capƭtulo 20 - Querido diƔrio
CapĆ­tulo 21 - Angela Cardenas
CapĆ­tulo 22 - A melhor festa do ano
CapĆ­tulo 23 - Primeiro encontro
CapĆ­tulo 24 - Rumores
CapĆ­tulo 25 - Duelo
CapĆ­tulo 26 - Regulus Black
CapĆ­tulo 27 - Semifinal
CapĆ­tulo 28 - Surpresa!
CapĆ­tulo 29 - O fim do 6Āŗ ano
CapĆ­tulo 30 - O segredo dos di Salles
ā”ā”ā”ā” Parte II
CapĆ­tulo 31 - SĆ©timo ano
CapĆ­tulo 32 - D.C.A.T
CapĆ­tulo 33 - SolidĆ£o
CapĆ­tulo 34 - The Prank
Capƭtulo 35 - ConfissƵes
CapĆ­tulo 36 - Assassina!
CapĆ­tulo 37 - 13 de Agosto de 1976
CapĆ­tulo 38 - Ordem da Fenix
CapĆ­tulo 39 - Encontro triplo
CapĆ­tulo 40 - Juntos
CapĆ­tulo 41 - Especial 50K
CapĆ­tulo 42 - O Ćŗltimo prĆ©-recesso
Capƭtulo 43 - Outros tipos de confissƵes

Capƭtulo 1 - O trem e o chapƩu seletor

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By padfootxxx

┏•━•━•━ ◎ ━•━•━•┓
Um.

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RHEA! Você vai perder o trem!

Rhea estava encostada contra uma das paredes tijoladas da plataforma 9 3/4. Era fácil de nota-la, porque seu sobretudo escuro e as botas chamavam atenção demais para sua beleza. Além disso, os olhos felinos observavam preguiçosamente cada cabeça que passava em direção ao trem, carregada de soberba e tédio. Aluna transferida da Pumaruna, casa morada daqueles guerreiros de espírito combativo, não estava nem um pouco satisfeita em ter sido obrigada a abandonar Ilvermorny por Hogwarts para evitar a sua expulsão. Se ao menos eles soubessem o que realmente tinha acontecido...

— Rhea, você está ouvindo?

Rhea piscou seus olhos muito negros e os direcionou a Angie. Angela Cardenas era sua parceira de crime e também quase-expulsa aluna da Pumaruna — e, naturalmente, por culpa de Rhea, apesar de não culpa-la. Ambas estavam no penúltimo ano da Ilvermorny e iriam completar seus estudos em Hogwarts, convidadas pelo próprio Dumbledore em um claro sinal de piedade pela graduação das garotas. A ideia não agradou a Rhea, que não era de aceitar favores, mas tampouco podia continuar nos Estados Unidos. Não podia arriscar que descobrissem a verdade toda.

— Estou — sua voz era enérgica e presunçosa —, mas ainda não tenho certeza se quero ir para Hogwarts. Se eu ficar parada aqui, talvez o trem vá embora e eu não precise decidir.

Angie rolou os olhos e agarrou os ombros de Rhea.

— Ande logo.

Com muito esforço, muito do qual veio de Angie, Rhea cambaleou até seu malão e sua coruja e empurrou-os para dentro do trem. Estava claramente pronto para partir, alguns pais ainda acenavam para os filhos do lado de fora. Uma atmosfera de felicidade e excitação rodopiava pelos ares e batia direto na carranca mal-humorada de Rhea.

— Só mais dois anos, e então deixo você abandonar totalmente sua vida acadêmica e ir vagabundear pela Europa — Angie ainda tentava confortar a amiga — por enquanto vamos manter a guarda baixa e fingir que somos decentes — então ela pareceu ficar muito nervosa de repente, mordeu o lábios e continuou — quer dizer, somos decentes, então só precisamos aguentar firme.

Mas Rhea não estava nem um pouco convencida.

Entraram no trem e seguiram pelos corredores passando por compartimentos lotados. Estavam próximas ao final do vagão quando o trem deu um solavanco de partida. Rhea, que andava de mau jeito e desleixada, desequilibrou-se com o impulso e foi lançada para frente, caindo sobre seu malão e derrubando todos os pertences do rapaz a sua frente.

— Ah, foi mal — disse ela, colocando-se em pé. O garoto não pareceu tão contente.

Rhea teve a impressão de estar em frente a um dementador — tinha uma carranca muito fechada, um nariz troncudo e cabelos escorridos muito oleosos. Já estava vestido com o que deveria ser o uniforme de Hogwarts, que caía sobre seu corpo como a capa de um morcego. Ele soltou um barulho que mais pareceu com um rosnado e mediu Rhea com um olhar torto.

— Olhe por onde anda — rangeu. Rhea, que era pavio curto demais para aturar grosserias, abriu um sorriso escarnido e arrumou os cabelos escuros para trás.

— Da próxima tente não ficar parado no meio do corredor feito um poste — respondeu ela com preguiça.

Angie, que geralmente servia como amansadora dos conflitos de Rhea, postou-se ao lado da amiga e empurrou-a para o lado, de forma a contornar o rapaz. Rhea, no entanto, não se moveu.

— Vamos — repetiu ela — mova-se para que eu possa passar.

O nariz do rapaz se moveu como se a farejasse. Seus olhos brilhavam com desprezo.

— Americanos... — lamentou ele enojado — Com certeza uma sangue ruim.

Rhea, cujos olhos escuros agora faiscavam, saltou com violência sobre o malão e avançou sobre o garoto. Teria derrubado-os no chão se não fosse por Angie agarrando-a por trás.

— Não vale a pena, Rhea — disse ela em seu ouvido — Não vale a pena!

O rapaz pareceu assustado — como se esperasse que ela sacasse sua varinha, não seus punhos. Recuou alguns passos para trás com olhos negros arregalados. Rhea não conseguiu avançar, pois Angie era muito mais forte. Quando finalmente desistiu, satisfeita com a carranca do garoto ter se transformado em uma careta de espanto, ela ajeitou o casaco e voltou a catar seu malão.

— Como eu disse — falou ela, por fim — fique f...

Mas antes que ela pudesse terminar sua frase, quatro garotos surgiram de um dos compartimentos à esquerda — como se atraídos pela confusão.

— Ora, vejam! — disse o do meio, alto com cabelos escuros e olhos de avelã. Tinha um sorriso arrogante no rosto e direcionava-o ao rapaz com quem Rhea tinha acabado de brigar — O ranhoso está dando em cima das garotas novas.

O garoto imediatamente ao seu lado deu risada, e o olhar de Rhea foi inevitavelmente atraído para ele. Tinha longos cabelos negros charmosos e olhos acinzentados. A gravata mal colocada pendurava-se pelo seu pescoço de uma forma descolada e atraente.

— Quem diria que o ranhoso era um galanteador? — falou ele com um sorriso maldoso.

O terceiro garoto riu e deu alguns passos para frente. O último deles ficou para trás, com um livro sob o braço e uma postura gentil. Rhea revirou os olhos. Pensou que tinha se livrado dos imbecis ao abandonar a América.

— Ninguém chamou por vocês, podem ir embora — falou o "ranhoso".

Rhea observava os dois lados como um jogo de pingue-pongue. O do meio deu de ombros.

— Não precisa ficar ciúmes, nós só viemos te dar um apoio, não é meninos? Jamais perderíamos um show desses.

— Ah, deixem disso — foi Angie que falou, por óbvio, mas Rhea concordou com ela silenciosamente.

— Que isso, Angela? — repreendeu Rhea com um sorriso malcriado — Não está claro que eles são os descolados por aqui? — e então, virando-se para os meninos, ela abriu um largo sorriso — Eles vieram para um show, então vamos dar a eles o que querem.

Os três garotos na frente demoraram muito para entender o que estava prestes a acontecer. Rhea puxou sua varinha de dentro de sua bota ao mesmo tempo que Angie, as duas com um pensamento tão sincronizado que foi como se tivessem combinado. A voz das duas também soaram em conjunto.

— Locomotor Wibbly — gritaram elas.

O garoto menor, que meio que se escondia atrás dos dois maiores, conseguiu escapar — mas o garoto se cabelos negros e seu amigo presunçoso não. Suas penas ficaram tão moles que caíram no chão. Gargalhadas soaram de todos os lados, e Rhea sorriu satisfeita.

— Obrigado pelas boas-vindas, rapazes — despediu-se Rhea.

E, virando o punho no nariz imenso do garoto que a ofendera mais cedo — porque Rhea sempre recorria à violência quando achava que mereciam, as duas garotas pegaram seus malões e seguiram pelo corredor.

Entraram no primeiro compartimento que encontraram vazio, dividindo-o apenas com um garoto esguio e magricela que encarava a janela como se pensasse em uma forma de dar o fora dali. Angie ainda dava risadinhas e tinha as bochechas coradas, enquanto Rhea estava satisfeita de ter conseguido fazer a amiga rir. Ela sabia o quanto Angie amava Ilvermorny e Rhea havia notado a pontada de decepção que a família da melhor amiga sentira dela quando descobriram que Rhea quase causara a expulsão de Angie. A última coisa que queria era ficar mal com ela ou chateia-la.

— Idiotas — resmungou Rhea com um sorrisinho.

Angie se sentou ao lado do garoto magricela e, assim como Rhea, começou a lançar as malas para o bagageiro.

— Pega leve — repreendeu ela — Eles não te lembram de James e Will?

Rhea, que havia percebido a semelhança no instante em que os garotos apareceram, deu de ombros.

— Não — respondeu, com medo de que a amiga começasse a sentir saudades de casa. James e Will eram seus melhores amigos de Ilvermorny , e eram tão travessos que Rhea duvidava que alguém um dia fosse ser tão rebelde quanto eles (e olha que ela tentara, e muito, acompanha-los nas travessuras) — Você sabe quais são as casas de Hogwarts?

Angie mordeu o lábio.

— Sei — murmurou — você acha que vamos precisar passar novamente pela seleção?

— Não sei, acho que sim, né? Precisamos de dormitórios e de uma sala comunal.

— É... ouvi dizer que eles tem uma casa para bruxos das trevas.

Rhea, cujo coração imediatamente acelerou, empertigou-se no assento e franziu o rosto.

— Como assim? Como pode uma seleção identificar quais são os bruxos das trevas e quais não são? E como não mandam todos para Azkaban?

— Verdade... não faz sentido ensinar bruxos que sabem que são das trevas, não é? Devo ter ouvido errado...

— Não é bem assim — disse de repente o garoto magricela.

Ele tinha pele escura e olhos negros e grandes como jabuticabas. O cabelo tinha um corte bem aparado rente ao couro cabeludo e suas sobrancelhas eram grossas e retas. Era de uma beleza pouco convencional e bem aparente, o que fez Rhea se perguntar o porquê dele estar sozinho.

— A Sonserina não tem só bruxos das trevas —  continuou — é uma casa que valoriza a astúcia e a ambição. Muitos bruxos das trevas saem da Sonserina, mas conheço bons aurores de lá também!

Não convenceu muito a Rhea. Em Ilvermorny isso não existia, as casas eram separadas praticamente entre os inteligentes, os aventureiros, os combatentes e aqueles que pendiam à magia curandeira. Nada de pre-determinar bruxos das trevas.

Mas... e se ela fosse mandada para a Sonserina? Parte dela sentiu de repente um intenso pavor. Talvez fosse bom, porque ser mandada para a Sonserina responderia suas dúvidas. Rhea queria saber se era um monstro, não podia confiar no próprio julgamento sobre seu caráter. Talvez a seleção a convencesse de que não era digna de ajuda alguma — deveria apodrecer em Azkaban depois do que fez, e não reclamaria, porque fizera por merecer.

— Sou Nico, a propósito — o garoto continuou — vocês são novas?

Angie sorriu.

— Sou Angela, mas pode me chamar de Angie. Essa é Rhea. Somos de Ilvermorny .

— E aí? — cumprimentou Rhea, deitando-se despojadamente no estofado como se não tivesse preocupação alguma (ela fingia muito bem).

— Ah, legal, acho que vocês são as únicas transferências que já vi.

Rhea, que nunca parara para pensar em como as transferências eram raras em Ilvermorny, franziu o rosto e sentiu o estômago afundar ainda mais. Não entendia porque Dumbledore poderia ter aberto às duas uma exceção.

— Que honra — brincou Rhea, embora se sentisse ligeiramente amedrontada.

— Esperamos atender às expectativas de Hogwarts — acrescentou Angie. Rhea tirou um pacote de salgadinho da bolsa e começou a brincar de lança-los para cima e pega-los com a boca — em Ilvermony não precisamos de N.O.Ms no sexto ano para conseguirmos os N.I.E.Ms, mas Dumbledore cuidou disso pra gente quando fizemos a transferência.

Nico endireitou-se no estofado e abriu um sorriso.

— Nem se preocupe com isso, vi a azaração de vocês no corredor e tenho certeza que deixariam muito estudante de Hogwarts no chinelo — então ele deu uma risadinha —, quer dizer, já deixaram, né? Azararam o James e o Sirius, não é qualquer um que faz isso.

Rhea sentiu-se novamente interessada na conversa.

— James e Sirius, é? Por que você diz isso?

Ele deu de ombros.

— Porque eles são os melhores e todos gostam deles. Metade de Hogwarts deve odiar vocês pelo que fizeram.

Rhea sorriu.

— E a outra metade?

A risadinha que Nico soltou dispensou qualquer resposta.

Eles passaram o restante da viagem conversando sobre aleatoriedades, e as duas decidiram que Nico seria mais um membro da cavalaria — parecia disposto a quebrar regras e era tudo o que Rhea e Angie estavam procurando para não morrer de tédio nos dois anos que se seguiriam. Ele explicou como funcionavam as visitas a Hogsmeade, como eram as casas — ele era da Sonserina, e precisou explicar mais uma vez que espalhavam ideias erradas sobre lá — e falou sobre os professores.

— Slughorn é o pior! — disse com amargura — Ele tem um grupinho de favoritos como se ainda estivesse no ensino médio conosco. E a matéria dele... poções... um saco!

Rhea ficou chateada, porque gostava muito de poções e a professora de Ilvermorny era ótima.

Elas não puderam deixar de reparar que, vira e mexe, alguns alunos se esgueiravam pela janela de seu compartimento para bisbilhotar as duas, e Nico explicou que provavelmente era por conta do ocorrido com Sirius e James. Aparentemente, seu grupo de amigos era muito popular e todas as garotas — e garotos — de Hogwarts beijavam os seus pés (não só os pés, na verdade). Rhea se sentiu satisfeita com a atenção, e sorriu de esguelha para Angie. As duas eram extremamente populares em Ilvermorny e ela não pretendia perder o cargo para um grupo de bullies, muito menos quando seus membros sequer eram capazes de se defenderem de uma azaração tão simples como a de pernas bambas.

Já era noite quando desembarcaram em Hogwarts. Viu, de esguelha, o garoto baixinho do trem apontar para as duas e cochichar algo com James e Sirius. Os três lançaram olhares nada educados para as duas. Rhea retribuiu na medida do possível, mas logo foi arrastada por Angie, porque precisavam se separar do restante dos alunos e acompanhar a turma do primeiro ano. Ela não disfarçou o descontentamento ao se sentar em um barquinho cercada por pirralhos — e ainda mais ao notar que os garotos do trem riam delas a distância. Nico, por sua vez, disse que eles se reveriam no banquete de boas vindas e que estava de dedos cruzados para que elas fossem para a Sonserina com ele. Rhea não tinha certeza se gostava da ideia.

Ficou emburrada e não admirou as torres do castelo da forma abobada como Angie fazia. Não admitiu em voz alta o quanto era bonito — Ilvermorny era mais. Sentiu uma pontada de tristeza, nostalgia e arrependimento.

Apressaram-se pela entrada do castelo e, finalmente sentindo o coração bater mais rápido, prepararam-se para a seleção. O salão de Hogwarts era ainda maior que o de sua escola antiga, as mesas compridas eram separadas por cores e velas pendiam do teto. Elas ficaram por último na seleção, deixando que todos os alunos do primeiro ano fossem selecionados primeiro.

A seleção de Ilvermony era realizada em uma sala com quatro estátuas, cujas formas se assemelhavam ao animal mascote das Casas as quais representavam. Os alunos iam até o centro da sala e a estátua cuja casa os quisesse criava vida — o cristal da testa da escultura da Serpente Chifruda, casa dos acadêmicos, brilhava; a Pumaruna, mascote da casa dos guerreiros, soltava rugidos; o Pássaro Trovão, representando os aventureiros, batia as asas; e o entalhe da Pukwudgie, casa dos curandeiros, levantava sua flecha. Podia acontecer de duas estátuas reagirem — como foi com Rhea, que tanto ouviu o rugido quanto as batidas das asas do Pássaro Trovão — e, nesse caso, o aluno escolheria para qual ir.

Em Hogwarts era diferente. Os alunos caminhavam até a mesa principal e vestiam um chapéu pontudo falante, que declarava em alto som a casa para a qual o aluno deveria ir. Rhea perguntou-se se tinha escolha — como teve nos EUA. Além disso, sentiu o mesmo medo que sentiu quando foi selecionada pela primeira vez: e se nenhuma casa a quisesse? O que aconteceria?

A dor de estômago apenas aumentou quando todos os alunos do primeiro ano foram devidamente selecionados, e só restara Rhea e Angie no fundo do salão. O bruxo barbudo da mesa principal, que ela imediatamente reconheceu como Dumbledore, levantou-se novamente e pigarreou pedindo por silêncio.

— Silêncio, por favor — ele abanou as mãos, e o falatório tornou a abaixar — É meu prazer anunciar que, esse ano, em Hogwarts, teremos duas alunas novas transferidas da escola de bruxaria estadunidense Ilvermorny. Sei que é uma novidade para todos e... — ouviu-se mais uma onda de cochichos. Angie se remexeu inquieta e Dumbledore sorriu — ...ou, talvez, nem tanta novidade assim, mas espero que sejamos receptivos que que concedamos a elas nossas boas-vindas.

Rhea varreu o salão com o olhar, e notou que Sirius, James e seus amigos voltavam a olha-las com uma careta — como se estivessem apenas esperando a poeira baixar para que se vingassem. Rhea não podia negar que também mal podia esperar.

— Então, por favor, façamos a seleção das garotas — falou a professora a esquerda de Dumbledore. Ela tinha os cabelos pretos amarrados em um coque apertado e vestia óculos quadrados — Cardenas, Angela!

Angie olhou assustada para Rhea antes se antecipar-se por entre as mesas e caminhar até a cadeira. O salão ainda estava abafado com murmúrios quando a professora colocou o chapéu em sua cabeça.

A resposta foi quase instantânea — o que assustou Rhea, considerando que a seleção de Angie demorou consideravelmente na primeira vez. O Chapéu Seletor, entretanto, encostou na cabeça de Angie por quase três segundos e declarou, fortemente, com convicção:

Grifinória!

Angie pareceu ainda mais nervosa ao som dos aplausos. Ela forçou um sorriso através do salão para Rhea, que levantou o polegar em sua direção e sorriu para encoraja-la. Assim que a amiga andou em direção à mesa vermelha e ouro, no entanto, Rhea lançou um olhar desapontado para Nico na mesa da Sonserina. Ele retribuiu o olhar e encolheu os ombros como se dissesse acontece.

— di Salles, Rhea!

Assim que seu nome foi pronunciado, fez-se silêncio absoluto. Ela viu com satisfação, pelo canto do olho, a careta estarrecida do garoto que a chamara de sangue ruim no trem. Com certeza reconhecera o sobrenome de uma das famílias bruxas mais conhecidas em toda América, embora fosse conhecida por motivos que não trazia a Rhea tanto orgulho assim. Todos da Pássaro Trovão, e Rhea não seguira seus passos. Mas e se devesse? De nada adiantou mudar. Se Sonserina era a casa dos bruxos das trevas, e se ela fosse seguir os passos de sua família...

Foi esse pensamento que a dominou ao atravessar o salão até se sentar. E se ela fosse para a Sonserina e se tornasse sua mãe? Teria ela alternativa entre luz e trevas? Aquela seleção poderia custar todo seu futuro. E se aquilo fosse um teste de Dumbledore para manda-la para Azkaban?

Sentou-se dura na cadeira com o salão em considerável silêncio. O chapéu afundou em sua cabeça e ela sentiu as pontas dos dedos formigarem.

Por favor, que eu não seja uma má pessoa, pensava ela, sem convicção, por favor que eu não seja um monstro...

— Um monstro, huh — falou uma voz em sua cabeça, e Rhea empertigou-se assustada — ah... ah, sim... posso ver porque pensa isso... entendo... uhum. Mais uma aluna da Pumaruna, mas vejo que foi escolhida, também, pela Pássaro Trovão. Ah, e não era para menos, vejo, um espírito aventureiro e combativo, de fato, não há como negar. O que uma guerreira com fome de aventura fará em Hogwarts...

Por favor, não sou má pessoa...
Ou talvez eu seja!

— Ah, a Sonserina seria um ótimo lar para sua ambição e astúcia. Será grande como o restante de sua família...

Rhea prendeu a respiração. Sou como minha família, pensou ela, estou fadada a ser como eles, não tenho mais escolha depois do que fiz.

— A Grifinória, por outro lado, daria a você a chance da redenção. O que quer, pequena guerreira, combater o que rejeita ou aventurar-se em seus mais profundos impulsos e desejos? Guerrear em nome do que acredita ou desvendar os mistérios escondidos nos próprios demônios? Viver em incansável luta ou em constante busca por seus objetivos?

Isso está errado, ela piscou, confusa, não, não quero ter que escolher. Não é a minha escolha. Não estamos em Ilvermorny! É você quem deveria me dizer!

— Temo ser apenas um chapéu consciente, e não sua consciência em um chapéu. Não posso lhe dar o que deseja, pois independente da casa que eu escolher, quem define seu caráter é você, e apenas você. Não é a Casa que faz um bruxo, pequena Pumaruna. Tudo que somos é fruto de nosso arbítrio. Por isso torno a perguntar: o que você quer, corajosa combatente? Qual a sua escolha?

Rhea queria chorar. Parte dela queria ir para a Sonserina, pois seria a escolha fácil que ela acreditava merecer. Lá, não precisaria se provar para ninguém. Não precisaria lutar contra suas ânsias, suas ideias, apenas... pertenceria. Não precisaria se encaixar, apenas serviria como uma luva. Seria cômodo, como uma rotina, como se seguisse um roteiro.

Na Grifinória, por outro lado, ela teria que se esforçar. Teria que encontrar coragem para ir contra o que foi determinado por sua família. Independente dos esteriótipos errados que ouvira sobre a Sonserina, a Grifinória seria como romper com tudo o que crescera pensando que deveria ser.

Mas não era exatamente isso que ela queria? Abandonar a autopiedade e...

Vejo que fez sua escolha — disse o chapéu, e Rhea enrijeceu os músculos para protestar. Não! Ainda não tomei!, mas antes que pudesse pensar com mais fervor, o chapéu interrompeu seus devaneios com uma voz alta e trovejante — GRIFINÓRIA!

O salão pareceu inteiro estarrecido — Rhea notou, embora não estivesse mais estarrecido do que ela própria. Ela se levantou trêmula e esforçou-se até a mesa, que demorou alguns segundos a mais para explodir em vivas. Angie tinha um sorriso de rasgar o rosto.

— Eu disse a você! — sussurrou ela, quando se sentaram — Disse a você que ainda temos chance.

Mas Rhea ainda estava tensa quando iniciaram a refeição.

— Ele... falou alguma coisa pra você? — perguntou Rhea a Angie aos sussurros — Sobre para qual casa você queria ir?

Angie franziu as sobrancelhas.

— Ora, claro que não — respondeu —, na verdade, ele não me disse nada. Que foi que ele falou a você?

Rhea ia murmurar algo como depois nos falamos quando foi acertada na cabeça por uma bolinha de papel. Ela olhou para os dois lados para tentar localizar quem a teria lançado, mas o salão inteiro comia entretido. Angie debruçou-se sobre a mesa para bisbilhotar por cima dos braços da amiga.

— Acho que tem algo escrito — disse ela, e Rhea notou as marcas de tinta.

Com cuidado para não rasgar o pergaminho, ela desenrolou a bolinha e abriu o que se revelou um bilhete. O estômago de Rhea ficou gelado de curiosidade ao lê-lo.

Os srs. Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas oferecem seus cumprimentos às novas bruxas de Hogwarts e aproveitam a oportunidade para alerta-las sobre os grandes perigos da comunal da Grifinória a bruxinhas com o conhecimento meia-boca da maior e mais piada escola de bruxaria Ilvermorny.

Tenham um ótimo início do ano letivo e espero que não se importem se nosso cachorro acidentalmente fizer xixi em suas roupas.

Enviamos nossos votos de muita estima e consideração e recomendamos que treinem seus feitiços escudos para uma estadia pacífica sem muitos incômodos.

Ass. Marotos.

PS. Esperamos que não tenham medo de animais selvagens, pois há lendas extraordinariamente divertidas sobre alguns de bobeira pelo castelo.

xxx

Oi gente!!! Eu espero que vocês estejam gostando, é minha primeira fanfic de hp pq sou nova no fandom 🥺
Estou aberta a sugestões e críticas! Manda bala
Prometo nao demorar pra postar o próximo

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