Empresário • jikook

By callmeikus

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☆CONCLUÍDA☆ longfic • boss x secretary Jimin lia muitas fanfics, talvez até demais. Então, na cabeça dele, to... More

00. Avisos, o que você tem que saber
01. Jimin, a máquina de vergonha alheia
02. UP2U, a empresa dos loucos
03. Namjoon, o plano B
04. Ups, o cenário do desastre
05. Up, o cenário do desastre ainda maior
06. Yoonji, a atenta
07. Taehyung, o Chicken Little
08. Eunha, a subutilizada
09. Mesa de vidro, a catastrófica
10. Yeonjun, o envergonhado
11. Seunghyun, o invejoso
13. Seokjin, o pilar
14. Woohyun, a opção que dói
15. Passado, o corruptor
16. Culpa, a disputada
#ikusweek2021 crossover | parte 2
17. Continuação, a estranha
18. Apartamento, a nova casa
19. Melancia, a nova face
20. Cama, a aproveitada
21. Panquequinhas, as abaladoras
22. Minnie, o recém-chegado
23. Batatinhas, as quentinhas
24. Sono, o compartilhado
25. Café, o apaziguador
26. Calça, a arrebatadora
27. Troca, a interessante
28. Chope, o estopim
29. Beijo, o agridoce
30. Silêncio, o necessário
31. Karaokê, o encontro
32. Decisão, a derradeira
33. Pranto, o premeditado
34. Armadilha, a ardilosa
35. Busão, o deslumbrante
36. Cafeteria, a decisória
37. Carimbo, o dispensável
38. Cor de burro quando foge, a combinação
39. Bolinho, o peladinho
40. Bueiro, o imundo
41. Hoseok, o outro
42. Muralha, a gigante
43. Ser, o ser
44. Final | Jimin, o Empresário
45. Epílogo | Começo, o novo

12. Banheiro, a testemunha

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By callmeikus

Oi, meus upinhos!!! Como vocês estão? Espero que tenham passado um bom natal!

Avisos de gatilho: assédio sexual, violência física e narração de tentativa de estupro, se for sensível, pule esse capítulo porque ele é realmente pesado

Boa leitura!

#JKNãoUsaGravata

»»💼««

 Jimin não respondeu nada, apenas ergueu-se enquanto refletia, com um sentimento estranho dentro dele, se realmente era a putinha de Jungkook. Até queria, mas não tinha chegado lá. Seunghyung apertou uma das nádegas do estagiário com força, segurando o queixo dele com outra mão, aproximando os rostos de forma bruta.

— Parece que você é bem fácil, hein... — debochou com a voz rouca. Jimin tentou afastar o rosto, incomodado com o jeito que ele segurava, porém este agarrou com ainda mais força, as unhas afundando levemente na pele macia das bochechas do estagiário. — Você vai me seguir e não vai falar nada, é uma ordem.

Novamente, Jimin não respondeu nada, um tanto quando atordoado e sem saber o que estava sentindo. Mesmo assim, quando Seunghyun agarrou os ombros alheios e trouxe o corpo para mais perto a fim de arrastá-lo consigo, Jimin deixou-se ser levado, apesar de não saber para onde iria. Sentia-se sufocado com a forma que a força que o homem lhe pressionava e tropeçava nos próprios pés a cada segundo.

Yoonji, de longe, viu Jimin com Seunghyun enquanto ia buscar seu notebook na salinha dos staffs e ficou ainda mais estressada — em geral seu humor não era um dos melhores no evento, pois tinha que romper a introversão para atender os inscritos — ao ver que Jimin estava matando trabalho para atracar-se com aquele homem nojento. Com aquilo, apenas validou sua hipótese de que Jimin apenas ficava para cima de Jungkook porque ele era um CEO, e uma parte dela valorizava o jovem ao ponto de irritar-se que aproximassem dele por interesse. Jungkook era honesto, humilde e bondoso demais para ter que lidar com aquele tipo de pessoa. Queria tanto reclamar sobre aquilo para Seokjin.

Talvez, se não tivesse tanta certeza que Jimin tinha oferecido-se por livre espontânea vontade, Yoonji teria observado a situação com mais cautela e percebido a força com a qual Seunghyun agarrou Jimin pelo pescoço quando o estagiário parou de andar, forçando-o a continuar. Mas a verdade era que nem Jimin estava entendendo direito a situação e sua opinião sobre ela.

Afinal, tirando a falta de terno e o cabelo verde, Seunghyun era o CEO dos seus sonhos. Tratava com brutalidade, com certeza fodia com força e, ainda por cima, realmente demonstrara desejo sexual por Jimin. Não sufocava-o com sua gravata, mas estava fazendo um ótiimo trabalho em fazê-lo com o braço. E, tentando convencer-se que ia realizar seu sonho, Jimin foi arrastado para longe.

A cada passo menos reconhecia onde estava e menos pessoas encontrava, até o ponto que não havia mais ninguém nos mesmos corredores que eles. Seunghyun empurrou Jimin em direção a um banheiro que ficava do lado de um dos auditórios do local de eventos, mas que não tinha sido alugado e, portanto, estava vago.

Ao ver para onde era levado, Jimin instintivamente segurou-se no batente da porta do banheiro. Não saberia explicar logicamente o porquê de suas ações, visto que estava dificultando o próprio sonho, mas sentia-se cada vez mais tomado por um terror inexplicável pelo que viria a seguir.

Sentiu uma pontada de dor nas costas e nos ombros quando Seunghyun o empurrou com força, fazendo com que soltasse a porta e, sem equilíbrio, caísse no chão. O CEO o puxou pelos cabelos, fazendo com que levantasse. Jimin sentiu os olhos lacrimejarem ao passo que alguns fios soltavam-se de seu couro cabeludo tamanha a força aplicada. Quis chorar ao sentir algo quente e viscoso escorrer-lhe pelas madeixas e perceber que era o próprio sangue.

Estava tão entorpecido pela violência que nem saberia explicar como que fora parar em uma cabine de sanitários, sendo espremido contra uma das paredes. Uma mão bruta segurou seu queixo e virou seu rosto, o pescoço doeu ao ser torcido para sua boca ser tomada pelos dentes de Seunghyun. O de cabelos verdes fazia questão de deixar marcas em Jimin para que Jungkook visse, para que Jungkook o invejasse, para que Jungkook se irritasse ao ver que perdera algo que era seu.

— Acredita que o Jimin foi se pegar com aquele cara que persegue o Goo? — Foi a primeira coisa que saiu da boca de Yoonji quando finalmente encontrou Seokjin, uns cinco minutos depois. O líder dos Pulmões ajudava a direcionar os inscritos às programações paralelas do evento de acordo com seus interesses. Yoonji teoricamente veio ajudar, mas queria mais era reclamar sobre Jimin mesmo.

— No meio do evento? — Seokjin virou-se para encarar a mulher, achando estranho. Apesar do pé que tinha atrás com Jimin por causa da própria birra da Yoonji com ele, o estagiário estava trabalhando muito bem mesmo nos últimos meses e entregando muito resultado. Além da melhor amiga, ninguém tinha reclamado dele e, sinceramente, Seokjin começava a nutrir um certo apreço pelo estagiário desde que ele começou a "roubar" atividades do Jungkook para diminuir a sobrecarga do CEO.

— Pois é, traste — xingou novamente. Não dava, sempre que Yoonji lembrava o olhar de desprezo de Jimin para cima dela, sentia-se consumir de raiva.

— Isso me parece estranho... — O homem arrepiou-se, tendo uma impressão muito ruim mesmo sobre aquilo. Do nada, começou a sentir uma certa urgência. — Para qual lado ele foi, você lembra?

Yoonji explicou onde viu eles pela última vez, subitamente nervosa com o tom sério de Seokjin. Assim que terminou de falar, tentando deixar o mais claro e detalhado possível, foi abandonada pelo amigo apressado, que jogou para cima de Yoonji a tarefa de orientar os participantes. A mulher jurou que ia morrer ao ver a quantidade pessoas que tinham ali.

Jimin tentou virar a cara, enojado com a forma que o homem tomava seus lábios, mas a mão que lhe segurava com firmeza não permitiu. Os dedos apertaram seu rosto com ainda mais força e o ele mordeu sua boca a ponto de fazê-la sangrar e espalhar um gosto metálico horrível no paladar.

— Fica quieta, puta malcriada — Seunghyun sibilou ríspido antes de desferir um tapa forte nas nádegas de Jimin. Os olhos do estagiário encheram-se de água com tamanha ardência e a única coisa que lhe mantia em pé era o homem, pois sentia como se todas as forças de seu corpo houvessem esvaído.

O nariz de Jimin começava a escorrer, antecedendo o choro silencioso que não era resultado apenas do tapa. Fechou os olhos, desejando que aquilo acabasse logo e apoiou a testa na parede fria da cabine, sem forças para lutar enquanto o botão e zíper de sua calça eram abertos com brutalidade.

— Olha só... — Seunghyun admirou a calcinha de renda revelada ao abaixar as calças de Jimin. Teso, deu um tapa forte na outra nádega, deixando agora ambas dolorosamente avermelhadas, enquadradas pela langerie. — Ficou se debatendo tanto, mas tava doidinho pra dar... Sabia que você era uma puta no momento que te vi. Vai ser uma delícia te comer.

Jimin apenas continuou chorando quieto e de olhos fechados, sem saber o que fazer. Apesar de tentar ignorar o que estava acontecendo, seus ouvidos pareciam captar muito claramente o som do cinto de Seunghyun sendo afrouxado, o tilintar que a fivela fazia enquanto ele abaixava as calças.

— Olha pra mim, puta! — Empurrou Jimin contra a parede da cabine novamente, deixando-o sem ar e tonto ao bater a cabeça. — Olha, caralho!

Com medo de ser espancado de novo, Jimin abriu os olhos, mas desejou não ter feito aquilo ao encarar o sorriso cruel no rosto do outro. Ao encarar a expressão de orgulho de Seunghyun segurando o próprio pênis ereto.

— Tira a calcinha — mandou, rindo do olhar de desespero do Jimin. Desferiu outro tapa com toda sua força, Jimin não conseguiu prender o gemido de dor daquela vez. — Tira a calcinha, puta, mostra que você gosta dessa merda.

— Alguém aí? — Uma terceira voz soou no banheiro. Na verdade, uma segunda, já que Jimin foi incapaz de dizer qualquer coisa desde colocou os pés lá, paralizado pelo medo. O vão entre a porta e o chão da cabine mostrava, através de sombras, que alguém movimentava-se dentro do recinto.

Puto, Seunghyun afivelou a calça rapidamente antes de cobrir a cabeça com o capuz da jaqueta e sair rápido do banheiro, sem querer ser identificado. Seokjin tomou um susto ao ouvir a porta sendo aberta com violência e tentou correr atrás da figura que fugia.

Isto é, até encontrar Jimin na cabine, completamente perdido. Não tinha conseguido se mover e sustentava todo o peso do corpo na parede da cabine. O rosto em choque, banhado de lágrimas; o olhar perdido em socorro.

— Jimin... — Seokjin murmurou, tenso, sem acreditar no que estava vendo. O olhar pousou nas nádegas ainda expostas e completamente vermelhas, e o coração apertou de preocupação, porque aquilo definitivamente estava doendo muito. Junto aos lábios machucados e vergões no pescoço e bochechas, Seokjin não teve dificuldades em entender o que tinha acontecido. — Vou me aproximar de você, tudo bem?

Jimin de algum jeito tirou forças para assentir, ainda completamente inerte. Seokjin deu passo ante passo devagar, observando as reações do estagiário. Os jeans de Jimin acumulavam em seus pés, completamente despido. O líder dos Pulmões agachou-se.

— Vou levantar suas calças, tudo bem? — perguntou novamente, Jimin concordou, começando a soluçar e tremendo de medo.

Com muito cuidado, Jin subiu as calças, tentando não encostar na pele do estagiário em nenhum momento. Não sentiu necessidade de abotoar, seria invasivo demais e só queria garantir que Jimin não fosse ainda mais violado.

Estendeu a mão para o estagiário com cuidado, querendo tirar ele dali, mas Jimin simplesmente abraçou os ombros do mais velho, chorando e soluçando alto. Seokjin apenas o abraçou de volta, deixando que apoiasse a cabeça em seu ombro e acariciando os fios negros antes de perceber, preocupado, que o couro cabeludo sangrava. Sinceramente, assistir aquilo doía muito no psicólogo, porque a vida lhe ensinara da pior forma que a violência física não doía apenas por si só, mas também por causa das garras que rasgavam cruelmente seu interior como consequência. Uma ferida muito menos aparente do que na pele, mas talvez até mais profunda.

Quando Jimin recuperou-se um pouco, Seokjin lavou o rosto dele e tratou de tirá-lo daquele banheiro detestável. Atravessou corredor atrás de corredor de mãos dadas até Jimin parar de andar, fazendo com que estacasse também.

O estagiário soltou-se para sentar contra uma parede, ainda longe de outros convidados, e chorar. Humilhado, lacrimejou mais ainda de dor ao encostar as nádegas ardidas no piso frio e acabou sentando-se de lado, equilibrando-se com os braços. Jin, compreensivo, sentou ao lado dele e ofereceu o próprio colo caso Jimin quisesse apoiar-se. O estagiário aceitou, percebendo que não teria nenhuma posição confortável para chorar sentado, e apenas deixou a cabeça repousar nas coxas do homem.

— Você gosta de ouvir música? — Seokjin perguntou e Jimin assentiu fraquinho. — Que tipo?

— Pop... — respondeu enquanto observava Jin tirar com dificuldade um par de fones dos bolsos e colocar em suas orelhas. — Quero ouvir Miley Cyrus, da época que ela era Hannah Montana ainda.

O psicólogo não contestou, apenas procurou as músicas em seu Spotify e colocou para tocar. Jimin imediatamente fechou os olhos, tentando-se concentrar no começo nostálgico de Old Blue Jeans. Estava tudo certo, nada de errado havia acontecido.

Seokjin queria fazer umas ligações, mas não achava que deveria fazê-las ao lado de Jimin. Porém, também não queria abandoná-lo, então sentiu-se um tanto quanto aflito. Sem ter muitas alternativas, começou a enviar algumas mensagens, ficando aliviado ao ver que a pessoa com quem mais precisava conversar respondeu na hora. Queria atender Jimin, mas aquilo não seria ético visto que conheciam-se além do consultório.

Enviou também uma mensagem no grupo dos líderes da UP2U. Não deu detalhes demais a ponto de expor Jimin além do necessário, mas explicou suficientemente bem a informação para que não houvesse erros de comunicação. Ainda achava que o que causaria menos desespero naquele momento seria uma ligação, pois poderia explicar quaisquer dúvidas, mas bem... aquilo tinha que servir no momento.

Yoonji foi a primeira a ler a mensagem, cobrindo a boca tamanho o choque. Uma onda de culpa e preocupação apoderou-se da mulher, que olhou desesperada para os lados, tentando checar se era realmente necessária ali. Provavelmente era, mas ignorou o fato e afastou-se apressadamente, fugindo de qualquer pessoa que parecia querer tirar dúvidas com ela.

Jungkook viu a mensagem quinze minutos depois, pois estava no palco quando ela foi enviada. Deixou que o palestrante convidado subisse junto com uma salva de palmas antes de descer e postar-se ao lado de Namjoon, que estava em um dos corredores do grande salão. Só aí pegou seu celular.

Cada palavrinha escrita causava-lhe um misto tão profundo de incredulidade e raiva que até as orelhas começaram a queimar, mas respirou fundo, tentando controlar-se. Tinha que perguntar se Jin já havia levado Jimin até uma delegacia para registrar um boletim de ocorrência e... Perdeu sua sanidade.

Perdeu todo controle que tentava acumular ao ver o filho da puta sentado no fundo da sala, como se nada tivesse acontecido, como se não fosse um criminoso nojento. Namjoon, confuso com o rosto cada vez mais vermelho de Jungkook, checou o próprio celular na esperança de entender o que tinha acontecido. Queria não ter entendido.

Jungkook marchou com passos decididos e punhos fechados na direção de Seunghyun, que sorria ao ver que tinha atingido seu objetivo. Parecia que, apesar da interrupção, seu movimento desestabilizou o rival o suficiente e isso era o mais importante para ele. Nunca, nunca mesmo, tinha visto Jungkook bravo daquele jeito.

Namjoon, percebendo que o mais novo estava fora de si, manobrou a cadeira para segui-lo, aumentando a velocidade para que alcançasse Jungkook antes que ele alcançasse Seunghyun. O Presidente do Conselho não tinha a mínima dúvida de que Jungkook, tão transtornado, ia partir para a violência e aquilo seria uma catástrofe.

— Vou te quebrar na porrada, Seunghyun, eu tô falando sério! — Jungkook gritou para o outro que sorria, a voz rouca de ódio, confirmando as suspeitas de Namjoon. Os convidados que estavam sentados mais próximos do corredor viraram-se para olhar assustados, e Namjoon sentia-se cada vez mais desesperado com a situação.

Pela primeira vez na vida, usou a velocidade máxima da sua cadeira de rodas e, com isso, conseguiu alcançar Jungkook. Primeiramente, tentou estender a mão para puxar o mais novo pela blusa, chamando-o pelo nome. Mas Jungkook estava fora de si e não o ouviu. Avançou mais com a cadeira e segurou a blusa de vez. Como a velocidade da cadeira de rodas de Namjoon ainda estava alta quando Jungkook finalmente parou de avançar ao ser puxado, acabou atropelando o CEO, que caiu de joelhos no chão com o empurrão.

Com o walk talk, Namjoon acionou alguns dos seguranças que estavam na porta do salão principal, pedindo que apreendesse o homem de cabelos verdes. Não encarou Seunghyun quando fez aquilo, com medo de que ele percebesse e fugisse antes que os seguranças fizessem algo. Não que Seunghyun estivesse ligando para aquilo, rindo entretido ao ver a forma lamentável que seu rival caiu no chão.

— Mil perdões, Gookie... — Namjoon pediu ressentido, ajudando o amigo a levantar. Com o tombo, Jungkook acabou distraindo-se da própria raiva e finalmente colocou a cabeça no lugar de novo. Admirou o amigo ao ouvi-lo acionar os seguranças e sentiu-se um inútil por não ter feito aquilo ele mesmo. Quebrar Seunghyun na porrada no meio do próprio evento que organizou e manchar a imagem da UP2U não adiantaria nada, era o que o homem queria. Jungkook sentia-se cada vez pior.

— Não, Nam, obrigado... — Jungkook agradeceu, gemendo fraquinho ao olhar o machucado que abriu-se em seus calcanhares descobertos e sentir os joelhos doloridos. Tentou não olhar muito para Seunghyun, para que o homem não suspeitasse dos seguranças nem que tinha acalmado-se. — Você fez certo. Peça aos seguranças para chamar a polícia e segurar ele até ela chegar, por favor.

Não demorou muito para Seunghyun perder o sorriso no rosto ao ter os braços segurados pelo casal de seguranças que cuidava do auditório principal, sem acreditar que alguém teve a audácia de mexer com ele. Jungkook e Namjoon, sem precisar temer levantar suspeitas, voltaram a olhá-lo, mais calmos, mas igualmente enojados. O de cabelos verdes debateu-se e derrubou algumas cadeiras vazias pelo caminho, ameaçando os seguranças e Jungkook só sentiu-se ainda mais nauseado com aquilo.

Assim que ele desapareceu de vista, Jungkook agachou no chão, tremendo e respirando fundo. Alguns convidados mais perto ainda observavam o cena embasbacados, sem entender o que tinha acontecido e Namjoon falou qualquer coisa para distrair a atenção deles antes de convencer o CEO a levantar e sair do salão.

Do lado de fora, Namjoon foi pegar um pouco de água para os dois enquanto Jungkook ficava sentado em um banco, refletindo sobre tudo aquilo, sentindo-se um completo inútil. Era nojento e imaturo. Resolveu focar no que era mais importante, e enviou uma mensagem ao Jin, perguntando onde ele estava.

Na verdade, não perguntou onde estava apenas, e sim enviou um enxurrada de questionamentos ansiosos que acompanhavam seu estado emocional. Onde eles estavam? Eles estavam bem? Sabiam que precisariam ir até a delegacia? Sabiam que os seguranças estavam segurando Seunghyun? Ele poderia fazer algo para ajudar? Como que Jimin recuperaria-se?

Mas tudo que recebeu foi uma breve resposta do Seokjin dizendo que cuidaria de tudo, para que não preocupasse e continuasse tocando a UP4U. Jungkook prendeu o choro, completamente agoniado com sua impotência e com o remorso que consumia-lhe toda vez que seu cérebro raciocinava de que aquilo aconteceu por sua culpa. Jimin foi assediado porque Seunghyun queria lhe provocar, ele era o responsável pelo sofrimento do próprio estagiário.

Seokjin, na verdade, apenas afastou Jungkook daquilo porque era óbvio pelas mensagens do CEO o quão transtornado ele estava e, talvez, Jimin não precisasse daquilo no momento. Resolveu pedir ajuda pro Namjoon, pedindo que o homem avisasse quando a polícia chegasse, já que o Presidente do Conselho era de longe o mais calmo ali. Estava tudo sob o controle que dava para ter naquela situação e ele poderia cuidar daquilo, era melhor que Jungkook se acalmasse e distraísse tocando o evento. Tinha esperanças de que aquela tinha sido a melhor decisão.

— Seokjin? — Jimin chamou baixinho após tirar um dos fones de ouvido. Não conseguia concentrar-se na Hannah Montana; a mente, agitada, não lhe dava paz.

— Oi?

— Sabia que sempre foi meu sonho fazer sexo com um CEO? Eu finalmente quase realizei ele — contou o que estava passando por sua cabeça, porém não teve coragem de encarar o psicólogo.

— Você realmente acha isso? — Jin perguntou com calma, sem nenhum julgamento na voz. Apesar de tudo, foi muito difícil para ele tirar o tom tristonho que fazia questão de escapar. Doía muito nele observar Jimin procurar formas de negar o que aconteceu. Mas também não o julgava por isso. — Acha que você gostou?

— Por que não teria gostado? — retrucou imediatamente, mais alto e reativo. Tinha muito medo daquelas perguntas. — Era o que eu queria desde sempre... Tá tudo bem.

— Jimin... — O olhar do psicólogo pousou pesadamente no rosto do outro. Jimin por curiosidade olhou de volta, mas arrependeu-se ao sentir as lágrimas aflorarem novamente. — Você realmente acha isso?

— Eu... eu não posso? — murmurou baixinho, como uma criancinha. Fungava, tentando conter o choro. Não queria chorar. Estava tudo certo.

— Jimin, você realmente quis? — Jin perguntou, mas não queria aquela informação para usar em na delegacia ou mesmo saber no momento. Aquela informação era pro Jimin. Ele precisava saber daquilo.

— Já quis em algum momento.

— Você queria aquela hora? — insistiu Jin, com cuidado. Não queria falar demais, mas também só a ideia de Jimin normalizar aquilo o agoniava.

Jimin permaneceu quieto, respirando entrecortado por causa dos soluços sofridos que queriam sair de seu peito. Mas não queria soltá-los. Não queria de jeito nenhum.

— Jimin... Eu não estou aqui para te julgar, só quero entender, junto com você, o que aconteceu. — Jin tentou mais uma vez. Afinal, Jimin precisava reconhecer aquilo, para poder lidar tanto emocionalmente quanto para denunciar aquilo. Jimin tinha que reconhecer e concordar. Ele estaria ao seu lado. — Você acha mesmo que gostou do que ele fez com você?

— Não... — Jimin não conseguiu mais fugir da verdade. Não conseguiu porque lembrava-se com vividez demais o terror que sentiu ao entrar naquele banheiro, porque o jeito que seu corpo doía era uma prova de que aquilo aconteceu de verdade.

— Jimin, você foi vítima de um crime... — Jin reforçou. Ambos sabiam bem o que era.

Assédio sexual, violência física, tentativa de estupro.

— Não, não pode ser! Eu queria... se eu queria tá tudo bem, não tá? Não foi um crime... — murmurou novamente, tentando agarrar-se mais uma vez à ideia de que estava bem.

Dessa vez, foi Seokjin que ficou quieto, pensando em como ele deveria abordar aquilo. Não como Seokjin psicólogo, mas sim como Seokjin colega de trabalho do Jimin, que era seu papel ali. Era difícil, ele realmente não queria separá-los no momento.

— Seokjin, eu não quero ser vítima, não sou vítima — Jimin explicou por fim, após respirar fundo algumas vezes, tentando acalmar-se. — Ser uma vítima é ruim demais...

— Jimin... — O líder dos Pulmões mudou a abordagem. — Um dos meus amigos da faculdade abriu um espaço no horário dele para você ir a uma consulta amanhã. Você gostaria de ir?

— Eu... eu vou. — Foi o jeito do Jimin de confessar para ele mesmo que, no final, foi uma vítima. Aquela consciência atingiu-lhe tão em cheio que ficou até tonto. Queria apagar aquele dia e aquele momento, queria chorá-lo para fora.

— Obrigado... — Jin agradeceu baixinho, sabendo que aquilo foi difícil pro Jimin. Mas como não seria? — E... podemos ir à delegacia? Precisamos registrar um boletim de ocorrência. Os meninos seguraram aquele nojento e chamaram a polícia... Seria muito importante que você fosse agora. Eu vou estar ao seu lado durante todo o processo, eu juro.

Jimin não queria, não mesmo, ainda mais naquele momento. Queria ir para casa, tomar banho e chorar até que dormisse e pudesse de alguma forma esquecer sobre aquele dia. Abandoná-lo, fugir dele. Ao mesmo tempo, tinha medo de ficar arrependido dessa decisão. Jimin não conseguia sentir ódio ainda, perdido demais no seu processo de aceitação sobre o ocorrido, mas tinha muita impressão de que quando aquela confusão e torpor minguassem, iria querer o mínimo de justiça. Então faria, pelo Jimin do futuro.

— Podemos — concordou mais uma vez e Jin suspirou aliviado. Acariciou com cuidado os cabelos do Jimin para não tocar nos ferimentos, querendo que o estagiário soubesse o quanto admirava a força dele naquele momento.

— Você é muito forte, Jimin... — murmurou baixinho pro outro, que apenas fechou os olhos novamente e afundou em seu colo. — Descansa e eu aviso quando a gente tiver que ir, tá?

Jimin concordou com um movimentar de cabeça, respirando fundo. O corpo dolorido e sem forças parecia querer grudar-se ao chão e, sinceramente, ficava com mais vontade ainda de nunca levantar-se. Bem, esperaria com paciência, talvez Jimin do futuro tivesse mais forças do que ele.

Após alguns minutos Yoonji apareceu, esbaforida e com o rosto corado por ter corrido até ali; era um tanto quanto sedentária. Ficou ainda mais chocada ao ver Jimin machucado daquele jeito ao vivo, aquilo era horrível e lhe dava enjôo. Mesmo assim aproximou-se quieta sob o olhar de Jin.

Andou pé ante pé até a parede em que os dois estavam encostados e sentou-se perto dos pés de Jimin. Como mulher, como alguém que enfrentou assédio tantas vezes, ver Jimin daquele jeito doía nela mesma, Yoonji pousou uma das mãos no tornozelo do estagiário. Ela estava ali, não falaria nada, mas esperava que sua presença fosse o mínimo consolo.

Jimin abriu seus olhos preguiçosamente para entender o toque novo. Ficou um pouco surpreso em ver Yoonji ali e, apesar de estar séria como sempre, os olhos não refletiam aquele deboche desafiador de sua richa, e sim uma cumplicidade dolorosa e compreensiva. Ver a vulnerabilidade que ela ofereceu naquele momento mexeu com Jimin, que sentia ainda mais sentimentos aflorarem-se no peito já confuso.

Fechou os olhos novamente, respirando fundo e acumulando energias. Acumulando energias porque teria que levantar-se e denunciar aquilo, teria que usar a força daqueles que estavam ali para ele. Teria que conseguir.

»»💼««

Por favor, tenham muito cuidado sobre o que vão falar do Jimin, ok? Ele é um personagem ruim, mas sofreu um crime hediondo

Queria aproveitar aqui pra falar um pouquinho sobre a construção do personagem do Seunghyun. Dá pra separar por alto assediadores e estupradores em dois grupos, aqueles que cresceram assistindo e até mesmo sofrendo esse tipo de violência e aqueles que simplesmente normalizam por considerarem mulheres (na maior parte das vezes) objetos. É bem aquele princípio de soldado que sai estuprando as mulheres da nação inimiga depois de ganhar guerra para mostrar sua posição etc. É causada por impunidade e, acima de tudo, posse e objetificação, no sentido mais puro da palavra. Vou deixar nos comentários desse parágrafo um link legal sobre um podcast debatendo cultura de estupro.

Seunghyung é um assediador e estuprador por objetificar o feminino e transformá-lo em mero degrau das vontades dele. Jimin entra nisso aqui por ser muito afeminado. Aí entra naquela outra discussão de qualquer traço de feminilidade ser menosprezado (por causa de como o machismo é construído) até mesmo em esferas não óbvias (por exemplo gays com comportamento "afeminado" serem esteriótipo e chacota na mídia, e sofrerem preconceito por outros LGBTI+).

É claro que esse assunto é muito complexo, possui várias facetas e construções que precisam ser identificadas em várias áreas de estudo. Eu estudei bastante e construí essa cena de acordo com a compreensão que eu tenho >no momento< do assunto (que pode mudar ao longo do tempo também, nesse tipo de coisa a gente sempre tem que estar aberto a entender mais e mais, mesmo que doa perder sua opinião). O ponto aqui não é fazer vocês concordarem ou qualquer coisa, só explicar os tópicos que eu queria trabalhar mesmo e dar um pouco mais de clareza sobre o que eu estava falando! Espero que possam refletir, tirar suas próprias conclusões com suas vivências, procurarem mais vivências e entrar nesse ciclo comigo também!

Como sempre, muito obrigada mesmo a todo mundo que acompanha Empresário!! Sei que não é uma história fácil e fico em choque que  vocês estejam por aqui. Estou no meu twitter como @callmeikus  (e estou usando ele só pra falar de fanfic, caso queiram ativar as notificações pra saberem das coisas mais rápido) e sempre de olho no #JKNãoUsaGravata se quiserem falar comigo! Amo, amo!!

Beijinhos de luz e até  09/01/2021! Boas festas e desejo muito que o 2021 de vocês seja melhor!

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