Circunferências

7 0 0
                                    

O dia em que faleci foi o mesmo em que aprendi a andar. Nem tudo é mau em morrer, como nem tudo é bom no vir ao mundo. A sorte dos que morrem é a capacidade de observar os que cá ficam no deambular de uma vida cheia de afazeres. A felicidade dos que vivem é sempre incompleta, como se as raízes de uma árvore nunca encontrassem água ou o traço de um desenho nunca se cruzasse com o fim da página. É uma virtude saber reconhecer a imperfeição dos círculos incompletos, que nos preenchem como uma esfera. Sois um pássaro com asas curtas, dizem-me baixinho, como se fosse o som, o timbre desajeitado ou a amplitude do que escuto que magoasse, sem ter em conta o sentido das palavras que essas sim teimam em não me deixar voar. Nada mais pode magoar a alma como as horas longas de uma espera que se queria curta. Quando nascemos não sabemos que viver é morrer a cada passo. É como se o diâmtro de uma circunferência se fosse reduzindo com uma proporcionalidade exata a par com o tempo, e todos nascemos com um diâmetro diferente. No horizonte, custa cada vez mais espreitar para lá do ponto central que teima em fugir. Ora janela vedada, ora um semi cerrar dos olhos com a astúcia de fintar e focar o perigo do fim.

To już koniec opublikowanych części.

⏰ Ostatnio Aktualizowane: Dec 22, 2020 ⏰

Dodaj to dzieło do Biblioteki, aby dostawać powiadomienia o nowych częściach!

CircunferênciasOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz